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O feitiço e o feiticeiro

Na vida nem tudo nos corre tão bem como imaginamos e mesmo quando nada preconiza o contrário, eis que surge uma contrariedade e estraga toda a estratégia preconcebida. Hoje são imensos os exemplos destas contrariedades. Nas conversas que no dia a dia temos e travamos com os amigos, salientamos estas nuances mais discrepantes que são expostas na comunicação social mais assiduamente. E é tanto mais acentuada e falada a contrariedade que surge quando menos se esperava, especialmente quando ela apanha quase de surpresa quem parecia ter a maior das certezas. Neste regresso das férias e quando todos estavam à espera das famosas rentrées dos partidos políticos, parece que nem todos o fizeram e nem todos disseram o que os seus seguidores queriam ouvir. Nada há de novo politicamente. O que se verifica é um jogo do empurra onde o PS empurra a AD a clarificar as entranhas do Orçamento e Montenegro a nada dizer além do que tem dito sempre. Nada parece ter mudado. É o jogo do Orçamento que terá de ser aprovado em outubro, ou não. Tudo depende de possíveis negociações entre eles, que parecem estar emperradas. A teimosia de um e de outro leva a um equilíbrio que nada mais é do que um impasse político que terá de ser ultrapassado. Diz o PS que sem informação não há negociação. Mas segundo parece, há cartas secretas trocadas entre os dois líderes a este respeito. O que dizem e o que propõem, não sabemos, mas eles dirão a seu tempo. Entretanto o CHEGA, como sempre, vai-se posicionando e tentando deitar achas na fogueira, para ver se, com algumas ameaças veladas, tira, a seu tempo, alguma vantagem política. Faz o seu papel e atira o voto no Orçamento como o trunfo que a AD necessitará para o aprovar. Para desviar a atenção, o PCP vai atirando que o PS namora o CHEGA para deitar o Orçamento ao chão e, com isto deixar a AD quase sozinha sem saber o que fazer com o Orçamento. Não se vislumbra, por enquanto, quem tem o feitiço e quem é o feiticeiro. Foi o que aconteceu este sábado quando Rui Costa resolveu dispensar o treinador Roger Schmidt da equipa do Benfica. De facto, após o empate em Moreira de Cónegos no sábado, já no prolongamento, pouco mais havia a fazer quanto à manutenção do treinador. No entanto, este nunca pareceu ter grande preocupação a esse respeito, pois sempre se mostrou confiante no lugar que ocupava e na relação de amizade que tinha com o presidente do Benfica. Enganou-se. A sua teimosia, quer na manutenção dos seus sistemas de jogo como na utilização dos jogadores disponíveis, saiu-lhe cara. Foi despedido, mas leva 20 milhões. Pois é! Deste modo e com estas condições muitos gostariam de ser despedidos. Os títulos ganhos nas épocas anteriores não lhe serviram de trunfo e perdeu. Virou-se o feitiço contra o feiticeiro. Identicamente, aconteceu a Elon Musk quando convencido que todos lhe deviam obediência pela sua influência e riqueza por ser dono e senhor de muitas empresas e especialmente da X, viu Lula da Silva e o Brasil proibirem esta rede social no país. Não contava com esta contrariedade, mas nem o seu rótulo de um dos homens mais ricos do mundo, lhe serviu de grande coisa. Há coisas com as quais não se contam definitivamente. E porquê? Porque Lula associou o X à extrema direita e no Brasil isso não é viável com este governo. Simples. O feitiço da influência social do X, virou-se contra o feiticeiro. O poder e a riqueza têm destas coisas, felizmente. No Médio Oriente continua a pairar no ar, quer o feitiço, quer o feiticeiro, embora não se saiba exatamente quem se vai virar contra quem. Com o poder nas mãos, Netanyahu enfrenta uma guerra que mantem porque lhe interessa, contra a maioria das opiniões internacionais. De facto, no dia em que a guerra acabar ele será julgado e possivelmente condenado e preso apesar de ser o todo poderoso de Israel. Não gerou esta guerra, como todos sabem, mas tem ido muito além do que deveria especialmente depois de ter causado já mais de 40 mil mortos incluindo milhares de crianças. Hamas e Hezbollah são os seus adversários diretos e próximos, coadjuvados pelo Irão, inimigo secular. Como sair desta guerra? Nunca pensou que teria de enfrentar durante tanto tempo os terroristas do Hamas. Mas enganou-se. Com quase mil dias de guerra e com as ameaças e ataques do Hezbollah e do Irão, Israel e o seu líder vivem momentos muito difíceis. Gaza está destruída. As famílias, já de si com poucas posses, vêm-se sem casas, sem trabalho, sem nada. O futuro é um deserto onde nada nasce e nada existe. Não parece que Netanyahu seja o feiticeiro capaz de dar o que lhes faz falta depois de lhes ter destruído tudo. Quem terá o feitiço? Também a Putin, detentor de um feitiço que pensa inabalável e indestrutível, vê-se confrontado com o que nunca pensou que acontecesse. Zelensky entrou na Rússia e domina agora mais de cem localidades, além de atingir com alguma facilidade pontos chaves dentro da Rússia. Putin parece pasmado perante tal sucesso ucraniano e parece não saber muito bem o que fazer. Não desiste do seu projeto e diz que nada disto é demasiado, mas o território que a Ucrânia conquistou é muito e será moeda de troca numa possível negociação de paz entre os dois países. Será que Putin vai acordar? Agora que o feitiço se virou contra o feiticeiro, o melhor mesmo é pensar duas vezes. Sempre é melhor a paz negociada, do que pressionada. Venha o feiticeiro.

Gastos em Bragança são mais baixos do que em grandes centros mas alunos admitem ser difícil suportar despesas

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Ter, 27/08/2024 - 11:20


Segundo um estudo do ISCTE, divulgado pelo Jornal público, um estudante universitário gasta, em média, cerca de 900 euros por mês. Foram inquiridos mais de dez mil estudantes.

“Desistir nunca foi opção” para Ricardo Mendes

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Ter, 27/08/2024 - 11:13


Ricardo Mendes superou todos obstáculos que a vida lhe deu dentro e fora da pista. Nem um aparatoso acidente de moto, que lhe tirou bastantes capacidades motoras, o impediu de fazer o que mais gosta. Depois de estar 15 dias em coma, passados três anos voltou a subir para cima de uma bicicleta.

Falta de entendimento no PSD faz Alex Rodrigues entrar na corrida à liderança da Concelhia de Bragança

Ter, 27/08/2024 - 11:10


A sua candidatura terá sido motivada depois de as várias propostas apresentadas por Miguel Abrunhosa, vereador da Câmara Municipal de Bragança, para liderar uma lista, terem sido recusadas pela “liderança da actual concelhia”, que tem como presidente António Baptista, agora membro da lista de Tel

SAÚDE

Nas conversas com os residentes, nas minhas frequentes viagens ao nordeste, não encontro qualquer anseio em ter, na região, um aeroporto internacional, nem sequer, poder desfrutar de uma viagem a Madrid, em alta velocidade. Gostam de ver passar a volta, apreciam as feiras medievais e outros eventos mediáticos e, claro, não perdem as festas de verão, mas no que preocupa a nossa gente, sobressaem a apreensão com a educação e futuro dos filhos e, sobretudo a ansiedade com a saúde dos pais e demais membros da família. Das duas uma, ou as pessoas com eu falo não são ouvidas pelos responsáveis regionais ou quem os ouve não lhes dá a importância devida. Ao contrário do que acontece localmente, estes temas despertam a atenção governamental e não escapam ao escrutínio da oposição, sendo motivo de disputa verbal e pública, com propósitos e análises polémicas de variada interpretação e aceitação. Por razões óbvias: Quando a lista de utentes à espera de uma operação para lá do tempo máximo estipulado na lei aumenta (atingido um valor superior a 74.000), quando o programa para acabar com este excesso em doentes oncológicos deixa de fora 8.000, quando cresce o número de urgências encerradas e o plano conduzido por Fernando Araújo (homem de reconhecido mérito e competência com provas dadas) foi suspenso e ainda não há plano alternativo… os cuidados de saúde não estão melhores, diga o que disser o Primeiro Ministro. Quando, recorrentemente, não é possível contratar os especialistas que o SNS necessita e que nem as vagas abertas são preenchidas, quando os licenciados não compensam (a situação vai agravar-se nos próximos anos) as saídas para a reformas e para o crescimento natural das necessidades… não há médicos suficientes em Portugal, diga o que disser a Ordem dos Médicos. Quando, apesar do tremendo erro do abandono de um plano que estava já a dar sinais de estar no bom caminho, por questões de ordem pessoal ou política, que não de competência e empenho, o governo reconhece que, sejam quais forem as medidas no curto prazo, a médio e longo prazo a situação do SNS passa, necessariamente, pelo aumento da formação em saúde (licenciaturas, especializações e, é bom não esquecer, doutoramentos)… a política governamental está no bom caminho, diga o que disser a oposição. É bom ter na devida conta que não é o governo que aprova os cursos superiores, sejam licenciaturas, mestrados ou doutoramentos. Essa decisão é da competência da A3ES (Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior) e o processo não é simples nem imediato nem é expectável que seja, sequer, célere. Não se espere que haja fumo branco antes de dois anos. Com um ensino tradicional (tudo indica que será esse o modelo de opção da UTAD) só dentro de uma década é que poderá começar a sentir-se a necessária e urgente mudança. De qualquer forma é motivo de alegria para os transmontanos, sendo devido um elogio às forças vivas de Vila Real que, por ação eficaz ou aproveitando a falta dela, em putativos concorrentes conseguiram a indicção do Primeiro Ministro. Enquanto nordestino, estou dividido: é bom ter o próximo curso de medicina em Trás-os-Montes, mas seria muito melhor tê-lo em Bragança. Porque a concentração de valências se opõe à necessária política de discriminação positiva pelo interior, por- que podia e devia ser um motivo de união das vontades nordestinas à volta de um motivo real e mobilizador, mas, sobretudo porque, sendo no IPB era o primeiro a ser atribuído a um Instituto Politécnico onde haveria abertura a um modelo capaz de formar competentes profissionais de saúde num prazo mais curto e, por consequência, mais adequado às necessidades.

Esquemas, pactos e patos

Os maiores problemas da Administração Pública portuguesa acontecem e com as piores consequências, nos grandes domínios da Saúde, da Justiça e da Protecção Civil, independentemente dos governos ditos da nação, ou dos partidos, melhor dizendo, que circunstancialmente governam Portugal. Trata-se de domínios administrados por problemáticos organismos públicos que constituem o corpo e a alma dos badalados Serviço Nacional de Saúde, Sistema de Justiça e Sistema Nacional de Planeamento Civil de Emergência. Um Serviço e dois Sistemas, portanto, como são oficialmente designados, mas que mais justamente deveriam ser referidos por “esquemas” nacionais, porquanto se trata de alargados domínios públicos em que recorrentemente rebentam estrondosos escândalos, provocados por relapsas acções de corrupção, compadrio político, incompetência dos gestores e má administração dos dinheiros públicos. Ainda que se deva ter em conta que o maior de todos estes esquemas sinistros é o próprio regime político vigente que favorece estas trapalhadas e muito desprestigia a democracia. Assim sendo, a aplicar-se tal nomenclatura, mais sentido teria falar-se do Esquema Nacional da Saúde, do Esquema Nacional da Justiça e do Esquema Nacional da Protecção Civil. Só assim se compreende que os atrás citados organismos, que deveriam funcionar modelarmente numa lógica de puro serviço público e de bem servir, não cumpram cabalmente as suas missões, por mais milhões do erário público que desbaratem. Claro que os problemas que minam estas entidades públicas fundamentais não são novos, nem de agora. Vêm de trás, muito embora se deva destacar a governança atribulada de António Costa que, manda a verdade se diga, muito agravou as malfeitorias antigas e outras criou, que persistem, por mais que os ecos mediáticos produzidos se tenham desvanecido. Malfeitorias que muito dificultam a acção do actual governo que, na sua ânsia de sobreviver, se vê constrangido a recorrer ao populismo gratuito e à demagogia barata quando, é por demais sabido, ninguém consegue resolver em dias aquilo que requere meses ou anos. Verdade que, de forma nenhuma, o liberta do imperativo de promover, quanto antes, as imprescindíveis reformas administrativas, para as quais tem total competência. Especial dramatismo recai, como é natural, sobre o Serviço Nacional de Saúde com os casos das urgências e dos partos a assumiram instante gravidade. O que levou Marcelo Rebelo de Sousa, o inefável Presidente da República, a defender um pacto partidário na área da saúde, o que não deixa de ser excêntrico, porquanto tal representa o reconhecimento, ao mais alto nível político, de que o actual governo não pode realizar actos governativos tão elementares e correntes como abrir ou fechar maternidades, contratar médicos, ou reprogramar os serviços de urgência, sem o acordo formal da oposição. Como se já não bastassem os pactos obscenos que os partidos do poder estabelecem entre si, recorrentemente, para dividir cargos e mordomias, entre eles. Havemos de concluir, portanto, que o regime político vigente é, em si mesmo, um gravoso imbróglio democrático. Esta visão transcendente do mais alto magistrado da Nação é, por outro lado, a confirmação pública e notória de que sucessivos governos descuraram, ou não foram capazes, até hoje, de realizar aquilo que verdadeiramente lhes competia: a organização eficaz dos diferentes serviços e a gestão eficiente dos recursos humanos, financeiros e materiais atribuídos ao dito Sistema Nacional de Saúde. Para lá do assumir, dramático, que a manutenção de tais esquemas e o adiar condenável das medidas que há muito se impõem, conduzirá ao colapso definitivo do sistema. Certo é que pactos de re- gime avulsos como o atrás citado, a ideia não é nova, não passam de meros discursos de circunstância de que políticos videirinhos sistematicamente se servem para branquear imagens e alijar responsa- bilidades, não se coibindo sequer de, recorrente- mente, fazerem dos portugueses patos. Nada disto invalida, todavia, antes cada vez mais justifica e torna instante, o emergente acordo democrático das forças políticas como tal instituídas, que não apenas partidárias, que viabilize a Revisão do Regime e a Reforma do Estado, indispensáveis à salvação da Nação e ao aprofundamento da Democracia.