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AÍ VEM LOBO!

A fábula de Esopo é sobejamente conhecida: Pedro, um pequeno pastor resolveu divertir-se com os seus conterrâneos gritando que estava a ser atacado por um lobo só para ver os aldeãos a acorrerem, em seu socorro, armados de varapaus, foices e enxadas. Um dia, a fera acometeu mesmo o seu rebanho e, por mais que o zagal gritasse por apoio, não houve ninguém que lhe viesse valer. Mais tarde, quando confrontados com a grande perda do rapaz, por causa da razia levada a cabo pela besta, os seus vizinhos lamentando o sucedido, mostraram ao jovem que a culpa era sua por se ter descredibilizado com o seu reprovável comportamento. A tradição popular criou um rifão a propósito desta lição: Coitado do mentiroso, Mente uma vez, mente sempre; Ainda que fale verdade, Todos lhe dizem que mente. Concluindo, quando alguém nos habituou a declarações que não têm a devida adesão à realidade ou que, mais tarde, são desditas ou mesmo contraditadas pelo próprio, obviamente que provoca a natural desconfiança de quem o ouvir, posteriormente. As pretéritas declarações pouco confiáveis do líder do Chega, bem como as constantes mudanças de posição, mesmo quando irrevogáveis, mesmo quando fundadas no sagrado interesse nacional, provocaram a desconfiança sobre a real veracidade da anunciada proposta de acordo entre o Governo e aquele partido, para a aprovação do Orçamento de Estado. “Não é não” teria dito Montenegro e, obviamente, espera-se do Primeiro Ministro que honre a sua palavra. Quando um diz que sim e o outro que não, sem mais considerandos, a tendência de quem olhe para esta circunstância de forma independente é a de acreditar em quem nos habituou a manter a palavra contra todas as ameaças e acusações de traição que este comportamento despertaram no seu opositor. Acresce que o líder da extrema direita tem mostrado uma notável sofreguidão no intento de chegar a um acordo com o partido governamental pelo que se afigura natural que faça tudo e mais alguma coisa para o obter. Alternando, inclusive, entre a ameaça do irrevogável chumbo e a aprovação responsável, a promessa de uma convivência cooperante e uma oposição aguerrida e sem quartel, portanto não seria de estranhar que atribuísse às consultas interpartidárias um conteúdo substantivo muito exagerado, para além do que efetivamente tenha tido. A negação imediata e perentória do chefe do governo aponta nesse sentido. Porém… A simples hipótese de a verdade, mesmo que não acompanhe, integralmente Ventura, estar entre o que este garante e o que Montenegro refuta, é, só por si, preocupante. Ora, como já muitos comentadores vieram evidenciar, “não” diz-se, num espaço de tempo muito curto, numa única reunião. Por que razão hou- ve necessidade de mais encontros, mais demorados? Por outro lado, o abandono transitório da irrevogabilidade, pode, de alguma forma evidenciar alguma aproximação, mesmo que temporária, mesmo que percecionada como maior do que aquela que efetivamente estava a acontecer? O desmentido governamental, sem mais, traduz uma vontade firme de cortar com qualquer proximidade ou o receio de que alguns pormenores possam ser comprometedores? Quando um diz que tem provas que não vai mostrar, provavelmente por não suportarem, na íntegra, as suas afirmações públicas, não seria de esperar que outro mostrasse a evidência que as contradigam, na totalidade? Com a abstenção do PS, este episódio perde importância, contudo não deixa de ser um sério aviso que seria um erro minimizar.

Mau tempo destrói culturas e deixa agricultores com prejuízos avultados

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Ter, 15/10/2024 - 10:52


A tempestade Kirk, que na semana passada varreu o país, provocou grandes estragos, não só no que toca à queda de árvores e estruturas, mas também aos agricultores. Na região, a cultura da maçã, da azeitona e da castanha sofreu as consequências das fortes rajadas de vento, acompanhadas de chuva.

Projectos de obras nas escolas Miguel Torga e Paulo Quintela aprovados mas dependem de financiamento do Governo

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Ter, 15/10/2024 - 10:48


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A Montaria…

Em jeito de singela homenagem a um ser humano de rara generosidade e de quem era quase impossível não gostarmos, Valter Cadavez, conhecido no meio da caça por “Buffalo Bill”, amante dos montes e horizontes a perder de vista, da liberdade e da suprema pacificação que só os caçadores conseguem alcançar… À sua memória!

… esse excelente pretexto para vir ao campo, ao ambiente natural…! Os silêncios… o piar de pássaros, ainda discretos e algo misteriosos…, a envolvência, as cumplicidades, o companheirismo, a estratégia previamente montada, os matilheiros e os seus cães – elementos fundamentais das montarias –, as suas indumentárias distintas e profundos saberes, por exemplo, sobre quais os cães da matilha que precisam de chocalho; a sua temeridade, as cornetas, as vozes de comando e assobios… As sombras alongadas das estevas, das giestas e das carrasqueiras, as velhas caras conhecidas, mas só vistas nestes dias, gente que vem de muito longe…! Enfim… sabe-se lá o que mais… Ah… ainda o início das “ladras” distantes, as nuvens mudando constantemente de figuras… Belíssimos exemplares de podengo português passando, ainda na fase de se aliviarem por terem sido largados há pouco. Um perdigão a cantar insistentemente… E o ato de caça – montaria – vai decorrendo com grande animação, resultante das “ladras” e dos tiros, muitos…

As montarias configuram uma vertente da cinegética que atrai todos os estratos sociais e etários, apaixonante, com características de autêntica aventura (ou de desporto radical!). É uma forma de caça coletiva, com regras muito próprias, a fazer lembrar uma batalha contra um “inimigo” relativamente perigoso. A prática da caça maior era, em épocas remotas, o melhor treino para a guerra. Exige, por vezes, doses elevadas de sangue-frio, coragem, bravura e virilidade – só um monteiro sabe ao certo o que se sente quando, subitamente, Em jeito de singela homenagem a um ser humano de rara generosidade e de quem era quase impossível não gostarmos, Valter Cadavez, conhecido no meio da caça por “Buffalo Bill”, amante dos montes e horizontes a perder de vista, da liberdade e da suprema pacificação que só os caçadores conseguem alcançar… À sua memória! vê abanar a vegetação e lhe surge pela frente, em carga impressionante, um monstro negro, grunhindo ameaçadoramente... O matilheiro rematando, à faca, um navalheiro, ou enfrentando-o e abatendo-o, armado apenas com lança, revela os mesmos instintos, a mesma determinação dos nossos antepassados no Paleolítico ou na Idade Média. As mesmas são também as atitudes dos cães, sobretudo em “agarres”, iguais às do passado, desde que o homem os domesticou e passou a utilizar para auxílio na procura de alimento ou no combate às feras. «Quando o caçador é colocado no seu posto e fica só, consigo mesmo e com os seus pensamentos, no lugar certo, pode aperceber-se que a paisagem e o ato venatório sempre foram assim, olhando em redor e abstraindo-se do seu próprio ser – nada lhe diz que estamos no séc. XXI.» A montaria encerra em si atavismos que não nos deixam indiferentes; no homem rural é, ao mesmo tempo, uma atividade lúdica e de defesa em relação aos prejuízos causados nas suas culturas; no homem urbano é a resposta ao apelo subconsciente de regresso às origens.

 Ao longe vislumbram-se pequenos pontos fluorescentes, são os coletes dos matilheiros, alinhados e progredindo na encosta enorme, levantando javalis, aqui e ali, nos seus encames. O dia aprazível, sem frio, luminoso e soalhei- ro, agradável para se estar no monte e refletir sobre os “problemas do mundo”, mas principalmente sobre este fenómeno psico-não-sei-o-quê que é a caça. E, evocando o discurso do Diretor de Montaria, especialmente o momento solene em que todos se descobrem e guardam um minuto de silêncio em memória dos companheiros já desaparecidos, neste instante puramente contemplativo, surge um pequeno texto publicado na revista espanhola Trofeo, em janeiro de 1998, intitulado Big bang: «Durante séculos, sisudos e respeitáveis senhores indagaram sobre a localização do centro do universo, ninguém sabe bem para quê, com resultados diversos. Astrónomos, matemáticos, heresiarcas e poetas, místicos e mistificado- res, discutem se o universo é finito, ou as galáxias galopam em fuga. Se Copérnico, Galileo, Einstein, Hoscking, e inclusivamente os babilónios com os seus sete céus se tivessem dedicado às montarias, teriam encontrado o ponto-chave do universo na cosmogonia de um aceiro. Nesse cometa negro que desordena a geometria dos sobreiros, apoia-se o eixo do mundo, pendente de um dedo crispado.» Pois… a vida de um caçador também tem estas virtuosidades e privilégios e, talvez, a caça seja uma das formas mais extraordinárias de simplificar os mistérios que nos atormentam o dia-a-dia, exorcizar fantasmas, ou tão só para observar a beleza cristalina das manhãs transmontanas…! A poucos metros, junto ao caminho, no cimo de um olival, levanta uma perdiz, com estardalhaço, outra logo de seguida. É um casal – em fevereiro, só pode! Assim se perpetuam estes seres vivos…

Agostinho Beça

A aventura de Ventura

A novela que tem vindo a passar a nível nacional em todas as televisões e órgãos de comunicação social, tem tido o condão de prender, de algum modo, os espectadores e leitores portugueses e não só, ao desenrolar da trama que envolve o tema central. De facto, o Orçamento Nacional e a sua viabilização têm assumido a primazia temática no dia a dia dos portugueses e de todos os partidos, sendo estes os mais interessados em criticar e lançar achas para a fogueira que continuará a arder nas semanas próximas. Na verdade, o que tem contribuído mais para esta intriga é o constante ataque entre os dois maiores contendores, o governo e o Partido Socialista, remetendo para segundo plano todos os outros. De facto, a viabilização do Orçamento tem levado a uma série de reuniões entre o Primeiro Ministro e o líder do PS, com a finalidade de chegarem a um acordo que permita essa viabilização orçamental. Mas não tem sido fácil. O que se tem visto é um aceitar das exigências do PS por parte de Montenegro, aproximando as linhas do Orçamento às pretensões de Nuno Santos. Mas a verdade é mesmo essa. As linhas vermelhas do PS já não existem. Ora isto levou a considerações várias dos outros partidos que criticaram essa aproximação ou até ficarem longe das propostas apresentadas por eles, como é o caso do IL e do CHEGA. Curioso é verificar que os partidos de esquerda estão, não só contra essa aproximação como rotular o PS como um partido de centro direita. Na realidade, quando as coisas não interessam, critica-se tudo e mais alguma coisa, demonstrando que a melhor defesa será realmente o ataque. Mas não é. Neste caso não é. O que se verifica é que esses partidos de esquerda não são tidos nem achados nestas negociações. Mas isto acontece porque o Partido Socialista com eles não consegue qualquer maioria que lhe permita impor a sua vontade política e governamental. Portanto, não vale a pena negociar com eles. Mas, também é facto conhecido que o governo reuniu com todos e ouviu o que todos tinham a dizer ou acrescentar para o Orçamento. Claro que coube ao governo aceitar o que se integrava nas suas linhas de pensamento e recusar as ou- tras propostas. Podemos dizer que este Orçamento tem um pouco da vontade de todos os partidos, até mesmo do Partido Comunista. Mal seria que estes não quisessem aumentar os salários de quase todos os funcionários das instituições públicas, uma melhor educação, melhorar as condições das forças de segurança, na saúde, na justiça, enfim, dar melhores condições de vida aos portugueses. Todos querem, embora uns quisessem ainda mais, como se o dinheiro nascesse debaixo do interesse e vontade de quem governa. Não há árvores do dinheiro. Mas a novela adensou-se nesta última semana com as pretensões do CHEGA e de André Ventura. Como um autêntico catavento, como disse Montenegro, ele veio à praça, como costuma fazer, lançar atoardas contra tudo e contra todos, especialmente contra o governo e o Primeiro Ministro. Porquê? Porque não foi ouvido nem achado na negociação final para a viabilização do Orçamento. Acusou o governo e Montenegro de só negociar com o PS e nada querer com o CHEGA. Veio a público e apareceu nas televisões nacionais como o artista principal da novela, procurando um papel para o qual não foi selecionado. Ficou-lhe mal. Muito mal. Como não conseguiu ter essa primazia que o levaria a ser o único a viabilizar o Orçamento, levou as suas críticas mais longe ainda, sustentando-se num milhão e duzentos mil votos que teve, para poder exigir alguma coisa do governo. A verdade é que este resultado lhe tem permitido ter uma aventura nas pistas da política como nunca imaginou, mas também é verdade que o PSD igualmente nunca esperou que viesse a acontecer. Os portugueses estavam fartos de oito anos de governação socialista. Foi um desabafo. Um desabafo que pode ter consequências graves. A viagem de Ventura tem sido tentar capitalizar politicamente esses votos. Será que consegue? A sua atitude de chamar mentiroso ao Primeiro Ministro foi grave. Sem provas concretas de ter havido proposta de lugar no governo, a sua critica e revelação fraudulenta foram desajustadas e graves. Mas também não sabemos se houve essa reunião com Ventura ou não. Não sabemos se é mentira ou não. Montenegro desmentiu, mas não justificou mais nada. Será que tem de justificar? Nuno Santos aproveitou e também veio a terreiro acusar Montenegro e Ventura desses arremessos de mentiras e promessas, tentando também ele, tirar lucros do impasse sobre a possibilidade de viabilização do Orçamento. Todos sabemos que este Orçamento não é do PS, nem tem que ser. Quem governa é a AD. Contudo Nuno Santos faz render o peixe sem querer tomar uma posição clara sobre o Orçamento. Reme tudo para a discussão na especialidade. Aí pode haver alterações, como sabemos. Conta com elas. Ventura também, mas a sua aventura quer chegar mais longe, arrepiando o caminho sinuoso que se avizinha. É uma aventura que pode sair bem, apesar do irrevogável! Quem ganhará este braço de ferro? Montenegro, Nuno Santos ou Ventura? Nada está decidido ainda e tudo está em aberto, até novas eleições. Contudo e para bem do país, espero que Nuno Santos tenha consideração pelos portugueses e não dê ao Chega a arma que ele procura para terminar esta aventura.

Se idosos não vão à GNR, a GNR vai até aos idosos: posto móvel percorre aldeias isoladas do distrito

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Ter, 08/10/2024 - 10:45


De aldeia em aldeia, o posto móvel da GNR de Bragança está a visitar os idosos mais isolados do distrito de Bragança. Não é nada mais, nada menos, do que uma carrinha que leva agora os serviços da Guarda Nacional Republicana à população.