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Bragança foi o único território que respondeu ao apelo da Cáritas para ajudar população em caso de calamidade

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Ter, 30/07/2024 - 10:27


Portugal abriu os olhos para uma realidade iminente, depois do incêndio de 2017, em Pedrogão Grande: prestar o melhor apoio possível em caso de calamidade.

40 enfermeiros de Bragança continuam a desesperar por ser monetariamente reconhecidos como especialistas

Ter, 30/07/2024 - 10:21


Vários enfermeiros reuniram-se, esta segunda-feira, em frente ao Hospital de Bragança, como forma de protesto. Em causa está a falta de reconhecimento aos profissionais que não transitam na carreira, desde 2019, apesar de serem detentores do título de enfermeiros especialistas.

Elevadas temperaturas podem provocar escaldão na uva e fazer cair produção

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Ter, 30/07/2024 - 10:17


Os produtores de vinho estão preocupados com as elevadas temperaturas que podem causar escaldão na uva e ter impacto na produção. Nos últimos dias, os termómetros marcam temperaturas perto dos 40 graus e em alguns concelhos, como Mirandela, até ultrapassa.

Haja vontade

Quando é que se aperceberam de que estão rodeados por pessoas extraordinárias? Talvez ainda nem se tenham dado conta. Tentem fazer esse exercício hoje - olhar para as pessoas como pessoas. Saborear-lhes a alma, ver-lhes as entranhas. Há uma famosa frase que diz que ninguém é tão ignorante que não possa ensinar nem ninguém tão sábio que não possa aprender. Todas as pessoas com quem nos cruzamos deixam algo em nós, se der-mos chance. Quando não dermos, ficamos a perder. Num presente em que tudo é uma rápida sucessão de eventos e onde nunca temos tempo na ânsia de avançar, tem-nos faltado apreciar os outros seres humanos. Apreciar, na verdadeira acepção da palavra. Quando foi a última vez que pararam para dar da vossa disponibilidade a alguém? Que se detiveram para ouvir e fazer perguntas? Ainda sabem como é ter uma conversa onde ambos estejam presentes e empenhados, sem termo? Estaremos mesmo com menos tempo disponível, fruto do ritmo de vida agitado que levamos? Ou essa é a nossa boa desculpa? A vida vai acontecendo à nossa volta, mesmo que não façamos nada por isso. Com ou sem efeitos borboleta pelo meio, vai correndo. E nós sempre a dizer que hoje não tivemos uma oportunidade para, que não deu porque, que se meteram outras coisas. E os ponteiros avançam e perdemos as pessoas. Como fumo, vão desaparecendo. Desapareceram sem que, sequer, déssemos por isso. É que “hoje não tive uma oportunidade para”, “não deu porque”, “meteram-se outras coisas”. Com elas vão lições e vivências que nunca vamos entender. É que a prioridade nunca são as pessoas. A bateria está sempre apontada para um lado menos claro e nem sempre definido. Há sempre algo que parece mais imediato. E as pessoas... bem... isso logo se há-de ver. Têm parado para dar apreço aos vossos entes queridos? Fazer-lhe perguntas sobre o mundo, sobre o que os move, sobre coisas aleatórias da vida? Sabem o que eles fazem de melhor? Já os viram em todas as suas luas? E por que motivo escolhemos manter algumas pessoas e descartar outras? Qual é o critério, se nem lhes vimos a essência? A vida é um lugar incrível para se morar, em especial rodeados de vizinhos. Viver num enorme bairro é melhor do que viver num condomínio fechado. Que bom é poder bater na porta desses vizinhos e chamá-los para uma festa, onde, a meio da dança, olhamos para o lado e vemos. Vemos, de verdade, e ficamos felizes, por saber quem é o vizinho que ali está, a segurar-nos pela mão. O relógio estica ou encolhe conforme quisermos. Não nos falta tempo - falta vontade. Haja vontade. As pessoas extraordinárias estão à nossa espera, mesmo aqui ao lado, com a mão esticada à espera que a agarremos para irmos bailar.

Um tiro de misericórdia

Oito dos quarenta e cinco presidentes dos Estados Unidos da América do Norte que exerceram o cargo desde que foi declarada a independência da Inglaterra, no ano de 1776, foram alvo de atentados, sendo que quatro acabaram mesmo por morrer. Já há quem considere esta série de acontecimentos trágicos uma fatídica tradição norte americana. Notável ficou o assassinato de John Kennedy, em 22 de novembro de 1963, um ano depois da célebre Crise dos Mísseis de Cuba que, segundo rezam as crónicas, se desenrolou por 13 dias atribulados, de 16 a 28 Outubro de 1962 e que teve como protagonistas os Estados Unidos e a então União Soviética. Foi, seguramente, o momento de maior intensidade dramática da denominada Guerra Fria, em que a Humanidade esteve mais perto do que nunca, de uma guerra nuclear generalizada. Não deixa de ser verdade, contudo, que o tão inesperado quanto aparatoso atentado de que foi alvo o ex-presidente e actual candidato Donald Trump, no passado dia 13 de Julho, ganhou maior relevo e projecção internacional do que qualquer dos oitos episódios congéneres atrás referidos, que ilustram negativamente a ainda curta história dos Estados Unidos. Atentado que continua a inundar o mundo com enxurradas de notícias de toda a ordem, originando especulações e explicações díspares e disparatadas, o que até se compreende, porque, em última análise, é o futuro da Humanidade que está em jogo e não apenas a política interna americana. Assim é que os mais abalizados e melhor informados especialistas na matéria dão largas à sua fértil criatividade, aventando as hipóteses mais inverosímeis, o que só faz com que o cidadão comum quanto mais ouve e lê menos compreenda e mais preocupado fique. Diga-se em abono do bom senso, contudo, que não se afigura muito viável a hipótese de que tudo não tenha passado de uma bem montada encenação, porquanto houve mortos e feridos mesmo ao lado do visado Trump, ainda que, como muitos admitem, o sangue na orelha pareça excessivo e possa ter sido simulado no instante. Tudo será lícito admitir ainda que sempre deva ser a razão a prevalecer. Profecias e teorias da conspiração à parte, o certo é que tudo continua em aberto. Ainda que quem levou o tiro real, de raspão, tenha sido o republicano Donald Trump, que se salvou por uma unha negra, ou por uma madeixa do cabelo, melhor dizendo, quem acabou por sofrer um verdadeiro tiro de misericórdia, em cheio, ainda que simbólico foi, seguramente, o seu opositor, o democrata Joe Biden. Tanto assim é que, depois de tão dramática hesitação, acabou por ser o próprio Biden a anunciar que desistia da corrida eleitoral, reconhecendo implicitamente a senilidade que se recusava a admitir. Surpreendente e preocupante não deixa de ser, todavia, que a presidência daquela que continua a ser, indubitavelmente, a maior potencial mundial, esteja agora, mais uma vez, ao alcance de Donald Trump, uma personalidade extravagante, que granjeou a fama de ser um narcisista perigoso, um mentiroso contumaz e de não olhar a meios para alcançar os fins. Personalidade mais compatível com o seu congénere russo Vladimir Putin, ao que se diz, o que justificará a amizade que ambos terão cultivado no passado, bem expressa em mútuos elogios. Amizade que, é o mais certo, ainda será manterá no presente. Não deixa de ser altamente preocupante, portanto, que a eleição de Trump, que muitos continuam a dar como garantida, possa vir a influenciar negativamente o mundo livre, favorecendo de alguma forma, directa ou indirectamente, os grandes regimes ditatoriais que se lhe opõem, designadamente a Rússia, a China, o Irão e a Coreia do Norte. Ainda que Trump, agora em plena euforia eleitoral, procure adoçar os mais dúbios quiproquós que o prejudicam. Declarar, por exemplo, que acabará com a guerra na Ucrânia e em Gaza em 24 horas, sem dizer como, e sem que tenha feito qualquer diligência nesse sentido, não passa de pura demagogia, que terá levado, por certo, a que Putin e ou- tros interessados, se tenham rido com tamanha bazófia. Por mais que o próprio e os seus apoiantes mais fa- náticos, americanos e europeus, que também os tem, promovam o papel messiânico de Trump quando declaram que terá sido Deus que o salvou, falta saber se foi Deus ou se foi o diabo. Melhor será que o futuro não esclareça esta questão, sinal de que Trump não será eleito. Esperemos, isso sim, que o bom senso do eleitorado americano prevaleça e que o mundo não veja a sinistra mão de Trump a disparar os ameaçadores tiros de misericórdia na Ucrânia, na União Europeia, na NATO e no Mundo Livre em geral. Antes assista ao sucesso de Kamala Harris na restabelecimento de um mais esperançoso clima de paz, liberdade e democracia a nível global. A começar, desde logo, pela paz política e social da grande democracia americana.

“UMA ILHA, MAS EM VEZ DE MAR, TERRA.”

Pela mão da minha filha Inês, tive a oportunidade de ler, com prazer, emoção e alguma comoção o livro de Susana Moreira Marques “Agora e na Hora da Nossa Morte” editado pela Tinta da China. A jornalista/escritora registou as histórias, os comentários e as suas impressões, de várias visitas às terras de Miranda entre junho e outubro de 2011. Estava no terreno um projeto idealizado por Jorge Soares e Sérgio Gulbenkian, diretor e diretor adjunto do Serviço de Saúde e Desenvolvimento Humano da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi o Sérgio que, pela primeira vez me falou dele, por saber dos laços familiares e de proximidade ao Planalto e tive oportunidade de ouvir detalhar ao Jorge, numa das várias reuniões de diretores na Praça de Espanha. Figura relevante neste desígnio de democratizar, estender e melhorar os cuidados paliativos em Miranda, Vimioso e Mogadouro foi Jacinta Fernandes, coordenadora da Unidade Domiciliária dos Cuidados Paliativos daquela região. Encontrei-a no início de 2014, em Bragança por ocasião da reunião da Assembleia Distrital, tinha eu sido eleito para a presidência da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo e ela reeleita para a de Miranda do Douro. Trocámos breves, mas interessantes, impressões sobre este projeto consolidando a impressão que trazia da sua relevância e interesse para a região. Falei, logo que tive oportunidade, com o António José Salgado, coordenador do Centro de Saúde de Moncorvo que me acompanhara lista e na campanha autárquica e, tendo obtido a sua concordância, empenhei-me, no meu regresso a Lisboa, em explorar a possibilidade de extensão deste projeto às terras de Mendo Corvo. Não foi uma tarefa fácil não só por causa da rigorosa gestão orçamental, mas, igualmente, porque era necessário obter a concordância de Jacinta Fernandes. Tudo isso foi ultrapas- sado com a boa vontade do responsável do Centro de Saúde de Moncorvo disponibilizando os re- cursos adicionais necessários, por reconhecer a mais valia do projeto para a população e, logo, para a unidade que dirigia. De Miranda veio, igualmente, um generoso e solidário sim e, em Lisboa, começou a ganhar forma a extensão da experiência ganhando com isso dimensão e, igualmente, trazendo crédito para a iniciativa, por funcionar como uma espécie de avaliação positiva, intermédia, antes do seu termo. O próprio executivo da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo reservava já, para o novo orçamento, uma verba adequada para o apoio domiciliário… Porém, a forma como o Presidente da Câmara moncorvense idealizara este apoio não se coadu- nava com o forma opera- cional daquele que estava já em curso, com os resultados conhecidos e com as normais expetativas. O projeto da Câmara de Moncorvo era outro: não tinha nada a ver com Miranda e o apadrinhamento da Gulbenkian apenas seria aceite se passasse pelo apoio da Santa Casa da Misericórdia de Torre de Moncorvo. Como tal não aconteceu, em Moncorvo nasceu um novo projeto liderado pela Misericórdia e financiado pela Câmara. Desconheço qualquer avaliação e nunca tive conhecimento da publicação dos resultados obtidos. Seguramente serão relevantes e bons, mas duvido que, sozinhos, tenham ido tão longe quanto poderiam ter ido se pudessem acrescentar valor ao que já estava no terreno. Daí que, de todo o livro da Susana Marques, a frase que mais me tocou é a do final da página 24 e que escolhi para titular este texto: “Uma ilha, mas em vez de mar, terra.”

A espada e o seu simbolismo

É uma espada pregada ao chão, na vertical, como a espada do rei Artur, apelidada por esse motivo “Excalibur”. Descoberta em 1994 em Valência, em Espanha, numa fossa numa casa do bairro La Seu, perto da catedral do sec. XIII, ao norte do antigo fórum romano, centro antigo da forte atividade urbana da época. Esta espada revela-nos a importância de Va- lência enquanto ponto de confluência cultural sob o reino muçulmano em Espanha, durante a era de Al-Andalus, um período em que a Andaluzia era o grande cruzamento das culturas europeias e muçulmanas. Foram pre- cisos mais de trinta anos para que esta nos desven- dasse o seu segredo. Uma espada, é um mito, sem- pre. Símbolo da força, do poder, e da cavalaria. Ilus- tra a prerrogativa real em matéria de direito e serve como instrumento de jus- tiça, utilizada aquando dos rituais fundamentais, tais como as cerimónias de ordenação na cavalaria ou na coroação, entre outros. Imagem duma função, que pode ser também a duma nação. A espada é o primeiro dos utensílios que os homens fabricaram exclusivamente para se matarem entre eles, desde a idade do bronze, por volta de 1700 antes da nossa era, mas muito posterior às lanças, flechas, destinadas à caça ou ao combate à distância. As análises acabaram por revelar o seu veredicto e mostraram que essa espada teria pertencido a um cavaleiro muçulmano do tempo de Al-Andalus, testemunhando precisamente desse período muçulmano da cidade, que se chamava então, Balansiya. Graças à estratigrafia, a espada em ferro pôde ser datada com toda a precisão. Situava-se nas duas camadas sedimentares correspondentes ao sec. X da nossa era, ou seja, no período em que a cidade estava sob domínio mu- çulmano. Segundo os especialistas geógrafos e historiadores, as armas, armaduras e equipamentos militares de todo o tipo; como escudos, espadas, esporas, flechas, selas, freios, e outros arreios das fábricas de Al-Andalus superavam os de quaisquer outras regiões do mundo. Extensão do corpo do cavaleiro, e figura tanto espiritual quanto física do seu poder, a espada ressurge numa matriz de ferrugem perfurando os séculos como um objeto fantasma dum período altamente idealizado. Com efeito, foi muito exaltada e embelezada a benevolência que Al-Andalus demonstrara em relação às minorias religiosas. Estas foram regularmente vítimas de discriminações, até de perseguições. Eu penso e consigo imaginar e ver esse cavaleiro muçul- mano desaparecido (em que combate?) deixando atrás de si o símbolo do seu prestígio efémero. No poema épico, A canção de Rolando – um palimpsesto da literatura francesao herói evoca o amor pela sua espada e nem uma única palavra é proferida sobre a sua amada Aude; a mesma, morre quando lhe é anunciada a morte do seu bem-amado. De que espécie de violência a espada transporta o nome? No Alcorão, o Profeta disse: “Eu sou o Profeta da espada”. Alguns séculos mais tarde, a espada que foi descoberta parece colocar-nos a mesma questão. A que tipo de armas continuamos nós a sacrificar ainda a vida humana? As nossas conquistas sangrentas acabarão na finitude da poeira ácida dos solos, deixando para trás os restos corroídos e carbonizados das nossas derrotas assim como das nossas vitórias.