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FERNÃO MENDES, O VELHO (O PRIMEIRO BRAGANÇÃO… OU NÃO…)

Fernão Mendes, o Velho, sucedeu a Mendo Alanes (ou Alão), filho de Alano, conde de Nantes de onde veio antes de tomar para si os vastos territórios adjacentes ao poderoso e influente Mosteiro de Castro de Avelãs, casado com Joana Ardzrouni, princesa arménia do reino da Vaspuracânia. Por ter nascido nos territórios paternos de Benquerença, sucedânea da romana Brigantia, de onde houve nome a actual cidade de Bragança, é, o dito Fernão, justamente considerado, o primeiro braganção. Foi, nessa qualidade, homenageado pelo município brigantino, no verão de 2019. Não tenho qualquer informação que me possa justificar a razão de ser dessa data, mas há de ter sido uma decisão devidamente avaliada e ponderada pelos decisores autárquicos. Faria, talvez, mais sentido comemorar o milénio do seu nascimento… mas este, de acordo com os registos conhecidos só se cumpre em 2030, muito para além do mandato da atual equipa autárquica. Porém… O casamento de Mendo com Joana aconteceu por volta do ano de 1020 (talvez 1021 ou 1022) por ocasião da peregrinação feita a Santiago de Compostela do rei arménio João Sinequerim. Seria expectável que tivessem tido descendência antes do início da década de trinta. E, na verdade, assim foi. Em 1023 ou 1024 nasceu Ouroana Mendes da união do bretão Mendo e da arménia Joana. Ela é, efetivamente, a primeira criatura que, há mil anos, inaugurou a “dinastia” de onde haveriam de nascer as mulheres e os homens que viriam a formar a Casa de Bragança. Celebrar esse acontecimento milenar é algo que, a não ser feito agora, só voltará a ter justificação em 3023 ou 3024, muito para lá do natural horizonte de vida de qualquer um de nós. Quem ficou para a história foi, sem dúvida, o seu irmão, Fernão Mendes, mas esse culto da supremacia masculina pertence já ao passado. Estou certo que a edilidade brigantina não vai perder a oportunidade de incluir na história das festas da cidade, um contributo para o crescente abandono da vetusta e obsoleta misoginia, que marcou os tempos idos. Não duvido que a vereadora da cultura, por causa destes valores e, sobretudo, por ser mulher, não deixará de abraçar e promover esta causa, com a dignidade e grandeza merecidas. A lei que estabeleceu uma quota para a participação feminina nas listas candidatas às autarquias foi feita, precisamente para que elas pudessem pontuar a governação com valores que rompem a desconsideração sofrida, no passado, pelas mulheres. Acrescentando à oportunidade irrepetível da celebração milenar, a Câmara de Bragança não vai, certamente, desperdiçar a boa vontade e disponibilidade de cooperação com a Associação de Amizade Portugal Arménia (metade do sangue fundador, veio dessas paragens) já manifestada pelo seu Presidente, Vahé Mkhitarian, muito empenhado em reforçar os laços seculares através de celebrações conjuntas, geminações e atividades culturais com especial referência para a possibilidade de atuação, na capital do nordeste, da Orquestra de Câmara Consonância, dirigida pela violinista Elena Ryabova-Mkhitarian com um conceituado repertório de música erudita portuguesa e arménia, desde o período barroco até à actualidade.

É o que dá pôr os boys à frente do carro

Os problemas em Portugal sucedem-se, ininterruptamente. Todos os dias aparecem mais uns tantos, em todos os domínios. O que só prova que o regime político vigente é permissivo, que o Estado está contaminado e que a classe política é conivente. O que só se compreende com o facto do regime político vigente comportar graves disformidades democráticas que tardam em ser corrigidas. Culpa da classe política que não é capaz de se congraçar para fazer as reformas indispensáveis, mas que cada vez mais desprestigia a democracia e prejudica a Nação. Classe política que nas autodenominadas Universidades de Verão não ensina aos jovens militantes ética, civismo e as melhores formas de servir a Nação, mas trata da alta intriga política e da conquista de tachos e mordomias. Culpa do presidente Marcelo que é o grande animador da festa, se diverte e diverte muito boa gente, e que até se dá ao luxo de, de quando em vez, oferecer lautos lanches políticos aos conselheiros de Estado. Embora a culpa maior caia por inteiro no primeiro ministro António Costa que põe os boys à frente do carro, o que dá no que se vê: um Governo que é uma fonte de asnei- ras e de trapalhadas. António Costa que, nestes já longos anos que leva de reinado não foi ainda capaz de apresentar um projecto digno para Portugal e muito menos mostrou vontade de promover as reformas que se impõem. Governo que não sabe prever e muito menos prevenir seja que mal for e depois se apressa a correr atrás do prejuízo e a remediar o que já não tem remedio. Atira milhões ao ar sem que tenha um estudo, um plano prévio credível, uma recta intenção sequer. Claro que muitos milhões não passam do papel, como se sabe, e outros levam descaminho. É o que se vê na TAP, no Serviço Nacional de Saúde, no Ensino, nas Forças Armadas e por aí adiante. Foi o que se viu com a cartinha que o primeiro ministro António Costa entendeu escrever a Bru- xelas a pedir meios, mundos e fundos para resolver a crise da habitação e que mereceu a resposta que em bom português se deve traduzir por: “Agarra na pá, no martelo, na régua, no compasso e no esquadro, e mete mãos à obra, que massa já aí tens com fartura”. Governo que prioritariamente deveria empenhar-se, se para tanto tivesse saber e competência, a ga- rantir empregos adequados, salários e condições de vida justos e dignos a todos os portugueses, garantindo os rendimentos necessários e suficientes para libertar as famílias doutras espúrias dependências. Mas não. Opta por, demagogicamente, atirar punhados de amendoins àqueles que toma por macacos: passes, propinas, cheques disto e daquilo, que não resolvem coisa nenhuma e só iludem os incautos. Só assim se compreende que Portugal continue adiado.