Editorial

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Belíssima ao ponto de deixar siderado o deus dos deuses, senhor do Olimpo, que decidiu arrebatá-la para um dos seus paraísos privados, Europa, a figura mitológica, princesa, ninfa, quase deusa, veio a dar nome à península ocidental do grande continente que é a Eurásia.

Há quarenta anos andávamos por cá a festejar a chegada da electricidade à maior parte dos aglomerados rurais, que não conheciam as comodidades que a energia proporcionara por esse mundo no que já se vivera do séc. XX.

Já ganhámos calo relativamente ao que vamos ouvindo aos protagonistas da política, o que nos permite descontar a demagogia, a dissimulação, mesmo a aldrabice, tosca ou descarada.

Sempre foram abundantes os sinais de que a vida é um sopro, inefável ilusão, desejo mais que conquista.

Estamos fartos de chover no molhado e pouco mais haverá a fazer, pelo menos no tempo útil das vidas de cada um, provavelmente da própria existência do país, no que respeita à condição de quem ainda permanece nos três quintos do território a caminho do matagal. 

Muitos se lembrarão de viver, nas aldeias mas também nas cidades, nomeadamente no interior rural, até há menos de 50 anos, paredes meias com galinheiros, pombais ou lojas de porcos, importantes para a economia familiar, quando ainda não havia aviários nem pocilgas industriais.

Pessoas de boa fé podem questionar-se se não estaremos a assistir a uma ofensiva contra a humanidade, perpetrada por todos os demónios imagináveis, vindos de um obscuro reino do mal, que racionalmente recusamos, apesar de irromperem no nosso quotidiano fenómenos que gostaríamos de relegar para me

Fundamental na política é a dignidade, indissociável da inteireza de carácter, da clarividência, da coragem e da humildade, que reconhece, com franqueza e frontalidade, os erros e omissões, mostrando-se capaz de fazer esforços para os corrigir.

Fevereiro chegou molhado como manda a experiência milenar, mas agora refrescou e temos tido noites geladas, a lembrar Janeiro, com sol generoso pelas tardes, conforto breve para gente entrada na idade, com saudades do vigor que não cedia a um friasco qualquer.

Qualquer dicionário básico nos informa que paradoxo significa coisa incrível, desconchavo, afirmação ao arrepio do bom senso, extravagância.

A política pode ser expressão de grandeza da condição humana, mas fica-se muitas vezes pelos níveis míseros do imediatismo vicioso, sem objectivos que não a manutenção no poder, numa vertigem de ilusões que fintam a lucidez, mesmo dos mais experientes, ou assim reconhecidos pelas comunidades.

Sou um entre muitos transmontanos vindos ao mundo no princípio da segunda metade do século XX, quando os carros de bois chiavam nos caminhos, as mulheres desenferrujavam a língua junto à fonte, os ritmos continuavam a ser marcados pelo sino da igreja matriz e a senhora professora, virtuosa, beata