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Luís Ferreira

Sondagens políticas ou política de sondagens?

S empre que há eleições aparecem as sondagens a situar as vertentes a analisar ou os opositores. Não interessa muito sobre o que são as eleições. Interessa é ter sondagens e apresenta-las para que todos vejam que houve um trabalho sério, ou não, por detrás de tudo o que foi feito. Quando se trata de sondagens sobre eleições nacionais, sejam elas em Portugal ou em outro país qualquer, todos os interessados querem saber como vão os candidatos. Para uns, são sempre bons porque até podem ser manipulados e ganha sempre o mesmo, para outros, se quem vai à frente não é da sua cor política, já é mau sinal ao que se junta uma boa dose de desconfiança. Na Rússia vai haver eleições dentro de alguns meses e já Putin está a equacionar o modo de ganhar novamente, como se houvesse outro candidato livre que lhe pudesse fazer frente! Para quê tanto alarido e tanto convencimento quando todos sabem o resultado final? Deixasse ele que as eleições fossem livres e democráticas e que os candidatos saíssem da prisão e talvez não se achasse tão forte e ganhador. Mas também lá, as sondagens existem. Antes e depois. Para quê? Arranjam um candidato fantoche, porque é de bom tom dizer que houve democracia no processo, e depois eis que afinal Putin volta a ganhar com 95% dos votos. Uma vergonha! Outro caso é o de Maduro na Venezuela. Passado a papel químico, faz o mesmo que aprendeu com Putin e sem ponta de vergonha. E mais: agora quer invadir e anexar 2/3 da Guiana como se aquele território fosse da Venezuela! Como a Ucrânia! Os melhores. E depois vêm acusar Israel de invasão da Faixa de Gaza! Gaza até pode ser o cemitério da vergonha, porque o é efetivamente, mas o caso é diferente. O Hamas não é a Palestina. É um grupo terrorista e aqui sim, pode-se comparar a um país como a Rússia já que o que tem feito é praticar o terrorismo. Enfim! Tenham vergonha. Mas se as sondagens existem por lá, também existem por cá. O PS, agora sem secretário geral, assiste, não a dois, como se supunha, mas a três putativos candidatos à liderança. O terceiro, não me lembro do nome e a maioria dos socialistas também não. Os outros dois, todos conhecem. E aqui as sondagens já estão a funcionar em força. Já deram a vitória a Pedro Nuno Santos e, mais recentemente, dão a vitória a José Luís Carneiro, ainda ministro de um governo de gestão e já voltaram a virar, como se de uma dança se tratasse. Neste confronto é sempre de questionar se há uma política de sondagens ou umas sondagens políticas, porque elas interessam sempre aos dois, mas mais a um que ao outro. A qual? As moções de estratégia já foram apresentadas e no que respeita a eventuais alianças, Nuno Santos é omisso, ao passo que Carneiro quer promover consensos alargados. Mas as diferenças não se ficam por aqui. Há muitos ouros aspetos onde se notam diferenças. A justiça e os lobbys são um padrão de exigência ética do PS e pode ser a faísca que os vai dividindo. Por outro lado, sabemos que Pedro Nuno Santos quer cortar com Costa e embora não o diga abertamente, sempre vai referindo aspetos que pretende mudar adiantando promessas como a devolução do tempo congelado dos professores, coisa que Costa sempre recusou fazer. E José Luís Carneiro? Também ele promete muitas coisas e uma delas é apostar num compromisso para a justiça e a especialização dos tribunais. Para justificar a sua posição, atira-se contra o PSD que, quando foi governo, fez alterações na justiça, fechou tribunais e alterou decretos na justiça. Claro que agora vêm os rabos de palha. Muita água vai passar debaixo das pontes até às eleições do PS, mas depois vêm as legislativas e a contenda será pior e mais profunda. Sem tempo para preparar toda a campanha e as acusações sérias para arremesso em tempo certo, tudo é mais difícil. Entretanto, as sondagens vão aparecendo e ora dão vantagem ao PSD, ora dão ao PS, mas a diferença não lhes permite ter certezas de nada. Ganhe um ou outro, os números só servem como moeda de troca. Sabem bem que o troco virá do outro lado e de outro partido. Qual? Seja como for, as sondagens não têm esquerda, centro ou direita. Têm números, percentagens. Mas quem ganhar tem de contar com as três variantes e esperar que as sondagens sejam menos políticas do que outra coisa qualquer. No meio de tudo isto é curioso que as sondagens deem como favorito dos portugueses José Luís Carneiro em vez de Nuno Santos ou mesmo de Montenegro. Para secretário geral do PS preferem Nuno Santos, para Primeiro Ministro preferem Carneiro. Quem percebe isto? Será que são sondagens políticas ou uma política de sondagens? Uma coisa é certa: José Luís Carneiro é mais centrista e menos arruaceiro que Nuno Santos. E o PS sabe disso. As asneiras que Nuno Santos fez enquanto governante, marcou- -o muito e essa marca não sairá tão depressa. Para equilibrar ou talvez não, vem novamente à baila o novo aeroporto. Uma aberração e as manias de grandeza de um país que não tem onde cair morto, dão o mote para a campanha e as brasas para o novo governo apagar, se tiver força e coragem. Por enquanto Montenegro aguarda na espectativa de um alargamento eleitoral com o CDS e talvez a IL para assim ter a certeza que o governo tem assinatura social democrata. Ventura não gosta, claro! No fundo é apenas mais um duelo do qual somente as sondagens nos dão algum sinal e já não há muito para mudar. Restam-nos as sondagens de 10 de março para nos entreter. Enfim, sondagens!

O que nos querem vender?

S abemos bem que ninguém dá nada a ninguém, mas acreditamos sempre que um dia alguma coisa nos calha, mesmo sem contarmos. Dar sem receber, é difícil. De qualquer modo, continuam a prometer-nos o que nos pode agradar, para assim nos cativar o interesse e nos levar atrás do engodo. Tal como o peixe, caímos sem dar conta. Agora que há eleições nos dois maiores partidos nacionais, é ver um desfilar de promessas que agradam a todos e que todos gostaríamos de usufruir. Mas como são promessas, não vale a pena acreditar muito nelas. O PS, dividido na corrida à liderança, ambos prometem muito, mas sabem que não irão ganhar e, portanto, podem prometer este mundo e o outro. Ninguém compra e eles nada vendem. Nuno Santos pouco promete pois do que já prometeu quando pertencia ao governo, nada conseguiu vender. Só deixou buracos financeiros especialmente na TAP. No entanto, continua a dizer que a TAP é para vender. Agora que está a dar lucro? Seja como for, parece que está a capitalizar votos no seio do PS, muito embora o outro candidato, José Luís Carneiro, não mostre receio da confrontação que Pedro Nuno Santos recusa. São as lutas internas, sempre salutares e esclarecedoras. Sempre ficamos a saber o que cada um oferece ou propõe ao povo português. Mas fiquemos alerta, pois nada nos vão dar com toda a certeza. Estas quezílias são entre eles e parecem bem e quanto mais oferecerem melhor soa a oferta. Depois, bem depois é preciso ganhar as eleições legislativas, formar um governo e pôr em prática as promessas que meses antes andaram a espalhar. Mas os portugueses, entretanto já se esqueceram dessas promessas e não as vão reclamar e tudo fica em águas de bacalhau. Como sempre. Atirando-se ao PSD, José Luís Carneiro diz que eles prometem tudo a todos, fizeram cortes e depois o PS é que teve de repor. Pode ser verdade, mas também é certo que o PS tem deixado o país na miséria cada vez que sai do governo. E agora, se o PSD ganhar, vai ser o mesmo. Isto significa que o PSD vai ficar em maus lençóis para endireitar as contas públicas. É sempre assim. Prometem tudo, realmente, mas não dão nada, só dívidas. Deste modo, os candidatos do PS empurram-se para a direita e para a esquerda, procurando cada um situar o outro politicamente. Na verdade, José Luís Carneiro é muito mais centrista que Nuno Santos, sem dúvida alguma. Mas será que os portugueses sabem disso? Por seu lado Montenegro, no fim de semana tentou afirmar-se como líder e candidato, mudando o seu discurso político e fazendo um discurso como se fosse o pri- meiro ministro que se segue. Por um lado, era necessário que se afirmasse, por outro era indispensável essa assun- ção política, pois pode-lhe sair cara. Foi um Congres- so de aclamação e de plena campanha. Mas ele não foi lá só para discutir os artigos estatutários e a sua alteração e aprovação. Ele foi para fazer campanha e mostrar a todo o país ao que vinha. E disse que queria ser o próximo Pri- meiro Ministro. Pois, talvez, mas para isso é preciso muito mais do que querer, é preciso ter votos. E até agora, pelas sondagens, não tem. O caminho a percorrer é longo e o tempo urge. Claro que ele se rodeou de nomes sonantes do passado para que a entourage fosse mais credível. Ferreira Leite, Cavaco Silva e tantos outros deram o apoio que necessitava, mas em termos de votos, pouco vale. De notar que faltaram outros importantes como Durão Barroso, Passos Coelho que seriam igualmente uma mais valia. Mas é natural que este último não quisesse aparecer, já que teve de fazer cortes imensos para endireitar as finanças e tapar os buracos que o PS deixou depois de quase onze anos de governo. Ninguém fica bem visto ao ter de cortar pensões e salários. Francamente! Deixem-se disso. Deste modo Luís Montene- gro tem uma tarefa enorme para vencer se ganhar as eleições legislativas, já que as do partido estão ganhas. Primeiro formar governo com maioria parlamentar sustentável. E como é difícil ter maioria absoluta, terá de fazer coligação com um ou mais partidos de centro direita. Resta saber que percentagens vão ter eles para se poderem coligar com maioria. Tem, portanto, o IL, o CDS, o PAN na esperança de que os lugares no Parlamento sejam os necessários para a maioria. De fora fica o CHEGA, pois de radicalismos estamos fartos. Para já temos o 10 de Março. Temos eleições e a corrida já começou. Vai ser um atropelo enorme. Críticas não vão faltar. Acusações, um lavar de roupa suja sem fim. E pelo meio, vão aparecer algumas promessas. Vão querer vender-nos alguma coisa. Em jeito de quem quer dar o melhor que tem, tomem lá promessas. Não pagam agora. Depois logo se vê. E se for para pagar, é a dividir por todos os portugueses, portanto, pouco calha a cada um. Não há que ter medo. Pois é. Pagamos todos sem comprar nada, porque nada nos venderam. É sempre assim. E no final, perguntamos sempre, o que nos querem vender? Promessas? De promessas estamos fartos.

Pantanal político

A política portuguesa foi sempre demasiado opaca e debaixo desse obscurantismo atroz, desenvolveram-se os mais escabrosos projetos, completamente à margem dos portugueses e cujos interesses revertiam sempre para quem se movimentava na esfera política, fosse no governo, na Assembleia ou nos ministérios. Se fizermos um pequeno esforço de memória lembrar-nos-emos certamente de que os governos do PS nuca terminaram as legislaturas e deixaram o país à beira da bancarrota. Exemplo disso foi a intervenção do FMI no governo de Mário Soares e depois mais recentemente no de Sócrates. O país sofreu convulsões terríveis, submergindo em crises consecutivas que arrastaram o povo português para um lamaçal de onde sair parecia quase impossível. Foi assim, deixado o país aos governos que se seguiram e que tiveram de enfrentar problemas económicos impensáveis, socorrendo-se dos impostos para equilibrar uma economia em falência. A culpa, foi sempre atribuída aos governos que se seguiram aos do PS e tentaram remendar as asneiras que os anteriores tinham feito. E se o remendar não foi totalmente eficaz, foi pelo menos, o mínimo possível, para não hipotecar completamente o país. Viveram-se tempos muito difíceis. Mas se pensamos que esses tempos já passaram, o melhor é desenganarmo-nos. Não passaram. A crise que atualmente se vive no mundo, devida em parte às guerras da Ucrânia e do Médio Oriente, mas não só, não está para acabar, tal como as guerras que seguem o ritmo que os governos cobardes lhes impõem. Tudo isto em conjunto, acelera a crise económica que grassa pelos países europeus e não só, dificultando qualquer recuperação bem intencionada. Portugal, que vivia de perto essa crise, vê-a agora agrava- da pelas asneiras que alguns governantes fizeram, envolvendo interesses indevidos e nomes que deveriam estar bem longe desta amálgama de despautérios. Referenciada que tem sido a corrupção em Portugal e igualmente nomes a ela ligada, não admiraria que mais tarde ou mais cedo viesse a rebentar uma bomba mais forte que arrasasse a governação por inteiro. Foi o que aconteceu. Como se não bastasse a crise em que vivíamos, eia que agora o primeiro ministro se demite e o governo cai, deixando o país num vazio perigoso e cujo rumo é demasiado incerto. Costa não quis demitir em tempo próprio o Ministro Galamba. A amizade, a confiança que nele depositava, veio a arrastá-lo para o pântano em que outros já estavam. Os interesses económicos, os favores, as falcatruas e a corrupção, juntaram-se à volta do Lítio e do Hidrogénio e de uma Central de Dados, que só eles conhecem e mais oito milhões à mistura, mas que terão agora de justificar. É uma vergonha! Um governo perseguido pelo Ministério Público, suspeito de corrupção e de ilegalidades que expõe o Primeiro Ministro perante uma Europa incrédula, é simplesmente vergonhoso. Uma ação desta natureza é deveras inqualificável. Não está aqui em causa que tipo de governo é. O que se deve referenciar é que coisas deste género não se devem permitir, seja em que governo for. Afinal, em quem vamos confiar? Se todos forem deste calibre, não haverá governo credível que valha a pena. Longe vai o tempo em que a honestidade era cartão de visita. Como dizia a minha avó, mais vale ser pobre e honesto, do que rico e ladrão. Chego a ter pena de Marcelo! Mas ele tinha avisado. Agora segue-se a segunda etapa. Quem vai governar? Um governo de gestão, sem poder de decisão, sem primeiro ministro já que o atual é exonerado a um de dezembro e um orçamento que terá de ser aprovado para que se possa seguir até março, altura em que, uma vez mais, vamos a eleições. Uma etapa do pantanal político em que nos meteram. E depois? Bem, depois vamos ver quem ganha as elei- ções e que governo vai sair daí. Se ganhar o PSD, o mais provável, não será com maioria, o que acarreta outro tipo de problemas. Com quem se coligar? O CHEGA está à espe- ra de ter razão e chegar ao governo. Montenegro já negou esse tipo de coligação. Resta saber se outros partidos em coligação, farão a maioria necessária, mas para isso terá de crescer muito o IL, o PAN e talvez o CDS que tem estado arredado destas lides. E se nada disto se verificar? Um acordo de incidência parlamentar não será fácil com o CHEGA, mas pode surgir outra geringonça, mesmo com o PS. Não seria a primeira vez. Nada fácil o tempo que se aproxima. A vontade enorme de apre- sentar trabalho, ainda que com falcatruas e ilegalidades, levou o governo a uma situação vergonhosa e o povo português a ter de decidir quem quer que governe o que está completamente desgovernado. Será que alguém quer conduzir este barco sem rumo? Melhor: será que alguém consegue conduzir o barco? Chega de corruptos e aldrabões. Haja dignidade.

Os interesses da guerra

S eja qual for a guerra e onde quer que exista e marque um ponto negro na História da humanidade, tem por trás dela inte- resses económicos incomensuráveis. Se os cobardes que fomentam a guerra participassem nela e andasse na frente da batalha, não existiriam guerras com toda a certeza. Viveríamos todos em paz. Infelizmente, os cobardes continuam a esconder-se por detrás dos que lhes servem de escudo e que nada mais podem fazer do que servir e morrer. A verdade é que é necessário alimentar toda uma indústria de guerra, em todos os países, na eventualidade da existência de uma guerra, seja de que forma for e de que proporções ela tiver. O que hoje verificamos é que em dezenas de países existe guerra e que a sua eliminação não é fácil. E porquê? Porque enquanto uns trabalham para que se consiga a paz, outros esforçam-se para que ela continue, pois favorece a sua economia de guerra. Quando Hitler subiu ao poder na Alemanha, uma das primeiras coisas que ele fez foi ativar uma economia de guerra mesmo antes da guer- ra ter começado. Ele “adivinhava” que não tardaria e foi ele que lhe deu origem. Já estava preparado. Hoje esse tipo de indústria está sempre em movimento. Penso que só Portugal se desligou quase na totalidade dessa minúscula economia que mantivemos na fábrica do Braço de Prata. Como não tínhamos guerra no ultramar, partiu-se do princípio de que não necessitaríamos de grandes armas. Mas as coisas mudam e até Portugal terá de se armar porque pertence à Nato e tem de participar em ações mi- litares conjuntas e para isso tem necessariamente de ter armas e homens especializa- dos. É um dever e uma obri- gação. Não precisamos de ter guerra, mas ela existe noutros lugares. Mesmo sem querer, somos arrastados para ela. Durante dezenas de anos, a Europa conseguiu afastar o fantasma da guerra e todos os países do continente europeu não equacionaram a possibilidade de voltar a existir outra guerra. Mas o que se espera nem sempre acontece e deparámo-nos com uma nova guerra que veio arrastar quase todos os países para esse conflito. Sem culpas, a Ucrânia vê-se invadida pela Rússia e todos os países europeus e não só, acorrem em defesa da Ucrânia e condenam Putin pela atitude guerreira. Este facto faz-nos lembrar do início da Segunda Guerra Mundial e das declarações de guerra que se seguiram à invasão da Polónia pelos alemães. Já na Primeira Guerra Mundial tinha sido idêntico. Desta vez foi um pouco diferente pois os cuidados foram outros e ninguém queria ou estava preparado para outra guerra na Europa. Era impensável! Mas ela aconteceu. E o que nós estamos a ver é que as armas velhas da Segunda Guerra ainda rodam por falta de outras novas. A Rússia só tem tanques velhos e armas antigas. O que é preciso fazer é acabar com elas antes que fiquem de vez fora de validade. É o que a Rússia está a gastar. Armamento novo, nem ela o tem, mas também não contava com a resistência da Ucrânia. Recorre agora ao armamento alheio como os drones do Irão que sempre saem mais baratos. Ganha quem os fabrica, naturalmente. A guerra que despoletou agora na Faixa de Gaza, depara-se com um cenário diferente. Israel está sempre preparado para a guerra e fabrica o seu próprio armamento. Atacado, desde sempre, pelos países vizinhos, tem de estar sempre em alerta. Isto permitiu-lhe desenvolver sistemas de defesa extraordinários, quer aéreos, quer terrestres ou até mesmo marítimos. Tem uma indústria de guerra fantástica que serve não só o país, como outros países. Um facto curioso, ou talvez não, é que Israel se limita a defender-se de quem o ataca. Não quer perder um palmo do território que lhe foi concedido em 1948 e tudo tem feito para o defender. Encurralado junto ao mar e cercado pelo Egito, pela Jordânia, pela Síria e pelo Líbano que não têm laços de amizade com os judeus, a única saída era saber defender-se e para isso tinha de desenvolver uma in- dústria de guerra bem organizada e forte, caso contrário seria aniquilado. E foi o que fez e bem. Na área, só o Irão, seu inimigo figadal, tem uma indústria de guerra assinalável. Daí o seu apoio ao Hamas e ao Hezbolah. Mas como em todas as guerras, os interesses são vastos e não limitam o fabrico de armamento. A guerra de Gaza é de momento, um compromisso internacional onde as armas contam pouco e a diplomacia tem um valor extraordinário. EUA aconselham a que Israel não invada Gaza, pois ao fazê-lo destrói quase tudo por onde passar, apesar do Hamas ser o único objetivo a aniquilar. Israel suspendeu a invasão. Aguarda pelos resultados de algumas conversações entre líde- res terroristas e ocidentais. A tensão é enorme. O mundo está suspenso destas decisões. O sucedido em Israel pode extrapolar para outras fronteiras e, nesse caso, pode- mos estar à beira de um novo conflito mundial. Se uns esperam que isso não aconteça, outros querem a guerra para ganhar milhões. Este jogo nunca acaba. A guerra nunca terá um fim no seu sentido lato. E porquê? Porque os co- bardes que a promovem, não entram nela.

Do que se fala e não se fala

Há sempre uma imensidão de assuntos para se abordarem, mas na impossibilidade de os meter a todos no mesmo saco, o melhor é mesmo referi-los sem grandes preferências. Mas como temos de falar neles, quais escolher? Vamos falar do que sucedeu em Nagorno-Karabakh? Esta República separatista com cerca de 120.000 habitantes arménios a viverem neste enclave, acaba de desaparecer. Mais de 100 mil arménios fugiram com medo de uma exterminação étnica. O território é do Azerbeijão e nunca foi reconhecido internacionalmente. A Rússia quis meter-se como intermediária para apaziguar a situação e resolver o possível agravar do conflito. Não houve tempo. Vamos falar da guerra da Ucrânia uma vez mais? Nunca é de mais referir o cansaço que esta guerra está a provocar nos países que estão a ajudar Kiev. A agravar a situação, está a proximidade de eleições na Eslováquia e na Polónia. Porquê? Dependendo de quem ganhar as eleições, as ajudas a Kiev podem escassear muito. As sondagens sobre as eleições na Eslová- quia apontam para uma van- tagem apertada da esquerda progressista sobre o candidato pro-Moscovo. Pois se este ganha as eleições, Putin terá mais um aliado e Kiev mais um inimigo. Mas na Polónia pode acontecer o mesmo. De momento já se está a verificar certa resistência entre o governo da Polónia e os países da União Europeia, a vários níveis. Desde a exportação de cereais, à entrada de migrantes e à cedência de material de guerra à Ucrânia, os polacos estão cada vez mais a fechar-se. Também aqui o resultado das eleições pode ser desastroso para Kiev. Além disso há ainda os turcos e os húngaros que estão na espectativa e certamente irão virar-se para onde tiverem maiores vantagens políticas internas. Também o Kosovo está a fervilhar. Será que há ligações russas aos homens envolvidos num dos mais graves confrontos desde que o Kosovo declarou a independência da Sérvia? Como Putin se mete em tudo, também aqui há essa possibilidade. Se tirar vantagens, certamente que ele lá terá alguém. Quem sabe se alguém do grupo Wagner, já que agora tem novo comandante! Será que vale a pena abordar a loucura de Medvedev? Não sei se ele é realmente louco ou se as afirmações que faz são para assustar os outros e se defender a si próprio. Veio prometer neste fim de semana que a Rússia irá fazer mais anexações da Ucrânia e que essas anexações só acabariam com a destruição completa do regime nazi de Kiev. Entre linhas, queria dizer que até à libertação dos territórios originalmente russos, essa conquista iria continuar. A verdade é que já estamos habituados ao que diz este senhor. Consegue dizer mesmo o que Putin não tem coragem para dizer! De uma irreverência atroz e de uma arrogância sem limites, este Medvedev encarna bem o poder do mal. Até quando isto vai durar? Já fala na Nova Rússia! Francamente! Mas Putin não lhe fica atrás, pois também ele refere a Nova Rússia e uma vez mais, referiu que defenderá os concidadãos do Donbass e da Nova Rússia, seja lá onde for, pois estará a defender a própria Rússia, a soberania russa e os valores espirituais e a unidade da Rússia. Certamente isto será para que o povo russo acredite que na realidade Moscovo está a ganhar a guerra, mas não está. E para que todos lhe batam palmas, resolveu decretar o dia 30 de setembro como o dia da reunificação. Decretos destes qualquer um pode fazer. O papel arde com o fogo e o que lá se diz desaparece, mas o território, esse, tem fronteiras, pessoas, casas, cidades, aldeias e não se pode reunir por decreto quando se quer e porque se quer. Mas enfim! Podemos falar também do que se passa cá dentro. Porque não? As misérias não são só apanágio dos outros países. A nossa Educação anda pelas ruas da amargura neste início de ano letivo. O governo não ata nem desata. O líder do PSD já desdisse o que anteriormente tinha referido e agora vem propor que se pague aos professores o tempo a que têm direito em cinco anos. Nem uns nem outros se entendem. Costa até chamou o Ministro da Educação para ter uma conversa particular, mas ninguém sabe o que lhe disse. Um puxão de orelhas ou um conselho de amigo? Se formos à Saúde, pior um pouco. Está mesmo doente! Médicos em greve, enfermeiros em greve, urgências fechadas, cirurgias adiadas, Hospitais sem valências durante dias, enfim, sofre quem está doente e quem necessita de cuidados médicos. Um descalabro! Os médicos são obrigados a trabalhar mais horas extra do que o legal e não aceitam essa obrigatoriedade e com razão. No entanto, as universidades fecham-se à formação exagerada de médicos e o governo prefere mandar vir médicos de Cuba e de Espanha. Será que está certo? Alguma razão está por detrás da saída dos nossos médicos e enfermeiros para o estrangeiro, especialmente Espanha e Inglaterra e Suíça. E depois dizem que há falta de médicos. Claro. Sejam honestos e digam o que devem dizer com sinceridade. Falar é fácil, mas falar o que se deve pode ser embaraçoso.

As luzes de setembro

Extinguiu-se agosto com toda a sua pujança onde a onda febril dos que procuraram dias de descanso foi um dos objetivos a alcançar. De regresso ao lugar de partida e onde tudo pode voltar à normalidade, eis setembro, o mês de quase todos os regressos e em que se espera voltem a brilhar as luzes de outros descansos. Setembro é, por assim dizer, um recomeço. Recarregadas as baterias, há que deitar mãos ao trabalho novamente. Mas, nem tudo é assim tão fácil e em como todos os recomeços, há obstáculos que se poem no caminho. Por cá, como lá fora, nem tudo é um mar de rosas neste recomeço. Os problemas continuam e alguns agravados por contingências conjunturais difíceis de ultrapassar. Alguns que navegavam na sua continuidade mantêm-se, outros que, ao largo e que pouco se manifestavam, dão à costa com toda a força. Quando falamos de setembro lembramo-nos imediatamente de aulas, de escolas, de professores e de colocações. Ao fim de dezenas de anos a lutar por uma educação mais digna, mais completa e menos burocrática, nada se avançou. Os problemas neste âmbito, agudizam-se ano após ano e não há Ministro da Educação que consiga resolver todos os problemas. Antes, penso que ainda os conseguem agravar cada vez mais. A desvalorização da carreira docente e as greves voltam a marcar o início do ano letivo. Mas nem estas conseguem dobrar a ideias férreas do atual Ministro, nem levar o governo a tomar medidas, ainda que avulsas, de modo a resolver algumas das situações da carreia dos professores e das suas colocações. É assustador quando nos deparamos com casos em que vemos uma professora com mais de cinquenta anos, com mais de vinte anos de serviço, a ser colocada a 500 quilómetros de casa e a ter de alugar um quarto caríssimo para ir dar aulas num bairro complicado de Lisboa, deixando para trás a família. Isto é um mero exemplo de um problema onde as exceções são muito poucas. Claro que este problema é tanto pior quanto maior é o problema da habitação. Não há casas para alugar a preços razoáveis e os quartos que se alugam são de preço proibitivo, o que deveria ser controlado e até sancionado por uma lei governamental que diminuísse os abusos e os aproveitamentos dos proprietários. Estes, a maior parte das vezes, alugam quartos e não pagam imposto, já que não declaram os alugueres e ainda por cima pedem dois meses adiantados pelo aluguer. É uma vergonha! Como pode brilhar a educação? Como podem os professores arriscar as suas vidas em aventuras deste género? Como podem os alunos ter aulas em situações normais, sem que faltem professores, sem que tenham receio de não cumprir os programas ou de os professores desistirem por falta de capacidade monetária para suportar os disparates das colocações? É esta a educação que queremos para os nossos filhos e professores? Quando a educação não é libertadora, o oprimido pensa sempre em vir um dia a ser o opressor. Certamente não é esta educação que queremos. Deste modo não brilham as luzes de setembro. E o que dizer da greve dos médicos num país em que se contratam médicos cubanos para colmatar a falta de médicos? Definitivamente, este setembro não tem bom recomeço. Não brilha. Mas lá fora também as coisas não andam iluminadas neste mês de setembro. O povo marroquino sofreu na pele mais um dos piores sismos dos últimos anos. Cidades quase todas destruídas, mais de 3.000 mortos e mais de 5.000 feridos. Aqui às portas de Portugal, isto faz-nos pensar seriamente no que nos pode esperar. As terríveis cheias na Líbia arrasaram cidades e mataram milhares de pessoas. Uma tragédia enorme a juntar às outras. Setembro muito triste, muito escuro. O Homem do Cavalo de Ferro, Kim Jong-Un, lá foi até à Rússia. Deslocando-se sempre de comboio especial blindado, encontrou-se com Putin. Encontro entre dois necessitados. Um precisa de munições para aguentar uma guerra que está a perder e outro a querer vender as que tem em excesso e a precisar de cereais para matar a fome ao povo e tecnologia nuclear para ameaçar os que nem sequer se metem com ele. E no seu discurso, disse estar ao lado de Putin contra o imperialismo. Não vive neste mundo. Uma aliança entre os dois será quase impossível. Enfim! Dois faróis quase apagados e que definitivamente não brilham neste mês de setembro. Com algum brilho, ainda que reduzido, mantém-se o Presidente da Ucrânia, já que aos poucos vai conseguindo algumas vitórias na frente da guerra e até no mar. A Rússia enorme, atravessa dificulda- des que não imaginava, mas que ela própria criou. Se quer brilhar aos olhos internacionais, terá de acabar com a guerra estúpida que teima em continuar. Mas não será já neste mês de setembro! Apesar de tudo, por cá, algumas luzes brilharam este mês. A seleção de sub-19 de futsal, tornou-se campeã da Europa. Um êxito extraordinário que elevou Portugal ao mais alto patamar. Será um farol brilhante que vai durar algum tempo bem aceso. Também a seleção de fute- bol brilhou ao golear por 9 a 0 a seleção do Luxemburgo. A maior vitória já conseguida nesta competição. Falta apenas um pequeno salto. Assim, felizmente, por cá, algumas luzes se acenderam em setembro para não nos mantermos em plena escuridão.

Universidades inteligentes

Para quem está com alguma atenção depois do regresso de férias ou mesmo durante as mesmas, há sempre uma intenção enorme dos Partidos Políticos e dos seus líderes, levarem a cabo alguns eventos, juntado assim algumas centenas ou milhares de militantes dispostos a ouvir o que eles têm para dizer. Se pensam que Portugal é único nesta vertente, desenganem-se porque isto acontece um pouco por todo o lado. Há necessidade de lembrar aos eleitores que eles estão vivos e que as férias foram apenas um tempo de descanso para ganhar forças para o recomeço. António Costa começou por adiantar algumas ideias futuras a levar a cabo depois de setembro, mas não quis adiantar muito mais do que isso com receio de se comprometer. No entanto ia criticando o que o líder do PSD ia dizendo a seu respeito. Contudo Montenegro, igualmente receoso, limitou-se a criticar o que Costa dizia, colando-se a alguns farrapos de verdade do que ele dizia, mas chamando a si o protagonismo da resolução futura, se o PS quisesse. Apalpadelas subtis para amaciar a fruta que alguém irá comer! Com as rentrées do mês de agosto, quase todos os parti- dos quiseram realçar as suas criticas e as suas apostas de mudança na continuidade do governo. Sim, porque o gover- no continua, mas as apostas só são de quem as aponta, sa- bendo de antemão que pou- co ou nada resolvem, já que o governo tem maioria. Mas tentar não custa. Com algum interesse, apa- rece sempre a universidade de verão do PSD, onde os jo- vens vão iniciar-se nos mean- dros da política, nas ideias dos políticos e numa visão global do que se pretende ou se vive no mundo atual. É uma aposta do PSD há muitos anos e que tem resultado, segundo parece. Na Universidade aprende-se alguma coisa e aqui também é esse o propósito. Os professores são variados e os temas da aprendizagem também. Mas a aposta está nos professores que vão discursar e apresentar as suas teses. Assim encontramos um peso pesado nesta universidade de verão do PSD. Paulo Portas, convidado especial, apresentou a sua visão de uma geopolítica global, prendendo a atenção dos mais curiosos e até dos mais im- berbes politicamente. Foi uma aposta ganha. Aqui Mon- tenegro teve a ideia sublime de querer vencer e ganhar a sua aposta. Falar de Marcelo e das uni- versidades de verão do PSD é redundante. Está sempre pre- sente. Este ano só quis falar da Ucrânia para fugir a ques- tões polémicas. Tem tempo para se pronunciar sobre o que pensa que vai menos bem e que o governo teima em não mudar. É um modo de intervenção diferente. Todos ficam a saber que algo vai mal e que deveria mudar. Montenegro vai-se desdobrando por todo o lado desde o Algarve a Castelo de Vide e à Madeira. A aposta imediata é ganhar a maioria na Madeira e para isso faz disso alarido e tema principal para se lançar para as europeias que diz querer ganhar. Claro que quer, mas a distância ainda é enorme. Se isso acontecer, a proposta apresentada na universidade de verão é ganha e, uma vez mais, serviu para o lançamento do partido e dos seus objetivos. O PS parece ter dado já as aulas todas. Não há univer- sidades de verão nem aulas avulsas, mas há críticas e propostas. Critica o que diz Montenegro e este critica o diz Costa. O PSD quer ganhar as eleições legislativas e até pede a maioria absoluta para que não tenha de fazer algu- ma geringonça com o Chega ou com a Iniciativa Liberal. Pedir não custa. Embora a distância percentual não seja muita, é preciso muito mais para ter a maioria absoluta. Penso que não vai ter e, se ga- nhar as eleições, isso servirá para saber negociar com as restantes forças políticas se quiser governar com sabedoria e com democracia. Parece que alguns se esquecem que a democracia passa por aí. A este propósito e a imitar as universidades de verão que por cá se vão fazendo, também Putin as quis fazer, mas com uma diferença enorme como é seu hábito. Falou sozinho, não convidou ninguém para falar e transmitiu aos jovens que vão iniciar novamente as aulas do novo ano letivo, a ideia de que a Rússia é um país invencível e que o que ele fez e faz na Ucrânia está certo e tem toda a razão para o fazer. Pelo meio elo- giou os soldados que por lá vão andando e caindo em combate, fazendo deles uns heróis dignos de futuras lem- branças. Esta universidade de verão de Putin não agrada a ninguém e parece que nem aos alunos que, silenciosos, assistiram à verborreia política que durante largos minutos ouvira da boca do Presidente da Federação Russa. Semelhanças? Com quem? Nas universidades tem que se ser honesto, sério, inteligente e democrata. Coisa que Putin ainda tem de aprender.

O regresso do terceiro F

Durante muitos anos, Portugal foi conhecido como o país do Fado, Fátima e Futebol. Eram tempos glorioso onde pautavam Amália, Eusébio e Fátima como símbolos incontornáveis que identificavam um povo à beira mar plantado. Essa época já vai longe, mas mantém-se viva a memória. No entanto, há poucas semanas, Fátima foi centro de atenções durante as Jornadas Mundiais da Juventude, recebendo milhares de jovens e do próprio Papa Francisco. Todos os anos, mais do que uma vez, Fátima é local de peregrinação e esse símbolo jamais se apagará da memória do povo. Por sua vez o Fado, onde Amália brilhou e elevou o género ao mais alto nível, tanto em Portugal como no mundo inteiro, continuará o seu caminho, mesmo sem a Diva. Hoje o Fado perdeu algum do seu carisma e até foi um pouco desvirtuado do que sempre foi o seu traçado original. A verdade é que hoje vemos grandes fadistas a cantar um fado diferente e até onde a guitarra quase desaparece. Coisas dos tempos! Não deixam de ser agradáveis de ouvir, mas perderam o tradicional. Não podemos dizer que em agosto tudo e todos estão de férias, mas é verdade que o futebol quase pára depois de julho. Nota-se um vazio, principalmente aos fins de semana, onde escasseiam os temas de conversas. As discussões clubísticas não são abor- dadas porque também não há jogos para discutir os lances mais duvidosos. Os jogadores vão de férias que bem merecem. Também eu estou de férias, mas tenho de dizer duas coisas. Agosto marca o final das férias e o regresso do terceiro F. O futebol a sério começa em todo o mundo e têm lugar as transferências mais extravagantes e inimagináveis. Falam os milhões e os jogadores são negociados como simples objetos de luxo. Os clubes precisam de dinheiro e para isso rentabilizam o melhor que podem os seus jogadores onde as cláusulas de rescisão se impõem. O início dos campeonatos faz regressar as conversas e discussões sobre os jogos, os árbitros e o Var. Tudo passa a ser polémico, até o Var, cujas decisões são decisivas. A este propósito, no jogo entre o Casa Pia e o Sporting, parece que houve erro na avaliação do fora de jogo no primeiro golo apontado pelo Sporting. Erro humano. Erro na colocação da linha de fora de jogo. A informação e validação do golo foi rápida, a admissão do erro do Var veio depois. O futebol, que sempre nos caracterizou como tendo bons profissionais e com boas equipas, surge agora, também ele, desvirtuado onde até o Var é objeto de sanção. Nunca visto. Que mais irá acontecer ao terceiro F português? Certamente não é este o F que sempre caraterizou o nosso país e os nossos clubes e árbitros. Este início de campeonato é desastroso. De facto, o Benfica, campeão em título, perde com o Boavista e o treinador culpa o guarda redes dos golos sofridos. E mais, substitui-o no jogo com o Estrela da Amadora. Porquê? Acho que gosta de apanhar sustos e até apanhou, pois não conseguiu marcar até ao minuto 79 e foi no tempo de compensação que marcou o segundo. Aqui já o treinador ficou descnsado. Mas também o Futebol Clube do Porto está a viver momentos bem sofridos. Sérgio Conceição perde a Taça e é expulso logo no primeiro jogo oficial. Correram rios de tinta sobre o seu comportamento e o seu futuro. Agora vê a possibilidade de ficar sem Otávio já que os milhões da Arábia parece pesarem um pouco mais. Suspenso e com uma multa para pagar, não é o melhor começo de campeonato para Conceição e para o Porto. E por falar de milhões e de Arábia, é bom não esquecer que foi Ronaldo que abriu esse palco aos jogadores europeus. Criticado e muito, agora todos buscam os milhões dos sauditas. E o futebol? Onde fica este desporto rei? Bem, quando os milhões falam mais alto, a bola rola de outra maneira e depois logo se vê. Uma coisa é certa: quem saiu a ganhar foi a liga árabe que não era vista nem achada na Europa, agora tem transmissão televisiva assegurada para toda a Europa. Ninguém dá nada a ninguém. Há sempre alguma coisa em troca. Não se enganem. Em Portugal o terceiro F parece que se está a per- der para mal do desporto nacional e da tradição. Tomem juízo senhores responsáveis pelo futebol.

Tendências políticas

Na sempre tendenciosa luta política, perfilam- -se os diferentes partidos com os argumentos que consideram mais válidos e que lhes podem trazer mais dividendos, ainda que esses argumentos sejam, a maioria deles, simples promessas eleitorais. A cada ato eleitoral, seja em Portugal ou em qualquer país mais ou menos democrático, verifica-se sempre o mesmo burburinho político. Nada é substancialmente diferente a não ser as caras de alguns dos políticos que, sendo novos no palco, enfrentam espectadores mais seletivos ou tendenciosos. Mas as promessas, essas todos as fazem, como se fossem a garantia de um casamento abençoado, mesmo em dia de tempestade. Na vizinha Espanha assistimos novamente a eleições, desta feita, antecipadas. Não sei se terá valido a pena. Pedro Sanchez não tendo as sondagens a seu favor, acreditava na vitória e apelou a uma grande participação para que isso pudesse acontecer. Era difícil, mas os votos só são contados no final e parece que uma nova coligação terá de resolver o impasse. Feijóo agarrou-se igualmente às sondagens e como lhe davam alguma vantagem, estava a contar que isso lhe permitiria formar governo. Como a maioria nenhum deles a tem, ambos contavam com uma coligação que viabilizasse um governo. De esquerda ou de direita? A extrema direita parece estar arredada do novo governo e ainda bem. Santiago Abascal contava com um resultado heroico, mas só isso não chega. Ele sabia disso. A “coligação” é o terceiro partido e o mais importante para resolver contendas deste género. Mas resta saber que tipo de coligação a Espanha vai ter. Assim, contam-se os votos, um a um, pois por um se ganha e por um se perde. Apesar dos desentendimentos existentes entre o PP e o Vox, certo é que não se têm de entender pois o Vox está afastado dessa possibilidade. Enquanto se contam os votos finais e os últimos resultados serem totalmente conhecidos, a viragem à direita que estava ao virar da esquina em Espanha, parece agora ser uma possibilidade remota. Sanchez voltará a governar se conseguir fazer uma coligação credível. A Espanha apanhou um susto. Em Portugal e apesar das eleições estarem longe, as sondagens saem como patos bravos de um pantanal. Há uns dias o PSD estava à frente do PS, depois outras sondagens davam empate técnico e agora as últimas conhecidas davam um ponto de vantagem ao PS. Nada que seja muito diferente do que a manutenção de um empate técnico. E assim sendo, as tendências políticas, tanto em Espanha como em Portugal vão manter-se. Em Espanha tudo está resolvido e as tendências já estamos a par delas e os espanhóis também. Em Portugal vamos ter de esperar mais uns tempos até às eleições. As sondagens que forem divulgadas só marcam mais as tendências que também nós já conhecemos e como um país não se governa com tendências e sondagens, só no dia das eleições saberemos que formará governo. Seja como for, as sondagens não são para desprezar já que embora errem por pontos, não costumam errar nos partidos ganhadores e as surpresas são mínimas. Mas existem! Mas voltando às sondagens em Portugal, quem está a subir é Mariana Mortágua e o BE. É a novidade dentro da antiguidade! O discurso é diferente do da sua antecessora. Pessoalmente preferia o discurso da Catarina, mas Mortágua vai ter de mostrar outra tendência, quer discursiva, quer assertiva. Sem ter precisado puxar dos galões, que ainda não lhe assentam bem, já fez subir o BE nas sondagens e, só por isso pode ficar satisfeita. É uma pequena vitória, mas que pode marcar uma tendência. Outra subida verificou-se no Chega. Já Rui Rio tinha alertado para essa possibilidade na semana passada quando o MP mandou fazer investigações mais ou menos despropositadas. Isto é igualmente uma tendência e não das melhores. Tal como se verificou em Itália e quase em Espanha, uma viragem à direita pode acontecer em Portugal dentro de algum tempo. Culpa dos políticos e dos partidos que esgrimem soluções para os problemas que criam sem resolver seja o que for. Conseguem é que os portugueses fiquem fartos de políticos e das suas promessas e da falta de assertividade governativa. E quando isto acontece, as viragens políticas estão de acordo com as tendências. A História repete-se ciclicamente. Já vimos o que aconteceu quando na Europa, os governos das democracias liberais não conseguiram resolver a crise económica e política que desestabilizava tudo e todos. O desemprego, a fome, a discórdia e a inépcia política levaram a que os partidos extremistas de direita assumissem os governos na Itália e na Alemanha. Pois se já temos exemplos por esta Europa fora, o melhor é guardar o nosso quintal de modo a que o furão e as raposas não nos comam as galinhas que ainda por cá andam. Deixemo-nos de tendências e toca a governar em consenso o pouco que ainda nos resta.

Onde pousa o pardal?

Realmente, nem tudo o que parece é. Quando acontece alguma coisa inesperada, mas que pode satisfazer as ambições de alguns, não significa que seja mesmo o que está a acontecer na realidade. Hoje, muitas coisas que se passam nos quatro cantos do mundo, não indiciam uma realidade absoluta, pois vem-se a verificar posteriormente que afinal eram puras manobras de distração ou, no mínimo, erros de cálculo. O que aconteceu com a rebelião de Prigozhin e que todos pensaram ser de facto uma tentativa séria de derrubar o poder de Moscovo, muitos revelaram a sua satisfação ao imaginar a possibilidade de isso realmente acontecer e de pôs um ponto final às loucuras de Putin e à guerra contra a Ucrânia. E que mais se podia pensar nesse momento? A realidade que se nos apresentava era efetivamente essa. E pelas notícias, Putin tremeu e o seu avião particular até levantou voo para aterrar em Sampetersburgo, não fosse o caso de ter de fugir, facto que, aliás, foi igualmente noticiado. Uma movimentação extraordinária se verificou em todo o mundo, quer nas redes sociais, quer nos meios de comunicação mais variados, quer mesmo nos meandros políticos que, com maior ou menor contenção, se expressaram sobre o assunto. O que poderia acontecer? Muitos já adiantavam que, a ter sucesso, Perigozhin era muito pior que Putin e que as coisas até podiam ficar muito sérias em termos de política internacional. Na verdade, a China não se pronunciou no imediato sobre tal acontecimento, pois a ser verdade as suas relações com Moscovo ficariam certamente comprometidas. Os EUA, não levaram muito a sério a rebelião do grupo Wagner e pouco disseram sobre isso, fazendo crer que podia tratar-se de uma manobra de diversão. Mas os países europeus desejavam ardentemente que Putin fosse derrubado e a guerra na Ucrânia acabasse de vez. Realmente, o que Perigozhin sempre disse é que era uma guerra sem sentido e para a qual Putin só fornecia soldados sem preparação, sem condições de estar na frente da guerra e que nada mais era do que carne para canhão. Chegou mesmo a dizer que Putin não tinha condições para continuar à frente da Rússia. Isto era música para os ouvidos de muitos que queriam o mesmo. O que acontecesse depois, não interessava. Mas as coisas não seriam assim. Se até aqui tudo parecia ser verdadeiro e uma ameaça real a Putin, o que se passou a seguir fez desconfiar de tudo. O grupo Wagner foi travado com negociações onde o presidente da Bielorrússia aparece, milagrosamente, como intermediário. Fizeram-se promessas a Perigozhin e aos soldados do seu grupo. Ninguém seria castigado e os soldados poderiam ser integrados no exército russo sem qualquer sanção. A Bielorrússia poderia ser a acolhedora do grupo Wagner e do seu chefe. O mundo parou e esperou que Moscovo se pronunciasse. Putin permaneceu calado, dias e dias seguidos. Afinal o que se passava? As notícias que se seguiram davam conta de que Perigozhin já estava na Bielorrússia e que os soldados seriam abrigados num campo militar desativado, onde permaneceriam por tempo indefinido. Mas ninguém teve a certeza de que isso se estava a passar. Alguns órgãos de comunicação adiantaram que Perigozhin já estava na Bielorrússia e comandava o seu grupo no campo militar que lhe tinha sido concedido. Mas logo foi adiantado que não foi por lá visto o chefe do grupo. Onde estava Perigozhin afinal? De Moscovo não chegaram notícias sobre o seu paradeiro. Ninguém sabia onde parava o pássaro! E ainda se não sabe. O certo é que tudo isto pode ter sido uma manobra para enganar os próprios russos e dar força a Putin, ou então foi mesmo verdade e Putin sente-se ainda demasiado ameaçado. Fala-se que Perigozhin tem a cabeça a prémio, tal como todos os que ameaçaram o poder de Putin. Se a rebelião foi verdadeira, então Prigozhin pode ter os dias contados se não se acautelar. Mas também se pode dar o contrário, ou seja, Putin que se cautele para que não lhe aconteça o que já fez a muitos e acabe por ser morto pelos amigos mais próximos, como aconteceu antigamente aos últimos imperadores romanos. Há sempre um dia em que tombamos. Resta saber como e onde. A verdade é que ninguém sabe onde para o chefe do grupo Wagner. O que estará a preparar. Há muitos locais e países onde o Grupo atua presentemente. Estará por lá o senhor Perigozhin? Ou estará a preparar o grupo para fazer nova investida a Moscovo? Putin que se acautele!