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S.C. Mirandela com prioridades definidas no ataque ao mercado

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Ter, 24/07/2018 - 11:39


O plantel do S.C. Mirandela ainda não está fechado. Reforçar a baliza é prioritário pois Rui Borges conta apenas com o guardião Pedro Fernandes, que há sete épocas veste de preto e branco. A este poderá juntar-se João Tiago.

Nós trasmontanos, sefarditas e marranos - Pedro Henriques de Guevara (n. Torre de Moncorvo)

Fernão Mendes Pinto foi o mais famoso aventureiro e explorador português, que no século de quinhentos andou pelo Oriente. Deixou-nos um relato fantástico das suas aventuras e a sua “Peregrinação” tornou-se a obra exemplar da literatura portuguesa de viagens.

Aventureiro também e explorador, foi um cristão-novo de Torre de Moncorvo, chamado Pedro Henriques de Guevara. O sobrenome não é da família e tê-lo-á ganho depois que se foi para as Índias de Castela.

Guevara não deixou livro escrito a relatar as aventuras e os itinerários seguidos pelo Oriente, como o Mendes Pinto, ou pelo Ocidente como o Che Guevara. Esses relatos e notícias desses itinerários foram escritos por diversos comissários e familiares da inquisição que lhe seguiam os passos. Deu que fazer aos inquisidores do México, de Toledo, de Goa e de Lisboa que acabaram por concluir que “não constava coisa bastante para haver de ser preso”.

Não conhecemos os papéis que possa haver nos tribunais do México e de Toledo, mas tão só os que vieram remetidos do tribunal de Goa para Lisboa e que serviram de base à elaboração deste texto.(1) É provável que existam outros, já que do México e Toledo chegariam as denúncias contra ele e a consequente ordem de prisão, que os familiares e comissários da inquisição de Goa não conseguiram executar, como se verá. Por agora vamos até à Torre de Moncorvo, em busca das suas raízes.

Terá o Guevara nascido por volta de 1600. O seu pai chamou-se Luís Vaz Henriques, o alto, de alcunha, rendeiro de profissão. Rendeiro também foi o avô paterno, Francisco Vaz, o frade, de alcunha, casado com Catarina Henriques, irmã de Pedro Henriques Cavaleiro. A história da família na inquisição começou em 1556, com a prisão de Luís Vaz, o bisavô de Guevara.

Isabel da Penha se chamou a mãe. Era natural de Vila Franca de Lampaças, filha de Álvaro Cardoso e Mícia de Penha. Nesta família entronca Diogo Henriques Cardoso, grande mercador Portuense que casou com uma filha de Vasco Pires Isidro. E também Miguel Cardoso, o administrador da Companhia de Comércio do Brasil, no Rio de Janeiro. A história desta família na inquisição remonta aos anos de 1597, com a prisão de Belchior Álvares.

A respeito desta família, fora da Sefarad, importa referir às andanças do Cavaleiro por terras de África. Tal como um tio-avô paterno (Duarte Ribeiro) que morreu nas Índias e os tios paternos Pedro de Oliveira e Gabriel Ribeiro que se foram para as Índias de Castela. E foi esse também o caminho seguido por Pedro Henriques de Guevara e seu irmão Félix Henriques. Deste não sabemos mais nada.

Dos caminhos seguidos por Pedro Guevara em terras Americanas, pouco sabemos nem temos notícias do seu modo de vida e das suas aventuras. É possível que tenha andado por terras do Perú, já que um dos seus perseguidores, o dominicano frei Gaspar de Carvalho escreveu de Manila:

— O Perú o tinham entregue os judeus ao grande Turco; prenderam mais de 400 no México; estão os troncos ocupados e presos muitos em casas particulares. Pedro Henriques de Guevara, esse vizinho de VP, (Vale Paraíso?) é grande judeu. Veio aqui um familiar do santo ofício a prendê-lo e sequestrar-lhe o fato, por ordem do México. Todo o dinheiro que tem é alheio, até os moços. Vai ordem para prendê-lo e eu levo outra via, para se acaso se escapar…

Passando ou não pelo Perú, participando ou não na “Grande Cumplicidade”,(2) Pedro Guevara andou pelo México e dali fugiu para não ser preso. A fuga terá sido por Acapulco em direção à cidade de Manila, nas Filipinas.

De imediato correu a notícia e, por todo o Oriente, comissários e familiares da inquisição foram mobilizados, tal como os frades de S. Domingos, verdadeiros guardiões da pureza da fé. Atrás dele, com ordem de prisão passada pelo tribunal de Toledo, terá ido também o alferes Benito de Loyola, familiar do santo ofício que, em Manila teria todo o apoio do comissário local, frei Domingos Gonçalves da ordem de S. Domingos.

Não encontrando o fugitivo, dirigiu-se a Macáçar, nas ilhas Celebes, Indonésia, por lhe constar que ali estaria. Corria o mês de Abril de 1645 e ele não estava em Macáçar, Mas encontrava-se ali, um tal Gonçalo de Lima, acabado de chegar do Camboja e lá estivera com o “capitão” Pedro Guevara. Contou que dois dias antes de Guevara deixar o Camboja e rumar a Macau, lhe roubaram uma escrivaninha. E, depois de muito a procurar e não a encontrando, deixou ordem ao mesmo Gonçalo de Lima que, por qualquer modo, a recuperasse, que ele pagaria todos os gastos. A escrivaninha acabou por aparecer em casa de uma tal Mónica Fernandes, encontrada por um Tomé de Caminha que no Camboja vivia casado e a resgatou, comprando-a e entregando-a a Gonçalo de Lima. As fechaduras estavam rebentadas e, para além de uma gaveta cheia de papéis, havia um espelho, “umas meias velhas e outras ninharias”.

A escrivaninha foi de imediato sequestrada, com os papéis, de tudo se lavrando uma ata que foi assinada pelo vigário da igreja local, padre António Fernandes, pelo familiar Benito Loyola e pelo escrivão.

Os papéis terão sido levados para Manila e entregues ao comissário local da inquisição que, por sua vez, os remeteu para o comissário da inquisição de Macau, padre Manuel Fernandes, com pedido de prisão de Pedro Henriques de Guevara.

Obviamente que era uma grande oportunidade para este comissário mostrar serviço e brilhar dentro da estrutura inquisitorial. Havia, porém, um pequeno obstáculo: não tinha mandado formal dado pelas vias competentes para executar a prisão, uma vez que Macau era território dependente da inquisição de Goa e não da inquisição do México ou de Toledo.

Na verdade andava o Guevara comerciando em Macau, tendo chegado em setembro de 1644 no navio de Gaspar Borges. Bem gostaria o comissário de lhe deitar a mão mas, foi aconselhado pelos dominicanos que o não fizesse… Desdobrou-se então a escrever cartas para a inquisição de Goa, cartas que enviou por todos os barcos que, depois da monção navegavam de Macau para a Índia. Veja-se o ânimo do comissário, expresso numa dessas cartas e sabendo que o “capitão-mercador” viaja para a Índia, em liberdade:

— Muito me remorde a consciência ir este Guevara no navio de Cochim onde se presume que vá a Goa, como dizem; receio que vá para Cochim de Cima e para outros judeus que ali há. E VVMMM o remedeiem e mandem o que for serviço de Deus. Eu, esta mesma ordem mando no mesmo navio e nas vias que faço à mesa do santo ofício com os papéis feitos. E no galeão de António Fialho Ferreira, para que, se lá chegar primeiro, estejam VVMM de aviso. Este Pedro Henriques é rico e leva cabedal que passa de 15 ou 16 mil pardaus empregados… Macau, 3.12.1645.

Também o comissário da inquisição em Manila escreveu cartas para o tribunal de Goa cujos membros reuniram em mesa, em 29.4.1646. Porém, o homem que eles por unanimidade, entenderam devia ser preso, tinha embarcado já para Lisboa.

Decidiram então escrever para a inquisição de Lisboa e para ela enviar todos os papéis. Em simultâneo, mandaram passar ordem ao juiz do fisco na cidade de Goa “para fazer inventário e sequestro dos bens e fazenda que tem nesta cidade o dito Pedro Henriques, nos navios Conceição e Santa Cruz”.

Andaria o Guevara por Lisboa, quando o tribunal desta cidade reuniu em mesa e decidiu:

— Foram vistos na mesa do santo ofício os papéis juntos (…) e pareceu a todos os votos que neles não constava coisa bastante para haver de ser preso, porque nem há neles culpas de judaísmo nem a certeza que esteja decretado à prisão em nenhuma inquisição, por serem os ditos papéis pouco jurídicos, sem se reconhecerem por tribunal algum. De mais da dificuldade ou impossibilidade que há em se comunicarem as inquisições de Portugal com as de Castela… Lisboa, 17 de janeiro de 1650.

Possivelmente encetou então o Guevara uma nova luta a fim de reaver as fazendas e os bens que a inquisição de Goa lhe sequestrou. Disso, porém, não temos qualquer notícia. A última informação que temos foi-nos dada por sua prima, Catarina Henriques, moradora no Porto, presa pela inquisição de Coimbra em 1658 dizendo que tinha um primo chamado “Pedro de Guevara que também embarcou para as Índias de Castela e depois esteve em Portugal e depois em Lisboa, não sabe em que rua ou bairro seja morador”.

 

Notas:

1 - Inq. Lisboa, pº 13643, de Pedro Henriques de Guevara.

2 - Por 1630, os Portugueses dominavam o comércio na capital do Perú, onde eram numerosos. Em 1635, a inquisição de Lima lançou uma vasta operação, prendendo muitos deles, acusados de judaizarem. A operação culminou no auto da fé de 2.1.1639 em que foram sentenciados 72 prisioneiros, 11 dos quais queimados na fogueira. Tal operação ganhou o nome de “Grande Cumplicidade”. WACHTEL, Nathan – A Fé da Lembrança Labirintos Marranos, p. 85, ed. Caminho, 2003.

Artigo dezanove

No dia em que se completaram sessenta e três anos sobre a morte de Calouste Sarkis Gulbenkian, a Fundação que nos legou e que adotou o seu nome encheu o Grande Auditório para fazer a entrega dos Prémios Gulbenkian, em cerimónia presidida pelo Presidente da República. Os prémios nacionais concretizam as linhas orientadoras da Instituição da Avenida de Berna, desde a mais antiga (o apoio aos mais desfavorecidos levado a cabo pelo projeto “É uma casa” que se propõe dar um lar aos sem-abrigo), passando pela mais conhecida e destacada (o apoio às artes, com relevo para o território do interior, presente no “Espaço do Tempo” de Montemor-o-Novo) até à mais recente (a assumida vocação ecológica expressa nos objetivos da Coopérnico, uma cooperativa, sem fins lucrativos e baseada no associativismo e voluntariado que promove as energias renováveis e o desenvolvimento sustentável). A Presidente da Gulbenkian, Isabel Mota, frisou esta realidade a que acrescentou a aposta na Ciência, com o anuncaido reforço de empenho e compromisso no Instituto Gulbenkian de Ciência. Mesmo as apostas mais recentes resultam do percurso já iniciado anteriormente. A verdadeira novidade chegou com o anúncio do prémio internacional que o júri, presidido pelo antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, atribuiu à Organização não Governamental Article 19.

Esta ONG que se fez representar pela jovem e elegante advogada Jennifer Robinson, dedica-se à defesa da liberdade de expressão e informação, baseando a sua missão no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos do Homem e daí retirou o nome. Criada em 1987 tem assumido, incompreensivelmente, maior importância no atual mundo das “fake news”, pós-verdades, de títulos fabricados, descontextualizados, de abuso das fontes, de julgamentos na praça pública e notícias ebocmendadas. Tudo isso foi devidamente relevado pelo júri, como deu conta Jorge Sampaio. Sem dúvida que a decisão foi, como é habitual, livre e independente. Não se pode, contudo, ignorar o alinhamento deste galardão, com a nova linha orientadora emergente, na Praça de Espanha e que tem por trás, reconhecidamente, a mão do mais novo administrador, Pedro Norton. Não é possível dissociar este agraciamento da mais recente inciativa do Conselho de Administração de reservar a verba de 150.000 euros para atribuição de Bolsas de Investigação Jornalística, até dez por ano, das candidaturas escolhidas por um juri de excelência onde pontuam, entre outros, Flor Pedroso, Cândida Pinto e João Garcia.

O conhecimento, a experiência, a sensibilidade e o dinamismo de Pedro Norton são o garante do sucesso e, sobretudo, da relevância desta iniciativa, na senda de outras a que a Fundação que nos foi deixada pelo Senhor Cinco por Cento, já nos habituou e irá, seguramente continuar a surpreender.

A excessiva dependência do jornalismo de investigação de poderes económicos, tem aqui um contra-peso de relevo.

A Democracia agradece.

 

A Cegonha e a Geringonça

Esta crónica não pretende ser uma história para criancinhas, ainda que o título o possa sugerir.

Muito se continua e vai continuar a dizer, a escrever e a fazer, mesmo depois dela se desfazer, em torno da Geringonça, a incensada coligação parlamentar resultante da colagem dos cacos das legislativas de 2015.

Geringonça que, para muitos, não passa de um fabuloso pote de bronze repleto de moedas de oiro, enterrado no fim do arco-íris embandeirado pela esquerda. De uma muito real panela de barro, para muitos mais, em que o Governo confecciona uma espécie de cozido à portuguesa, ao lume brando duma democracia afumada de muito embuste, incompetência e corrupção.

Coligação parlamentar que a mim me faz lembrar uma cegonha, aquele passarão de bico comprido e pernas longas que faz o ninho nos postes de alta tensão, que traz os bebés dependurados numa fralda descartável, voando pelos céus desde de Paris, (ou será de Bruxelas?) e que estará em vias de extinção.

Na capoeira do Regime já havia perus, pavões, galos, galinhas e frangos de aviário. Faltava a cegonha Geringonça que na história que se conta às crédulas criancinhas portuguesas trouxe, sabe-se lá de que céus ou infernos (oxalá Passos Coelho continue a não ter razão quando invocou o mafarrico) dois prometedores bebés chamados estabilidade política, um, e recuperação económica, outro.

Melhor agora se percebe quão enfezados eles são apesar de tão mimados que têm sido. Primeiro porque a celebrada estabilidade política poderá ser, se é que já o não é, sol de pouca dura, menos duradoira até que a anteriormente protagonizada por Passos Coelho e Paulo Portas, muito se devendo, para não dizer tudo, ao Presidente da República, a quem se não tem feito a devida justiça nesta matéria, já que em diversas ocasiões teve razões mais que suficientes para demitir o actual Governo, como na tragédia dos incêndios florestais ou no vergonhoso assalto aos paióis de Tancos. Outro fosse o presidente e outros galos cantariam.

Estabilidade que desde a primeira hora tem sido instrumento de chantagem do PCP e o BE, que agora ameaçam lançar o bebé à rua com a água do banho. A votação do próximo Orçamento de Estado será o tira-teimas definitivo, ainda que, na opinião dos mais categorizados analistas políticos, ninguém esteja interessado em eleições antecipadas.

 Ninguém, a não ser o próprio primeiro-ministro António Costa que poderá estar à espera de uma nova cegonha que lhe traga pelos céus eleitorais uma criancinha bem mais linda e sorridente que dá pelo nome de maioria absoluta. Ou mesmo de uma Geringonça reduzida capaz de suportar um governo de inseminação artificial com o BE, mesmo que o volante passe para as mãos da fatal ministra Catarina Martins e o BE deixe de atirar pedras às cegonhas da CEE.

Em qualquer caso, a cumprir-se o Calendário Eleitoral, os portugueses serão convocados para a eleição de uma nova Assembleia da República já em 2019, o que pressupõe um novo governo, sendo os eleitores a ditar a que tipo de nova criancinha irão os partidos dar de mamar. Falta saber, portanto, que tipo de novo governo está a cegonha do Regime a chocar.

Já no que à recuperação económica diz respeito, é hoje evidente que a criança gerada pela Geringonça não cresceu suficientemente robusta para satisfazer as ambições dos pais e dos padrinhos, apesar de todos os choques vitamínicos que a favorável conjuntura internacional lhe tem facultado.

A verdade é que os problemas fundamentais de Portugal continuam a agravar-se e a eternizar-se, não se vislumbrando mezinhas, sejam de esquerda ou de direita capazes de lhes pôr cobro.

O que nos leva a concluir que o feitiço está no Regime alienígena e nos crânios, humanóides, que o personificam.

Oportuno testemunho sobre: «dos livros e dos escritores transmontanos»

Acabo de ler o artigo do Dr. Fernando Calado acerca do drama que envolve «os livros e os escritores transmontanos». Eu só acrescentaria que este mesmo flagelo se passa com as obras de autores periféricos, pretendendo envolver não só os Transmontanos mas todos aqueles que na ruralidade, longe da urbe, das praias e das unidades transformadoras que possibilitam vivências que a desertificação não consegue iludir.

O conceito dos modernos editores nasceu como que por geração espontânea. Quase poderíamos aqui aplicar a lei do Evolucionista Lamarck, quando teorizou que a «necessidade cria o órgão».

Tudo aconteceu  na geração dos que estamos a chegar ao limite da nossa paciência criativa. Quando poderíamos ter acesso às históricas tipografias que substituíam, com vantagem, os atuais editores que nascem hoje com a maior facilidade do mundo, ainda nós, frequentávamos os cursos da noite e as universidades em horários pré-laborais. Nunca pudemos competir, em espaço e em tempo. Porque, ao contrário dos «copinhos de leite», que tinham as escolas e as universidades à porta, tínhamos que ser pastores e tarefeiros que não nos permitiam ser crianças, nem ter parques infantis.

Os que chegámos a tempo foi por exigência militar. A guerra do Ultramar não permitiu fugas, nem truques de «tiro e queda» que a emigração coletivizou: ou fuga ou mobilização.

Somos filhos desse tempo que abastardou gerações traídas, ainda hoje mal amadas, porque não tivemos tempo, nem forma de recuperação, em relação a muitos com os quais nos cruzamos, nos corredores da turbamulta.

Ser autor de obras criativas, nomeadamente de livros que tinham de concorrer, em qualidade gráfica e em preços de venda ao público, era impraticável, para quem vivesse no interior do país.

Havia concelhos onde não existia qualquer tipografia, quanto mais uma gráfica que desse forma e qualidade a uma, ainda que incipiente, página publicitária.

Com o advento da informática e das máquinas que com ela tanto avançaram, em tão pouco tempo, alguns criativos deixaram-se seduzir pelo gosto prático da impressão que a variedade e facilidade expandiram, quase instantaneamente. A necessidade de criar formas de rentabilizar o tempo e a proliferação de impressoras, de digitalizadoras e afins, fizeram com que se popularizasse a edição de trabalhos académicos e, por simpatia, alguns desses formandos que espreitaram nessas tarefas gráficas, ocupações que serviram, a muitos, de primeiro emprego.

Como não há fome que não traga fartura, as artes gráficas tornaram-se atrativas. As históricas tipografias que tão bons serviços prestaram ao longo de séculos, acabaram por fechar portas, deixando no desemprego, quer proprietários, quer ajudantes que, a muito custo, foram sobrevivendo.

Gráficas propriamente ditas foram instaladas nos grandes meios industriais, longe umas das outras, porque os valores investidos eram inacessíveis a muitos investidores. Esses parques para serem rentáveis, exigem trabalho permanente. Daí que uma unidade dessas, equipada com todo o tipo de máquinas que o setor implica, satisfaça muitos milhares de clientes.

Este processo evolutivo gerou uma situação que ditou o fim das profissões tipográficas, na transição para o offset e para o digital.

Nos fins do século vinte criaram-se, para acorrer à confusão, alguns conceitos no que toca à edição. Onde o tipógrafo resolvia com os autores locais, a edição tradicional, era menos perfeita, mais lenta e com menos exigências legais. Com o advento das novas tecnologias e a profusão de equipamentos informáticos, emergiram os tais editores que imitavam modos de operar, nem sempre transparentes.

Além do tipógrafo, passou a haver o editor, o gráfico e o distribuidor. O editor passou a ser uma espécie de solicitador entre o autor e o gráfico. Mas o livro para chegar ao mercado precisa ainda (de um distribuidor). Só que o distribuidor, quer a parte de leão. E, quase sempre, o processo corre mal porque: ou o livro não chega, em quantidade e a tempo e horas, às livrarias; ou chega lá, tarde e mal e nunca mais de lá sai. O livro não chega a conhecer-se, ou por falta de leitores, por falta de informação ou porque o distribuidor apenas visita as livrarias urbanas e, por falta de estímulo, não controla as periféricas, porque a percentagem não cobre as despesas. Muitos dos livros, tarde ou nunca saem de onde entraram. A falência fecha os armazéns. Os distribuidores desertam. E os autores acabam por perder o rasto a esses livros, ao dinheiro e ao processo.

Um sistema quase perfeito

Voltou-se a falar de educação, melhor do sistema educativo, e das lutas que a classe docente tem travado para a recuperação dos nove anos, uns quantos meses e uns poucos de dias que o atual governo parece ter prometido recuperar mas, afinal, parece que já não. Uma luta justa. Para além das consequências que tem na vida de milhares de portugueses, o apagão deste tempo violará as mais elementares leis do código do trabalho, para não falar já nas questões éticas que aqui estão envolvidas. Se em vez da entidade Estado fosse um outro empregador, ou se em vez dos professores fosse uma outra classe profissional soariam alarmes de todos os lados, assim o ano acaba em julho, vêm as férias e o ciclo recomeça.

Com efeito, a diminuição da massa salarial dos professores não deverá ser motivo de preocupação nem para eles nem para a sociedade. Há décadas que têm sido constantemente acossados e continuam a desempenhar a sua missão estoicamente. Pagam as deslocações do seu bolso, ninguém lhes fornece o material de desgaste rápido e mesmo assim resistem… vá lá entender-se a razão. Por isso não será por aí que a reflexão irá, antes para o que o sistema absorveu, nos últimos anos, e não só o desqualifica como subverte o que de mais elementar existe em educação: a confiança. Não me refiro, obviamente, à confiança nas relações interpessoais dos alunos com os professores ou dos agentes entre si – essa ainda é o melhor que vai existindo. É ao que, em jeito de inovação se tem implementado de forma leviana, sem fundamento e com critérios dúbios. Ao grande público interessa apenas o visível e o que o ecrã vai mostrando, mas é no que não se vê que se subvertem as leis até que algo aparece aos olhos do senso comum como consolidado e sem alternativa. Isto está a passar-se com os exames nacionais.

Ao nosso olhar, os ditos exames que irão seriar os alunos no acesso ao ensino superior, surgem como o elemento envolto em mais rigor e sigilo do sistema educativo. Efetivamente, as provas são levadas à escola pela PSP, todo o processo interno decorre com a atribuição de números confidenciais, enfim, uma série de procedimentos para que tudo seja o mais coerente e rigoroso possível, culminando com o envio das provas para um agrupamento de exames que faz a sua distribuição, sob anonimato, para uma série de professores-corretores a quem é atribuído um número confidencial que os identifica. Até aqui há coerência, rigor e objetividade. Acontece, porém, que ultimamente, e fruto desta voragem inovadora, alguém se lembrou que os corretores têm, obrigatoriamente, de se registar numa plataforma moodle pois só desta forma poderão esclarecer as dúvidas que surgem durante a correção. O que intriga em tudo isto, é que se exija ao corretor – que nada recebe por este acréscimo de trabalho – que se identifique mediante o seu nome, identificação da escola onde exerce funções, código da prova que corrige e número de provas que lhe foram atribuídas e tudo isto numa página onde se poderá expor perante duzentos ou mais professores que poderá ou não conhecer. Ora, ao colocar uma questão perante esta plêiade poderá estar em causa não só o anonimato do corretor, mas a identificação das provas que está a ver pois face à questão poderá alguém dizer do outro lado:

“— Os meus alunos…”.

Este procedimento é ainda mais controverso, quanto, entre esses cem ou duzentos professores, possa estar um que, por razões diversas, tenha a sua identidade protegida pela justiça. Ao que parece ninguém pode recusar corrigir exames desde que tenha sido convocado e nem mesmo o facto de o IAVE ser um instituto público que, por acaso, é tutelado pelo Ministério da Educação, é fundamento para tal ou seja, o anonimato não está efetivamente garantido. Se a isto se acrescentar a advertência que a plataforma emite quando se digita um código: “Esta é uma ligação não segura…” dir-se-á que nada do que parece é pois juntando todas as peças do puzzle e com a ajuda das montras digitais também não é de todo impossível que o professor conclua a que escola pertencem as provas e, se for numa disciplina de línguas, o trabalho nem sequer chegará a ser detectivesco. E aqui a lei da proteção de dados parece ainda não ter chegado.

O melhor é mesmo continuar a dizer que o sistema é perfeito, a modernidade é uma mais-valia e os professores é que são os culpados pelas alterações climáticas, pela camada do ozono e o efeito de estufa, pois, por cá, ainda há papel para a realização das provas ao contrário do que está a acontecer na maior parte dos tribunais deste país onde, segundo o JN (on-line) há secretários judiciais a dar instruções para as reservas serem usadas apenas para situações urgentes e que não possam ser adiadas. Tudo acabará bem.

Alimentação no Verão: cuidados para proteger a sua saúde

Para prevenir problemas de saúde, a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomenda alguns cuidados com a alimentação e a hidratação durante o Verão:

å Aumente a ingestão de água e infusões sem adição de açúcar ao longo do dia. Pode aromatizar a sua água, de forma natural, adicionando um pedaço de fruta (como por exemplo limão, laranja ou lima), hortícolas (como pepino), especiarias (como canela) e ervas aromáticas (como hortelã);

å• Lembre-se de ter sempre consigo uma garrafa de água, em particular quando se desloca à praia, em viagem de automóvel, ou quando faz exercício;

As marcas deixadas pelo Marco

Ter, 24/07/2018 - 10:10


Então como vai a nossa família?

Nas últimas duas semanas, a nossa região tem sido fustigada pelas trovoadas.

As populações aproveitam agora o bom tempo para ‘amanhar’ os estragos das fúrias da naturaza. Em localidades como Talhinhas (Macedo de Cavaleiros) houve enxurradas e inundações, assim como em Caravela (Bragança), onde foi necessário reunir o povo para limpar caminhos e outros locais públicos, como documenta a foto.

Esta semana estiveram de parabéns António Machado (71), de Parada (Bragança); Tio Minga (74), de Santa Valha (Valpaços); Maria do Amparo (90), de Rebordelo (Vinhais); António Manuel Alves (61), de Santulhão (Vimioso); Flávio Daniel (18), de Cernadela (Macedo de Cavaleiros); Verónica (25), de Esturãos (Valpaços) e Mariza (38), de S. Pedro da Veiga do Lila (Valpaços).

Quem anda a marcar golos na baliza do nosso coração é o Marco, de Esturãos (Valpaços). Vamos conhecê-lo um pouco melhor.