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Quatro vezes!!!

No passado dia cinco de setembro, na Gulbenkian, foi realizada uma Conferência Internacional, integrada no ciclo das comemorações dos cento e cinquenta anos do nascimento do milionário filantropo arménio. Entre os convidados destacou-se James Chen presidente da Fundação Chen Yet-Sen Family, fundada pelo seu pai Robert Yet-Sen Chen. A sua vinda à Gulbenkian justifica-se, sobretudo, pela forma diferente e inovadora como, no seio desta instituição, é encarada a filantropia. Sobretudo dedicada a combater a iliteracia infantil, tem um programa cuja finalidade é fornecer óculos a todos quantos deles precisam e não têm possibilidades para os adquirir. É curiosa a justificação dada pelo próprio James para a implementação deste programa: “Se a humanidade vai chegar a Marte nos tempos mais próximos, todos os humanos devem poder ver tal feito extraordinário”.

Mas o que me leva hoje a escrever sobre este filantropo é o seu programa de incentivo ao empreendedorismo em que o principal papel da Fundação passa pela cobertura do risco, incentivando os empreendedores a criarem novas iniciativas sem se preocuparem, em demasia, com a possibilidade de falharem. O lema é muito curioso: privatizar o fracasso, socializar o sucesso!

Quem é que em Portugal não está familiarizado com isto? Não com esta formulação, mas, em boa verdade, com o intuito inverso deste. Foi durante o Consulado da Troika em Portugal que os portugueses tomaram conhecimento da forma aceite, pelos diferentes governos que, perante a Banca, aceitou socializar os prejuízos depois de lhes ter proporcionado a privatização dos lucros mesmo quando estes assentaram em operações fraudulentas que concorreram para as imparidades indutoras das perdas futuras. E, depois de chorudos prémios concedidos a gestores “de eleição” lá fomos todos nós chamados a cobrir e liquidar os estragos das “brilhantes” administrações.

O problema é que não ficou por aí!

Soubemos recentemente que a maioria dos bancos se cartelizou e, com isso, os serviços prestados aos utentes foram cobrados por valores muito superiores aos que resultariam do normal funcionamento do mercado. Estávamos assim a pagar, uma segunda vez, as habilidades dos decisores bancários.

De tal descoberta resultou uma multa milionária que os bancos ficaram obrigados a pagar. Mas como estes não produzem o que comercializam, já fomos avisados que o custo final desta operação nos vai cair em cima dos ombros. Pela terceira vez somos nós a aguentar com a pancada.

Esta semana soubemos que o nível desastroso a que chegaram a Clínicas Maló implica, para a sua recuperação um perdão de dívida de vários milhões de euros cuja fatia mais gorda caberá à Caixa e ao Novo Banco. Como a primeira é pública e os resultados negativos do segundo serão suportados pelo Fundo de Resolução que, por estar completamente descapitalizado, vai financiar-se no Orçamento de Estado. Exatamente. Isso quer dizer que é ao cidadão que a fatura final há de ser apresentada!

Pela quarta vez!

Hagiografia Paroquial e Património Cultural do Concelho de Mirandela

Portugal é, até ver, um Estado independente que assenta numa Nação com História ímpar e dignidade relevante.

Digo até ver porque não sabemos até quando, face aos ventos da mundialização e da globalização que sopram sobre a Terra ameaçando tudo subverter.

Importa, por isso, relembrar que Portugal é uma das muitas pátrias que são produto do sucesso grandioso que foi a instauração da Igreja Católica Apostólica Romana no alargado espaço político e cultural que hoje, com pleno significado, denominamos Europa.

Processo que se iniciou há dois mil anos atrás com o desmembramento do Império romano às mãos dos povos ditos bárbaros que lhe estremavam as fronteiras e que paulatinamente se reagruparam e radicaram no vasto e diversificado território europeu, orientados pelo processo de cristianização que se iniciava, por regra, com o baptismo dos chefes e se consumava com a conversão das respectivas tribos.

Não é de admirar, por isso, que as diferentes comunidades que sistematicamente se foram consolidando o fizessem em torno dum santo protector, o orago ou padroeiro, à sombra de um templo de maior ou menor dimensão e recebessem o nome do próprio orago associado a uma singularidade topográfica ou a uma vocação agrária mais pronunciada, gerando tradições, usos e costumes peculiares.

São estas as raízes profundas da pátria portuguesa que ainda hoje não só a alimentam como a mantêm de pé. Figurino que se mantem praticamente inalterável em terras rurais do interior português e que os novos tempos irão,

certamente, transfigurar.

Deste estado de arte patrimonial e cultural nos dá conta o erudito cónego Silvério Benigno Pires numa obra notável que entendeu intitular Hagiografia Paroquial, a que acrescentou o subtítulo Património Cultural do Concelho de Mirandela.

Trata-se de um livro primorosamente bem escrito, muito bem organizado, profusamente ilustrado, que cuida por igual, embora separadamente, de todas as 102 povoações do concelho de Mirandela, destacando a história do seu orago, o seu património edificado em templos e monumentos, os factos históricos relevantes e a heráldica subjacente, as tradições, os usos, lendas e costumes que as caracterizam e personalizam. Narrativa enriquecida com transcrições ajustadas das memórias paroquiais para cada caso e citações consentâneas dos textos sagrados.

 São 102 berços telúricos, patrimoniais, culturais e afectivos, pulsantes de história, que durante séculos, senão milénios, embalaram milhares de almas transmontanas, que Silvério Benigno Pires acorda do esquecimento e ilumina com a luz do futuro.

De salientar, por isso mesmo, a oportunidade instante deste precioso inventário religioso, patrimonial e cultural face às mutações aceleradas que o mundo está a sofrer e que tornam inadiável também que se preserve a memória e a cultura transmontanas, se pretendermos garantir a sua sobrevivência.

Uma obra de referência indispensável em todas as bibliotecas públicas e privadas, nas mesas de trabalho dos autarcas mais lúcidos que se empenhem em políticas de progresso e dignificação das suas autarquias, e dos estudiosos cujo interesse maior recair no conhecimento das gentes e das terras mirandelenses.

Venham mais obras deste teor e talento.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Memória do Rogério

Era um velho repórter, quando a reportagem impressa reunia em si todos os condimentos do jornalismo. Especializara-se na vida interna do Partido Comunista. Encontrava-me com ele e Afonso Praça, que há muito nos sorriu pela última vez.

Já sem Redacção, continuava imerso nesse mundo, porque o bicho do papel nunca deixa de roer. E acrescentava um livro, recente, ou não.

Compassava a voz, e o cigarro, e o copo. Estes levavam-no, a pouco e pouco, invadindo a madrugada ruidosa de Torre de Moncorvo. Antes, amesava na Taberna do Carró.

Às terças, se na Amadora, tertuliava com amigos. Não esteve no dia 8, internado desde o fim-de-semana. Faleceu nessa tarde.

Depois que se reformara, quanto nos custava arrancar-lhe uma decisão!... Amadeu Ferreira, outro desaparecido, só não desesperava porque isso não quadrava com o seu feitio: sorríamos das demoras de quem se fizera responsável por colecção de poesia, à qual voltava como Pedro Castelhano (homenagem ao berço, Peredo dos Castelhanos, 1948), quase feliz por ter encontrado em alfarrabista exemplares do seu primeiro crime lírico, que oferecia aos próximos. Fizemo-lo presidente do Conselho Fiscal da Academia de Letras de Trás-os-Montes, mais como pretexto de irmos molhar o verbo no Solar Bragançano, onde, em 2010, me apresentou Leonel Brito. Por falar neste: veja-se o texto de Gente do Norte ou A História de Vila Rica (1977), e como é lido por quem assinou tantos documentários e biografias, ou deixou guiões por filmar.

Ao organizar a parte portuguesa de A Terra de Duas Línguas. Antologia de Autores Transmontanos (2011), seleccionei dele três poemas: “Quando o Natal chegar…” (e, agora, esse Natal perdeu-se), um doloroso “Stabat Mater…” e extensa “Carta à neta”, onde se autobiografa: «Como te hei-de dizer que fiquei sempre / à porta do infinito com a chave errada? / Se um dia te disserem que passei na vida / como ausência, acredita.»

Era a sensação que nos dava, e macerava os amigos, quando havia tempo para encontrar a chave certa. Com um pequeno esforço, e o treino da profissão, essa voz grave não nos teria abandonado sem outros frutos, ao seu alcance.

Tiremos das cinzas a palavra memória, Rogério Rodrigues.

Em memória de Rogério Rodrigues

Porventura, o “Maio de 68” representou a grande revolução cultural que o Ocidente viveu no século XX.

O Rogério e eu e muitos da minha geração fomos autenticamente “apanhados” nesse movimento.

Muitas vezes falámos sobre isso, o Rogério e eu e da intensidade com que a vivemos, cada um à sua maneira e em territórios diferentes. Marcuse, Chardin e Camus eram, no entanto, autores comuns, pelos quais fomos, ele e eu, muito marcados.

Ex-seminaristas, ele de Macau e eu de Bragança, um e outro nos dizíamos tocados pela leitura de livros como “La Messe sur le Monde”, então publicada pelo antropólogo jesuíta e de “O Lodo e as Estrelas” pelo padre Telmo Ferraz.

Juntou-nos a vida, em outubro de 1973 a dar aulas na escola da “nossa” vila de Torre de Moncorvo e logo de seguida abraçando a revolução do 25 de Abril, com entusiasmo igual e formas de estar diversas, naturalmente.

Da convivência com o Rogério, confesso que uma qualidade ressaltava, a meus olhos: a sua natural bondade. Nunca nele notei uma pontinha de ódio ou de inveja.

Da sua obra, de escritor, poeta, novelista e jornalista, não preciso falar, que está espalhada em múltiplas formas e suportes.

Mas há um tributo que eu devo pagar ao Rogério. Trata-se de um texto que ele escreveu e nunca foi publicado, pela simples razão de que andou perdido, o original e a cópia que me deu. Quisemos publicá-lo, ele e eu, em um livro coletivo sobre a aldeia do Larinho. Não o encontrámos. Depois apareceu a cópia, que guardei para nova oportunidade. Chegou a hora de pagar o tributo, publicando-o. Nenhuma ocasião seria mais própria do que esta.

O texto foi escrito e lido pelo seu autor, Rogério Rodrigues, no dia 30 de abril de 1995, no cemitério do Larinho, perante uma plateia de duas centenas de antigos alunos e professores do Colégio Campos Monteiro, idos em romagem à tumba do seu fundador e diretor, o Dr. Ramiro Salgado. Aí vai então este inédito de Rogério Rodrigues, pleno de atualidade, na ocasião em que ele próprio nos deixou.

 

UM INÉDITO

DE ROGÉRIO RODRIGUES

Cabe-nos recordar a vida, entre a memória da morte. Neste cemitério, na exiguidade do tempo.

Diriam os mais velhos, a tradição judaico-cristã, a nossa matriz cultural, com reminiscências bíblicas: “Pó és e em pó te hás-de converter”.

Hoje, recordar o dr. Ramiro é, acima de tudo, recordar o futuro. Passe o aparente paradoxo.

Façamos deste momento não um epitáfio, mas um hino ao futuro.

Porque ele hoje diria aos nossos filhos – e nós já branqueámos os cabelos nesta caminhada e já sofremos o suficiente – porque ele diria hoje aos nossos filhos: sonhai, acreditai que podeis fazer um mundo melhor.

Lembrar o dr. Ramiro é, acima de tudo, lembrar o futuro. Passe o paradoxo, insisto. Porque o dr. Ramiro viveu, sobretudo, o futuro.

Dele, em cada um de nós, ficou um gesto, um olhar, um esboço de ternura, um início de cólera, um sorriso ou um berro.

Porque nenhum de nós conseguiu ou consegue a descoberta da totalidade do Homem. Aqui estamos, cada um com o seu destino. Diferentes e diversos, mas com algo de profundo a unir-nos: o dr. Ramiro contribuiu, com uma pedrinha que fosse, para a construção do nosso destino.

Para nós, o dr. Ramiro será, porventura, memória. Seria bom que para os nossos filhos fosse futuro.

E quando digo futuro, falo de ideais e – porque não? – de utopia, falo de honra, de dignidade – e porque não? – de protesto.

Porque o dr. Ramiro diria hoje aos jovens a quem não pode ensinar, mas a cujos pais ensinou: “Não vos envergonheis de ser felizes. E sede irreverentes, loucos, agitados, sonhadores, mesmo que os vossos pais se preocupem. Mas que sejais sempre dignos”.

E os nossos filhos haviam de compreender. E por certo terão saudades, passe o paradoxo, insisto, e a imprecisão do conceito, terão saudades de não terem tido como professor o dr. Ramiro.

Os anos corroem a memória, distorcem as imagens e os factos, provocam a efabulação dos pequenos nadas. Tudo bem. Ninguém sai prejudicado.

Constroem-se mitos e andamos todos nós à procura de um paraíso que jamais há-de haver.

É a lei da vida: passamos metade do tempo a aprender a viver; e a outra metade a aprender a morrer.

Olhamo-nos. Criámos barriga, cabelos brancos, conformámo-nos ou revoltámo-nos, somos bem ou mal sucedidos na vida, conforme o conceito de sucesso e o conceito de vida, sonhámos e projectámos o sonho nos outros. Uns foram, porventura, felizes. Outros não.

Nesta diversidade humana, ideológica, social e económica que possa existir entre nós, algum nos une, neste momento, entre a efeméride e a nostalgia: o dr. Ramiro Salgado.

Ele foi a referência, o gesto bastante na hora da procura, quando éramos jovens e procurávamos um caminho sem saber que estávamos a procurar e sequer o que estávamos a procurar.

Mas ele sabia. E desafiou-nos com um hai-kai japonês da água do dique que transborda as margens.

Porque nós éramos a água de um dique que transborda as margens.

Ele compreendia, o dr. Ramiro, que os limites somos nós que os criamos e reflectimos. Ele compreendia também que a natureza humana é feita de fragilidades, mas que tem no interior, quando estimulada – e aí os professores são fundamentais – a força da solidariedade, o gesto irmão do encontro e da ajuda, a procura intensa, ainda que desordenada, da justiça.

Sejamos justos neste tempo crepuscular, dir-nos-ia ele.

Há que endurecer, mas sem perder a ternura, acrescentarei eu, glosando uma personalidade famosa deste século.

Ele viveu da juventude, com a juventude e para a juventude.

Se o dr. Ramiro nos pudesse revisitar, ultrapassar as leis do tempo e a corruptibilidade da carne, olhar-nos-ia, com os seus olhos grandes e palavras convictas: “Entregai-me os vossos filhos e eu torná-los-ei homens”.

E eu garanto-vos que lhe entregava os meus.

 

António J. Andrade

Rosácea: é diferente de corar!

Quais são os sinais e sintomas da rosácea?

Os sinais e sintomas da rosácea são a ruborização fácil e frequente da face, sobretudo na região malar (“maçãs do rosto”), região frontal (testa), mento (queixo) e nariz.  Verifica-se um eritema persistente da face que é completamente distinto de corar, uma vez que não ocorre por vergonha ou timidez. Os vasos sanguíneos são visíveis à superfície da pele (são designados telangiectasias), pode ocorrer o aparecimento de pápulas (borbulhas) com ou sem pus e a sensação de prurido (comichão), calor e ardor nas regiões da face mencionadas.

Não faltámos à Feira dos Gorazes

Ter, 15/10/2019 - 10:28


Olá gente boa e amiga.

Na semana passada o Verão ainda deu um ar da sua graça, pois tivemos temperaturas máximas de 33 graus em Mirandela.

Desde segunda-feira parece que o Outono já começou a trabalhar, com as primeiras gotinhas e nos próximos dias temos previstas temperaturas de 5º, na mínima e 17º na máxima.

A nossa gente já fechou a porta às vindimas, o vinho já ferve nas pipas, para depois ferver nas tripas, como em jeito de brincadeira nos têm contado alguns tios. Hoje em dia já são poucos os que fazem a água-ardente em casa, porque grande parte das pessoas não têm alambiques. Eu tenho saudades do tempo em que fazia água-ardente com o meu saudoso sogro. Gostava dessa actividade agrícola, porque eram dois dias intensivos, em que fazíamos quatro ou cinco potadas, de cerca de 5 horas cada uma. Ainda me estou a ver dentro do pio a carregar de bagaço as banheiras para encher o alambique. A tarefa mais difícil era a mudança e limpeza do pote, mas a nível gastronómico, o que ainda me está a saber bem eram as famosas batatas assadas no borralho, que depois de assadas eram abertas ao meio e pingadas com unto, sal e malagueta, manjar que nunca mais saboreei.

Os votos inúteis dos cidadãos do interior

Ter, 15/10/2019 - 02:45


O regime democrático português adoptou o método de representação proporcional de Hondt para apurar os mandatos de deputados. Percebia-se que assim se garantia mais autenticidade na expressão institucional das opções realmente existentes na comunidade e a consequente pluralidade na Assembleia da República, mas também nos órgãos deliberativos e executivos dos municípios.

Moncorvo recebeu Douro Trail Adventure

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Qua, 09/10/2019 - 18:03


A prova conta este ano com 78 atletas de 12 nacionalidades e é uma experiência única para os participantes já que têm a oportunidade de conhecer locais considerados Património Mundial da Humanidade, como o Douro Vinhateiro e as figuras rupestre s do Vale do Côa, e percorre vários concelhos da reg