Rosácea: é diferente de corar!

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O que é a rosácea? A rosácea é uma doença inflamatória da pele relativamente comum, de evolução crónica, caracterizada pela dilatação dos vasos sanguíneos à superfície, provocando eritema (vermelhidão) e sensação de calor na região central da face. É uma doença não contagiosa que surge habitualmente nos adultos entre os 30 e os 50 anos de idade, sendo mais frequente em mulheres com pele clara e fina. A rosácea afeta entre 1 a 10 por cento da população.

Quais são os sinais e sintomas da rosácea?

Os sinais e sintomas da rosácea são a ruborização fácil e frequente da face, sobretudo na região malar (“maçãs do rosto”), região frontal (testa), mento (queixo) e nariz.  Verifica-se um eritema persistente da face que é completamente distinto de corar, uma vez que não ocorre por vergonha ou timidez. Os vasos sanguíneos são visíveis à superfície da pele (são designados telangiectasias), pode ocorrer o aparecimento de pápulas (borbulhas) com ou sem pus e a sensação de prurido (comichão), calor e ardor nas regiões da face mencionadas.

 

Quais são os fatores desencadeantes e de agravamento da rosácea?

Os fatores que podem desencadear e agravar a rosácea são a exposição excessiva ao sol, a mudança de temperatura, geralmente do frio para o calor, a presença em ambientes demasiado quentes ou húmidos, por exemplo banho quente ou sauna, a prática de exercício físico intenso, a utilização de cosméticos irritativos, o consumo de bebidas alcoólicas, cafeína e de alimentos picantes ou com especiarias, a toma de fármacos vasodilatadores, a aplicação de corticosteróides tópicos, as alterações hormonais, o stress emocional e a ansiedade.

 

Quais são os tipos de rosácea?

Existem 4 tipos de rosácea. Quando ocorre eritema e vasos sanguíneos salientes designa-se rosácea eritemato-telangiectásica; os doentes que têm pápulas ou pústulas (borbulhas com pus) apresentam rosácea pápulo-pustulosa; em outros casos podem ser afetados os olhos (rosácea ocular), sendo que estes ficam vermelhos, congestionados e pruriginosos (presença de comichão); caso se verifique um espessamento da pele da face e um aumento do volume de determinadas áreas (por exemplo do nariz) estamos na presença de rosácea fimatosa. É frequente a ocorrência simultânea de mais do que um tipo de rosácea.

 

Como se faz o diagnóstico de rosácea?

O diagnóstico de rosácea é clínico, pois baseia-se nos sinais e sintomas que o doente apresenta. A rosácea faz diagnóstico diferencial com acne, eczema, alergia cutânea, dermatite seborreica e lúpus eritematoso sistémico (eritema malar em asa de borboleta), pois estas patologias apresentam alguns sinais e sintomas semelhantes à rosácea.

 

Qual é o tratamento da rosácea?

O tratamento primordial da rosácea consiste na evicção dos fatores desencadeantes supramencionados e, assim, controlar os sintomas, pois não há cura para esta doença.

Recomenda-se o uso de protetor solar na face diariamente, evitar mudanças bruscas de temperatura, evitar tomar banhos quentes e evitar o consumo de alimentos e bebidas que desencadeiam a rosácea. Alguns fármacos podem ser úteis, tais como antibióticos tópicos ou orais; em alguns casos pode ser usado o laser/luz intensa pulsada e a eletrocauterização (corrente elétrica que é aplicada na pele e remove as telangiectasias). A aplicação de corticosteróides tópicos tende a agravar a rosácea.

A observação médica dos pacientes que apresentam os sinais e sintomas descritos é essencial para o correto diagnóstico e elaboração de uma estratégia de tratamento e controlo a longo prazo.

 

Dr.ª Fátima Monteiro

Médica Interna em Medicina Geral e Familiar

UCSP Torre de Moncorvo

Unidade Local de Saúde do Nordeste