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Região Norte – Assimetrias Regionais e Política de Coesão (1)

Portugal, desde a adesão à União Europeia no ano de 1986, tem beneficiado de importantes ajudas da política dos Fundos da Coesão da União Europeia. A marca de modernidade está presente nas infraestruturas ambientais, rodoviárias, aeroportuárias, nas infraestruturas de ensino, de saúde e sociais, aumentou a esperança de vida, a escolarização da população no ensino secundário e superior, evoluiu o sistema científico e tecnológico e de interface, o país melhorou em termos de imagem urbana, melhorou muito a sua imagem de país europeu, tolerante, moderno e seguro. Apesar disso há problemas que se agravaram, outros que surgiram.

Há problemas que se mantêm, como o baixo poder de compra dos cidadãos, o baixo rendimento médio anual dos trabalhadores, a desigualdade na distribuição de rendimentos que pouco tem evoluído, a baixa produtividade, outros que surgem como graves condicionantes do futuro, de âmbito interno ou de âmbito global. No contexto europeu, Portugal é o segundo país menos escolarizado na faixa etária dos 25 aos 64 anos sem o ensino secundário e ocupa a 22.ª posição, na percentagem de população com o ensino superior. A fatura energética é a segunda mais elevada, logo abaixo da Alemanha, diminui a ferrovia em territórios do interior, mais abandonados e despovoados, a dívida global do país, em termos de % do PIB é das mais elevadas do mundo, o país tem menos ativos e está cada vez dependente das ajudas da União Europeia.

A política regional da União Europeia, conhecida como política de coesão, tem como principal objetivo corrigir desigualdades territoriais, sociais e económicas entre as diferentes regiões da União Europeia, apoiada pelos Fundos Estruturais e de Investimento (FEEI), constituídos por cinco fundos, atribuídos por três categorias de regiões, a maior parte às regiões menos desenvolvidas, com um PIB pc inferior a 75% da Média da EU. A União Europeia dispõe de outros instrumentos de apoio à política regional, as estratégias macrorregionais, a cooperação territorial europeia e a Agenda Urbana. Os fundos que complementam as políticas dos Estados-Membros.

As prioridades da política regional europeia tem vindo a alterar-se, o foco está agora mais dirigido para a neutralidade carbónica, para a inovação e transição digital, para um novo impulso democrático, para as questões de segurança interna. O foco da política de coesão para o período de 2021 a 2027 dirige-se para cinco Objetivos de Política: uma Europa mais inteligente, mais verde, mais conectada, mais social, mais próxima dos cidadãos.

Em Portugal, as políticas públicas estarão muito alinhadas com o foco das políticas europeias, isso não significa deixar de abordar problemas específicos dos territórios com política de abordagem territorial mais inteligente e integrada, visando o combate às desigualdades territoriais, assumir que os territórios mais pobres do Interior necessitam da solidariedade nacional, para enfrentar os grandes desafios do despovoamento, do envelhecimento e abandono do território, fortemente agravados pelos efeitos das alterações climáticas, na vida das pessoas e na economia agrícola e florestal.

Portugal sendo um país que é marcado por graves assimetrias regionais, sofre do mesmo, no contexto dos países da União Europeia. Após a adesão à então Comunidade Económica Europeia, a 1 de janeiro de 1986, iniciou uma trajetória de convergência com a média da UE, o PIB per capita cresceu de 65 pontos percentuais para 83,5 no ano de 2000, ano a partir do qual iniciou uma rota de divergência, baixando no ano de 2017 para 76,6 pontos, ocupando a 19.ª posição no conjunto dos países da União. No ano de 2018 subiu duas décimas sendo necessária uma inversão de trajetória, no sentido da convergência e da recuperação de posição relativa face ao conjunto dos países da EU. 

Internamente, na dimensão continental, é um Estado fortemente centralizado, com menor presença nas regiões, com os poucos serviços desconcentrados esvaziados de competências e de recursos. A política centralista não tem conduzido o país por um caminho de suficiente convergência interna e com a União Europeia, não tem assegurado uma trajetória de coesão territorial e competitividade às regiões no seu conjunto, pelo contrário, no continente há fortes desequilíbrios, entre o Norte e o Sul, entre o Litoral e o Interior.

A Região Norte, apesar da sua expressão no contexto regional europeu, ocupando no conjunto das 281 regiões, a 29.ª posição em termos de dimensão populacional, a 87.ª posição em termos de PIB pc (uma posição desfavorável na economia, face ao peso populacional) e de, no país, ter uma posição relevante representando 31% da população; 23% da área; 29,4% do PIB, 33,6% das empresas e 39,7% das exportações, ter no período entre 2012 e 2017 contribuído com 54,2% para o crescimento das exportações, ter uma posição robusta no Sistema Cientifico, Tecnológico e de Interface, é, apesar disso, uma região que tem evidenciado dificuldades de convergência económica.

Dispondo de potencial humano e de recursos, sendo a 2.ª região europeia mais apoiada desde o arranque do 1.º Quadro Comunitário de Apoio, no ano de 1989, só ultrapassada pela Andaluzia, deveria de forma objetiva ser colocada a questão do porquê de a Região Norte continuar a ser a região mais pobre de Portugal, com o PIB per capita de 64,7 pontos de média da União Europeia, apesar do muito de po-

sitivo que a diferencia.

De entre as sete regiões do país, no ano de 2018, ao nível do PIB per capita, só a Área Metropolitana de Lisboa com 130,2 pontos e o Algarve com 111,2 pontos, estão acima da média nacional, as restantes cinco regiões tem evoluído pouco, mantendo-se a Região Norte nas últimas duas décadas como a de mais baixo rendimento per capita, variando face à média nacional de 80,3 pontos percentuais no ano de 2000, para 85,0 pontos no ano de 2018, o que corresponde ao crescimento médio anual de 0,25 pontos percentuais, valor residual que se torna mais insignificante face à diminuição do contributo da Área Metropolitana de Lisboa para o calculo da média, no período acima referido.

A diferença entre a Área Metropolitana de Lisboa e a Região Norte é de 45,2 pontos, uma diferença incompreensível, apesar de a Região Norte dispor de uma base produtiva fortemente exportadora, um sistema de ensino superior, de inovação e de interface que muito tem progredido nas duas últimas décadas, representativo no plano nacional, com crescentes parcerias internacionais, com presença em toda a região, dispondo de competências para dar resposta transversal às necessidades de crescimento e desafios da economia do futuro, na base do conhecimento, da sustentabilidade dos recursos e do património natural, cultural e identitário muito expressivos de que dispõe.

A Região Norte deve assumir um objetivo político estratégico de coesão, de competitividade e de convergência no contexto europeu, assumir uma meta para o período de vigência do próximo Quadro Comunitário de Apoio, até 2030, convergir para uma posição muito próxima da média nacional, pelo menos para a 5.ª posição, deixando para trás o último lugar que ocupa desde há anos, simultaneamente garantir con-

vergência interna entre as NUT III, reduzindo o grave problema das assimetrias regionais.

A região é uma só, é preciso uni-la, resolver a fratura que afasta o litoral do interior, contando com o potencial de recursos do conjunto da região, crescendo com o contributo da sub-regiões mais ricas e com um contributo acrescido das NUT III menos desenvolvidas e assim, atingir a meta acima referida. 

A desigualdade regional que se observa no país tem retrato similar na região do Norte. A diferença que encontramos entre as regiões NUT II do país ao nível do PIB per capita repete-se entre as sub-regiões NUT III do Norte, apesar de uma ligeira convergência que se verifica até ao ano de 2014, resultado da diminuição do PIB per capita em de 9,4 pontos por parte da Área Metropolitana do Porto e do crescimento das sete Comunidades Intermunicipais, crescimento que em territórios com economia mais forte como o Ave e o Cávado ocorre essencialmente via crescimento real da atividade económica, pelo contrário, no Interior parte muito significativa do crescimento do PIB per capita é feito à custa da perda de população, sendo de cerca de 50% e mais no Douro, no Alto Tâmega e em Terras de Trás-os-Montes, o que reflete uma realidade negativa de despovoamento desses territórios, com consequências negativas na economia e no emprego.

No período pós crise, vemos que as NUT III do litoral estão a recuperar, em rota de convergência regional, sendo exceção as NUTs III: Terras de Trás-os-Montes que no ano de 2011 estava na 2.ª posição com valor de 95,9, logo abaixo da Área Metropolitana do Porto, passando para a 5.ª posição no ano de 2017, tendo no ano de 2018 recuperado para o valor de 90,2, próximo da quinta posição onde continua o Alto Minho; também o Alto Tâmega entrou em rota de divergência, caindo de 82,3 pontos em 2010 para 75,2 no ano de 2018; o Douro está em situação de divergência menos acentuada, mantendo-se na sexta posição com 84,8 pontos; o Tâmega e Sousa continua a ocupar a última posição, com uma diferença de 39,7 pontos relativamente à AMP.

Esta realidade pode ser interpretada a partir da análise do estudo sobre “Assimetrias Regionais (NUT III) ”, por Luís Miguel Valente incluído no relatório final da Comissão Independente para a Descentralização, julho de 2019, com recurso ao Índice Sintético de Desenvolvimento Regional (ISDR), que considera dimensões e fatores de desenvolvimento e bem-estar territorial, agregando a dimensão da competitividade (princípio da eficácia – dinâmica empresarial, potencial humano, inovação, internacionalização, crescimento), a dimensão da coesão (princípio da equidade – demografia, inclusão social, saúde, educação, cultura e sociedade digital) e a dimensão da sustentabilidade (princípio da responsabilidade intergeracional – conservação da natureza e economia circular).

Verifica-se que de entre as vinte e três NUT III do continente, as três NUT III do Interior Norte – Alto Tâmega (23.ª posição), Douro (20.ª posição, caiu da 13.ª posição em 2011) e Terras de Trás-os-Montes (17.ª posição, caiu da 12.ª posição em 2011), tem dos piores indicadores no índice global da competitividade, coesão e sustentabilidade, ocupando três dos últimos cinco lugares da tabela, no campo oposto, temos o Cávado (2.ª posição), a Área Metropolitana do Porto (5.ª posição) e o AVE (6.ª posição), ocupando três dos seis primeiros lugares. AML ocupa a primeira posição. 

Na Região Norte identificam-se duas grandes realidades que estão a marcar a sua evolução, a faixa litoral norte onde se concentra a atividade industrial, os serviços, os centros de conhecimento e de inovação e a população. Por outro, a faixa interior norte, território com predominância de atividades agrícolas e florestais, forte identidade, elevado valor natural e patrimonial, reconhecido pelas áreas classificadas, algumas reconhecidas pela UNESCO, que está a sofrer no campo social e económico com o acelerado despovoamento, o envelhecimento populacional, o abandono dos campos, a extinção e o esvaziamento dos serviços públicos, tudo isso, apesar da progressiva consolidação do Ensino Superior e Centros de Investigação e de Interface e de na última década ter sido desencravada com adequadas vias rodoviárias.

Velho do Restolho

Boas tardes, minha gente. Neste momento Bragança está nas bocas do povo. É triste porque todos sabemos como estas notícias negativas se colam à imagem de uma cidade. Claro que estas coisas também acontecem no coração de Lisboa e com muito mais frequência. O problema é que Lisboa aparece nas notícias por tudo e por nada. Bragança não. E ninguém está para ver a forma como os estudantes africanos têm feito parte da cidade, trazendo vida e cultura, integrando-se e moldando a comunidade. Tudo se reduz, preconceptualiza. Francamente, não parece que a questão racial tenha estado no centro da questão. Mas é natural que surja essa inevitável leitura. O que não é tão natural é uma geração à qual não falta nada, que não precisou de lutar por nada, mas que continua a reagir com a mesma futilidade que gerações anteriores. Tanta formação, tanto conhecimento, tanta app, para sermos tão ou mais boçais que os que nos antecederam. Tanta aparente mudança nas últimas décadas, e uma malvadez, uma animalidade incontida e voraz a crescer perversamente. Que vergonha. Vergonha de nós enquanto cidadãos, enquanto grupo social. Vergonha de nós que não aprendemos nada com o tempo, nem com a história, nem com coisa nenhuma. Nos pós-guerras, nos pós-25 de Abril, nos pós-Europa, tanta coisa que era para “sempre” e que “nunca mais” e olha para nós às voltas, diluídos, a tropeçar nos mesmos buracos, às portas de tudo outra vez. Da violência, da segregação, das guerras, da miséria. Um mundo maioritariamente sub-desenvolvido e uma minoria assente na futilidade, distraída, atenta não ao conteúdo das coisas mas perdida nos fait-divers, na superficialidade de tudo, no parecer, espreitando a vida dos outros, indignando-se por entre caixas de comentários. Não discutimos assuntos, discutimos o que disse A ou B; não debatemos ciência, enumeramos “estudos” sobre parvoíces; não praticamos a interacção, o entendimento, o voluntariado, colocamos “posts”. Mas discutimos futebol, visceralmente. Vivemos passivos, de ombros encolhidos, desligados uns dos outros. Devoramos séries e documentários, fazemos viagens para longe, vamos onde toda a gente já foi, mas não procuramos conhecer, interagir, não aprendemos nada que não esteja nas parangonas do Google. Tudo é para fazer ver aos outros. Não nos mobilizamos, não fazemos nada porque tem de ser, porque valores mais altos se levantam. Não temos ideais a que nos agarrar, coisas por fazer, que defender. Sobram umas coisas importadas e meio postiças guardadas no frigorífico das redes sociais. Os ideais foram desaparecendo, escasseando ao longo das últimas décadas. Já há 30 anos os Ban desesperavam por um. Já há de tudo em todo o lado. E nem precisamos de lá ir porque nos trazem a casa. Já estamos na CEE. Teoricamente já temos a paz, o pão, habitação, saúde e educação. Na prática não sei, não importa. Vamos estar sempre a queixar-nos de qualquer das formas. Isto é uma vergonha, diz-se na assembleia, nas ruas e nos hospitais. Lá fora é que é bom! Ninguém nos bate no quentinho das pastelarias e dos centros comerciais. Que mais queremos? Não te chateies, amigo, daqui ao Verão é um pulinho. E este Verão há futebol. O FMI já veio e reveio, o José Mário Branco já foi. Pois é, quartel em Abrantes e quem se lixa é o je. Portugal nação valente e moral: Viva o feminismo, o ambiente e os animaizinhos de estimação! Foi-se o ultramar, mas somos ricos em sol e em lítio. Abaixo a exploração do lítio! Abaixo as barragens! Vou andando que tenho de ir meter o euromilhões. Deixa passar o tuk-tuk. This is ginjinha in chocolate glass. Very good e just one euro, amigo. Bem-vindos os que cá vêm para se reformar! O problema é quem tem de levar isto para frente, é só parasitas. Esta semana estou de baixa, era um maço de tabaco e duas raspadinhas, se faz favor. Aqui em Macau emigração altamente qualificada, advogados, engenheiros e arquitectos, iguais aos portugueses analfabetos e terceiro-mundistas das bidonvilles francesas de há 60 anos. Sem tirar nem pôr. Casais portugueses falam em inglês para os filhos, “o meu filho não entende português” dizem ensoberbados de parolo orgulho português. Negam uma língua a um filho porque é chic (ser burgesso) como os dos bidonvilles também negavam porque era tudo menos chique falar uma língua de gente burgessa, coitados. Pobre povo, nação vãmente. Memória curta, perna longa. Não aprendemos nada, não evoluímos nada. Só mudamos a fatiota. A roupa do Zé Povinho é da H&M. Ai Portugal, não ensinemos aos nossos filhos alguma coisa que valha a pena, alguma coisa que vá para além do superficial. Não falemos do tempo, das histórias, de querer conhecer e interagir com todos, de nutrir empatias e gerir emoções, lutar contra os avassaladores ventos de indiferença e de futilidade. O que será dos tempos vindouros? Chamai-me Velho do Restolho. Chamai-me o que vos der na gana. “Nomes com quem se o povo néscio engana!”.

 

* Leitor de Português na Universidade de Sun Yat-sen Cantão Guangdong – China

Vendavais - Navalhas demasiado afiadas

Nunca fui muito adepto do uso de navalhas. Desde muito garoto, achava que quem usava uma navalha era mais importante, não sei dizer porquê. Talvez porque tinha algo mais do que o que era preciso e que eu não tinha.

O meu pai trazia sempre consigo uma navalhita prateada. Demasiado pequena, pensava eu, para servir para o que quer que fosse. Com o tempo, acabei por perceber que sempre havia uma ocasião em que ela era usada e acabava por ter o uso merecido. A minha mãe, sempre solícita e atarefada nas lides de cozinha, adorava fazer uso dos seus dotes quando íamos fazer um piquenique. Frequentemente íamos até à serra da Boa Viagem, na Figueira da Foz. A minha mãe lá fazia um arroz de ervilhas, uns bifes panados e uns bolinhos de bacalhau, prato essencial para mitigar a fome no alto da serra e para dispor bem para o resto da tarde. O meu pai então lá puxava pela navalhita e fazia dela o uso a que estava habituado. Picava o bife para o prato e depois lá o cortava aos bocados como se deve fazer. Eu questionava-o porque é que não usava a faca. Ele logo respondia que assim era mais prático e era mais pequena fazendo o mesmo trabalho. Compreendi então a utilidade certa para a navalhita que o meu pai usava.

A partir dessa altura e com um pouco mais de idade, resolvi que também eu deveria usar uma navalha daquelas. Bonita, prateada, pequena e que cabia perfeitamente num bolso de umas calças de criança. Experimentei, mas não me habituei pela simples razão de que eu não ia a piqueniques a não ser uma ou duas vezes por ano e comia sempre à mesa, onde o talher habitual marcava sempre presença por ordem da minha mãe.

Hoje, passados tantos anos, ainda não sou capaz de usar tal instrumento, embora traga uma Palaçoulo no cofre do carro para uma dessas eventualidades em que temos de petiscar alguma coisa ao ar livre ou na adega de um amigo. Um naco de presunto cortado com uma Palaçoulo, sabe sempre bem. Mesmo assim, esqueço-me quase sempre dela no carro e quando vejo os outros puxarem pela navalhita, pareço que estou despido e não consigo comer nada de jeito, socorrendo-me de um amigo mais próximo. Nesses momentos as navalhas têm utilidade e dão imenso jeito. Fora disso, não lhes vejo outra utilidade tão vantajosa.

Porém, hoje é frequente ouvir notícias de agressões e assassinatos com arma branca. Quando era garoto nunca me passou pela cabeça que a navalhita do meu pai, fosse considerada uma arma! Parece-me que é a arma mais usada por todos hoje em dia e não será só para cortar presunto porque este, já morto e salgado, não precisa de nenhuma arma para o atacar, mas sim a gentileza de um expert para retirar uma pequena fatia e juntá-la ao pão caseiro que quase sempre o acompanha. Sem perigo algum.

O jovem cabo-verdiano que foi atacado por um grupo de outros jovens à saída de uma discoteca em Bragança e acabou por morrer passados dez dias em coma, não foi caso único e nem sei se foi usada alguma navalha. Penso que não. Mas o outro jovem a que a comunicação social deu ênfase de notícia, parece que foi vítima de uma facada numa perna. A estes juntam-se uma quantidade de exemplos tristes e macabros que infelizmente aumentam o número de mortes no país. São rapazes que agridem com facas as namoradas, os pais que agridem os filhos, as mães que esfaqueiam os filhos e os maridos, os pais que assassinam as filhas e os filhos e mais alguém que esteja na sua frente. A faca é a arma escolhida para agredir e matar. Isto não caso único em Portugal. Vimos o que aconteceu em Londres, em Paris e na Holanda e em outros países. Pessoas que esfaqueiam quem passa sem o mínimo pudor e sem triagem de alvo. Depois são apanhados ou mortos pela polícia, mas isso já é secundário. O objetivo foi atingido.

O uso de uma arma branca para estes propósitos leva a equacionar o que podemos usar para cortarmos um naco de presunto que não possa ser considerada arma branca. É que a navalha tão típica de Trás-os-Montes, a Palaçoulo, tão usual nos bolsos dos transmontanos, pode correr o risco de ser proibida por ser considerada arma branca. Contudo, há quem se apresse a justificar que para ser arma branca tem de ter mais de quatro dedos de folha, o que a remete para outro patamar, já que a maioria não tem a folha tão grande. Mão não deixa de ser igualmente perigosa nas mãos de quem tem instintos maléficos ou não sabe argumentar com palavras na altura de confrontos mais acérrimos. É mais fácil puxar pela navalha. Mete medo. Corta,

Afinal, a navalhita do meu pai, pequena, prateada e que ele usava nos piqueniques, nada tinha a ver com estas armas brancas e hoje eu compreendo perfeitamente porque razão eu nunca me habituei a usar algo parecido. Vou poucas vezes às adegas dos amigos e muito raramente participo em piqueniques. Para que preciso de uma navalha? Por mais rombuda que seja, ela pode até abrir-se no bolso e cortar o que não deve! Tudo tem a sua utilidade. Mas matar com uma faca ou navalha, é não ter noção de como é bom comer um naco de presunto na adega de um amigo, em vez de deambular nas ruas escuras a altas horas da noite.

 

Vá aos saldos de forma consciente

Os saldos são uma das alturas mais esperadas do ano, sobretudo para quem gosta de se vestir bem e gastar pouco. E no inverno ainda é mais evidente, uma vez que as peças de Inverno como “maxi coats”, casacões e camisolas são geralmente mais caras e vale a pena comprar a preço reduzido.

Contudo, e para que faça boas compras sem desperdiçar dinheiro, é essencial que siga algumas dicas sobre como aproveitar a época de saldos. É que, quando vemos peças demasiado baratas, temos sempre a tentação de comprá-las, mesmo que não precisemos delas para nada. Deve, assim, adoptar determinados comportamentos para aproveitar a época de saldos que lhe permitam fazer compras conscientes e também poupar dinheiro.

– Faça uma lista do que realmente precisa e defina o que quer (pode) gastar;

Avalie o que realmente precisa e o orçamento disponível para gastar antes de sair de casa. Assim, direcionará as suas compras de forma sensata e consciente para aquilo que realmente precisa. Se não fizer este exercício, poderá comprar tudo de que gosta! Consumir de forma inteligente prende-se, essencialmente, com fazer opções conscientes, não se deixando levar pelo impulso.

– Verifique os preços nas etiquetas;

Verifique bem nas etiquetas o preço anterior e o preço actual, já com o desconto feito ou com indicação da percentagem do mesmo. Esta comparação de preços ajudá-la-á a perceber se esse é, de facto, um bom negócio.

– Certifique-se que a peça de roupa está em bom estado;

Na confusão habitual dos saldos, muitas vezes, compram-se peças sem verificar o seu estado, se estão danificadas ou se tem defeito de fabrico. Por isso, tenha sempre em atenção se a peça está perfeita.

– Invista nas peças certas;

Investir em qualidade é sempre uma boa aposta e, a longo prazo, permitir-lhe-á até poupar. Por isso, nesta época de saldos, procure peças de bons materiais e privilegie as fibras naturais que deixam a pele respirar. Invista em peças intemporais que duram anos impecáveis e nunca saiem de moda.

 

São mais que inimigos, são…

Agarro-me ao sábio bordão moldado e modelado nas alfurjas do tempo a fim de procurar perceber o PSD decorrente do acto eleitoral do dia 11, pois o provérbio: são mais que inimigos, são irmãos, encerra no seu bojo as deploráveis logo nefastas inqualidades que tornam o livro O Homem Sem Qualidades um monumento do património mundial literário. O livro de Musil revê a qual fotógrafo de guerra, Kapra, apresenta pungentes imagens de um império em derrocada, toda a cenografia e actores em cena no dito dia 11 são patentes os borbotos a enxamearem um partido dividido entre o sentido do dever para com a sociedade portuguesa e a profunda ânsia em recuperar faustos do passado de modo a sustentar modos de vida e envernizamento de carreiras, influências, sem esquecer os amortecedores e facilitadores, assim o demonstra Miguel Albuquerque presidente do governo regional da Madeira.

Pode-se argumentar com o facto de Rio ter ficado a escassos trezentos votos de ser eleito à primeira volta, no entanto, apesar da diferença relativamente a Montenegro a fractura existe e só o feiticeiro de Oz da Judy Garland podia sarar a ferida, como feiticeiro envelheceu na pantalha daquele lado nada a fazer, podem os militantes consegui-lo se as paixões e o tacitismo não prevalecessem, porém prevalecem como é evidente e revela a candidatura de Pinto Luz.

As animosidades pessoais tendem a ser voláteis logo interesseiras no domínio da política (pensemos em Álvaro Cunhal), o poeta Cesário Verde obrigou-se a castigar um lisboeta que pretendendo ser engraçado lhe chamou Cesário Azul, a resposta foi: adeus ao troca-tintas!

Os dados estão lançados, António Costa exulta, os nostálgicos do passado refugiam-se em rancores oferecidos pelo Chega, até ao dia 18 batelões de palavras vão ser despejadas nas televisões a esmiuçarem a primeira volta eleitoral. Importa salientar o facto de Rio preferir quebrar a torcer granjeou-lhe a inimizade de nutrido montão de jornalistas e do Expresso, SIC e RTP, aprecio tal teimosia, no entanto recordo lúcidas palavras de um político, «Deus manda-nos sermos bons, não nos manda sermos parvos, por essa razão um rei francês disse que Paris valia bem uma missa. Os estudantes da disciplina de História sabem o nome do lúbrico monarca, se não sabem deviam saber!

O PSD evidenciou as cavadas divisões, o povo não esquece os cortes nos seus rendimentos via Passos Coelho (o busílis da questão), sendo assim e é, os futuros timoneiros do partido laranja ou conseguem entender as vertiginosas acelerações da sociedade em várias vertentes, ou consegue (endireitar o partido ao centro) e colocar autoridade nas estruturas partidárias ou então as setas vão cair em cima de justos e pecadores deixando registo de voo suicida. Esperemos a chegada de pastilhas de lucidez destinadas a todos quantos as quiserem chupar.

O monumental Charolo de Outeiro

Ter, 14/01/2020 - 10:18


Como estão os leitores da Página do Tio João?

Estamos a terminar a primeira quinzena do ano 2020.

Fico triste porque se perdeu a tradição de cantar os Reis porta-a-porta e, há mais de 10 anos, que ninguém vai cantá-los a minha casa. Mesmo assim, algumas autarquias continuam a acarinhar a tradição, organizando encontros de cantadores de Reis, como é o caso de Mirandela que, no passado dia 5, promoveu o Encontro de Cantadores de Reis, em Torre de Dona Chama, com a participação de todas as freguesias do concelho. Também a autarquia de Vinhais tem organizado todos os anos o evento, que teve lugar, no passado dia 12, na sede de concelho. Também noto que há menos participações do que era habitual antigamente para cantar os Reis em directo no nosso programa.

Comer e beber para viver

Quais os pratos que devem ser a base da nossa alimentação?

Os pratos que protegem os nutrientes devem ser a base da nossa alimentação, como as jardineiras, os estufados, as caldeiradas, as sopas, as cataplanas e os arrozes. Estes pratos combinam produtos hortícolas e leguminosas, um pouco de carne, peixe ou ovos e condimentos como a cebola, o alho e as ervas aromáticas.

Neles consumimos a água onde os alimentos são cozinhados, aproveitando todas as suas vitaminas e minerais. A água impede também que se atinjam temperaturas elevadas, preservando outros nutrientes.