Ter, 14/01/2020 - 10:18
Como estão os leitores da Página do Tio João?
Estamos a terminar a primeira quinzena do ano 2020.
Fico triste porque se perdeu a tradição de cantar os Reis porta-a-porta e, há mais de 10 anos, que ninguém vai cantá-los a minha casa. Mesmo assim, algumas autarquias continuam a acarinhar a tradição, organizando encontros de cantadores de Reis, como é o caso de Mirandela que, no passado dia 5, promoveu o Encontro de Cantadores de Reis, em Torre de Dona Chama, com a participação de todas as freguesias do concelho. Também a autarquia de Vinhais tem organizado todos os anos o evento, que teve lugar, no passado dia 12, na sede de concelho. Também noto que há menos participações do que era habitual antigamente para cantar os Reis em directo no nosso programa.
Desconhecia a tradição do dia de Reis na localidade de Ribeirinha (Mirandela) onde, segundo me disse a tia Arminda Araújo, é costume guardar-se uma romã para, nesse dia, ser comida grão-a-
-grão e assim nunca faltar o dinheiro durante o ano.
Também a tia Ernestina, de Grijó (Bragança), a viver em Lisboa, onde nos ouve e nos fala, disse-nos que sempre ouviu ao seu pai que no dia de S. Gonçalo (10 de Janeiro), “o dia tem o salto de um cavalo”, porque já se notam maiores.
Já findou a faina da apanha da azeitona e agora anda-se na “limpa”. Entretanto, o nosso ouvinte pastor, o Manuel, de Argozelo (Vimioso), disse-nos que as suas ovelhas “já andam mais contentes a saborear os rebentos da erva”.
Foi chamado por Deus mais um elemento da fundação da Família do Tio João, a tia Madalena Garcia, de Rio Frio (Bragança), que foi uma grande dinamizadora do programa durante os primeiros anos. Que descanse em paz a sua alma e os sentimentos a toda a família, em especial ao seu filho, o tio Amílcar Esteves.
Neste últimos dias estiveram de parabéns o tio Sebastião Eira Velha (73), de Cernadela (Macedo de Cavaleiros); Amélia Cruz (73), de Souto da Velha (Torre de Moncorvo); Jorge Manuel (55), de Carrazedo de Montenegro (Valpaços); Eugénio Medeiros (76), de Nozedo de Baixo (Vinhais); Paulo Posse (62), de Caçarelhos (Vimioso); João Teixeira (45) e a sua esposa Cristina Teixeira (42), de Regodeiro (Mirandela); José Luís (73), de Vale de Gouvinhas (Mirandela); José Maria (63), de Sortes (Bragança); Luís dos Santos, o tio Chedre (72), de Nunes (Vinhais); Celeste Paulo (78), de Valverde (Valpaços); Adriano Machado (86), de Estorãos (Valpaços); Zita (80), de Cabeça Boa (Bragança); Regina da Conceição (61), de Nuzedo de Cima (Vinhais) e Edvige Silva (70), de Bragança.
Para todos muita saúde e paz, que o resto a gente faz.
E agora vamos à festa do Charolo, a Outeiro (Bragança).
No sábado passado realizaram-se, por mais um ano, na localidade de Outeiro (Bragança), as festas de Santo Estêvão e São Gonçalo, que acontecem sempre no sábado mais próximo do dia de São Gonçalo (10 de Janeiro).
À conversa com o nosso tio Físico, de Outeiro, que foi o primeiro artista da família, ele contou-nos que esta festa é realizada por dez mordomos, vizinhos seguidos, mas que antigamente, além destes dez mordomos, também faziam parte da organização quatro rapazes e quatro raparigas solteiros, que tinham a função de fazer o charolo, que consiste numa armação em ferro, em forma de andor, para servir de suporte a cerca de 200 roscas e 5 ramos, um em cada canto e outro no meio, compostos, cada um, por peças de fumeiro, rebuçados e laranjas. Actualmente o papel dos mordomos continua a ser esse, pelo que vão para a casa do povo da aldeia, onde há um forno comunitário construído para o efeito, onde são confeccionadas as roscas, que levam cerca de 80 quilos de farinha. Para além das roscas feitas pelos mordomos, também há alguns habitantes da aldeia que fazem roscas, nos seus fornos particulares, que distribuem pelos familiares e amigos, como é o caso do tio Físico.
O charolo também faz parte da festa religiosa, porque no fim da Missa realiza-se a procissão com ele à volta da basílica do Santo Cristo. Às duas da tarde teve lugar a arrematação individual das rocas e dos ramos que formam o charolo. Logo a seguir a tradicional dança da rosca, também conhecida como dança do bate-cu, como nos disse o tio Físico. A partir das cinco horas da tarde, os mordomos reúnem-se com os dez novos mordomos, no bairro destes, para fazerem a entrega da festa do ano seguinte.
Cerca das nove e meia da noite, é feita a pandorcada (ronda) por toda a aldeia, onde cada vizinho disponibiliza uma mesa com comida e bebida em frente à sua casa, para todos os convivas participantes.