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Futuro da língua mirandesa depende da ratificação da Carta Europeia e da criação de uma estrutura de missão

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Ter, 04/02/2025 - 11:49


No entanto, ainda sem datas definidas nem compromissos firmes, o futuro da segunda língua oficial de Portugal permanece em suspenso.

“Fica bem”

“Vá, fica bem, sim?”, disse ela, já meio atirado por cima do ombro. “Vou tentar!”, respondeu ele com um tom de voz onde se ouviu gargalhar, mas que, na linguagem de bonecos amarelos, seria aquele emoji a sorrir com uma lágrima a escorrer pela cara. Resolvi olhar para aferir a quem se dirigiam os votos. Vi então um rapaz a ajeitar a mochila da escola com uma mão, para a manter nas costas, enquanto que com a outra segurava com veemência uma compressa contra a testa. Finalmente, pensei. Ali estava, com aplicação real e bem metida, a expressão “fica bem”. Claramente, o rapaz já viu dias melhores, ao menos sem remendos na cabeça. O que é este “fica bem”? Quase sempre vai com um tom de escárnio e como que a marcar o ponto final irrevogável no assunto em curso. Por cada vez que dizemos ou escrevemos “fica bem”, morrerá um golfinho algures. Porque, na verdade, e isto é polémico, não queremos que o receptor fique bem. Queremos é que vá para o raio que o parta. E lá deixamos aquela farpa mascarada de sensibilidade. Depois de um “fica bem” sabemos que não há mais nada a dizer. É o pináculo das despedidas. O que pode estar acima de um “fica bem”? Será que é permitido por lei voltar a entabular conversa com alguém que nos tenha dito um redondo “fica bem”? Se calhar, isso soa a desafio, voltar à carga. “Então não te disse já para ficares bem, caramba?”, poderiam levar na volta todos os que ousem desafiar as regras do “fica bem”. O “fica bem” será uma versão mais moderna e com menos carga religiosa o que um “vai com deus”, um “deus te acompanhe” ou até um “vai em paz”. E, por isso, com menos culpa por lá escrever a morada do sentido oposto ao céu. O “fica bem” não tem reforço positivo nem altruísmo. Porque não pretendemos mexer um mindinho para que tal se materialize em verdade. Reparem, dizer “fica bem” a alguém que hipoteticamente está mal é o mesmo que dizer a um doente para iniciar uma auto-cura. É deixar à sua sorte aquela pessoa que recebeu um mágico “fica bem” como um bilhete dourado, só que, na prática, é incapaz de mudança. Pode ser que o “fica bem” seja, simples assim, um voto de “espero que não fiques na fossa, qualquer coisa desenrasca- -te e não me incomodes”, quando não tem embutida a ironia. E, na prática, vai tudo dar ao mesmo. Naquele final de manhã, ali com algum drama à mistura, o rapaz da compressa na testa pôde aplicar um “fica bem” para aliviar o que tinha debaixo do paninho. Tenho para mim que não o auxiliou em nada, contudo, não vou afirmar. Quiçá um “as melhoras” tivesse surtido mais efeito, três vezes ao dia durante uma semana. O que tenho a certeza é que fiquei com mais fé na Humanidade e no “fica bem” dito sem maldade. Poderá existir. Na minha cabeça, contudo, sempre que o digo, continuará a sair-me com uma capa protectora irónica, algo teatralizada e com a morada do inferno, como uma noiva a abandonar o altar antes do “sim, aceito”. E isso faz-me ficar bem.

A presunção de Trump

Não foram necessários muitos dias para nos confrontarmos diretamente com as loucuras de Trump. No mesmo dia da tomada de posse, fez questão de mostrar ao mundo que ia assinar decretos destinados a alterarem o rumo de posições do governo anterior, especialmente no que se refere à imigração. E mostrou, note-se, a sua assinatura perante as câmaras para que todos vissem que tinha assinado os decretos. Francamente! Presunção ao mais elevado nível! Mas os primeiros dias foram destinados a destacar o que vai fazer e quais os objetivos desta administração. Impor a sua vontade por todo o lado e espalhar um patriotismo bacoco, assente numa falsa democracia, que ele desconhece o que seja e espalhar o medo a milhares de pessoas, fora e dentro dos EUA, é a sua razão de governar. E está a conseguir. As ameaças de taxas a aplicar aos países que o enfrentam economicamente ou não, são as armas imediatas que tem na mão. Vejam o que fez com o Brasil e com a Colômbia. O enfrentamento da Colômbia, levou-a a recuar para não sofrer 25% no agravamento das taxas dos produtos exportados para os EUA. Funcionou a ameaça. Mas será que vai funcionar sempre? A nova Administração, escolhida pessoalmente entre os seus amigos mais próximos, não parece que vá ter sucesso, mas isso também não lhe interessa muito, pois ele pode, quer e manda fazer tudo o que quiser. Até quando? Nada dura para sempre. A verdade é que está rodeado de anormais que agora pensam que são importantes e vão agir como tal. Parece um reality show, mas infelizmente não é. Ora vejamos como está formada esta Administração. Temos o homem mais rico do mundo, que lança foguetes no espaço e compra uma rede social; temos um anti vacinas fanático das teorias da conspiração que diz que um verme lhe comeu o cérebro; um médico que receitou remédios para a malária, para curar o Covid; temos uma das sócias da maior empresa de luta livre dos EUA; um ex- -jogador da NFL; um rainha de beleza que ficou famosa por confessar que executou o seu cão com um tiro na cabeça; um ex-soldado que se tornou apresentador de noticiários; um amigo do golfe. Este é o gabinete de Donald Trump. Se fosse um reality show seria certamente um sucesso, mas não é. O homem mais rico vai- -se encarregar de agilizar os procedimentos burocráticos. O senhor anti vacinas vai ser o Secretário da Saúde. O médico da malária vai ser o chefe do Serviço Médico público. A empresária de luta livre vai ser Secretária da Educação. O ex- -jogador de futebol americano será secretário da Habitação. A que matou o cão, tomará a seu cargo a Segurança Nacional. O ex-soldado, apresentador de noticiários, será Secretário da Defesa. O amigo do golfe é enviado para o Médio Oriente. Todos eles são comandados por um herdeiro caprichoso, magnata do setor imobiliários, amante do mundo das celebridades que foi à falência e foi declarado culpado de 34 delitos e até há pouco tempo tinha pendentes 24 processos penais, ou seja, Trump. Com tudo isto vai ter de lidar o mundo inteiro incluindo os americanos. São estas pessoas que vão ajudar Trump a decidir, se ele deixar, no que respeita à compra da Gronelândia, o que se vai passar quanto ao Canal do Panamá, o que se vai passar na Ucrânia, no Médio Oriente e até no Canadá. Autênticas loucuras. A mudança do nome do Golfo do México para Golfo da América, já foi feita, somente para os americanos. Fora da América o nome continuará a ser o inicial. Mesmo com o dono da Google ao seu lado, não significa que possa alterar tudo. Não pode. Ele é que ainda não se deu conta disso. Mas vai acabar por dar. A sua presunção de poder controlar tudo e todos vai acabar por derrotar a sua própria política. Vai ganhar mais inimigos do que amigos, a começar dentro da própria América. A China, a Rússia e a Coreia do Norte, são inimigos com que terá de contar. O Irão é um inimigo figadal e perigoso. Trump não pode virar-se para todos os lados e enfrentar toda a gente ao mesmo tempo. Não vai querer fazê-lo. Não lhe interessa, pois pode perder. O que lhe interessa de imediato é a questão da imigração onde dita as regras e, com reticências, o que se passa em Israel e na Palestina. A este respeito é bom não esquecer a loucura pronunciada de levar todos os palestinianos para outros países e acomodá-los lá, o que significaria acabar com a Palestina e com Gaza dando a Israel o poder de controlo absoluto sobre todo o território. Simplesmente aberrante. Certo é que tantos meses de guerra não foram suficientes para acabar com o Hamas. Netanyahu não conseguiu e mesmo que Trump lhe dê pano branco para continuar, talvez não consiga. A guerra nunca será solução para este conflito, nem para outros como a Ucrânia. A presunção de Donald Trump não será bastante para levar a paz a alguns lugares, mas também é verdade que nenhuma guerra lhe interessa. Mas que ele tem muita presunção, alguma loucura, água benta e vaidade, isso todos vemos.