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Tribunal de Contas não dá visto para regresso do avião devido a irregularidades na data do contrato

Ter, 21/01/2025 - 10:45


Ainda não é desta que o avião regressa à região. Desde o final de Setembro que a ligação aérea Bragança-Vila Real-Viseu-Cascais-Portimão deixou de ser feita e quando se pensava que o problema estava praticamente resolvido, surgiu mais um entrave.

A beleza da neve

Hoje, cruzo um conhecido que me diz, “Então, neva ou não?” E a memória dos dias de neve, nas nossas terras, não se faz esperar, como o sabor duma madalena. A luz sobre a neve, tão frescas uma como a outra. Quando saíamos da cidade para ir ver a neve- estranhamente, esta beleza arminha, desde que a pisamos, fica imediatamente escura e suja- lembra-me com os filhos deste manto de cristais, formando como uma página branca, quando a agarravam e a levavam à boca para a deixar fundir na língua, fechando os olhos extasiados. Gesto que também eu tinha de fazer; seguindo as suas ordens, colocava estes minúsculos pedacinhos de cristal entre os meus lábios, e saboreava. Compartilhava com eles essa emoção de literalmente saborear a beleza do momento, na fé que transforma alguns cristais de neve num sabor secreto. As crianças acreditavam com todas as suas forças naquele pequeno milagre, quase ridículo: neve cintilante, como uma festa momentânea compartilhada naquela manhã. Como para escrever uma nova página nas nossas vidas. Para que se cumprisse a festa luminosa do dia entre nós. É assim que acredito no milagre da vida. Quando a poesia do momento ou do acontecimento, por mais pequenina que seja, por mais familiar que seja, transforma não os corpos ou a matéria, mas a alma de cada um de nós numa partilha figurativa e viva. Esta memória faz eco à leitura da liturgia deste domingo: «A água torna-se vinho», lemos no Evangelho de João, durante o episódio das Bodas de Caná (João 2, 1-11). Não acredito que a água ou a neve se transformem noutra coisa, ou digamos que é para mim uma afirmação poética de esperança cujo objeto é tão difícil de vislumbrar e provar. “fazei o que Ele vos disser”, disse a mãe de Cristo aos serventes nupciais. A obra do milagre é apelar à confiança de cada um para viver o acontecimento como uma graça, um dom. Abandonar-se à palavra dos outros, não cegamente, mas, pelo contrário, acolhendo-a como abertura, saída para a realidade, para a verdade. Guardei em mim, na boca, esse sabor de neve cristalizada que se torna sabor pela graça dum jogo infantil. É assim que a festa ou bodas da vida, que sempre ameaça escurecer-se, se reinventa e continua na fé dum acontecimento poético que vamos acolher. O milagre não é produzir outra coisa, mas sim reproduzir a própria essência do nosso deslumbramento, e que muitas vezes achamos tão difícil de encontrar: o amor ou a bondade. É neste milagre que acredito e do qual tenho a experiência com as crianças que acolhem o que as faz descobrir e fazem disso um acontecimento para elas e para nós: simultaneamente, sinal e sabor- do latim sapor (“gosto, sabor”), do verbo sapere, de onde provêm as palavras “sabor” e “saber”. É o sabor do momento; único e partilhado (a festa) que transforma a neve ou a água em pequenos eventos messiânicos. Se há uma presença real, é a dos corpos transformados pela alegria de viver o momento juntos e pela partilha da poesia, dum sinal a ser reconhecido, e que de repente segura a força dum dia em suspense. Por vezes, parece-me que já não acredito senão nesta poesia, no milagre da própria matéria, da água e da neve, cujo sabor nos transforma ao instruir-nos num amor familiar pelo mundo e pelos outros, por vezes tão profundo que é de partir o coração.

A possível confrontação de blocos

A tomada de posse de Trump depois da tremenda vitória que obteve nas eleições, vai-lhe permitir ter uma larguíssima margem de manobra sobre quase tudo o que quiser. Certamente não vão bastar os apelos de Biden no seu discurso final, para incutir uma democracia aceitável nas ideias do novo presidente dos EUA. Se assim fosse, estaríamos todos mais sossegados. A verdade é que com Trump, o que hoje é verdade, amanhã pode não ser. Disse que acabaria com a guerra da Ucrânia em dois dias e agora já veio dizer que demorará algumas semanas ou meses até chegar a um acordo. Claro. Conhecemos bem o show off a que ele nos habituou. A vaidade é um dos seus atributos e não é dos piores, apesar de tudo. O acordo que está em vias de se efetivar entre o Hamas e Israel, devido a um esforço titânico da administração Biden e também de elementos das nova administração, nada tem a ver com o trabalho de Trump, mas não evitou que ele se gabasse e dissesse que se não fosse ele e a sua vitória, isso não seria possível. Biden riu-se da presunção. O que havia de fazer? No entanto, inicialmente o Gabinete de Israel não aprovou o acordo, tal como todos contavam que acontecesse. Viveu-se um impasse cuja culpa foi atribuída a novas exigências do Hamas, mas a verdade é que o governo de Israel não aceitou e nós sabemos que o próprio governo está dividido sobre o assunto. Uns querem a exterminação completa do Hamas e outros acham que já houve demasiados mortos e uma destruição que demorará algumas décadas a reparar. Segundo alguns analistas, a reconstrução de Gaza demorará cerca de um século. Significa isto que tudo foi completamente destruído. Talvez o acordo se mantenha para dar sossego aos palestinianos. Mas voltemos a Trump. Ele já afirmou que se iria reunir com Putin para falar sobre um possível acordo de paz sobre a guerra da Ucrânia. Curiosamente, Putin já informou que ele ainda o não contactou. Típico. Resta saber o que resultará dessa possível reunião entre os dois e as possíveis consequências para a Ucrânia. Por sua livre vontade, Trump não gastaria mais dinheiro na defesa da Ucrânia e abandonaria o país ao seu destino, culpando a União Europeia do que daí possa resultar. Se isso acontecesse, seria mais fácil à Rússia dominar a Ucrânia e depois tentar alargar o seu domínio a outros Estados satélites mais fracos, cujo domínio não teria muitas barreiras. Isto não parece muito irreal, especialmente se nos fixarmos nos objetivos de Putin. Por outro lado, ele está a alargar os seus contactos para a Eurásia, Índia e mais países asiáticos, além do Irão, com quem firmou mais um acordo, com a China e Coreia do Norte. Ao formar estas alianças, inicialmente económicas, mas não só, ele está a enfrentar, de certo modo, a enorme influência que os EUA têm no mundo em quase todas as regiões, formando um bloco enorme de influências. As tontices de Trump em querer “comprar” a Gronelândia, dominar o Canadá e controlar o Canal do Panamá, não são a melhor estratégia para demonstrar o seu poder e pode ser catastrófico. Criticado por todos perante estas ideias surrealistas, pode ver-se sozinho e mesmo abandonado pela Europa que ele tanto critica. O aumento das taxas e impostos específicos que quer impor à China e à Europa também não são benéficos a entendimentos políticos. Restam poucos “amigos” a Trump se continuar a afastar a Europa e a NATO dos seus interesses. É verdade que os EUA estão longe de Moscovo e de Pequim, mas não tão longe que o seu território não possa ser atingido com os novos mísseis e mesmo com uma bomba atómica, se isso passar pela cabeça de Putin, o que não seria despiciendo. Não é difícil ver a construção de dois blocos enormes e a possibilidade de uma confrontação futura se nada for feito, entretanto. As cabeças duras destes líderes têm de ser iluminadas de modo a que a luz lhes indique o caminho do bom senso. A questão da Gronelândia não é nova. A maior ilha do mundo tem imensas riquezas no seu subsolo, tendo só o frio como contratempo. Há uns anos atrás já foi ventilada a ideia da compra pelos EUA. Aliás, sabemos que a América tem lá uma base com cerca de duzentos militares, o que é muito pouco, mas serve os seus interesses imediatos. Também a China tem interesse igual, mas está muito mais longe. No entanto, se acontecesse a ideia de Trump, serviria à China para justificar uma invasão a Taiwan, por exemplo. No fundo, Putin fez o mesmo à Ucrânia! A bola de neve continua a rolar e a ficar enorme. O Canadá já é outra coisa diferente. Claro que está “à mão se semear” dos EUA, mas não é uma ilha fria e quase deserta. Se os EUA compraram o Alasca à Rússia por 20 dólares no século passado, o mesmo seria impossível hoje em dia. Nem a Gronelândia nem o Canadá estão à venda e comprar uma guerra com a Dinamarca ou com o Canadá deve estar fora dos objetivos imediatos de Trump. Imaginemos, contudo, que eles pediam ajuda à Rússia para impedir as loucuras de Trump? Teríamos um confronto enorme entre dois blocos imensos e o EUA não seriam os mais beneficiados certamente. As loucuras pagam-se sempre, mais tarde ou mais cedo.

O estado da arte

O que é a verdade? A propósito da eleição de Donald Trump e consequente tomada de posse como Presidente dos EUA (20 de Janeiro), o Mundo afogou-se em múltiplas reportagens, entrevistas, análises, comentários, na tentativa de descortinar o futuro baseado no passado da “figura”. De tudo o que se escreveu, sobressaiu a relacção que, desde sempre, Donald Trump estabeleceu com a verdade. Nesse pressuposto, não faltaram Ensaios, ora de Politólogos, ora de Filósofos, a lembrarem-nos do quão precário e elástico pode ser o significado da “verdade” num contexto muito peculiar como é o caso da retórica política. Neste contexto de reencarnação Trumpista, foi generalizada a repescagem dos “factos alternativos”, momento de inspiração argumentativa, tido, à época, por uma das Conselheiras de Donald Trump, a propósito da factualidade de a cerimónia da sua tomada posse, enquanto 45º Presidente dos Estados Unidos, ter tido uma pífia adesão popular comparada com as que se lhe antecederam, designadamente a de Barack Obama. Perante as imagens taxativas que demonstravam que o Gabinete de Donald Trump tinha mentido quando se pronunciou sobre a participação massiva (pessoal e virtual, nas palavras dos Conselheiros), na cerimónia da tomada de posse, a Conselheira em questão veio precisar que não tinham mentido. Usaram, outrossim, uma interpretação distinta que os levou a concluírem por “factos alternativos”. Há muito que, no âmbito da Ciência Política e da Filosofia do mesmo ramo, discute-se a convergência entre política e verdade, e pergunta-se se ambas são conciliáveis. Questiona-se e estuda-se de que forma a verdade, no seu sentido objectivo e factual, é aceite pelos Cidadãos quando estes são confrontados com elementos que, pese a sua veracidade, contrariam a causa que defendem ou as ideias pré-feitas. A este propósito é lembrada a experiência de Hannah Arendt, mandatada na década de 60 do século passado, pela revista Norte- -Americana New Yorker, para acompanhar, em Israel, o julgamento de Eichmann, um alegado mentor do Holocausto. Detalhe: Hannah era Judia e Filósofa. Problema: Hannah Arendt, ao reportar o que diziam os seus olhos, distanciou-se das teses dominantes, escrevendo que Adolf Eichmann não era mais do que um subalterno cumpridor do seu dever e obediente para as ordens que recebia. Mais. Annah Arendt escreveu que houve Judeus colaboracionistas para com o regime Hitleriano. Consequência: perante as críticas contundentes que recebeu pelo que escreveu, Hannah Arendt viu-se na obrigação de escrever Verdade e Política (edição em português) onde explora todos os contornos visíveis e invisíveis do que é a verdade. Escreve nas linhas iniciais que “podemos permitir- -nos negligenciar a questão de saber o que é a verdade, contentando-nos em tomar a palavra no sentido em que os homens comummente a entendem. E se pensamos agora em verdades de facto – em verdades tão modestas como o papel, durante a revolução russa, de um homem de nome Trotsky que não surge em nenhum dos livros da história da revolução soviética - vemos imediatamente como elas são mais vulneráveis que todas as espécies de verdades racionais tomadas no seu conjunto”. Assim é. O Mundo ficou menos colorido! Oliviero Toscani, fotógrafo que assinou, ao longo de mais de 20 anos, as insubstituíveis campanhas publicitárias da Benetton, partiu para outra dimensão. Provocador e disruptivo, soube catapultar uma marca, dando-lhe estatuto e fama, fazendo uso de uma linguagem comunicacional que dificilmente sobreviveria nestes tempos do politicamente correcto. O primeiro trabalho publicitário foi para Jesus, uma marca de calças de ganga dos EUA. Nada de mais, não fosse o pormenor da fotografia (a namorada de costas, Donna Jordan) e da frase que a acompanhava: “quem me ama que me siga”! A partir daí é o que se sabe. Comunicou, através da fotografia, para publicitar uma marca de roupa, mensagens sociais, religiosas e até políticas, e assim teceu, de certa forma, um mundo inclusivo e tolerante onde a criatividade e a liberdade que o inspiraram, nunca tombaram. Essa é que é essa!

João Paulo Castanho 

Técnica do Parque Natural de Montesinho abandonou funções porque Governo tardou na renovação de programa para contratação de quadros

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Ter, 14/01/2025 - 10:28


No âmbito da instituição de planos de cogestão de áreas protegidas, o Parque Natural de Montesinho e o Parque Natural do Douro Internacional contrataram, em 2021, uma técnica, com financiamento do Fundo Ambiental, projeto que terminaria no fim de 2024.