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Moncorvo volta a ser goleado

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Ter, 11/04/2017 - 15:29


O Grupo Desportivo de Moncorvo averbou, no domingo, mais uma pesada derrota, 7-0 frente ao Montalegre, dérbi transmontano da jornada 9 da fase de manutenção do Campeonato de Portugal Prio.

Alunos do 4º ano da Escola Básica do Campo Redondo participaram no treino do GDB

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Ter, 11/04/2017 - 15:28


Jogadores e equipa técnica receberam, na passada terça-feira, a visita dos alunos do 4º ano da Escola Básica do Campo Redondo. Os mais novos trocaram a sala de aula pelo relvado do Estádio Municipal.

Vitória pela margem mínima

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Ter, 11/04/2017 - 15:22


O Argozelo recebeu, no domingo, a taça de campeão distrital após a vitória por 4-3 frente ao Sendim, um jogo relativo à jornada 17, penúltima, da Divisão de Honra da A.F.Bragança.

Equipa com ADN de vitória

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Ter, 11/04/2017 - 15:19


Os últimos sete anos são inesquecíveis para o Argozelo. O clube iniciou um ciclo de vitórias em 2010 com a conquista do primeiro título, na altura sob o comando técnico de Fernando Teixeira, e assumiu um lugar de destaque no futebol distrital.

Literatura, sociedade e ironia em Passos Perdidos, de Ernesto Rodrigues

Este confirmado romancista teve a coragem e a sageza de satirizar com grande mestria, acutilância e sentido de ensejo histórico os tempos hodiernos, no geral, e os conluios que sempre se estabeleceram entre política e economia, em particular. Enresto Rodrigues revela ousadia ao abordar este tema premente na nossa sociedade e ao pôr a descoberto as teias que são urdidas no “santuário” da democracia e que têm enredado o país, desde as sementes de Abril até ao presente.

O título Passos Perdidos só é identificável pelo ícone do espaço homónimo do edifício da Assembleia da República, que serve de capa ao romance. No entanto, este título é polissémico, uma vez que perdidos, ou melhor, gorados foram, também, os intentos dos corruptores.   

A obra abre com uma epígrafe retirada da Arte de Furtar, capítulo LX, “Dos que furtam com unhas políticas”, que dá, ab initio, o mote para a trama do romance e permite, segundo cremos, ao leitor inferir o tema a escalpelizar na obra.

Passos Perdidos ergue-se como uma obra fortemente estruturada, visto que é composta por dezasseis capítulos, agrupados em duas partes (cada uma com oito) - note-se a simetria -, seguidos de um sucinto, mas elucidativo epílogo. Quanto à estrutura, o romance apresenta duas partes: a primeira subordinada ao título “A queda de um Anjo”, que, sem dúvida, faz ressoar na memória literária do leitor a obra homónima de Camilo. Outra ilação que o leitor facilmente estabelecerá prende-se com a associação de ambos os protagonistas. João Félix Filostrato é, de imediato, associado à imagem de Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda. Contudo, esta associação perde nitidez com o título da segunda parte do romance, “Redenção”, indicando, desde logo, uma inflexão de conduta em relação ao modelo literário adotado por Ernesto Rodrigues. O leitor, facilmente, concluirá que esta queda é mais metafórica do que real, uma vez que a mesma não passa de um subterfúgio para desvendar o ardil, por um lado, e assumir as responsabilidades pretéritas, por outro.

Que Camilo e Eça, nomeado na obra pelo título do romance O Primo Basílio (p. 101), são vultos a quem Ernesto Rodrigues presta contínua e apurada homenagem corrobora-o, para além do que já foi dito, o facto de a intriga do romance ser narrada, nos onze primeiros capítulos, em analepse pela personagem João Félix Exposto. Este narrador/personagem é fruto de uma relação da juventude do deputado João Félix Filostrato, que, também, ignorava este facto. O ritmo cadenciado e preciso da narrativa, mais uma vez a fazer lembrar os dois romancistas do século dezanove, e o desenrolar programado da história prendem o leitor ao texto.

O tempo da ação, à semelhança do que acontece na tragédia, é bastante concentrado em, apenas, nove dias. O narrador desfila diante dos nossos olhos, como se de uma representação teatral se tratasse, os acontecimentos que, efetivamente, vão sendo apreendidos pelo leitor.

Porquê literatura? Porque o romance está pejado de referências literárias tanto explícitas como implícitas. Recordamos, apenas, não querendo ser exaustivos: Camões, Bocage e Garrett. Terminamos com a alusão à “Lacailândia”, isto é, Portugal, onde ressoam ecos da obra A Montanha da Água Lilás de Pepetela. 

Todo o romance é um retrato irónico da sociedade atual, lembrando a arma mais eficaz de Eça. É patente a intenção do autor em desvelar a realidade portuguesa atual, recorrendo a truísmos e a provérbios, por vezes alterados, na senda de Saramago, para provocar no leitor a reflexão, durante o ato de ler, e levá-lo, como é apanágio do teatro épico, à ação, no final da leitura.

Epitomando, Ernesto Rodrigues não ficou aquém dos dois modelos literários, que se propôs preitear neste seu livro, uma vez que as personagens de Passos Perdidos não destoam das que Camilo perpetuou, nos seus romances. Por outro lado, qualquer leitor mais atento deste livro não hesitará em apelidá-lo de queirosiano, devido à forma como a realidade portuguesa atual, filtrada pela ironia, se encontra plasmada nele.

NÓS TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS Gonçalo Marcos, juiz em Vila Flor (n. T. Moncorvo c. 1503)

Os anos de 1556 – 1559 foram de sobressalto para os cristãos novos de Vila Flor, com mais de dezena e meia de prisões pela inquisição. Muitos processos, especialmente os primeiros, foram abertos pelo vigário geral da comarca, Aleixo Dias Falcão. Quase todos os presos se queixaram dele, considerando-o parcial e inimigo. Também as denúncias e as testemunhas são as mesmas nos diferentes processos. Quase todos os prisioneiros acabaram absolvidos ou condenados em penas ligeiras. E em vários acórdãos os inquisidores consideram deficiente a prova da justiça.
Acusados de crimes da fé, os marranos defendem-se dizendo tratar-se de uma questão de “política local” e inveja pelos cargos municipais que ocupavam, incluindo o de juiz. O quadro foi assim expresso por uma das mulheres aprisionadas:
- Os cristãos-novos andavam sempre em eleições e requerimentos da dita vila e algumas pessoas disso se escandalizavam, tanto que com inveja difamaram deles. (1)
Este episódio de resiliência dos cristãos novos de Vila Flor à “máquina” da inquisição merece particular realce. E não seria por acaso que, em 1561, no seguimento desta “luta”, o rei D. Sebastião tenha assinado um alvará proibindo os cristãos-novos de Vila Flor de servirem em cargos públicos (2) - lei que, anos depois, seria extensiva a todo o país.
E se entre os cristãos novos de Vila Flor, podemos apontar um líder, certamente seria Gonçalo Marcos, que nasceu por 1503, em Torre de Moncorvo. Era filho de Luís Marcos, um judeu batizado em pé, e que “deixou em seu testamento dois almudes de azeite para a lâmpada que está em uma igreja da Torre” (3) e de Beatriz Álvares “que era fidalga que veio do reino de Castela”. (4)
Casou com Beatriz Fernandes, (5) de uma conhecida família de cristãos-novos de Vila Flor, onde fixou residência. Entretanto, um dos irmãos de Gonçalo, João Marcos de seu nome, abalou para a cidade de Fez, no Norte de África, fazendo-se judeu e adotando o nome de Jacob Marcos.
Mercador de sucesso, Gonçalo adquiriu propriedades e tornou-se lavrador. Homem de cabedais, ascendeu à classe dos rendeiros. Em 1545 foi eleito juiz, o que bem mostra o crédito de que gozava na terra. No decurso do mandato de juiz sucederam dois casos que iriam influenciar o curso da sua vida.
Um deles aconteceu em volta das eleições da direção da Misericórdia, protagonizadas por André Pires, Gonçalo Gonçalves e Fernão de Almendra. Este seria eleito provedor. Só que… muita gente contestou a legalidade do ato, com o juiz Marcos à frente, conseguindo que a eleição fosse nula e o “provedor” metido na prisão.
Cumpre dizer que Fernão de Almendra era um dos homens de maior fidalguia da terra e tinha uma irmã casada com Gonçalo de Seixas, homem de igual nobreza que o juiz também “prendeu e condenou em mil réis”.
Estas desavenças deixariam mágoas profundas e tratando-se de um juiz da nação hebreia, caminho fácil para a vingança era “metê-lo na inquisição”.
Outro inimigo declarado de Gonçalo era um André Pires, da aldeia do Arco, irmão de uma criada/amante daquele e que foi despedida por sua mulher “por grandes desgostos e ciúmes que dela tinha”. E também era inimigo o padre Diogo Maçulo, cura da matriz, que o juiz Diogo Marcos, sobrinho de Gonçalo, prendeu, acabando condenado por “infame e criminoso” e degredado por 4 anos.
Estes e outros “inimigos capitais” tinham fácil acolhimento junto do vigário geral da comarca, Aleixo Falcão, nomeado pelo arcebispo de Braga Frei Baltasar Limpo, e do seu “delegado” padre Amaro Gil.
Seriam crispadas as relações entre cristãos velhos e novos de Vila Flor quando, em setembro de 1556, Aleixo Dias ali foi em visitação. Choveram as denúncias contra os “judeus”, com os denunciantes aparentemente a serem “recrutados” pelo padre Maçulo.
Adivinhando tempestade, os cristãos novos não ficariam quietos, especialmente Gonçalo Marcos. Meteu-se a escrever uma carta para o rei e outra para o cardeal D. Henrique, denunciando tropelias e ilegalidades dos seus acusadores, visando particularmente o vigário geral. E com as cartas escritas, pôs-se a caminho de Lisboa a entregá-las a Suas Majestades.
Em simultâneo, Aleixo Falcão escreveu para a inquisição de Lisboa dizendo que, para não ser preso, Gonçalo Marcos fugiu de Vila Flor a embarcar para Marrocos e fazer-se judeu, tal como o seu irmão Jacob. Acrescentava que, quando foi Juiz, na semana santa, foi ter com o pregador a quem “rogou muito e lhe deu muitas razões” para não falar dos judeus e os não acusar da morte de Cristo. Mais o acusava de ter participado em reuniões na “sinagoga” de Lopo Dias, e ir a casa de João Rodrigues ouvir ler a Torah.
Andava Gonçalo por Lisboa, buscando oportunidade para entregar as cartas que trazia, quando foi preso por Brício Camelo e metido nos cárceres da inquisição, com base na carta enviada por Falcão como consta do processo:
- Aos 5 dias do mês de dezembro de 1556 anos, em Lisboa na casa do despacho desta inquisição, estando ali os senhores inquisidores, foi apresentada uma carta do senhor licenciado Aleixo Dias Falcão…
Não sabemos se as cartas de Gonçalo chegaram aos destinatários pois “tanto que ele réu foi preso, o alcaide deste santo ofício lhe tomou a petição e capítulos que trazia para mostrar ao senhor cardeal, os quais papéis os deu ele em prova ao mesmo Brício Camelo que lhos tomou, e deu como testemunha o senhor Manuel de Sampaio camareiro” de el-rei e os seus criados Monteiro, Camelo e Pero Gouveia.
Se aqueles papéis serviam para mostrar as “indignidades” de Falcão e seus acólitos, obviamente que também constituíam a sua melhor defesa, cujos pontos essenciais foram:
- Além de “muito suspeito e odioso” Aleixo Dias Falcão não poderia ser vigário geral porque era homem de menor idade e o direito canónico exige o mínimo de 40 anos. Além disso, ele era secular e a lei exige que o vigário tenha ordens religiosas.
- Como seu inimigo declarado, foi de Torre de Moncorvo a Vila Flor, à meia noite, a “tirar testemunhos” contra ele e os mais. Nisso foi ajudado pelo padre Amaro Gil a quem fez seu delegado dando-lhe poderes para ir pelas aldeias de Samões e Freixiel recolher testemunhos contra Gonçalo e os outros. E também este Amaro Gil era de menor idade e não podia ser delegado do vigário e menos ainda fazer inquirições em matéria de fé.
Da sua defesa tiramos mais uma nota interessante para dizer que a igreja matriz de Vila Flor andava então em obras e Gonçalo foi “uma das quatro cabeças” das obras. Finalmente, veja-se como terminou a defesa do réu! Um verdadeiro repto laçado aos inquisidores:
-Peço a Vossas Mercês que vejam bem isto tudo com o mais que são obrigados e me despachem com brevidade para ir trabalhar meus negócios e recuperar minha fazenda perdida.
Dias depois acordavam os inquisidores “que vistos os autos deste processo e a qualidade das culpas e o defeito das provas delas e como não é bastante para condenação, vista juntamente a defesa e abonação, se absolve o réu…”
A sentença foi lida em mesa a 14 de outubro de 1557 “e foi mandado em paz…”
Quanto ao vigário Aleixo Falcão devemos dizer que desapareceu de Moncorvo e no ano seguinte o cargo era ocupado por Pero Fernandes Lima. E as prisões efetuadas em Vila Flor pela páscoa de 1558 não foram já conduzidas pelo vigário mas pelo solicitador Luís do Rego, da inquisição de Lisboa. No entanto, Aleixo Falcão seria um comissário da inquisição muito empenhado em servi-la, homem de confiança de Baltasar Limpo e porventura do próprio inquisidor mor. Não foi posto no “olho da rua” mas enviado para o extremo oriente a instalar o tribunal da inquisição de Goa. Promoção ou castigo? ... O assunto está a ser estudado pelos autores que prometem um novo trabalho.
NOTAS
1-ANTT, inq. de Lisboa, pº 2893, de Maria Álvares.
2-MORAIS, Cristiano de – Cronologia Histórica de Vila Flor 1286 - 1986, p. 10
3-ANTT, inq. Coimbra, pº 8455, de Leonor Marcos. 4-IDEM, inq. Lisboa, pº 12801, de Gonçalo Marcos.
5-IDEM, pº 892, de Beatriz Fernandes, que foi presa em pela inquisição de Lisboa em cujos cárceres faleceu.