A “Armada Transmontana” no Football Talks 2017

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Decorreu entre 22 e 24 de Março, no Centro de Congressos do Estoril, a 3ª edição do Football Talks, um evento que apesar da sua curta história é já um dos mais prestigiados congressos sobre futebol a nível mundial.
As Associações de Futebol de Bragança e Vila Real, e muito bem, fizeram-se representar no evento por uma comitiva, da qual tive o privilégio de fazer parte, de cinco pessoas.
A “armada transmontana” (como fomos gentilmente apelidados) presente no Football Talks 2017 era constituída por pessoas com responsabilidades no âmbito do desenvolvimento do futebol e do desporto em Trás-os-Montes. Mas porque razão nós fizemos questão de estar presente neste evento?
A resposta é bastante simples, porque estas cinco pessoas são apaixonadas pelo desporto em geral e pelo futebol em particular e, nesse sentido, estas mesmas pessoas querem estar na vanguarda no que diz respeito a todo o conhecimento que possa existir para que, no desempenho das suas funções, possam contribuir de forma efectiva para o desenvolvimento do desporto a nível regional e simultaneamente das organizações desportivas que representam.
E então o que é que fomos lá aprender de tão extraordinário assim? Na verdade, o que se aprende em termos de volume é pouco, o principal conhecimento adquirido neste evento, na minha perspectiva, está relacionado com o perceber qual é o alinhamento estratégico entre a FIFA, a UEFA, as outras Confederações e as respectivas Federações Nacionais.
Neste momento a FIFA está claramente preocupada em recuperar a sua credibilidade e elegeu o homem certo para o lugar certo, sendo que a “boa governação” é claramente o tema prioritário para esta organização desportiva e todas as confederações que a constituem. Por isso, as federações nacionais, as associações distritais e os clubes também vão ter que no curto prazo implementar as medidas de “boa governação” da FIFA, porque o que está em jogo é a credibilidade do próprio futebol.
O tema da viciação de resultados é muito importante e as apostas desportivas vieram contribuir para um clima de constante suspeição, principalmente no futebol dos escalões jovens e não profissional, pois facilmente os vários intervenientes directos são corrompidos.
O tema do vídeo arbitro está resolvido e vai mesmo avançar, porque, como diz o lendário Pierluigi Collina, o árbitro é a única pessoa no estádio que actualmente não tem acesso à tecnologia que lhe permita verificar quase em tempo real se a decisão foi certa ou errada e isso é uma tremenda desvantagem em relação aos 60 ou 70 mil presentes no local e aos milhões de telespectadores em casa.
O Futebol feminino veio para ficar e não existe qualquer dúvida que está em expansão a nível mundial, muito graças ao grande impulso e financiamento proveniente da das políticas instituídas pela FIFA.
Curioso também foi o facto de pessoalmente ter reparado que a grande maioria dos chamados “comentadores desportivos” que todos os dias poluem a mente de milhares de portugueses com informação sem qualquer tipo de conteúdo credível e que contribui para um clima muito negativo em redor dos temas importantes do “desporto rei” não terem sequer marcado presença este evento de qualidade mundial.

 

 

 

Escrito por Paulo Jorge Araújo - Técnico Superior de Desporto, Licenciado em Ciências do Desporto pelo IPB e Especialista em Gestão Desportiva pela UP