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Henrique Pedro

A Cegonha e a Geringonça

Esta crónica não pretende ser uma história para criancinhas, ainda que o título o possa sugerir.

Muito se continua e vai continuar a dizer, a escrever e a fazer, mesmo depois dela se desfazer, em torno da Geringonça, a incensada coligação parlamentar resultante da colagem dos cacos das legislativas de 2015.

Geringonça que, para muitos, não passa de um fabuloso pote de bronze repleto de moedas de oiro, enterrado no fim do arco-íris embandeirado pela esquerda. De uma muito real panela de barro, para muitos mais, em que o Governo confecciona uma espécie de cozido à portuguesa, ao lume brando duma democracia afumada de muito embuste, incompetência e corrupção.

Coligação parlamentar que a mim me faz lembrar uma cegonha, aquele passarão de bico comprido e pernas longas que faz o ninho nos postes de alta tensão, que traz os bebés dependurados numa fralda descartável, voando pelos céus desde de Paris, (ou será de Bruxelas?) e que estará em vias de extinção.

Na capoeira do Regime já havia perus, pavões, galos, galinhas e frangos de aviário. Faltava a cegonha Geringonça que na história que se conta às crédulas criancinhas portuguesas trouxe, sabe-se lá de que céus ou infernos (oxalá Passos Coelho continue a não ter razão quando invocou o mafarrico) dois prometedores bebés chamados estabilidade política, um, e recuperação económica, outro.

Melhor agora se percebe quão enfezados eles são apesar de tão mimados que têm sido. Primeiro porque a celebrada estabilidade política poderá ser, se é que já o não é, sol de pouca dura, menos duradoira até que a anteriormente protagonizada por Passos Coelho e Paulo Portas, muito se devendo, para não dizer tudo, ao Presidente da República, a quem se não tem feito a devida justiça nesta matéria, já que em diversas ocasiões teve razões mais que suficientes para demitir o actual Governo, como na tragédia dos incêndios florestais ou no vergonhoso assalto aos paióis de Tancos. Outro fosse o presidente e outros galos cantariam.

Estabilidade que desde a primeira hora tem sido instrumento de chantagem do PCP e o BE, que agora ameaçam lançar o bebé à rua com a água do banho. A votação do próximo Orçamento de Estado será o tira-teimas definitivo, ainda que, na opinião dos mais categorizados analistas políticos, ninguém esteja interessado em eleições antecipadas.

 Ninguém, a não ser o próprio primeiro-ministro António Costa que poderá estar à espera de uma nova cegonha que lhe traga pelos céus eleitorais uma criancinha bem mais linda e sorridente que dá pelo nome de maioria absoluta. Ou mesmo de uma Geringonça reduzida capaz de suportar um governo de inseminação artificial com o BE, mesmo que o volante passe para as mãos da fatal ministra Catarina Martins e o BE deixe de atirar pedras às cegonhas da CEE.

Em qualquer caso, a cumprir-se o Calendário Eleitoral, os portugueses serão convocados para a eleição de uma nova Assembleia da República já em 2019, o que pressupõe um novo governo, sendo os eleitores a ditar a que tipo de nova criancinha irão os partidos dar de mamar. Falta saber, portanto, que tipo de novo governo está a cegonha do Regime a chocar.

Já no que à recuperação económica diz respeito, é hoje evidente que a criança gerada pela Geringonça não cresceu suficientemente robusta para satisfazer as ambições dos pais e dos padrinhos, apesar de todos os choques vitamínicos que a favorável conjuntura internacional lhe tem facultado.

A verdade é que os problemas fundamentais de Portugal continuam a agravar-se e a eternizar-se, não se vislumbrando mezinhas, sejam de esquerda ou de direita capazes de lhes pôr cobro.

O que nos leva a concluir que o feitiço está no Regime alienígena e nos crânios, humanóides, que o personificam.

Tutti-Frutti

Os principais órgãos de informação nacionais dedicaram amplos espaços noticiosos, como lhes compete e só lhes fica bem, a mais uma alargada intervenção conjunta do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sua subordinada, representada pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção.

Acção que envolveu mais de 200 elementos das entidades referidas, visou mais de setenta objectivos diferentes, entre autarquias e sedes de partidos e que surge na sequência de muitas outras rotuladas de “operações”, à boa maneira militar, o que sugere que Portugal está em guerra, ainda que do tipo civil, muito embora, até ver, se não faça uso de canhões e de carros de combate.

Operação a que quem de direito atribuiu o título particularmente sugestivo de “Tutti Frutti”, talvez por se tratar de muita fruta, duma muito suculenta salada de frutas, diria eu. Ainda que, até ver, não meta negócios de ananases e bananas, mas de deliciosos chicos espertos em apurada calda de crimes de financiamentos proibidos de partidos, adjudicações directas de serviços a empresas com interesses de machuchos políticos, tráfico de influências e bem remunerados cargos fictícios de assessoria.

Muita fruta bichada proveniente dos pomares propagandeados como biológicos dos dois maiores partidos da podre democracia portuguesa. E tudo muito bem untado e condimentado, claro está, com dinheiros dos contribuintes que é o melhor tempero para os cozinhados da corrupção.

De salientar que o Ministério Público quando vasculha as respectivas sedes indicia não só os partidos visados mas também os seus dirigentes, as autarquias e os autarcas, mesmo que não estejam directamente envolvidos, porque desleixam a honorabilidade das instituições de que são responsáveis. Tão ladrão é o que vai ao pomar como o que fica a espreitar, é o que o povo diz.

Ainda mais prejudicados ficarão a democracia e o Regime se não forem retiradas as devidas ilações políticas e criminais em tempo útil, se os processos se arrastarem indefinidamente com as useiras e vezeiras manobras dilatórias e branqueadoras, enquanto os eventuais culpados continuam a usufruir impunemente dos dinheiros e benefícios arrecadados ilicitamente, dando aso a que casos semelhantes proliferem como se de factos normais da democracia se tratasse.

Não foi, por certo, por acaso que esta notável operação da Polícia Judiciária foi desencadeada quando os portugueses vibravam com o campeonato do Mundo de Futebol e no palco do Rock in Rio se exibiam artistas de vulto, entre os quais os principais rostos do Regime, designadamente o Presidente da República, o Primeiro-ministro, o Presidente da Assembleia da República e outros destacados políticos que, por acaso, até se ufanam de serem de esquerda.

Mais “prafrentex” teria sido tão radicais artistas políticos entoarem a conhecida balada Tutti-Frutti imortalizada pelo eterno Elvis Presley, muito embora se tivessem cantado a Portuguesa a plenos pulmões até não seria demais uma vez que estava em curso uma muito relevante operação das patrióticas forças da lei.

Optaram por cantarolar, desajeitadamente, a conformista Minha Casinha, dos lendários Xutos & Pontapés, numa tentativa ridícula de disfarçar os vícios expostos do Regime e, à boa maneira de antigamente, iludir os portugueses com a alienante bondade de “morar, num modesto primeiro andar, a contar vindo do céu”.

É a triste realidade portuguesa. Enquanto a maioria salta, e dança, e ri, e quem não salta não é da malta, uns tantos, enchem os bolsos e vivem felizes para sempre, sem remorsos e sem vergonha.

Tudo a bem da Nação.

 

Este texto não se conforma com o novo

Acordo Ortográfico.

A maior de todas as crises

Os nossos políticos são o máximo. Ainda mais que os treinadores de futebol. Senão veja-se o caso do primeiro-ministro que perdeu as eleições mas, mesmo assim, ousou montar um governo numa geringonça que trouxe estabilidade política ao país e deu novo fôlego à prevalecente crise económica e social, tornando-a suportável, mas da qual continuamos sem saber quem é o verdadeiro pai, tantos eles são.

Ainda melhor: a geringonça inventada pelo genial António Costa, que bem mereceria o prémio Nobel da política se tal prémio houvesse, é a verdadeira varinha de condão com a qual o governo opera os milagres da multiplicação dos pães e da transformação das rosas, que é como quem diz, distribui esmolas de miséria aos mais pobres, pingues prendas aos mais ricos e mordomias aos da cor.

Aos demais, ao granel a que se convencionou chamar classe média, não beneficia de igual forma já que estes continuam a ser explorados e mal servidos pelo Estado, embora andem de barriga cheia, graças a Deus, e se divirtam o suficiente para se sentirem felizes e contentes.

Um mal maior, porém, que é como que um “fogo que arde sem se ver, uma ferida que dói, e não se sente” (como diria o imortal Luís de Camões, não falando eu do amor mas do infortúnio da Pátria) vai continuar a minar silenciosamente a sociedade portuguesa até causar o colapso definitivo do Estado e o fim da Nação. É a maior de todas as crises.

Os alertas são muitos e diversificados mas os sucessivos governos continuam a não lhe dar a importância que merece. Trata-se do sistémico decrescimento da população e correlativo envelhecimento da Nação.

Resumindo: os portugueses são cada vez menos, estão cada vez mais velhos e morrem cada vez mais. São tão poucos que o pequeno território já parece demasiado grande para tão pouca gente. E, o que é mais grave, cada vez se concentram mais nas metrópoles litorais.

Já lá vai o tempo em que as famílias portuguesas produziam filhos em quantidade e com qualidade suficiente para as necessidades do país, para arrotear os campos e dar vida às aldeias, vilas e cidades e ainda sobravam para exportar.

Entretanto já muitos autorizados diagnósticos foram feitos para esta doença fatal da Nação. Há quatro anos, com o patrocínio do governo Passos Coelho, uma competente comissão independente elaborou um estudo cientificamente validado que deve ter ficado esquecido, penso eu, numa qualquer gaveta ministerial.

Mais recentemente, o actual líder do PSD tornou pública uma séria abordagem política do fenómeno mas que, tudo o leva a crer, não passará de mais um apelativo exercício de estratégia partidária.

Mais relevante, ainda assim, é a opinião do actual primeiro-ministro que afirmou, no último congresso do seu partido, que os imigrantes são a solução, como já o havia feito para os incêndios florestais e que deu no que deu.

Esperemos que não tenha agora em mente despejar em terras de Trás-os-Montes milhares de imigrantes de cultura hostil, que na primeira oportunidade entrarão em confronto com os naturais, tentando expulsá-los das suas terras.

É que para resolver a crise demográfica seriam precisos muitos milhares de imigrantes pelo que, ou muito me engano ou, a concretizar-se tal enormidade, os transmontanos não ficarão de braços cruzados, muito embora não sejam propriamente xenófobos ou avessos a gestos humanitários e mal seria que não fossem ciosos do seu berço e do leite que mamaram nos seios de suas mães.

Os transmontanos, como os demais portugueses, gostam de ver as caras e as pernas das mulheres e há roupas que não assentam bem no corpo das portuguesas.

Para lá do mais, riscar a feijoada à transmontana ou a carne de porco à alentejana da ementa nacional seria um verdadeiro crime de lesa pátria só comparável a derrubar os velhinhos campanários para erguer centenas de minaretes nos céus de Portugal.

Nada disto tem a ver com religiões. São meras questões de tradição, gastronomia, alta-costura e arquitectura paisagística.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Nós, os “TransmonTansos”!

Trás-os-Montes, entendido como Miguel Torga o delimitou e rebaptizou de Reino Maravilhoso, “um berço que oficialmente vai de Vila Real a Chaves, de Chaves a Bragança, de Bragança a Miranda, de Miranda à Régua”, é tão-somente, uma parte desse mal-amado país que os machuchos políticos levianamente apodam de “interior”. Se pelo menos uma vez na vida fossem coerentes chamar-lhe-iam sim de “exterior”, já que teimam em colocá-lo fora da Nação.

Não cairei na estultícia de dizer, parafraseando uma conhecida expressão popular, que de boas intenções está o inferno cheio. O “interior”, melhor direi. Mas não tenho qualquer rebuço em afirmar que de palavreado e promessas de circunstância estão fartos e enfastiados todos os transmontanos que não enjeitam as origens.

Fartos de que esses políticos impostores sistematicamente os tomem como “transmontansos”, embora o façam à socapa. Incluindo os parolos autarcas da casa, esses sim verdadeiros tansos, que teimam em desprezar a cultura e os criativos seus conterrâneos. Ó Junqueiro, ó Coelho, ó Alves, ó Pascoais, ó Nadir, ó Cardoso, ó Luís Vaz, perdoai-lhes que eles parecem saber o que dizem mas não sabem o que fazem!

Tropecei, há dias, numa página da Internet do Jornal de Negócios que abordava com o pormenor até então não noticiado, a cerimónia de apresentação ao Presidente da República e ao Primeiro-ministro, no passado 18 de Maio, no Museu dos Coches, em Lisboa, de um conjunto de propostas consideradas "radicais" laboriosamente preparadas por um autodenominado Movimento pelo Interior, com a finalidade de revitalizar as regiões ditas de baixa densidade populacional.

Confesso que fiquei descoroçoado. Primeiro porque lá se dizia que depois desse acto solene o dito Movimento pelo Interior se extinguiria, quando parecia ser um movimento duradoiro, redundando, quiçá, num alargado partido regional e regionalista, capaz de fazer valer as suas ideias na Assembleia da República ou mesmo num eventual Governo.

Descoroçoado porque o tal Movimento pelo Interior remeteu para o livre arbítrio do Governo a eventual aplicação das medidas em apreço. Claro que o Governo, ainda que o seu Primeiro-ministro sempre se mostre sorridentemente receptivo, não vai pôr em práctica nenhuma das medidas elencadas, por maior bondade que elas possam ter. O mais certo é remetê-las para as calendas gregas ou directamente para o Museu das Descobertas.

O mesmo se não diria se do grupo proponente fizessem parte administradores da EDP ou da China National Petroleum, por exemplo, cujas directivas receberiam de pronto o beneplácito governamental, mesmo que implicassem o afogamento ou o envenenamento do Reino Maravilhoso, como aconteceu, com o vale do Tua.

Descoroçoado também porque, tanto quanto me foi dado saber, as 24 medidas propostas são meramente administrativas, avulsas, desenquadradas de um indispensável modelo de desenvolvimento, ao arrepio de princípios fundamentais garantes do respeito pela ecologia, cultura e tradições transmontanas.

 Visam, principalmente, trazer gente a granel para a região, sem ter em conta o óptimo populacional ajustado à capacidade das terras, dos rios e dos ares, salvaguardando os habitats e a qualidade de vida a que os “transmontansos”, ainda assim, é suposto terem direito.

Por certo, nenhum “transmontanso” que se preze, a si, à sua família e à terra, gostaria de ver ressurgir em Vila Real uma cópia do Casal Ventoso, uma imitação do Bairro do Aleixo em Chaves ou uma nova Reboleira em Bragança, para não falar em lixeiras orgânicas a céu aberto ou nucleares a céu fechado. Imagine-se o que seria se descobrissem petróleo no Vale da Vilariça ou na Veiga de Chaves!

Descoroçoado, sobretudo, porque nós, os “transmontansos” continuamos a não ser tidos em conta o que só demonstra que não é o nosso bem-estar que preocupa tais machuchos políticos.

 Havemos de concluir, ainda assim, que tudo não passa do usual fogo-de-artifício, foguetes de estalo e de lágrimas que animam as romarias partidárias. Mas que não estão livres de causar incêndios. Cuidado!

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Portugal está em guerra

O Estado Português continua a saque e a economia nacional em roda livre, a mover-se perigosamente sem que o Governo dê aos pedais. A dívida pública que o diga, que não pára de aumentar. Portugal sofre, em surdina, os efeitos duma guerra civil generalizada, subversiva e insidiosa. Não declarada.

 Os inimigos da Pátria, chamemos os bois pelos nomes, não lhe dão tréguas. São políticos, de esquerda ou de direita, banqueiros, grandes empresários ou simples sucateiros. Cuja arma principal é a corrupção embora também façam uso do compadrio, do tráfico de influências e de outros expedientes ilícitos.

Cedo tomaram de assalto os principais bastiões do Estado democrático, os partidos políticos, as grandes agremiações desportivas, as empresas públicas e a própria Assembleia da República, valendo-se das fragilidades do Regime

É uma modalidade de guerra que não coloca forças militares em terra, no mar ou no ar, mas se trava nos gabinetes, em combates ininterruptos conhecidos pelos códigos que lhes são atribuídos, como operação Marquês, operação Face oculta, ou operação Fizz.

Uma guerra de guerrilha que força populações inteiras a abandonar os campos e o interior e a procurar refúgio no litoral e mesmo no estrangeiro.

Uma guerra camuflada de paz social, de estabilidade política, de democracia do faz de conta, em que os soldados da pátria, que é como quem diz da Lei, estão em desvantagem porque manifestamente mal armados, mal equipados e em número insuficiente.

Uma guerra em que invariavelmente são apanhados políticos agachados atrás da moita, a fazer o que facilmente se adivinha e que a comunicação social seraficamente trata como escândalos.

 Já lá vai o tempo em que as portuguesas e os portugueses se escandalizavam quando viam um casal de namorados beijarem-se em público. Presentemente só a democracia que todos os dias é prostituída os parece ofender muito embora, e justamente, a não repudiem, o mesmo não se dizendo dessa guerra traiçoeira de que são as grandes vítimas.

Os portugueses repudiam, sim, quem assalta paióis militares mas também os responsáveis que permitem que os paióis sejam assaltados.

Repudiam os incendiários e igualmente os governantes que durante décadas desleixaram as florestas originando a morte de centenas de infelizes. Repudiam os grandes agiotas que desfalcam bancos e também os governantes que se apressam a salvá-los com o dinheiro dos contribuintes.

 Repudiam a Justiça que não ata nem desata, que é como quem diz não prende nem solta ninguém, e repudiam por igual todos os políticos que a enredam em novelos de insuficiências e contradições.

Os portugueses, cima de tudo, repudiam os governantes que, como diria o imortal Eça de Queiroz, persistem em cobrir com o manto diáfano da democracia do faz de conta a nudez crua e dura da corrupção.

Que importa que o senhor Presidente da República venha agora, a propósito do acto terrorista ocorrido em Alcochete, dizer que não “podemos continuar a fazer de conta, temos de parar para refletir e pôr as instituições a funcionar”, se as suas palavras entram por um ouvido do governo da Geringonça e saem pelo outro?

 Governo que no que toca a reformas fundamentais é completamente cego, surdo, mudo e deficiente. Limita-se ao óbvio, ao mais fácil e que dá votos: esmolar os pobres e presentear os ricos. É por isto tudo que os portugueses de bom senso e boa vontade se devem mobilizar para o combate.

A guerra continua. A vitória não é certa!

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Partidos políticos ou associações de malfeitores?

Todos os portugueses que se prezam continuam a ter razões de peso e de sobra para se indignarem e picarem os maus governantes como quem pica mulas, não devendo limitar-se a dar um ar de sua graça apenas quando são convidados a votar. Só desta forma as coisas poderão mudar para melhor.

Que fique bem claro, porém e desde já, para que não haja lugar a más interpretações: conheço muitos distintos cidadãos e cidadãs e sou amigo preferencial de alguns, que militam em partidos políticos e desempenham cargos públicos com irrepreensível dignidade. E muitos mais haverá do que aqueles que eu conheço e de quem sou amigo. Esta não é a questão, portanto.

O problema reside no regime político que propicia tão graves desmandos e bafeja tantos artistas da corrupção porque confere aos partidos políticos o privilégio de serem apenas eles a governar. Donde resulta que a Democracia Liberal, ou Representativa, tal qual a conhecemos, todos os dias é maltratada pelos próprios partidos que açambarcam, estrangulam e viciam a função política, estando no poder ou na oposição.

Oposição que emudece, por regra, em matérias sensíveis como as que dizem respeito ao escandaloso descaminho do erário público por parte de caciques partidários e seus compinchas. Os partidos não se fiscalizam uns aos outros e antes tacitamente se congraçam e fazem valer como domínios imunes à Justiça.

Esta partidocracia opressiva é a verdadeira causa da imparável hemorragia financeira e moral do Estado, que agrava as desigualdades e abre caminho ao populismo subversivo e à ditadura, porque os partidos políticos trazem no ventre a tentação totalitária, o germe da corrupção e todos os apetites malignos que levam a democracia à ruína.

Partidos políticos que frequentemente dividem dramaticamente a Nação, entram em guerras intestinas, condicionam a Justiça, afugentam os cidadãos, manipulam a vontade dos eleitores, acoitam verdadeiros gangues no seu seio, privilegiam interesses privados em detrimento do interesse público, se alimentam do peculato dos organismos públicos que tutelam, provocam o endividamento incontrolado do Estado e vivem do nepotismo, do clientelismo e do tráfico de influências. E, o que não é menos grave, são incapazes de se unir em torno de projectos nacionais.

 É a vox populi, que assim fala!

É verdade que sem partidos políticos, por mais insignificantes que fossem, não haveria democracia verdadeiramente livre e representativa, o mesmo se dizendo de sindicatos ou de associações culturais, citados apenas como exemplos. Mas também é verdade que, quando como na situação vigente, apenas aos partidos é conferida a prerrogativa de governar, a democracia se transfigura na fraude monumental que se sabe. O mesmo aconteceria se, continuando com os exemplos, apenas os sindicatos pudessem eleger deputados à Assembleia da República.

Não basta, portanto, perante a gravíssima crise moral que o regime politico português atravessa, que uns tantos machuchos partidários (que só não sabem o que não querem), porque sentem o poder absoluto a fugir-lhes da mão em reflexo de casos perdidos na opinião pública, ou porque esgotaram todas as hipóteses de condicionar a Justiça, venham agora, tarde e a más horas, chorar lágrimas de crocodilo e proclamar-se envergonhados. Como também não tem sentido que a oposição, que desde a primeira hora guardou silêncio, só agora, na oportunidade, dê ares de indignação.

Gente desta categoria não sente vergonha, nem entende a dignidade, da mesma forma que o vulgar cidadão, pelo que terá outras inconfessas razões para tão estranho comportamento. Não é de espantar que também corra na opinião pública a ideia de que dinheiros manuseados na operação Marquês poderão ter beneficiado directamente o partido Socialista e que outros partidos, noutras circunstâncias, terão usufruído de dinheiros da mesma espécie. Estará agora a Justiça empenhada em investigar estas hipóteses por amor à democracia? Oxalá que assim seja.

A verdade é que a tudo continuar como está, os casos de corrupção vão continuar a acontecer, encobertos ou às escâncaras. Forçoso é, por isso, que os muitos militantes escorreitos dos actuais partidos se predisponham a refundar o Regime e a Reformar o Estado, abdicando do seu hegemonismo e, entre outras medidas fundamentais, abram o poder a instituições cívicas menos permeáveis à corrupção, designadamente às candidaturas independentes também à Assembleia da República e em pé de igualdade com as candidaturas partidárias.

Há mais e melhor democracia para lá dos partidos. E melhores governantes, também! De que têm medo os cabos partidários?

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

O 25 de Abril ainda não passou à História

Três acontecimentos notáveis balizam a História de Portugal no século passado, dois dos quais são comemorados no mês de Abril: a batalha de La Lys, assim designada porque ocorreu no vale da ribeira de La Lys, na região da Flandres Francesa, no decurso da I Grande Guerra, com trágico fastígio no dia 9 de Abril de 1918 e, 56 anos mais tarde, o golpe de estado militar de 25 de Abril de 1974, que desencadeou a chamada Revolução dos Cravos.
Entrementes, mais precisamente a 18 de Dezembro de 1961, eclodiu outro inglório evento da História de Portugal - a Invasão de Goa, que as forças armadas indianas designaram por Operação Vijay, ou da Libertação de Goa, realizando-a por terra, mar e ar com forças esmagadoramente desproporcionadas, e pondo termo à presença portuguesa de quase 500 anos na chamada costa do Malabar, mais concretamente em Goa, Damão, Diu e outros locais menos conhecidos.
Todavia, é a batalha de La Lys, na qual o exército alemão infligiu uma derrota demolidora às tropas portuguesas que é considerada o maior insucesso militar depois da batalha de Alcácer-Quibir, que ocorreu em 1578.
O golpe militar de 1974 foi o derradeiro acto da vulgarmente designada Guerra Colonial, Guerra do Ultramar ou Guerra de África, que as forças opositoras preferiam chamar de Guerra de Libertação e que encerrou, definitivamente, o império português, o quinto império, o império místico de Pessoa e outros notáveis.
Três acontecimentos militares relevantes, portanto, que tiveram os seus próprios heróis e também, verdade seja dita, muitos mais de quem se costuma dizer que não reza a História.
Tenha-se em conta que “herói” é quem protagoniza ações de extrema coragem e abnegação, sem motivações egoístas, sempre em benefício de outrem e com respeito por princípios morais e éticos, podendo ser-se herói civil ou militar, na paz ou na guerra.
O herói mais celebrado de La Lys é sem dúvida o transmontano soldado Milhões, mas muitos outros houve que, muito embora não sejam assim tão conhecidos, também cometeram actos de insuperável coragem e abnegação, dos quais destaco os flavienses coronel Bento Roma e capitão Ribeiro de Carvalho que, entre outros feitos notáveis, efectuaram raides temerários às linhas inimigas fazendo prisioneiros.
Também na Invasão de Goa se cobriram de glória o comandante Cunha de Aragão que comandava o aviso Afonso de Albuquerque e que foi gravemente ferido, o segundo-tenente Oliveira e Carmo, comandante da Lancha Veja e o alferes Santiago de Carvalho, que morreram em combate.
Quanto ao 25 de Abril propriamente dito, não se poderá em rigor afirmar que teve heróis porquanto os riscos eram insignificantes face às reduzidas forças opositoras, para lá de que as motivações principais dos seus intervenientes foram fundamentalmente de natureza pessoal e corporativa e não patrióticas, na verdadeira acepção da palavra.
Poderá dizer-se, todavia, que o 25 de Abril ainda não passou à História, porquanto nem tudo já está escrito com a necessária isenção, justiça e rigor científico. Os factos estão consumados, é certo, as feridas do corpo saradas mas as mágoas da alma de muitos que no Ultramar viveram ou combateram, ainda não.
Uma coisa é certa, porém: quer em La Lys, quer em Goa ou em 25 de Abril, os militares portugueses foram os bodes expiatórios redentores das más políticas prevalecentes, devendo realçar-se que por três vezes as Forças Armada Portuguesas se assumiram como verdadeiras forças de libertação.
Assim foi em 25 de Abril com o golpe de estado que abriu as portas à democracia, assim foi em 25 de Novembro quando libertaram Portugal da barbárie anarco-comunista e assim foi anteriormente nas derradeiras guerras do Império, quando rasgaram estradas, edificaram escolas e hospitais, dispensaram cuidados médicos, promoveram desenvolvimento e harmonia racial e garantiram a paz em todas as povoações, grandes ou pequenas. Panorama esse que regrediu tragicamente quando a retirada se operou, dando lugar à fome e à miséria generalizadas e a guerras bem mais cruéis e devastadoras.
As Forças Armadas Portuguesas da Guerra do Ultramar foram, sem dúvida, o exército mais humano de que há memória, servido por milhares de heróis brancos, negros e amarelos, que merecem ser justamente glorificados e nunca aviltados. Pessoalmente sinto o maior orgulho em ter integrado as suas fileiras.
São estas Forças Armadas que, lamentavelmente, mais uma vez, os políticos de hoje, civis e militares, persistem em ostracizar, até ao dia em que, de novo, precisem de carne fresca para canhão.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

 

O capital não tem pátria e a corrupção não tem partido

Tudo que de relevante acontece no Brasil é acompanhado em Portugal como se de uma telenovela se tratasse. E não é só porque os meios de comunicação social internacionais, e os portugueses em especial, lhe dão particular importância mas também por um visível fenómeno de afectividade histórica.
Para lá de que o Brasil continua a ser o maior país onde se fala a universal língua de Camões, ainda que desgraçadamente adulterada, e também porque as relações familiares ancestrais entre portugueses e brasileiros continuam a ter forte peso social e económico. E político, naturalmente.
Não é de estranhar, portanto, que os monumentais casos de corrupção que ocorrem no Brasil tenham especial relevância para os portugueses, até porque o Regime reinante em Portugal também se encontra atolado em escândalos que parecem não ter fim.
A prisão de Lula da Silva como corolário de um demorado processo judicial conduzido por alargado número de investigadores e tratado por vários tribunais qualificados, representa um sério aviso, mais um, para todos aqueles que se julgam acima da lei ou se sentem protegidos pelo sistema. E também constitui uma lição exemplar para a classe política portuguesa que continua a menosprezar o papel da Justiça na democracia.
Não é preciso ser-se conhecedor de ciências políticas e jurídicas para justamente se compreender que o Regime político português está mais próximo das pseudodemocracias russa, chinesa e latino-americanas em que a corrupção e o nepotismo são lei, do que das verdadeiras democracias do mundo livre.
Em Portugal os processos judiciais que envolvem rufiões políticos e financeiros são quase sempre inconclusivos ou postergados indefinidamente, enquanto políticos e magistrados do topo da hierarquia fazem discursos eloquentes em actos solenes, por mero exercício intelectual ou evidente hipocrisia política, já que a reforma da Justiça continua a marcar passo e a moralização da vida pública não passa de letra morta. Em matéria de corrupção Portugal e Brasil são, sem dúvida, países irmãos.
O povo português, porém, já não vai em cantigas e sabe muito bem que o capital não tem pátria e a corrupção não tem partido. Por isso exige a todos os governantes indiscriminadamente que não se limitem a bem governar mas que igualmente o façam com honestidade. Santo que seja quando peca deixa de o ser.
Não é de admirar, portanto, que a opinião pública prevalecente em Portugal seja que, na democracia portuguesa, o crime político e a corrupção de Estado continuam impunes e a compensar. É de esperar, por tudo isso, que a actuação corajosa e pertinaz do juiz Sérgio Moro também se repercuta positivamente do lado de cá do Atlântico.
Sobretudo agora que já vai adiantado o processo Marquês, cujas semelhanças com o processo Lava Jato são mais do que evidentes, ainda que a opinião pública não esteja tão dividida em Portugal como no Brasil.
Cá como lá, é de lastimar que governantes destacados quando acossados pela Justiça lancem mão, em desespero de causa, de argumentos e artifícios políticos e populistas à falta de outros melhores. É o caso de Lula da Silva e do seu partido que pretenderam anular a Justiça com uma estrondosa golpada que não teve, até ver, o sucesso esperado mas que, tudo leva a crer, vai prosseguir.
Também o processo Marquês se prefigura como a verdadeira prova de fogo da Justiça portuguesa. Esperemos que em Portugal não haja lugar a golpadas políticas, públicas ou sub-reptícias, e que deixem a Justiça funcionar plenamente sem constrangimentos ideológicos e partidários.

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Um caixão de surpresas

Uma destacada militante do Partido Social Democrata, que também já foi sua líder mor, disse que o seu partido não era nenhum saco de gatos. Lamentavelmente muitos críticos entenderam exactamente o contrário, ou seja, que o PSD seria isso mesmo, sem apelo e com agravo.
Pessoalmente também entendo que não, que é por demais óbvio que não há gatos e muito menos ratos no PSD ou em qualquer partido que se preze. Tal seria um contra-senso, de resto, dado que gatos e ratos não se dão lá muito bem.
Quanto a mim o PSD é, isso sim, uma grande caixa de surpresas. Um caixão, melhor dizendo, tantas, tão grandes e tão surpreendentes elas são e tendo em conta também que o seu destino poderá ser a cova política. Ao fim e ao cabo o PSD é o espelho do Regime.
Já para os presunçosos partidos de esquerda o PSD é uma verdadeira caixa de Pandora, um jarro mais precisamente, dado que esse foi de facto o artefacto oferecido a essa primeira mulher da mitologia grega, no qual todos os males do mundo se acoitavam.
Jarro de vidro ou de barro, não importa, que Passos Coelho entreabriu e agora Rui Rio fragorosamente partiu, libertando inesperados infortúnios e malefícios, sem que se possa imaginar quando e como a tormenta irá terminar. Afinal o diabo de Passos Coelho morava dentro do próprio PSD, somos levados a concluir.
Tudo isto está a ser particularmente triste e frustrante para muitos portugueses, militantes ou simplesmente simpatizantes do PSD que, como agora se constata, depositavam infundadas esperanças em Rui Rio, a quem tinham como um político pragmático, um paladino da ética política e um acérrimo defensor das tão ansiadas reformas do Regime e do Estado e que, por isso mesmo acreditavam que ele iria acordar muitos abstencionistas, com efeitos salutares na deprimida democracia portuguesa.
Foi esta auréola de Rui Rio que se esfumou ruidosamente dando lugar à imagem de um líder titubeante, que dificilmente encontra pessoas credíveis que com ele queiram trabalhar e que ainda não mostrou saber lá muito bem o que quer e muito menos para onde vai.
Rui Rio, até mais ver, por azar ou inabilidade, apenas conseguiu transformar a esperança, que também estava aprisionada no jarro de Pandora do PSD, no pior dos malefícios.  
Porque o mais provável, agora, é mesmo que António Costa alcance a maioria absoluta nas próximas legislativas, que a Geringonça se desconjunte, que o presidente da república fique refém do PS e que o CDS de Assunção Cristas acolha a multidão de desiludidos do PSD, uma vez que Rui Rio não será capaz de fazer o pleno no seu próprio partido.
Contudo, manda o bom senso que se diga que ninguém pode prever com rigor o comportamento do PSD nos próximos tempos e muito menos se António Costa será capaz de corrigir e fazer esquecer os fragorosos fracassos da sua administração, por mais que os ventos económicos continuem de feição.
Em qualquer caso a maioria absoluta do Partido Socialista seria um mal maior que o próprio monstro do Bloco Central, só mesmo comparável à de um governo do PS com o BE. A má memória da governança de José Sócrates, que ainda queima, aí está para o sugerir.
Uma coisa é certa: a democracia portuguesa precisa de ser reformada ou mesmo refundada. Portugal não pode continuar a sofrer eternamente as injúrias sistemáticas de um Regime imoral, por mais legítimo que ele seja.
Bem pode o PSD, portanto, tratar de arranjar uma nova imagem, um novo líder, uma nova direcção e um novo rumo, enquanto é tempo. Para bem de Portugal e da democracia.
 
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

O Regime e seus acólitos

Mal comparadas Lisboa é Roma, não a Roma do império mas a Roma de Berlusconi, e São Bento o Vaticano. E, se assim for entendido, o presidente da república Marcelo será o papa Francisco português que, como é sabido, não é bem quisto por muitos cardeais da cúria republicana embora seja idolatrado pela maioria dos fiéis.
Ainda nesta alegoria, que não pretende ser uma parábola, os partidos pouco mais são que seitas, os líderes partidários bispos e os deputados seus acólitos, coadjuvados por legiões de anjinhos que prometem levar os portugueses para o céu dos pardais, voando graciosamente na atmosfera rarefeita do Regime, lado a lado com os milhafres da desigualdade e da corrupção.
Tudo terá mais sentido se olharmos o Regime sem dó nem piedade, preferencialmente a partir da província de Trás-os-Montes que os políticos persistem em considerar uma colónia pobre e longínqua, habitada por nativos rudes e ignorantes e que ainda não comungam plenamente da religião democrática esotérica de confissão lusitana.
Claro que os transmontanos descrentes duvidam da apregoada infalibilidade dos profetas Costa, Jerónimo e Catarina escaldados que estão com os demiurgos que os antecederam. Para eles Lisboa será mais parecida com Brasília e São Bento com o Olimpo da mitologia grega, morada celeste de deputados vitalícios e de outros que tais e onde muitos dos fiéis militantes partidários sonham, um dia, montar barraca para o resto da vida.
Crentes e não crentes num ponto parecem, todavia, estar de acordo: os deputados da nação, no actual quadro constitucional bem como os autarcas mais categorizados, não passam disso mesmo: de acólitos, que o mesmo é dizer, em linguagem mais terra a terra, de sacristães e sacristãs do Regime que lhes garante prebendas e sinecuras e apenas resmungam ou se revoltam contra os bispos quando sentem ameaçadas as suas mordomias.
Quando tal não acontece, porém, cumprem exemplarmente as tarefas que lhe estão acometidas: tocam o sino, recolhem as esmolas, acendem e apagam velas, servem a água e o vinho, tratam da palamenta e da ferramenta do ofício, batem com a mão no peito, a tudo dizem amém e sobem ao altar para as leituras litúrgicas.
Tanto assim é que apesar das muitas vozes de revolta, profanas e populares, que se fizeram ouvir recentemente, quando o cardeal primaz António Costa veio em visita pastoral à diocese de Bragança abençoar o TGV castelhano e amansar os transmontanos, nenhum acólito do Regime, deputado ou autarca melhor dizendo, ousou erguer-se em defesa da região.
Mais grave ainda: uma semana depois o mesmo cardeal primaz benzia a ferrovia Évora-Elvas que, pelos vistos, pretende ressuscitar o TGV de seu correligionário José Sócrates e que não será mais rentável nem terá maior impacto nacional e regional que uma eventual via Porto-Zamora, cruzando Trás-os-Montes de lés-a-lés.
Mais grave ainda: enquanto que no Alentejo o monumental empreendimento do Alqueva é uma positiva realidade, o velho sonho transmontano de ligar os rios Tuela e Rabaçal num sistema de rega que beneficie a vasta e fértil Terra Quente continua a ser uma quimera que esturrica os campos pelo Estio. Segundo o evangelho do governo da Geringonça meia dúzia de charcas bastarão para que as rãs continuem a coaxar a seu contento. A tudo isto os acólitos do Regime, deputados e autarcas melhor dizendo, dizem nada.
E depois queixam-se que os transmontanos não vão à missa.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.