Henrique Pedro

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Mecenas e mercenários.

Entre nós, sabe-se lá porque perversos sortilégios, os governos, por regra e sem pudor, subordinam-se aos banqueiros em particular, mas não só.
É o poder político que se submete ao poder económico com prejuízo do desenvolvimento coeso e coerente do País, assim se explicando que o interior rural esteja cada vez mais pobre e ermado, quando deveria ser o contrário, como a Constituição preconiza, a bem da Nação e não dos interesses de meia dúzia para quem apenas os negócios chorudos interessam.
Nesta matéria, o actual governo, o da dita geringonça, embora batendo válvulas e chapas, segue na peugada dos governos fórmula 1 do PS, do PSD, e do pendura CDS, que andaram todo tempo a acelerar.
Isto por muito que custe ao senhor Jerónimo de Sousa e à senhora Catarina Martins, demiurgos que insuflaram a alma a esse governo de barro.
Governo geringonça que continua deliberadamente a malbaratar milhares de milhões de euros em bancos falidos, sonegados aos contribuintes, e a usar de especial benevolência para com as empresas dominantes como o fizeram os governos topo de gama atrás citados.
Ninguém tem que se admirar, portanto, com a subserviência de uns tantos governantes a tais empresas e bancos que tem sido matéria de muitos escândalos noticiosos.
Esta dependência viciosa do poder político de duvidosa democraticidade, ficou agora mais patente com a contratação de gestores de elite para a Caixa Geral de Depósitos, pagos que nem nababos sauditas.
Não para fazerem milagres, certamente, mas apenas para gerirem como o faria qualquer merceeiro de praceta em crise: despedir empregados, seduzir nova clientela e aumentar o preço das batatas e das cebolas, que é como quem diz, alargar as alcavalas dos serviços bancários. Seguros de que se a mercearia pública continuar a dar prejuízo, nenhum mal daí advirá porque alguém virá a seguir para fechar a porta. Ou será que os salários faraónicos dos administradores garantem que a empresa dará lucro?
Quer se goste quer não, trata-se de salários obscenos, que não deixariam de o ser mesmo se o Estado estivesse a abarrotar de dinheiro. Que ofendem os milhões de cidadãos que sobrevivem na mais penosa pobreza, que são um atentado à justiça, à liberdade e à igualdade e envergonham a democracia, o socialismo, a social-democracia, a democracia cristã e tudo o mais que se quiser.
Salários que postergam toda e qualquer ideia de serviço público e de justiça social ainda que não dispensem as useiras e vezeiras vaidades, condecorações e comendas no final do mandato.
Grave, sobretudo, é que o primeiro-ministro socialista se esqueça que a política possui uma dimensão ética que em nenhuma circunstância deve ser esmagada pela componente tecnocrática e que os mercenários, os ditos soldados da fortuna, nem sempre ganham guerras.
Que estranha política de esquerda é esta que faz dos contribuintes mecenas de banqueiros e dos banqueiros mercenários do Estado!
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Um Papa civil

São muito raras as personalidades do sistema político português que, como António Guterres, se impõem pela sua humanidade, honradez, espírito de missão e abertura ao diálogo. Qualidades que lhe que advêm, em última análise, da sua marcante matriz cristã.
A sua escolha para secretário-geral da Organização das Nações Unidas, a maior e mais representativa associação humana, é, portanto, um acontecimento excepcional na democracia portuguesa, também porque mereceu o empenhamento nacional unânime.
Acima de tudo, António Guterres, como o próprio reconhece e realça, é um campeão do diálogo. Muito embora o espírito dialogante que sempre o animou não tenha produzido os melhores resultados na governação de Portugal que protagonizou porque na política portuguesa impera a bestialidade e o facciosismo.
Contrariamente, os grandes problemas que a Humanidade enfrenta só poderão ser resolvidos pela cooperação e pelo diálogo e, tudo leva a crer, António Guterres comportar-se-á como um verdadeiro Papa civil a quem se augura, desde já, os maiores sucessos.
António Guterres passa assim a ser o português mais universal dos tempos modernos. Antes dele apenas José Mourinho e Cristiano Ronaldo no futebol e Durão Barroso na política haviam ousado alcançar reconhecimento planetário. António Guterres, porém, vai desempenhar funções da maior amplitude, responsabilidade e influência na vida das nações.
Mas uma questão se levanta no espírito dos portugueses: que ganha Portugal com escolha de António Guterres para tão alto cargo?
Em termos prácticos nada, certamente. A economia portuguesa vai continuar a marcar passo, a dívida pública a aumentar, os indicadores sociais a degradarem-se e a democracia envergonhada enquanto não houver uma consequente reforma do regime político despesista e corrupto que nos asfixia.
O acréscimo de prestígio carreado por Durão Barroso e pelos futebolistas Ronaldo e Mourinho também não teve impactos significativos na vida nacional, por mais que Portugal tenha passado a ser falado pelo mundo fora.
Porém, com António Guterres secretário-geral da ONU, ainda que Portugal não seja obviamente favorecido nas instâncias internacionais, passará a ser olhado com mais respeito. Sobretudo pelos burocratas de Bruxelas e pela sua tutelar chanceler Merkel, que tiveram o topete de designar, in extremis, uma funcionária sua para tentar derrotar a candidatura portuguesa, talvez por lhes doer não terem assento permanente no Conselho de Segurança.
Enfim. Mais uma vez se prova que a História de Portugal não terminou com a queda do Império.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Será que vão fazer de Portugal uma nova Venezuela?

Portugal já é um Brasil em ponto pequeno tendo em conta a corrupção, a aldrabice, a desigualdade e a pobreza. Obra da direita, isto é, do PS, do PSD e do CDS, partidos que foram poder no Portugal democrático.
Acontece que a partir do momento em que António Costa ousou unir a esquerda no imbróglio a que se convencionou chamar geringonça começaram a surgir sinais preocupantes de que Portugal se poderá tornar numa nova Venezuela.
A maior evidência é dada agora por Mariana Mortágua, putativa ministra das Finanças que, mesmo sem ainda ter assento no Conselho de Ministros, já dita a política tributária, ensaiando a pasta que o BE muito provavelmente irá reclamar num eventual próximo governo da geringonça.
Por isso os portugueses estão mais confusos e receosos que nunca. Porque a economia, para a esquerda unida, é um cozido à portuguesa em que se metem nabos, batatas e impostos no caldeirão de São Bento e se distribui o rancho pelos pobrezinhos.
Tudo de acordo com um conceito de igualdade e justiça um tanto primário: passam-se os ricos a pobres e promovem-se os pobres a ricos e tudo fica igual, mas de pantanas, não importando saber o que faz os pobres serem pobres e os ricos serem ricos.
Ora isso não é justiça e muito menos solidariedade e segurança social. Justiça é tratar a todos por igual, sancionar os criminosos e premiar os cumpridores. Há ricos que enriqueceram ilicitamente, sim, mas também os há que geram emprego e desenvolvimento.
Fica-se, portanto, com a ideia de que a esquerda unida está votada a fazer de Portugal uma nova Venezuela, ou uma nova Cuba. Outros modelos não se lhe conhecem, para lá da Coreia do Norte, de formato mitigado, porque, para já, não pensam em bombas atómicas e o BE até defende a extinção das tropas especiais. Embora possa vir a criar a sua própria guarda revolucionária, se o deixarem, para meter os aforradores na cadeia.
Esquerda unida que não tem tido o braço suficientemente lesto e comprido para apanhar aos grandes agiotas nos distantes paraísos fiscais, nem mesmo no próprio palácio de São Bento, mas a quem não escapa o humilde contribuinte.
É com o PS esparramado à esquerda, portanto, que a geringonça tem vindo a derivar para ocidente rumo a Cuba e à Venezuela. Um tanto ao arrepio de Jerónimo de Sousa que vê mais longe, e preferiria, por certo, voar para o extremo oriente, para a Coreia do Norte do senhor Kim Jong-un.
Está visto: lamentavelmente os nossos políticos não sabem como curar Portugal. São aprendizes de feiticeiro que pretendem salvar o paciente com mezinhas de esquerda, ou panaceias de direita, que mais agravam a doença.
Resta-nos a esperança de que mais lúcidos e sensatos governantes surjam enquanto é tempo, ministrem mais adequadas medicinas e coloquem o país em rumos mais saudáveis. Os da Suíça ou da Noruega, por exemplo.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

O que o Povo tem é sede de Justiça

O Presidente da República continua incansável a distribuir simpatia, e ainda bem, porque os portugueses estão carentes de afectos.
Mas os portugueses estão sobretudo sedentos de Justiça porque os políticos não param de os maltratar e não abrem mão dos privilégios imorais que a si próprios atribuíram.
Por isso o Presidente da República também tem distribuído umas boas lambadas a quem bem as merece. A mais sonora de todas deu-a recentemente a governantes, deputados e líderes partidários, na cerimónia de abertura do ano judicial, em que desafiou os operadores judiciários, leia-se magistrados, advogados e funcionários judiciais a acordarem um pacto para a Justiça.
E não se poderá dizer que o Presidente da República isentou os governantes, os deputados e os partidos das responsabilidades que lhe cabem nesta matéria. Passou-lhes sim um atestado público de ausência, incompetência e desleixo porque palram, prometem, mas tudo deixam na mesma se é que não pioram.
Foi ainda mais longe, o Presidente da República, uma semana depois, quando a todos alertou, numa conferência promovida pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses, para aquilo que chamou de “bloco central de interesses” que, segundo ele, tudo faz para que “ nada mude, que fique tudo tão ou mais pantanoso”.
“Bloco central de interesses” que, como é óbvio, tem assento cativo nos governos, na Assembleia da República e nos partidos. É visceral do regime político vigente que, embora se inscreva no sistema dito de democracia liberal, tem duvidosa democraticidade e que por isso urge reformar, antes que o Estado estoure.
Começando, claro está, pela Justiça, já que só com justiça se poderá sanear o pântano promíscuo em que chafurdam os tubarões que sugam o erário público e viciam a democracia.
Não é por acaso, portanto, que aos afectos do Presidente da República os portugueses respondem com afectos redobrados que é uma forma efusiva de reclamar justiça.
De facto só a Justiça pode pôr cobro à corrupção de Estado, aos crimes de colarinho branco, à promiscuidade entre governantes e capitalistas e à canibalização dos serviços públicos. É de salvar o Pais que se trata!
A questão que agora se coloca é saber se haverá suficientes políticos livres, honestos e patriotas, e funcionários públicos e magistrados competentes e dedicados capazes de responder ao apelo do Presidente da República e de meter mãos à obra.
Coincidindo, premeditadamente por certo, com a abertura do ano judicial o juiz, e cidadão, Carlos Alexandre veio a público dar a cara, de forma exemplar, e corajosa. Recebeu o aplauso unânime de quantos respeitam a lei.
É desejável que outros magistrados lhe sigam o exemplo, porque a Justiça deve ser transparente e os portugueses têm o direito conhecer o rosto daqueles que a exercem.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

“Politiquíadas” lusitanas.

Esta crónica não pretende ser cómica, nem ridícula, ainda que possa ser de rir ou de chorar conforme o leitor melhor entender.
Os nossos governantes têm demonstrado a rara competência de sempre qualificarem Portugal nos últimos lugares em tudo que é escala económica, social, cultural, e mesmo desportiva.
Este mérito, porém, não deve ser apenas assacado ao actual primeiro-ministro, já que o fenómeno se arrasta há décadas.
De facto, sempre que os mais credíveis organismos internacionais, sobretudo dentro da União Europeia, elaboram as listas dos países mais pobres e endividados, dos que possuem maior défice ou maior taxa de analfabetismo, etcétera, Portugal surge, por regra, no topo da tabela, em disputa cerrada com países do chamado “terceiro mundo”.
Não é de estranhar, portanto, que o frustrante desempenho dos atletas portugueses nos últimos jogos olímpicos se tenha saldado por uma única medalha, de cobre, quando se almejavam muitas mais, e de oiro, até.
Não são justas, todavia, com as críticas disparatadas que foram feitas aos nossos atletas, por mais significativo que tenha sido o investimento realizado pelo Estado e por mais avantajados que sejam os subsídios atribuídos. O problema não é de agora nem dos atletas. É antigo, estrutural, político e cultural.
Os nossos olímpicos são rapazes e raparigas que se dedicam às modalidades de corpo e alma, que treinam arduamente dia a dia, e que só ganham o privilégio de representar Portugal se cumprirem os “mínimos olímpicos” estabelecidos.
Durante anos a fio o Estado esbanjou dinheiro com os clubes de futebol, que foram sustentados pelos governos e câmaras municipais sem lei nem regra, embora não seja o futebol, por mais adeptos que mobilize aos fins-de-semana, que dá o toque da sanidade, do desportivismo e do talento atlético do nosso povo. Contrariamente as modalidades ditas amadoras têm sobrevivido graças ao talento e à carolice dos seus praticantes.
Sabemos bem que o desporto escolar é um fracasso, e que do desporto universitário em particular nem se fala. Os futebolistas Luís Figo, Cristiano Ronaldo ou mesmo Éder nada dizem da vocação desportiva dos portugueses. Carlos Lopes, Rosa Mota ou Aurora Cunha esses sim são a verdadeira alma do povo.
A mensagem com que o primeiro-ministro felicitou os atletas que actuaram nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro dizendo que “todos subiram ao pódio de Portugal”, não é, portanto, assim tão tola e ridícula quanto se disse.
Deverá ter-se em conta, todavia, que os nossos políticos são atletas de olimpíadas diferentes. Disputam as suas próprias “politiquíadas” que reúnem modalidades bem interessantes e criativas, como sejam assalto a bancos, partir pedra, rachar lenha, tiro aos patos, sacudir a água do capote, ou mugir a vaca dos impostos. O presidente da República, por exemplo, é medalha de oiro no lançamento do “marcelo”, o primeiro-ministro medalha de prata no triplo assalto ao poder e o líder da oposição medalha de cobre em cantigas ao desafio. Já o secretário-geral do PCP sobe ao pódio na modalidade de serrar presunto, a coordenadora do Bloco de Esquerda em “karaoke” e danças de salão e a presidente do CDS em jogos de capoeira.
O leitor melhor fará a sua própria seleção dos políticos mais aptos a subir ao “pódio de Portugal” nas diferentes modalidades
Sendo certo que o povo português é campeão olímpico da paciência e do humor.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Que esquerda é a sua, senhor Costa?

Sempre que um qualquer político, o primeiro-ministro que seja, proclama publicamente a superior bondade da esquerda, ou da direita, por uma qualquer subliminar associação vem-me à memória uma anedota em que um sargento pergunta a um recruta qual é a sua mão direita e este responde que é a do lado do coração.
No caso especialíssimo do actual primeiro-ministro fica-se mesmo com a ideia de que António Costa tem o coração do lado direito, no lado contrário da mão esquerda, portanto, que é tripla e marota, e que o leva a fazer coisas que ele não quer.
Só assim se compreende a política do seu governo no imbróglio gravíssimo que é a Caixa Geral de Depósitos (CGD). Avançou com 19 machuchos (que fartura!), para a administração de um banco falido (mais um), que o Banco Central Europeu (BCE), que não é propriamente de esquerda, reduziu para 15 (haja decoro!).
BCE que igualmente chumbou a acumulação dos cargos de presidente do conselho de administração com o de presidente executivo, (um novo “dono disto tudo” estaria a caminho) e, ainda mais, exigiu experiência bancária a todos os administradores, que é como quem diz, parem de pôr “boys” a brincar com o fogo.
Como se vê as opções do primeiro-ministro António Costa para a CGD são claramente de direita, ainda mais que as do BCE, e seguem a linha tradicionalista de colocar o banco público, que foi criado para promover as classes menos abastadas, ao serviço, ou sob a tutela, dos grandes interesses privados. E o mais estranho é que a sua mão esquerda, a tal que é tripla e marota, esfregou a direita de contentamento.
E mais ainda: foi este governo de esquerda de António Costa que com a sua mãozinha direita sancionou privilégios faraónicos para os novos administradores da CGD, que ficam sem limites para ordenados, carros e cartões de crédito. E que, mesmo em caso de fracasso, não serão, por certo, responsabilizados.
E que estranha esquerda é esta do senhor Costa que cala e comunga, em silêncio comprometido, das obscenas subvenções vitalícias com que se auto presenteou a autista elite política que arruinou esta mal-amada nação?
Que estranha esquerda é esta do senhor Costa que hesita em dotar a Força Aérea dos meios necessários para combate dos incêndios florestais que, malgrado o sacrifico de bombeiros e populares, já alastram a aldeias e cidades e que, ao que se diz, representam chorudos negócios privados? Talvez por isso mesmo o seu combate não seja tão eficaz quanto poderia ser.
Será que o senhor António Costa se propõe fazer agora o que não fez em 2005, quando era Ministro da Administração Interna? Será que vai recuperar as mil e tantas casas de guardas que vigiavam eficientemente as nossas florestas no tempo do ditador Salazar?
O pior de tudo, porém, é que o grande incêndio da crise económica e social continua a arder e a consumir famílias e contribuintes, e os incendiários continuam à solta.
E se a direita não tem vergonha, a esquerda também não. Se assim não fosse não se desculpariam uns com os outros, e vice-versa, os seus discursos seriam mais coerentes e consequentes e as suas práticas mais transparentes.
E talvez Portugal fosse um país melhor, e com melhor democracia.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Porque não mandamos o senhor Schäuble à senhora Merkel?!

Os portugueses acabam de viver, com o entusiasmo do costume, dois notáveis acontecimentos relacionados com a Europa de que fazem parte.

Primeiro foi o Campeonato Europeu de Futebol, que correu de feição à seleção nacional, graças ao inexcedível empenho dos intervenientes lusitanos, pese embora o seu medíocre desempenho.

Valeu, sobretudo, a convicção de dois grandes homens de fé: Fernando Santos, selecionador nacional, e Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, que acreditaram na vitória desde o primeiro dia até á última hora.

Seguiu-se-lhe o Campeonato Europeu das Sanções em que mais uma vez foi determinante a fé laboriosa do Presidente da República que, vestindo a camisola nacional, se portou como um excelente ponta de lança, e também o desempenho, embora titubeante, do defesa central António Costa, que passou a prova a chutar bolas para fora, visivelmente constrangido porque não depositava confiança nos seus parceiros da ala esquerda.

Campeonato em que Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Assunção Cristas passaram o tempo em exercícios de aquecimento na esperança de entrarem em campo.

De salientar ainda que a seleção nacional contou com os préstimos de três excelente pontas de lança estrangeiros a saber: Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, Pierre Moscovici, Comissário para a Economia e Finanças e Federica Mogherini, Alta Representante da UE para Política Externa e Segurança.

Certo é que Portugal acabou por vencer este Campeonato Europeu das Sanções à base de empates e sem vitórias redundantes, à semelhança do Campeonato Europeu de Futebol, porque se esquivou, para já, das controversas sanções, ficando a decisão final adiada para a discussão de orçamento de 2017.

Neste caso a vitória portuguesa acabou por se traduzir numa derrota humilhante, não da seleção francesa mas da seleção alemã capitaneada pela senhora Merkel, na qual alinham os temíveis craques Wolfgang Schäuble, ministro das finanças e Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, um nome de pronúncia e digestão particularmente difíceis.

No Campeonato Europeu das Sanções joga-se uma espécie de futebol rocambolesco, que é praticado em campos elípticos, alcatifados mas enlameados, e em que a bola não é redonda mas vai mudando de forma conforme os pontapés que leva e o som do apito de quem arbitra.

Tanto assim é que, até à última hora, a assistência não sabe se o resultado se traduzirá em sanções, punições, coimas, multas ou coações. Muito menos quem e como traçou o limite da área em que são assinaladas as grandes penalidades por incumprimento do défice. Limite que para já é de 3 %, mas que não resultou de nenhum estudo científico, ao que se diz, e antes se deve a um mero palpite de mesa de café, a que o senhor Wolfgang Schäuble deu o indispensável “agrément” político.

Pior um tanto. Os adeptos portugueses continuam sem perceber porque é Portugal obrigado a jogar o Campeonato Europeu das Sanções, depois de tanta austeridade. Porque é que a economia portuguesa continua sem crescer, a despesa pública não pára de aumentar e o défice não tem maneira de abrandar.

Mais ainda. Porque é que o governo de um país endividado em centenas de milhares de milhões, agora mais se enxovalha por uns míseros milhões e não reclama dos donos da Europa tratamento igual ao dos grandes prevaricadores, ainda que acatando as sanções que lhe coubessem em sorte?

Seria uma forma elegante e digna de mandar o senhor Schäuble à senhora Merkel, que é como quem diz, “àquela parte”, “a baixo de Braga”.

Para lhe dizer que os portugueses sabem o que querem, são capazes de ganhar campeonatos de futebol e de pôr a economia a funcionar, sem favores e sem sanções.

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Terror e Associados, SARL

Esta crónica não faz mal a uma mosca. Também não resolve coisa nenhuma, nem eu pretendo nada disso. Quando muito ficarei contente se ela merecer a consideração de quem a ler.
Se assim for não será uma crónica inútil porque será mais uma voz que se levanta contra a selvajaria insana que varre o mundo e que parece privilegiar a demente e senil Europa, cada dia mais enredada nas suas divisões e contradições.
Pelas piores razões o terror está na ordem do dia. O terror e seus associados, a corrupção, a pedofilia, a droga e demais vícios e misérias, que se constituíram, com escritura notarial em muitos países, numa verdadeira sociedade anónima de responsabilidade limitada.
Uma multinacional gigantesca, com participações nos maiores bancos, cotada nas bolsas do mundo inteiro, e assento nas administrações das indústrias químicas e de armamento, entre outras.
Lícito era supor que depois de duas guerras mundiais que fustigaram o mundo inteiro, e que massacraram a Europa em especial, para lá de outros conflitos terríveis de âmbito local, os grandes senhores da política tivessem ganho juízo e se predispusessem a uma paz e cooperação genuínas.
Mas não. A tentação hegemónica e totalitária está de volta, mais estrondosa, sub-reptícia e cruel do que nunca. É o senhor Putin que pretende restabelecer a URSS. A rainha de Inglaterra que continua a sonhar com o Império Britânico. A senhora Merkel que se bate pela Grande Alemanha. O líder supremo do Irão que aposta no restabelecimento da antiga Pérsia. O senhor Erdogan que tem saudades do Império Otomano. Os chineses que querem comprar e vender o mundo inteiro. Os americanos que não querem perder o domínio do planeta.
Só mesmo os portugueses parecem não se preocupar com coisa nenhuma para lá da conquista de campeonatos de futebol.
Estranhamente, porém, não haverá líder mundial que se preze que não tenha o seu grupo terrorista de estimação.
Particularmente terrível e insidioso é o demoníaco DAESH que impiedosamente ataca o coração da velha Europa, se propõe restaurar o império muçulmano medieval e que, entre outros insuspeitos padrinhos, terá o alto patrocínio da Arábia Saudita, sunita e wahabista.
Os mais influentes líderes europeus, enredados em intrincadas teias económicas e políticas, negligenciaram esta ameaça, e permitiram, ou mesmo apadrinharam, a instalação dos agentes do terror no seio das cidades europeias. Agora dizem-nos, pateticamente, que o terrorismo está para lavar e durar e que temos que aprender a conviver com tal.
Não basta, porém, mobilizar mais polícias e bombardear as hostes do DAESH que continuam a calcorrear o deserto. É necessário, enquanto é tempo, fazer cumprir escrupulosamente e sem excepções, sem olhar a raças ou credos, as tradições e leis em que se alicerça a secular cultura europeia.
Rever e clarear os negócios e alianças entre os países europeus e os patrocinadores do DAESH. Exigir aos países muçulmanos que concedam aos europeus os mesmos direitos e liberdades, designadamente de culto, que é conferido aos muçulmanos nos países europeus.
O massacre sistemático de cidadãos inofensivos e inocentes não pode ser o preço a pagar para garantir boas relações e negócios chorudos com os estados árabes que sustentam o terrorismo.
Já nenhum europeu que se preze compreende que enquanto governos de religião muçulmana excluem e perseguem cristãos, governos laicos europeus favoreçam e privilegiam muçulmanos.
O tempo urge. Os líderes europeus não estão a garantir a segurança dos seus cidadãos. A Europa está ameaçada de morte.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.