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Estrelas da cozinha bragançana

A exposição do Mundo Português realizada no ano de 1940 debaixo da batuta de António Ferro (leia-se a sulfúrica biografia de Orlando Raimundo) foi a exaltação do salazarismo de modo a alardear os «sucessos» do opressivo regime utilizando talentos e criatividades de intelectuais desafectos à Ditadura, não imunes à maestria de Ferro e da sua mulher Fernanda de Castro autora de livros para a infância e adolescentes, bem como incursões na arte poética. A dona Fernanda de Castro manteve largos anos uma tertúlia literária de múltiplas tonalidades e doutrinas ideológicas até às proximidades da sua morte ocorrida em 1994. A também tradutora e amiga de comeres bem cozinhados nasceu em 1900.

A exposição da apoteose a Salazar movimentou todas as áreas artísticas e criativas, por essa razão as artes culinárias integraram o painel principal e por isso mesmo Bragança indicou quais as preciosidades do receituário local e dos restantes concelhos do distrito. Importa mencionar o decisivo papel de António Ferro na criação das Pousadas de Portugal, a primeira na recta do cabo, a hoje fenecida Estalagem do Gado Bravo.

As autoridades de Bragança informaram o Secretariado da Propaganda Nacional das ditas preciosidades culinárias, relativamente à cidade do Braganção, lembraram e elogiaram: alheiras (época própria, de Outubro a Fevereiro) – alheira assada –, almôndegas de lebre (esta receita é originária da Pérsia), arroz de lebre e repolho, bifes de presunto e de vitela com batatas fritas, cabrito assado e guisado com batatas, caldo verde, chouriço de pão com grelos cozidos, cozido transmontano, empada de sardinhas, enguias fritas ou assadas, folar, frango abafado, grelos com bacalhau às tiras e pedaços de ovos cozidos, grelos de couve penca guisados com ovos batidos, leitão assado, lombo de porco assado, migas de bacalhau, pasteis de lebre, perdiz assada e de cebolada, rabas guisadas com ovos, salpicão assado, trutas fritas de escabeche e assadas na grelha, tabafeias, melão da Vilariça e queijo de ovelha. Este magnífico rol de comeres referentes a uma cozinha urbana e rural de gente de posses permite aos chefes e cozinheiros, às Mestras cozinheiras, a uns e a outras conceberem formidáveis recreações seja no respeitante ao escrupuloso respeito pelas receitas tutelares, seja no tocante às configurações modernistas da cozinha contemporânea. A descrição leva-nos a carpir mágoas ante o desaparecimento ou quase apagamento de algumas referências (almôndegas de lebre, trutas dos rios limítrofes, rabas guisadas), também enuncia sem margem para dúvidas a clara distinção entre alheiras, chouriços de pão e tabafeias. Ao longo dos anos através da palavra escrita e falada tenho denunciado de forma veemente a torpeza de postergar as tabafeias dizendo serem a mesma coisa que alheiras. Não são, possuo receitas a provarem as diferenças na sua composição, no entanto, sabichões de pouco estudo prático erguem muros de palavras furadas no intuito de provarem o afã igualitário. Em seu socorro podem invocar rechonchudos querubins, serafins e seráficos anjos, alheiras são alheiras, Tabafeias não são iguais às primeiras.

No que tange à doçaria a lista enumera: bolo doce, amêndoas doces enfeitadas com canela, cavacos, súplicas, doce de melão, pastéis de ovos, bolos de chá e folares.

Se pretendermos fazer um estudo analítico à escolha de 1940 é evidente estarmos ante a vivaz realidade de um reino circular pontuado pela dualidade noves meses de Inverno e três de inferno, cujas assimetrias climatéricas influíam na colheita e caça de matérias-primas, sua conservação e fórmulas de as cozinhar. Bom seria que esta resenha patrimonial desse azo a investigações, estudos e propostas de sua revigoração e divulgação. A estrela bem concedida a Óscar Gonçalves pode servir de luz nesse propósito pois a competição é fervente quanto a água necessária à massa destinada às célebres tabafeias ora esquecidas por obra e graça do descuido e consequente preguiça. Ao meu amigo Alberto Fernandes lanço o pedido: recupera as Tabafeias.

Boas Festas, boas comidas!

 

PS. A condição sazonal das alheiras desfaz a lenda ardilosa de terem sido concebidas pelos judeus no intuito de enganar a Inquisição.

 

Vendavais - Tudo é uma questão de política

Numa época em que deveria prevalecer a sensatez, a paz, o amor e a amizade, eis que nos deparamos com a agressividade, com a loucura, com o fanatismo, com a insensatez e com a guerrilha fortuita.

Um pouco por todo o lado levantaram-se as manifestações, as greves, as ameaças, os tiroteios e as mortes sucedem-se numa injustiça incontida como se o preço da vida fosse comparável ao de uma alface que se adquire no supermercado da esquina. Em Estrasburgo um lunático que ainda acreditava que do outro lado tinha à sua espera uma dúzia de virgens, leite e mel para amaciar as dores da passagem, acabou por matar 4 pessoas e ferir catorze que, num momento de lazer, apreciavam o mercado de Natal da cidade. Acabou morto, pois outra coisa não seria de esperar perante tais atrocidades contra quem nem sequer conhecia e nem era culpado da sua loucura. Nem a época natalícia conseguiu amaciar-lhe a alma terrorista de infiel!

No Reino Unido a moção de censura imposta a Theresa May foi uma dura prova para provar coisa nenhuma, a não ser que ela era e continua a ser contestada como governante devido ao facto de ter engolido sapos enormes. Na verdade, ela que sempre foi contra a saída do Reino Unido da União Europeia, teve que enveredar pelo caminho inverso e defender a saída após um referendo que lhe saiu muito mal. O acordo conseguido não satisfaz os ingleses. Conseguiu ultrapassar a moção de censura, mas não conseguirá sair airosamente de toda a confusão, até porque o Parlamento irá impor-se e acabará por derrubar o governo e exigir novo referendo. E a ser assim, o Reino Unido dificilmente sairá da União Europeia. Isto será bom para os ingleses, para os irlandeses e para os europeus incluindo especialmente, os portugueses. A comunidade portuguesa no Reino Unido é grande e necessita de segurança quer no trabalho, quer nas condições que a União permite e impõe. Promessas leva-as o vento.

Voltando a França deparamos com as manifestações dos coletes amarelos. Nas ruas, acompanhados de violência, as manifestações que deveriam ser pacíficas, transformaram-se em loucuras terríveis e quase numa batalha campal que fez lembrar Maio de 68. Mas o que estavam a fazer os coletes amarelos que não eram amarelos e que se aproveitaram da onda de manifestação? Aproveitaram para incendiar a multidão contra tudo e todos e afirmar uma direita extremista que nada tinha a ver com os verdadeiros coletes amarelos. Há sempre quem se queira aproveitar de alguma coisa que outros fazem. Quem não pode aluga!

No entanto, a onda amarela parece querer espalhar-se por toda a Europa. Os países que estão a atravessar dificuldades económicas e sociais, estão a aceitar a entrada dos coletes amarelos para, dentro desta onda, se espraiarem pelas areias das injustiças e ganharem terrenos firme. Portugal está dentro dos países que querem vestir de amarelo. Haverá aqui alguma incongruência? Então num país onde tudo vai bem, onde a economia está a crescer, onde o Orçamento foi aprovado e traz benefícios para todos, um país que até as agências de rating classificam como estável e a recuperar, será necessário vestir de amarelo e contestar alguma coisa? Será?

Bem, se calhar estamos a esquecer alguns pormenores. De facto, estou a lembrar-me da greve dos estivadores que quase levavam ao fecho da fábrica de Palmela, das demissões no hospital Dª. Estefânia em Lisboa, da greve dos enfermeiros que acabam de adiar 5.000 cirurgias a nível nacional, da greve dos juízes que arrastam os processos sine die pelos tribunais, da greve anunciada pelos professores que não vêem as promessas cumpridas e outras tantas injustiças e falsas promessas deste governo que prepara já as eleições do ano que aí vem. Afinal, parece que será necessário vestirmos um colete amarelo e erguer a voz, pois será a única maneira de nos fazermos ouvir todos. A verdade é que alguma coisa tem de mudar.

É pena que em tempo de paz se faça guerra. Que em tempo de amor se criem inimizades. Que em tempo de entendimento se agrida o próximo. Quando apelamos à justiça e ao bom senso, fazemo-lo com a sinceridade com que queremos o seu cumprimento, nunca com a esperança de enfrentarmos a loucura de um fanatismo absurdo, a irreverência de políticos cegos pela politiquice que os cargos lhes permitem exercer ou pela necessidade que alguns têm de se imiscuírem nas políticas que outros aplicam e julgam como sensatas ou quase. Tudo é uma questão de política!

Em tempo de Natal, devemos esperar felicidade, amor, carinho, saúde e muita paz.

Espero que sejam todos muito felizes. Bom Natal e Boas Festas.

Cuidados Paliativos da ULS Nordeste reforçados com apoio da Fundação La Caixa

A missão desta equipa é prestar apoio emocional e social a doentes com necessidades de cuidados paliativos, a que acresce assistência espiritual complementar, com a colaboração de grupo de voluntariado.

A EAPS da ULS Nordeste, coordenada pela diretora do Departamento de Cuidados Paliativos da ULS Nordeste, Dra. Liseta Gonçalves, atua já, neste momento, em articulação com a Unidade Domiciliária de Cuidados Paliativos da Terra Fria (que abrange os concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Vinhais) e com a Unidade Hospitalar de Cuidados Paliativos de Macedo de Cavaleiros.

Ceia de Natal da equipa da Pressnordeste

Ter, 18/12/2018 - 10:23


Olá familiazinha.

Estamos a uma semana do Natal e há quem já tenha o azeite em casa, como o tio Luís Modinhas, da Paradinha de Outeiro (Bragança), embora alguns estejam ainda à espera da tão desejada geada para varejarem a azeitona. Também já estamos na força das matanças do porco, mas mete-me confusão as pessoas matarem com este tempo tão húmido, apesar de me terem dito que com estas condições climatéricas o que tem de se fazer é um lume maior para que haja mais calor e o fumeiro se cure de igual forma.

Os nossos tristes dias

Ter, 18/12/2018 - 10:18


O acaso, esse imponderável monstro da obscuridade, continua a encher-nos de medo, apesar de toda a ciência e das tecnologias que nos levam a esquecer a fragilidade da nossa condição perante os caprichos de uma natureza cruel, dada a festins mortíferos.