Qua, 10/12/2025 - 15:00
Concelhos do distrito poderão ser afetados por decisão da VASP
Vimioso e Freixo de Espada podem ficar sem acesso a informação, depois da VASP ter admitido rever a distribuição de jornais no interior do país, devido à situação financeira que atravessa.
Após o anúncio de interrupção na distribuição diária de jornais a oito distritos, a partir de dia 2 de janeiro de 2026, muitos autarcas se têm manifestado. Foi o caso do autarca de Vimioso, António Santos, que considera “triste” e “grave” a situação. “Todos os portugueses têm constitucionalmente direito à informação e se não nos chegar a informação escrita, às regiões onde ainda as redes sociais não estão bem exploradas, naturalmente que as pessoas passarão a viver no obscurantismo, que conduzirá ao não saber escolher. E é grave, nomeadamente agora nas eleições presidenciais e noutras que se vão seguir. É grave não sabermos, não podermos nós, as nossas gentes, escolher conscientemente porque a informação que lhes chega”, frisou.
Ainda assim, o autarca quer acreditar que o Governo vai assumir as despesas com a VASP e que os jornais chegarão na mesma à região. “Neste momento o AVA estava a trazer os jornais a Vimoso e a Freixo de forma gratuita. Quero acreditar que esse trabalho vai ser garantido e que o Governo vai continuar a assumir as despesas. Se assim não for, sinceramente, reivindicaremos. Não nos cansaremos de protestar por forma a que os territórios do interior não sejam discriminados”, rematou.
A administração da Vasp informou, na semana passada, que está a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança. Isto porque diz que está a atravessar “uma situação financeira particularmente exigente, resultante da continuada quebra das vendas de imprensa e do aumento significativo dos custos operacionais”.
Recorde-se que, no ano passado, o Governo fez um acordo com a VASP, para lançar um concurso público e garantir a distribuição dos jornais. Mas em fevereiro deste ano, o concurso ainda estava a ser ultimado.
Sindicato dos Jornalistas preocupado
A Direção do Sindicato dos Jornalistas manifestou, em comunicado, preocupação face ao anunciado pela VASP, referindo que “esta decisão não afeta apenas o acesso à informação por parte da população, mas também compromete gravemente a estabilidade e os direitos dos jornalistas que trabalham no setor”, sendo que, “muitos jornalistas, em particular os que cobrem assuntos locais e regionais, dependem da circulação de jornais impressos para sustentar a sua atividade e garantir a continuidade das suas funções de forma independente”. E realça ainda que esta decisão vai afetar a qualidade do jornalismo e colocar os jornalistas em situação “de grande precariedade”, nomeadamente os freelancers.
O sindicato acrescentou ainda que esta decisão vem “agravar” a situação “desigual e deficitária” no acesso à informação, salientando que na constituição, segundo o Artigo Nº 37, todo o cidadão tem direito à informação e, por isso, a interrupção da distribuição de jornais em várias regiões do país “compromete este direito fundamental dos cidadãos”, tornando-se assim “um obstáculo à própria democracia.”
O SJ vai continuar a “monitorizar a situação, intervindo junto de todas as instituições do setor, inclusive endereçando questões ao Governo e ao Presidente da República.
PCP fala de perda de coesão
O Grupo Parlamentar do PCP também pediu esclarecimentos ao Governo. Inicialmente, considerou que a decisão “criaria uma intolerável situação de desigualdade entre territórios e populações no acesso a publicações periódicas, conduziria à privação do direito de informação e aprofundaria seriamente a perda de coesão”. Depois exigiu que o sejam adotadas as decisões que “garantam uma solução que defenda o interesse público e seja capaz de evitar as consequências”.
O PCP quer ter conhecimento dos compromissos que o Governo assumiu para com a VASP, qual é o grau de cumprimento desses compromissos e como o justifica e, ainda, que medidas pretende tomar.
Autarca de Bragança está solidária
A presidente da Câmara Municipal de Bragança está solidária com os concelhos afetados e diz que é obrigação do Governo corrigir esta “injustiça social”. “O que está aqui em causa afeta concelhos vizinhos. Estou absolutamente solidária porque o acesso à informação é um direito de todos e um garante da democracia”.
Jornalista:
Cindy Tomé / Rita Teixeira



