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Talhar o bicho e benzer o coxo

Ter, 05/02/2019 - 10:23


Olá gente boa e amiga. Então como vai a moenga?

Eu cá vou e para não fugir à regra, como dizem os lombardeses, “já apanhei chumbo”. A gripe também se meteu comigo. Por acaso sabem quantos anos são precisos para fazer um dia? São quatro! Pois então, só falta um, porque o próximo Fevereiro terá 29 dias…

Como conservar os alimentos em segurança

No Olho Clínico, deixamos-lhe alguns conselhos importantes de como deve guardar os alimentos de forma segura, evitando toxinfeções alimentares.

Os alimentos cozinhados não devem ser deixados mais de 2 horas à temperatura ambiente, por exemplo em cima da bancada ou do fogão ou dentro do forno ou micro-ondas. Por isso, antes de refrigerar os alimentos cozinhados arrefeça-os rapidamente, colocando por exemplo os recipientes, com pouca quantidade de alimento, em água gelada ou mexendo durante algum tempo.

Nós trasmontanos, sefarditas e marranos - António Pereira (Torre de Moncorvo, 1605 – Coimbra, 1652)

Nasceu em Torre de Moncorvo, pelo ano de 1605, no seio de uma família de mercadores e rendeiros. O pai, Domingos Pereira, era de Chacim e a mãe, Maria Álvares, de Torre de Moncorvo. Esta tinha vários irmãos e outros parentes a morar em Castela. E em Castela também, encomendado na igreja de S. Martinho de Tormes, vivia um tio paterno do nosso biografado, o padre Cristóvão Pereira, facto que não deve estranhar-se, antes era frequente em famílias cristãs-novas de algum prestígio.

Porque os dois reinos ibéricos se encontravam unidos sob o trono dos Filipes e as comunicações eram fáceis, António Pereira contava pouco mais de 15 anos e já se adiantava por terras de Castela a mercadejar, conforme testemunho de Francisco Fernandes, de Miranda do Douro, em 1642:

— Disse que haverá 21 anos, indo com António Pereira (…) de Medina del Campo para Salamanca…(1)

A restauração da independência em 1640 e a guerra que seguiu vieram cortar muitas das rotas comerciais de Trás-os-Montes com Castela. António Pereira, no entanto, era já um homem de cabedal, o que lhe permitia apresentar-se a concursos para arrematação de cobrança de rendas. Assim o encontramos como rendeiro dos “Votos de Braga” em terras de Monforte de Rio Livre nos anos de 1640 a 1646 que arrematou na mesa capitular da sé de Braga por 85 mil réis / ano.(2) E também como rendeiro da comenda de Santa Maria, de Bornes, da Ordem de Cristo, arrematada por 380 mil réis /ano e das rendas que a condessa de Faro tinha em Morais, atual termo de Macedo de Cavaleiros.

Pelo S. João de 1641, a inquisição lançou uma operação de limpeza da heresia judaica em Torre de Moncorvo, operação que, ao longo de uma década, levaria para as cadeias mais de 40 pessoas e destruiria a poderosa “nação hebreia” da vila. Os primeiros a ser presos foram os seus vizinhos Manuel Henriques Pereira, a mulher e a sogra, possivelmente a gente mais endinheirada de entre os da “nação”. Coincidiram tais prisões com a ida de António Pereira para Morais, a cobrar as rendas que ali tinha. Os esbirros da inquisição logo disseram que ele ia fugir para Castela e, passando pela vila de Castro Vicente, o capitão-mor do concelho, Manuel de Aragão, aprendeu-lhe as cavalgaduras, para impedir a suposta fuga. A propósito, veja-se a denúncia feita pelo familiar do santo ofício Francisco Gouveia Pinto, o homem que conduziu António Pereira para a inquisição de Coimbra:

— Disse que, fazendo-se prisões em Sambade e Chacim, o dito António Pereira e sua mulher, vendo que algumas pessoas de Sambade e Chacim suas parentes que vinham presas, ausentaram-se da Torre de Moncorvo para Castela junto a Lagoa de Morais e aí as justiças os embaraçaram…

Interessante a resposta dada pelo réu aos inquisidores que o confrontaram:

— Disse que no tempo que se fizeram algumas prisões em Moncorvo, que segundo sua lembrança foi entre o dia de S. João e o de S. Pedro do ano de 1641, junto às casas dele réu, que ficavam em meio das casas das pessoas que se prenderam, e as casas deles ficavam desertas, e por assim estarem desertas, ele réu se não quis sair delas e sempre no dito tempo nelas assistiu, assim por guarda de sua fazenda como também de sua honra; sendo assim que tinha forçosa necessidade de ir, no dito tempo, a Morais, termo de Bragança, acudir às coisas necessárias à renda que tinha…

As casas ficavam desertas… Sim, o processo de António Pereira é muito interessante a este respeito. Pelas informações nele contidas, podemos povoar a Rua dos Sapateiros que era essencialmente ocupada por gente da nação. O licenciado João Góis era um dos raros cristãos-velhos moradores na Rua e sempre atento ao movimento da mesma. Ele e a ama de seus filhos, Úrsula da Silva, que lhe clamou a atenção para a festa que os cristãos-novos faziam, (celebrando o Kipur?) em casa de Gaspar Cardoso, onde muitos se juntaram e “na véspera antecedente mandaram da dita casa presentes como farinha em alqueires, cestas com grãos, peixe frito e cru, cestas com ovos e azeite a muitas pessoas pobres da nação, somente”.

Tudo isso foi João Góis contar ao vigário-geral da comarca, comissário da inquisição, Paulo Castelino de Freitas, acrescentando:

— Reparando ele na festa que a dita ama lhe tinha dito, pelo tempo que foi seria 1639, 7 de outubro, sentiu que se varriam algumas casas da gente da nação e suspeitou ser a dita festa, porquanto viu levar a casa de Maria da Silva, meia cristã-nova, mulher de Domingos Fernandes de Miranda, cristão-novo inteiro, louça, tachos e candeeiros em canastras a lavar-se para terem naquele tempo serviço da casa limpo. E uma mulher a quem chamam Andali, levava a lavar de casas de Manuel Nunes também o mesmo serviço. E no mesmo dia viu varrer a mulher de António Rodrigues Pinto a casa em que vive, defronte dele testemunha e a vira de tarde enfeitada de cara e cabeça com um mantéu de cochinilha que antes não costumava trazer (…) E logo ele testemunha saiu de sua casa e vindo rua arriba de S. Bartolomeu até à praça vira a loja do dito António Rodrigues varrida, da casa de cima, vira também varridas de fresco as lojas de umas moças cristãs-novas filhas da Gança e o portal da casa de Manuel Nunes e das filhas de Duarte Rodrigues, cristão-novo e da dita Maria da Silva. E também estava varrida a porta de António Pereira, o moço, e a de Francisca Vaz e de sua filha Filipa Henriques, todos cristãos-novos.

Logicamente que António Pereira se defendeu desta acusação dizendo que João Góis era seu inimigo e até tinha batido em um seu filho. Da sua argumentação depreende-se que entre eles existia alguma rivalidade política. Vejam:

— Sendo dado em confiança a ele réu, estando o dito licenciado na cadeia, para sair para ver umas festas de que era administrador, ele réu o fez tornar ao depois para a cadeia e sobre isso tiveram muitas dúvidas…

Porém, o seu maior inimigo era o familiar da inquisição Francisco Gouveia Pinto, que, em tempos, servindo no cargo de alcaide, lhe tomou um macho para, em jeito de requisição, para ir a Lisboa, muito embora António Pereira argumentasse que os cristãos-novos de Moncorvo tinham uma sentença do desembargo do Paço impedindo que lhe tomassem as bestas, recorrendo de tal prepotência para a Relação do Porto. E acrescentou a contradita seguinte sobre o mesmo familiar do santo ofício, a quem puseram a alcunha de “perna calaceira”:

— É homem de má consciência e se diz publicamente que andou publicamente induzindo testemunhas para jurarem contra ele, para efeito de lhe tomar culpa e o fazer prender; e que o mesmo é homem pobre, sem fazenda nem ofício e se sustenta do alheio, que pede e alcança por indústrias de que usa.

Impossível analisar o processo de António Pereira no curto espaço de um artigo de jornal. Diremos que ele foi preso em 21.11.1647 e saiu queimado na fogueira do auto-da-fé celebrado em 14.4.1652.

Nessa altura já a Rua dos Sapateiros estaria completamente despovoada da “gente da nação” a crer na informação que em 21 de fevereiro desse ano mandava para a inquisição de Coimbra o comissário Pedro Saraiva de Vasconcelos:

— Os cristãos-novos desta vila se fugiram todos para Castela e só ficaram 3 casas que também farão o mesmo, porém dizem que alguns estão escondidos em Vila Flor, que é a sua cidade de refúgio, com intenção de passarem a Castela.

 

Notas:

1 - Inq. Coimbra, pº 8786, de António Pereira.

2 - Quando o prenderam, tinha ele em uma tulha na aldeia de Tinhela 300 alqueires de centeio, de rendas recebidas, e deviam-lhe mais de 1096 alqueires assim distribuídos pelas terras de Monforte Rio Livre: na Aguieira, 180 alqueires; em Tinhela, 126; Oucidres, 130; Bobadela, 80; Vilar Seco, 44; Bouçoães, 116; Vilartão, 80; Tronco, 160; Águas Frias, 80; “no lugar de Monforte ainda lhe devem o que se costuma pagar”.

Faça um detox do guarda roupa

Estamos ainda em época de definição das resoluções do ano novo, que quase todos acabamos por fazer, (novos hábitos, novas conquistas, melhores e mais saudáveis estilos de vida, são estes os mais comuns). Mas antes de pensarmos em colocá-los em prática, talvez o ideal seja fazer um “detox” (alimentar, digital, pessoas e relações que nos intoxicam, entre outros…) para eliminar todas as toxinas, tudo o que nos prejudica.

E eu acrescento a esta lista um “detox” do guarda roupa que no inicio do ano é também ideal (e até mesmo recomendável!...), uma vez que ao longo do ano vamos acumulando roupas, no Natal recebemos, com muita frequência mais roupas, agora estamos em época de saldos e a tendência é comprarmos mais roupas, muito mais do que precisamos, “atafulhando” completamente o guarda roupa!

A acrescentar a tudo isto, temos uma relação com a nossa roupa que é muitas vezes emocional. Guardamos tudo o que compramos por mil e um motivos. “Talvez possa voltar a usar, a moda é cíclica!” ou “vou perder os quilos que me separam daqueles jeans tamanho 34”, ou “quando for de carro para o trabalho posso usar aqueles sapatos de salto alto arrumados na caixa há imenso tempo”, são alguns dos argumentos que nos fazem “acumular” roupas, sapatos, carteiras…

Contudo, já deve ter passado pela situação desesperante de procurar um look no guarda roupa lotado, e não encontrar nada que goste, ou por vezes uma peça que procure (lembrou-se daquela saia verde que já não veste há tempos...) e não consegue encontrá-la! Isto pode ser o sinal evidente de que precisa de fazer um “detox” ao seu guarda roupa. Assim como o nosso organismo, os cabides e gavetas também funcionam mal quando estão cheios de toxinas, neste caso, de peças sem serem usadas.

A ideia do “detox” do guarda roupa é que reavalie toda a sua roupa e perceba o que pode ou não fazer sentido manter. Tudo que está no armário deve servir: se a peça não lhe serve no presente, quer seja por causa do tamanho ou por um “lifestyle” diferente, livre-se dela. Em geral, se a peça não foi usada há mais de dezoito meses, ela deverá ser descartada. De facto, deve sentir-se sempre fantástica com todas as peças que veste pela manhã. E ainda é essencial que o seu guarda-roupa seja adequado ao seu tipo de vida e corpo actual. Organize as peças por grupos: de tempos a tempos, preferivelmente nas mudanças de estação, tire todas as roupas do armário e organize-as em grupos e por cores: camisas com camisas, calças com calças e assim sucessivamente com todas as roupas, o que ajuda a ver o que está a mais e a organizar melhor. Com tudo separado, faça novas pilhas (uma para o que fica, outra para o que é eliminado, outra para doação ou venda). Aproveite para fazer uma mudança no guarda roupa, mais adequado à sua imagem e ao seu momento de vida.

No final sentir-se-á mais leve, com um guarda-roupa mais prático e versátil. Conseguirá facilmente escolher os looks diários, poupará dinheiro em compras desnecessárias e a auto estima ficará francamente melhorada.

 

* Consultora de Imagem

 

Fonte de Imagens:

Pinterest

O homem mais rico do mundo (e o português mais poderoso de então)

No ano em que passam 150 anos sobre o nascimento de Calouste Sarkis Gulbenkian (29 de março de 1869) a Fundação que tem o seu nome, no âmbito das respetivas comemorações, promoveu uma biografia do filantropo arménio, elaborada por Jonathan Conlin. O autor da obra dedicou os últimos anos a investigar a vida do homem que ficou conhecido como o “senhor cinco por cento” por ser essa a margem que cobrava na intermediação dos muitos e volumosos negócios que protagonizou no mercado petrolífero.

O livro foi financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian tendo, contudo, assegurado a mais completa liberdade ao historiador americano (com passaporte inglês e irlandês assemelhando-se ao seu biografado que tinha, igualmente, várias nacionalidades), como teve oportunidade de vincar a Presidente da Fundação, no lançamento da obra, no passado dia 24 de janeiro. Na presença do Presidente da República, Isabel Mota realçou as principais características da instituição que lidera, a filantropia e a promoção das artes, da ciência e da cultura, num espaço de liberdade cumprindo assim o desejo do fundador.

Descrito como um arquiteto de negócios, brilhante, corajoso e pragmático (“Ainda que toda a Constantinopla se mobilizasse contra mim, a minha reputação nada sofreria, pois não é na Turquia que estou empenhado em brilhar” terá afirmado), o homem que gostava de gatos, paisagens, flores e de olhar as estrelas, deixou parte da fortuna que fez com o petróleo a Portugal, numa fundação que, explicitamente, determinou que fosse internacional e perpétua e que pelo seu legado, mas também pela ação impar do seu primeiro presidente, foi essencialmente portuguesa e, sobretudo, generosa e reconhecida para com quem com ela colabora ou serve. A José de Azeredo Perdigão devemos esta instituição que revolucionou o nosso país nos pretéritos sessenta anos. Foi incansável e muito bem sucedida, a atuação do advogado português do senhor Gulbenkian na disputa que travou com o seu congénere anglicano Lord Radcliffe.

Para este sucesso terá contribuído, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o apoio firme das autoridades de então. O Presidente da República, que adiou a sua partida para o Panamá propositadamente para estar presente na Avenida de Berna, surpreendeu tudo e todos ao imitar o homenageado que, segundo se dizia, enquanto os outros alinhavam ordeiramente na linha de partida, Gulbenkian ia direto para a meta. Assim foi o Professor, que quis partilhar com a assistência a interrogação “e se…”, entre outros cenários, se porventura Salazar pensasse ou agisse de outra forma? Poderá haver quem se questione o que pensaria o ditador da forma como era construída a maior Fundação portuguesa, mas não ele que revelou ter em seu poder vários documentos, “vindos diretamente do interior do antigo regime” que expressam e testemunham o pensamento e a vontade do todos poderoso António de Oliveira Salazar sobre o legado do homem mais rico do mundo de então.

Trás-os-Montes fora do Plano e do Mapa

Importa saber o que é que os políticos pensam de Trás-os-Montes para se compreender o desprezo a que votam esta região ancestral que muito embora não tenha petróleo nem praias, nem seja viveiro de votos, tem muito mais que isso.

Regra geral todos eles parecem ter chouriças no lugar das circunvoluções cerebrais pois estão convencidos de que nada mais se aproveita em Trás-os-Montes para lá do fumeiro, em particular da alheira de Mirandela, do presunto fumado de Montalegre ou o do salpicão de Vinhais.

A direita mais azeiteira valoriza, naturalmente, o azeite da Terra Quente com que se tempera o bacalhau muito embora este não seja, até ver, pescado nos rios transmontanos. Digo até ver porque é certo e sabido que os chineses, que já são donos de grande parte do território desde que compraram as barragens ao preço da uva mijona, mais dia, menos dia acabarão por montar viveiros do “fiel amigo” nas albufeiras de Miranda ou de Picote. Vislumbro aqui uma réstia de esperança, perdão, de alhos, queria eu dizer.

Já a esquerda democrática mais matarruana entende que o folar de Valpaços e os pastéis de Chaves, regados com vinhos de Murça e de Favaios, geram maiores ganhos eleitorais em festas e romarias, pelo que devem ser estes produtos privilegiados.

Quanto à esquerda pseudodemocrática, a tal que apenas respeita a democracia quando e enquanto lhe convier, agastada com o carácter positivamente reacionário dos transmontanos, cedo se desapegou de Trás-os-Montes, sobretudo desde que deixou de haver searas a ondular ao vento e ceifeiras a cantar.

Finalmente, para os deputados e autarcas locais Trás-os-Montes não passa duma coutada na qual caçam votos com fidelidade canina, (sem ofensa já que tenho o maior afecto e respeito pelos meus cães), a mando dos donos que lhes assobiam desde Lisboa.

Vem isto a propósito da notícia de que Trás-os-Montes ficou fora do Plano Nacional de Investimento 2030. Quer dizer: até 2030 os transmontanos vão continuar a espreitar o futuro por um canudo. Melhor dizendo: o povo transmontano, ordeiro e pacato, está condenado a cavar hortas e a pastar sonhos e carneiros durante mais uma longa e obscura década.

Surpreendentemente foram os autarcas da Comunidade Intermunicipal de Trás-os-Montes que levantaram a lebre. Honra lhes seja feita.

Congraçaram-se, tiraram fotografias, expressaram o seu descontentamento politicamente correcto mas, não tarda, voltarão a vestir os pijaminhas laranja e cor-de-rosa e continuar a dormir à sombra das frutuosas árvores partidárias. Melhor fora que tivessem ficado quietos e calados.

Entretanto o primeiro-ministro, com o cinismo que é público, declarava no acto de assinatura da empreitada para a requalificação do IP3 que o “país não se pode lembrar do Interior apenas no Verão, quando há incêndios”. É preciso ter lata!

E diz ele que anda obcecado com Portugal do qual, como se vê, arredou definitivamente Trás-os-Montes, que nem Interior considera sequer, porque ele mesmo o tirou do plano e do mapa.

Será que o move um sentimento de racismo para com os transmontanos!?

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.