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Suspensão das visitas hospitalares

Informamos que as visitas a doentes nas Unidades Hospitalares de Bragança, de Macedo de Cavaleiros e de Mirandela estão temporariamente suspensas, por indicação do Ministério da Saúde.

Apelamos à compreensão de todos perante esta medida preventiva, no âmbito do plano de contenção da infecção pelo novo coronavírus COVID-19, que visa garantir a proteção dos doentes que se encontram internados.

Procuraremos minimizar o impacto desta medida preventiva numa ótica de salvaguarda do bem-estar dos nossos doentes e dos seus familiares.

 

ULS, 07 de março de 2020.

A vida inteira por uma filha

Ter, 10/03/2020 - 10:54


Olá gente boa e amiga!

Estamos no primeiro terço do mês de Março, em que se comemorou, no dia 8, o Dia Internacional da Mulher. Pegando nesta efeméride, fomos conhecer a tia Celeste que tem uma história de vida muito atribulada, como mulher e como mãe.

Os programas de rádio dos último dias têm sido bastante participados, com muitas homenagens à mulher.

Nós, transmontanos

Há anos, no decurso de uma missão de trabalho na ilha de Moçambique, impressionaram-me as serenas e ao mesmo tempo vistosas pinturas a branco, de enorme pureza, dos rostos das mulheres levadas a cabo em dias determinados e a propósito de acontecimentos singulares no quadro do calendário das efemérides da comunidade. A qualidade das pinturas mostravam aquilo que deviam exibir, ocultavam o que havia a ocultar no exercício da revelação aos iniciados, de a saliência pictórica postergar o referido culto ocultado.

Não prossigo neste registo, trouxe o exemplo do visto e perscrutado na ilha cantada por Camões e Rui Knopfli poeta substancioso que ainda conheci, porque nós os transmontanos quando um de nós salta na corda bamba e se estatela tendemos a, das duas uma: ou soltamos imprecações contra o desastrado potriqueiro, o qual coloca em causa a destreza cerebral de todos nós – os transmontanos – transformando-nos em alvos de chacota, ou então conseguimos esgrimir argumentos de comiseração ronceira, hipócrita, deslavada de emoção. As duas opções corporizam a não assumpção da crueza da célebre frase de Eça: «debaixo do manto diáfano da fantasia a forte nudez da verdade». No meu modesto entender os sonoros casos ocorridos envolvendo transmontanos acusados e dois condenados por incumprimento de normas de boa cidadania e leis em uso devem ser apreciadas e peneiradas como imperfeições próprias da condição humanas sem fugir ao julgamento dos decisores, os juízes. O problema adquire a classificação de nó-górdio quando os acusados de graves desmandos são juízes.

Nós não podemos ter receio de emitir opinião acerca daquilo que nos causa desconforto, que nos obriga a guardar de Conrado prudente silêncio, que macula a nossa condição de transmontanos, para o bem e para o mal, se me permitem a incursão lembro o livro, explosiva obra, «Para Além do Bem e do Mal» útil desfibrador das íntimas razões que levam à prática de acções merecedoras de censura.

Todos conhecemos o valor dos valores numa sociedade de farândola envernizada. Todos conhecemos exemplos de nem tudo o que reluz é ouro, lemos opiniões a solicitarem o regresso dos carrascos, no entanto, conseguimos ver o argueiro na vista do vizinho e não ver o cavaleiro na nossa. Declarado inimigo que sou de estultos moralismos, amigo do meu amigo esteja ou não isento de profanação dos normativos em vigor, prefiro a crítica aberta, incisiva, até rompedora de relações sociais (não de amizade), ao fingimento de nada ter acontecido. Nós, os transmontanos também pisamos terrenos movediços, até ousamos atravessar lameiros ao volante de carros desportivos italianos ou não, possuímos qualidades mas não podemos esquecer o cerne dominante no monumental romance de Musil, «O Homem Sem Qualidades» numa Áustria culta, sofisticada, Pátria de génios governada por um Imperador teimoso, incapaz de perceber os sinais dos tempos. E, por cá? Por cá a sucessão de episódios a enodoarem as elites (políticas, económicas, jornalísticas, militares e judiciais) não augura nada de benéfico para os menos capazes, humilhados e ofendidos. O tempo, esse grande sage, fazedor e escultor, no juízo de Yourcenar, o irá dizer. Quando? Os apressados consultem os oráculos. O de Delfos não, desolado vê e assiste ao drama dos migrantes.

Fiscalidade - A declaração modelo 3 automática

O IRS automático traduz-se na declaração de rendimentos modelo 3 preenchida pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) com base nos rendimentos e despesas que lhe são comunicados.

A declaração automática de IRS pode ser entregue pelos contribuintes com rendimentos da categoria A (rendimentos do trabalho por conta de outrem), da categoria H (rendimentos de pensões, com exclusão dos rendimentos de pensões de alimentos), pelos contribuintes com aplicações em planos poupança-reforma (PPR) e pelos que recebem rendimentos tributados a taxas liberatórias, que não optem pelo englobamento.

Acresce ainda o facto de os contribuintes:

– Terem que ter residência fiscal em Portugal, durante todo o ano, sem rendimentos obtidos no estrangeiro;

– Não terem recebido rendimentos de gratificações não disponibilizadas pela entidade patronal;

– Não tenham tido benefícios fiscais (com exceção de benefícios relacionados com PPR e com donativos nos termos do mecenato);

– Não detenham o estatuto de residentes não habituais;

– Não tenham feito pagamento de pensões de alimentos;

– Não tenham deduções relativas a ascendentes;

– E não tenham acréscimos ao rendimento por incumprimento de condições relativas a benefícios fiscais.

Mas as restrições não ficam por aqui. Os contribuintes não podem ter dívidas tributárias nem em sede de Segurança Social no último dia do ano a que respeita a declaração modelo 3.

Na prática, os contribuintes dispõem de uma declaração de rendimentos provisória, preenchida pela AT, em que os dados disponibilizados devem ser confirmados, desde os dados pessoais do contribuinte, aos dados dos rendimentos e retenções na fonte.

Estando todos os dados corretos, o contribuinte confirma a declaração provisória que, deste modo, passa a definitiva. Quando verificado algum erro na informação que consta da declaração provisória, esta não deve ser aceite pelo contribuinte, tendo, nestes casos, que ser enviada uma declaração modelo 3 nos termos gerais.

É de salientar que um sujeito passivo de IRS que reúna as condições para entrega da declaração automática, nada faça até final do prazo legal de entrega da modelo 3 (30 de junho), a declaração provisória passa a definitiva, ficando, automaticamente, cumprida a obrigação declarativa.

Verificando-se esta situação, quando se trate de contribuintes casados ou unidos de facto, é considerado como regime de tributação, o regime-regra, ou seja, o regime de tributação separada.

Findo o prazo para entrega da declaração modelo 3 à Autoridade Tributária, ficam disponíveis na página pessoal do contribuinte, no Portal das Finanças, os dados sobre os quais foi efetuado o cálculo do imposto.

Nos casos de não confirmação da declaração provisória, e esta se torne definitiva, se o contribuinte pretender efetuar correções à informação que consta na declaração automática, pode entregar uma declaração de substituição modelo 3, sem qualquer penalidade, nos 30 dias seguintes à liquidação.

Devem os sujeitos passivos de IRS ter em conta que todas as obrigações atrás descritas, relativas ao IRS automático ou do envio da declaração modelo 3 nos trâmites normais, apenas se aplicam aos contribuintes que recebam rendimentos da categoria A ou de pensões de valor superior a 8 500 euros, que não tenham sido sujeitos a retenção e/ou rendimentos sujeitos a taxas liberatórias, no caso da não opção pelo englobamento.

 

Artigo redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.

 

Catarina Esgaio

Consultora da Ordem dos Contabilistas Certificados

comunicacao@occ.pt

 

Programa de Revitalização do Interior - Uma oportunidade perdida e uma desilusão

A  iniciativa “Governo mais próximo”, lançada recentemente em Bragança, teve passagem por alguns concelhos do distrito e contou com a presença do primeiro-ministro, de vários ministros e secretários de estado. A agenda teve como ponto alto uma reunião descentralizada do Conselho de Ministros, com o objectivo principal de aprovar o Programa de Revitalização do Interior.

Foi a primeira vez que um governo do Partido Socialista realizou uma reunião descentralizada do Conselho de Ministros em Bragança. Porém, convém lembrar que já antes, em Novembro de 2004, o Governo do Partido Social Democrata chefiado por Pedro Santana Lopes, também realizou em Bragança uma reunião descentralizada do conselho de Ministros, na qual foi aprovado o concurso público internacional de construção da auto-estrada transmontana. Tratou-se, sem dúvida, de uma decisão histórica e estruturante para toda a região.

A proximidade entre os governantes e os cidadãos é sempre de enaltecer e representa uma lufada de ar fresco, tanto mais que não tem sido uma prática habitual por parte dos nossos políticos. Neste particular, a iniciativa “Governo mais próximo” foi afirmativa e merece uma palavra de elogio.

Já quanto ao seu desenvolvimento temporal e ao mérito das medidas agora anunciadas pelo governo, dadas as grandes expectativas que foram criadas à sua volta, devo confessar a minha enorme frustração e desilusão. 

Por um lado este périplo do Governo, que irá percorrer brevemente todo o interior do país, dá uma certa ideia de que o seu foco está mais virado para as próximas eleições autárquicas do que propriamente para a resolução dos problemas concretos do país real. Por outro lado, estas medidas preconizadas para a revitalização do interior, não dão as respostas de que a região carece como de pão para a boca.

Na verdade, aquilo que a região precisa do governo são iniciativas de rasgo, género golpe de asa, daquelas que contribuem para a mudança do curso da história. Acontece que não se vislumbra neste plano uma única medida que seja verdadeiramente estruturante e eficaz no combate às assimetrias regionais e à promoção da coesão territorial e social.

Paradoxalmente, aplicados que foram já quatro Quadros Comunitários de Apoio e prestes a concluir-se o quinto, e depois de criados diversos programas de desenvolvimento do interior, o nosso rendimento per capita está a divergir ainda mais da média nacional. Como é habitual no nosso país, ninguém é responsável por este rotundo falhanço na execução dos fundos comunitários e também aqui, a culpa vai morrer solteira.

Este momento seria uma excelente oportunidade para o governo dar a mão à palmatória, corrigindo a injustiça da omissão no “Programa Nacional de Investimentos 20030” das ligações rodoviárias de Bragança a Vinhais, a Vimioso e à Puebla de Sanábria, ou ainda a conclusão do IP-2 e a transformação do Aeródromo Municipal em Aeroporto Regional. 

De notar que aquelas infra-estruturas integram o PEDI – Terras de Trás-os-Montes 2014-2020” no eixo denominado ”Potenciação e reforço dos meios de comunicação e acessibilidades”. Acrescente-se que se trata de obras há muito reivindicadas e que reúnem o consenso de diversas entidades da região: autarquias, estabelecimentos de ensino, associações, empresários e sociedade civil em geral.

E já agora, o que dizer dos pequenos paliativos anunciados em matéria de defesa da agricultura, que não dão qualquer resposta ao défice social do nosso mundo rural, provocado pelo seu contínuo despovoamento, envelhecimento e pela redução da mão-de-obra no sector primário?

Não foi por acaso, segundo dados da Pordata, que a região de Trás-os-Montes e Alto Douro entre 1981 e 2017 passou de 547 mil habitantes para apenas 388 mil, perdendo, em apenas 36 anos, cerca de 160 mil pessoas, em grande parte resultado do êxodo rural.

Neste âmbito, regista-se outra oportunidade perdida no que se refere à importância da revitalização do Cachão e à recuperação do plano do Eng.º Camilo de Mendonça para Trás-os-Montes, o qual incluía já naquela época a extensão do regadio a uma vastíssima área, com a construção de 130 barragens de terra ou ainda a navegabilidade do rio Tua.

Pois bem, mais de meio século depois do surgimento do Complexo Agro-industrial do Cachão, o qual tinha o propósito de valorizar e desenvolver de forma integrada e harmoniosa toda a província transmontana, estranhamente, o plano de mobilidade do Tua e os diversos projectos de regadio previstos para a região continuam a aguardar luz verde do governo.

Estará assim a região condenada à partida ao insucesso, como se de uma fatalidade se tratasse, resultado desta incapacidade dos nossos governantes? A resposta só pode ser não. É verdade que o futuro da região também está nas nossas mãos, mas depende muito mais da adopção por parte do governo central de políticas públicas inteligentes e amigas do interior. Por exemplo, a transformação do Instituto Politécnico de Bragança em Universidade, a reorganização e a capacitação da Unidade Local de Saúde do Nordeste, dotando-a das mesmas valências de um Hospital Central ou ainda a atribuição de um estatuto administrativo igual ao dos Açores e da Madeira.

É por estas e por outras que os transmontanos estão cada vez mais fartos de promessas e de ser enganados pelos sucessivos governos.

O povo diz e com razão que “enxoval que não vai com a noiva, tarde ou nunca aparece”.

 

Eduardo Malhão

Membro da Assembleia Municipal de Bragança

Somos todos velhos e doentes

Bons dias, meus caros. Aqui vamos nas sete semanas de quarentena com ordem para continuar. Nó górdio absoluto para ver se o dito deixa de fazer estragos. As escolas e grande parte dos serviços só devem reabrir em Abril. Agora as autoridades receiam mais os que vêm de fora do que os que estão dentro. Volte-face nesta autêntica série ou filme de co-produção mundial no qual todos somos actores e espectadores e em que, apesar de vencedor antecipado do melhor argumento original, todos torcemos para que a longa-metragem acabe quanto antes. Já sabem, seguir as recomendações das autoridades, ler o essencial (e oficial) e levar a vida com tranquilidade. Válido para todos pois o vírus não escolhe idades.

Tem havido uma injustiça nesta história do vírus que pretendo aqui abordar. Assim como com outras questões sociais que têm marcado os dias de hoje, deveríamos pensar em mobilizar-nos contra as ínúmeras vezes em que ao longo da novela coronavírus se disse com toda a naturalidade e até com um certo sentimento de alívio por entre conversas informais, debates com especialistas e especialistas em debates, a seguinte frase: “isto só mata é velhos e doentes”. Peço desculpa, queria ter dito aliás, “isto poderá ser mais crítico para pessoas de maior idade ou que tenham o sistema imunitário previamente debilitado”. Aos próprios visados, em nome dos restantes cidadãos portugueses, e do mundo em geral, gostaria de apresentar as minhas sinceras desculpas por esta desumanização em relação às vossas insignes pessoas e aos grupos sociais a que os caríssimos pertencem. Eu sei que estão habituados a que ninguém vos passe o mínimo cartucho. Também sei que já estão acostumados a ver o vosso nome vir à baila quando o assunto são vacinas e demais surtos de gripe. Mas desta vez têm sido, quanto muito, apenas números no meio disto tudo. Nem sequer vos procuram para uma entrevistazinha que seja à entrada de um centro de saúde nem na fila da farmácia. Mas vendo bem as coisas, é melhor ser um número do que não ser nada, tal como a atenção e consideração que a sociedade por norma vos dedica. Desde que o número seja maior que zero, claro. Creio, no entanto, que se vocês eventualmente fossem outro tipo de pessoas ou mesmo outro tipo de animais, talvez existisse um mínimo de sensibilidade para convosco. Se não, comparemos outras variáveis para analisar esta temática. Vejamos se teria o mesmo indiferente impacto: Não te preocupes, este vírus só mata sul-americanos que consideram Portugal um país esquisito por não conseguirem ter uma empregada em casa. Esquece, quem precisa de ter medo são as mulheres que vivem sozinhas e passam o tempo a pôr fotos de gatinhos maltratados no Facebook. Não, isto só te pode matar se tiveres o cabelo às cores e argolas no nariz. Não quero saber porque isto só é grave para os gatinhos das mulheres que vivem sozinhas. Nada disso, quem morreu até agora foram só gajos que participaram no festival da canção nos últimos anos. Estou tranquilo porque às vezes até lavo as mãos e eu li que 70% da malta que palmou costumava tirar fotos a fazer posições de ioga ou a comer saladas com pitaia, ruibarbo e cenas assim. Não perco tempo com o coronavírus porque quase todas as vítimas mortais foram infectadas através do seu podcast ou do canal no youtube. Podes dormir descansado porque quase todas as baixas foram de indivíduos que trabalhavam em espaços de coworking. Eu estou tranquilo porque eu não vejo televisão e isto só é potencialmente mortal para quem vê o telejornal. Eu não tenho receio porque só tem morrido quem frequenta festivais literários ou possui coelhinhos de estimação. A maior parte do pessoal apanha isso e cura-se a não ser que tenha tatuagens parolas e com cenas budistas. Eu estou na boa porque isto é como a SIDA, só dá nos mariconços. Realmente, não sei se alguma das frases anteriores seria passível de causar indignação em massa. Massa tenra, claro. Uma fervurita nas redes sociais e já está. Nunca passa disso, infelizmente. Bem, mas se acharmos que sim, é melhor pararmos um pouco para pensar como se sentirão as pessoas doentes ou com mais idade no meio disto tudo. É que estas pessoas são muitas, parecendo que não. E são também os nossos pais, avós, familiares, amigos e a comunidade em geral. Creio que deveria haver mais sensibilidade e consideração na maneira menosprezível como mencionamos estas pessoas na história do coronavírus. Até porque um dia seremos nós e não sei se vamos gostar de ouvir, nem se nos iremos sentir mais tranquilos por ver que a tranquilidade ou o disfarçar do nervoso miudinho dos outros passa por perceber que somos nós quem está na linha da frente para lerpar. Um pouco de consciência e bom senso não mata nem faz mal a ninguém. Apoveito pra deixar uma palavra de conterrâneo apreço a todas as gentes do nordeste com muitos anos de vivências e experiências acumuladas e àqueles a quem a saúde esteja de momento a pregar alguma partida. Força, minha gente! Estamos juntos nesta caminhada. Um grande e apertado abraço para todos vós!

 

* Leitor de Português na Universidade de Sun Yat-sen

Cantão Guangdong – China