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Pandemia mantém o futebol distrital em “stand by”

Qua, 31/03/2021 - 15:51


António Ramos, presidente da Associação de Futebol de Bragança, não avança qualquer data para a retoma do distrital de futebol sénior e início do campeonato de futsal. Em entrevista ao Nordeste, o líder da AFB mostrou-se ainda preocupado com o futuro dos atletas mais novos e pede às autarquias um reforço no apoio financeiro aos clubes.

 

Borges a Muralha da China e a pseudopolítica

No seu livro “Outras Inquirições”, publicado pela primeira vez em 1952, Jorge Luís Borges, discorre sobre os dois “grandes” feitos de Shi Huang Ti: O começo da construção da Grande Muralha da China e a destruição, pelo fogo, de todos os livros anteriores a ele. Queria alcançar dois objetivos simples e concretos: Impedir a invasão do império chinês (que ele unificara), dificultando a transposição das novas fronteiras aos Bárbaros que a circundavam e abolir todo o passado para que a história começasse consigo já que, apropriadamente, se fez batizar com O Primeiro, ordenando que quem lhe sucedesse fosse O Segundo e por aí adiante durante dez mil gerações (o equivalente à eternidade, na cultura chinesa). Na história antiga não se fala em ditadores porque todo o poder era ditatorial ou pretendia sê-lo. A ambição ditatorial era consentânea com a chegada ao poder ou com a sua manutenção e os que “falhavam” este desígnio, normalmente claudicavam como aconteceu recorrentemente, mesmo entre os sucessores diretos do Primeiro Imperador Chinês. O regime democrático, concebido, desenvolvido e disseminado pela excelsa cultura grega veio alterar radicalmente os pilares do poder. Não acabou com as ditaduras, mas confinou-lhes a “legitimidade” e veio introduzir uma nova classe de liderança: a levada a cabo por tiranos que, podendo ser eleitos e jogando com as regras da democracia, para ascenderem ao poder, as usam de forma distorcida, enviesada e soez, para dela beneficiarem e cimentando-o se manterem no poder. Tal como antigamente, também há os que, pela sua capacidade e competência ascendem a essa categoria, por mérito próprio e há, igualmente, os que, por muito que se esforcem, não passam de aprendizes e não atingem o patamar cimeiro e estabilizador. Aqui surge uma nova diferença – os aprendizes de ditadores, têm vida curta porque o sustentáculo não admite meias-tintas; ou é ou não é. Já na classe dos tiranos existe uma variedade de gradações pois que, sustentando-se em eleições que, no exercício do seu poder conseguem condicionar, são capazes de se aí se irem mantendo, dando ares de grandes senhores mas que, na verdade, não passam de arrogantes executores das exceções que a lei democrática, imperfeita, como tudo o que é humano, lhes permite. Foi a eles que Montesquieu se referiu quando proclamou “Não há maior tirania do que a que é exercida sob o escudo da Lei” Não espanta pois que estes iniciantes, não podendo já fazer muralhas, modifiquem, abusivamente as que existem, para lhe dar cunho pessoal e que, sendo-lhes proibido queimar livros, ataquem a memória de quem os escreveu, para tentar alterar a história. Outra nota significativa e caracterizadora pode ser a forma como lidam com quem lhes contesta a atuação. Em vez de contestarem com razões, as razões que aos outros assistem, refugiam-se em classificações. Chamam- -lhes “pseudopolíticos”. Querendo dizer que são diferentes do padrão que, obviamente, tomam como certo, o seu e a sua atuação. Porém, as árvores conhecem-se pelos frutos. Um bom político, tendo dedicado grande parte da sua vida pública a combater quem lhe antecedeu deveria ter-lhe ganho pelo menos uma contenda direta ou, no mínimo, ter-lhe alguma vez, retirado a maioria absoluta... Ou, pelo menos, ter deixado, para memória futura, alguma obra de vulto, no ambiente, na formação superior...

A perversa política do ermamento

Há países, grandes e pequenos, com perigosas políticas de armamento a que atribuem somas astronómicas. Portugal insiste em gastar milhões numa perversa política de ermamento, ou de despovoamento, como se preferir. Dá vontade de os insultar: todos os governantes lusos defendem a coesão nacional mas aplicam verbas avultadas no aprofundamento das assimetrias reginais e no ermamento do território! O ermamento, note-se, não é um fenómeno natural mas o resultado de políticas deliberadas. Salazar, no que ao Interior diz respeito, dotou as sedes de concelho com hospitais, tribunais, postos de GNR, e as freguesias com escolas e humildes mas inovadores fontanários. O regime saído do 25 de Abril, com recursos muito superiores e beneficiando do factor modernidade, faz precisamente o contrário: concentra serviços e investimentos em Lisboa e no Porto, talvez para fazer birra ao ditador. Salazar que, apesar de ter morrido há mais de 50 anos e o salazarismo ter morrido com ele, continua a ser evocado, ironia do destino, sobretudo por políticos de esquerda, talvez com o intuito de disfarçarem incompetências e mais sinistros propósitos. Stalin e Mao também já morrerem há muito, mas o comunismo puro e duro continua firme na Coreia do Norte, em Cuba e na Venezuela. A Rússia e a China, agora mais próximas do nazismo/ fascismo, parecem ter recolhido de Hitler e Mussolini os piores ensinamentos. O mal, em Portugal, porém, não está no sistema democrático. Está no regime político que é, cada vez mais, um arremedo de democracia. Está na asfixiante hegemonia partidária. Nos governantes incompetentes e desonestos, que servem outros interesses que não os da Nação. No favorecimento da alta corrupção. Na viciação da Justiça. No perigoso endividamento do Estado. Nas políticas que expulsam nacionais qualificados. Nos autarcas subservientes que se vergam à vontade dos machuchos partidários em detrimento das populações que é suposto servirem. No sistema eleitoral que mascara e distorce a vontade do povo e que mais agrava as assimetrias. Muitos mais são os males crónicos que afectam o debilitado Portugal. Um, porém, merece o maior destaque porque é demolidor: o défice demográfico. Dois terços do território nacional estão transformados num imenso ermo. Não num deserto, note-se, porque a Mãe Natureza, no pretenso Interior desertificado, está mais pujante do que nunca. Matos, poulos, cobras, lagartos, aves e feras crescem e vivem livremente, apenas ameaçados pelos incêndios florestais que ganham especial gravidade com o despovoamento rural. Lamentavelmente o autodenominado Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) não se propõe resgatar as assimetrias regionais, económicas e culturais, porque não promove o investimento em áreas e matérias reconhecidamente essenciais para a recuperação demográfica. Em Trás-os-Montes, por exemplo, o triângulo central Mirandela, Valpaços, Macedo de Cavaleiros, em que vivem actualmente pouco mais de 50 000 habitantes, tem água, factor fundamental, e recursos naturais bastantes para suportar até 200 000 almas, com elevada qualidade de vida, privilegiando uma agricultura moderna e lucrativa e, porque não, parques de alta tecnologia apoiados em universidades de excelência. Tudo leva a crer, porém que irá continuar confinado aos enchidos e à emigração. O mesmo se dirá do eixo Chaves-Vila Real que possui, para lá do mais, raras potencialidades termais e turísticas. Outros exemplos se poderão encontrar por todo mal tratado Interior. Falta o investimento púbico indispensável para motivar maior investimento privado, alavancas de repovoamento, progresso e coesão nacional. A política de ermamento do Interior é intencional, portanto, ainda que disfarçada. Serve, obviamente, o centralismo económico, social e cultural de Lisboa. E a soberba de uns tantos. Sejam honestos senhores governantes.

Esquerdizar

De vez em quando vou até à rtp memória espreitar velharias, um impulso saudosista que deverá ser da idade. A série humorística “tudo em família”, do início dos anos setenta, onde se mostram as raízes de muita coisa esquisita que hoje se passa na américa. E no mundo. Mais ou menos da mesma altura, a rubrica “memórias da revolução”, quando o esquerdismo nos invadiu as mentes de forma espetacular e ruidosa. Meio século depois ainda surpreende a repentina borracheira radical de um povo que antes tinha suportado anos e anos de despotismo com uma docilidade de jumento. Acabados de sair de tempos depressivos, e crendo abraçar verdades que nos iriam redimir, levámos uma lavagem ao cérebro prodigiosa quase sem dar por ela. Mas isso pouco importa, onde não houve revoluções o esquerdismo entrou na mesma, e com tanto sucesso que emprenhou uma porção considerável da humanidade. Antigamente costumavam dizer-nos que nascíamos em pecado, uma invenção marcante pelo que implicava de culpabilidade, embora tivesse a virtude de poder colocar um travão nas nossas pulsões animais e evitar fazer o menor mal possível aos outros e a nós mesmos. Aliás a intenção era mesmo essa. Depois então as esquerdas começaram a persuadir-nos de que nascemos vítimas, o que veio mudar de forma dramática a perspetiva sob a qual nos vemos e vemos o que está lá fora. Não é que muitas vezes não o sejamos, obviamente que sim, mas também acontece a todo o momento não o sermos em exclusivo. É muito comum a vítima participar ativamente nos acontecimentos que conduzem à sua vitimização, jogando um jogo perigoso com o agressor. Até porque, mesmo se comandado do inconsciente, o ato de provocar alguém pode ter como finalidade ser abusado para obter algo que se considere vantajoso. As atitudes de a produzem efeitos e retiram de b o que este tem de melhor ou de pior. Junte-se que um ser humano adulto, normal, saudável, pode em infindas circunstâncias da vida usar a faculdade chamada livre arbítrio para fazer escolhas, não ter estado onde estava, com quem estava, fazer o que fez, dizer o que disse. E, principalmente, que em nós coexistem em permanência o anjo e a besta, forças que alternam a cada passo nas ações e relações. Somos uma coisa e outra em função da idade, da educação, dos humores, do tempo, do lugar, daqueles com quem estamos. Atendendo ao que se vê por esse mundo fora parece inclusive que a besta leva a melhor a maior parte das vezes, fazendo igualmente de cada um o seu pior inimigo. E por várias razões, a primeira das quais é que controlá-la requer entrar voluntariamente num percurso mental e espiritual que é tudo menos atrativo. O novo esquerdismo cega-nos para banalidades como estas ou faz com que passemos por elas como cão por vinha vindimada. A verdade é que nos implantou na mente um mecanismo que distorce factos, enviesa a realidade, ignora tudo o que o contradiz. Já a vitimização é para ele um dogma que rapidamente adotámos e nos leva a desvalorizar o que podemos fazer acontecer nas nossas vidas, a dar realce aos desejos e atos exteriores que influem nelas e, acreditamos também, nos querem prejudicar. Nem sempre querem, como se compreende, mas as lengalengas repetidas fazem-nos a cabeça e tornam-se verdades inquestionáveis mesmo se o que há a pagar por elas é a menoridade, a dependência, a estupidificação. O sentimento de vitimização está hoje disseminado pela sociedade, em indivíduos e instituições, da esquerda à direita passando pelo centro. Bastaria mencionar que, no espaço público, um microfone ou uma câmara apanhados pela frente fazem disparar em nós quase de forma mecânica discursos que desfiam desgraças, choramingam queixumes, pedincham apoios, reclamam subsídios, exigem garantias, batem com insistência no pedal dos direitos. Se a esta torrente reivindicativa correspondessem níveis razoáveis de responsabilidade, exigência pessoal, sentido do dever, consciência cívica, seria senha de progresso. Mas não, o mesmo melindre egocêntrico que leva meio mundo a apontar o dedo ao outro meio à mais pequena contrariedade cuspindo denúncias, indignações, acusações, protestos, revoltas, parte geralmente do princípio de que não devemos nada a ninguém. A hipersensibilidade não implica contrapartidas sociais da nossa parte, os outros é que estão em dívida para connosco.