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A família do Tio João, a família do piquenicão

Qua, 21/06/2017 - 14:20


Olá familiazinha,
No próximo Domingo, 25 de Junho, é o grande encontro anual da maior família radiofónica do mundo.Vimioso recebe este ano o 28º Piquenicão da família do Tio João. Vai ser no pavilhão multiusos, que está preparado com ar condicionado, muitos lugares sentados e mesas para saborear e compartilhar as nossas merendas. Desta vez não estamos preocupados com as condicões do tempo como todos os anos. Sinta-se convidado e apareça para fazer mais forte a nossa família.

 

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS/AQUECIMENTO GLOBAL

O equilíbrio natural do planeta Terra tem sofrido ameaças reais que importa considerar e analisar em prol das gerações vindouras. Não obstante Pactos, Cimeiras, Protocolos e Acordos entre Países que acreditamos empenhados em resolver esta questão emergente, o facto é que a Biosfera continua a sofrer constantes agressões resultantes de actividades antropogénicas, claramente lesivas do seu equilíbrio natural.

Pese embora os ajustes naturais do Planeta, a verdade de realidades como, sobreexploração de recursos naturais – queima de combustível fóssil -, desflorestação, poluição dos recursos água e atmosfera, – consequentes perda de biodiversidade e de solo entre outras, levam a uma ruptura dos equilíbrios naturais, pelo que se impõe inadiavelmente uma mudança de paradigma na Sociedade Humana que impeça o célere deslizamento para uma catástrofe global.

As alterações climáticas constituem uma preocupação recorrente no que diz respeito ao Meio Ambiente. Actualmente não podemos deixar de considerar o forte contributo do Homem para os indícios alarmantes de uma nova era, precoce, de perturbações ao nível do clima e consequentes danos para a Vida na Terra.

No sentido de perceber a relação alterações climáticas/actividades antropogénicas importa relembrar alguns processos e sem recorrer a grandes termos científicos temos:

Camada de Ozono, é uma região na estratosfera onde se encontra uma elevada quantidade de Ozono. Este ozono atmosférico filtra a maior parte dos raios ultravioletas emitidos pelo sol, que constituem um perigo para toda a vida no Planeta.

Efeito estufa é um fenómeno natural imprescindível à vida, pois garante as condições de temperatura ideal (temperatura média de 15ºC) para a presença e estabilidade da vida na Terra.

Impacto e consequências das actividades humanas na camada de Ozono e no efeito estufa natural

As actividades humanas – Indústria, fábricas, queima de combustível fóssil, desflorestação, - provocam desequilíbrios ambientais significativos e consequentes danos ao Planeta. A emissão contínua de gases para a atmosfera, designadamente o dióxido de carbono, quer pelos motores diesel e gasolina de um número crescente de automóveis, quer pelas chaminés das indústrias, fábricas, quer ainda por queimadas em matas e florestas, aumentam a concentração dos gases efeito estufa na atmosfera formando uma camada mais densa que inviabiliza a saída do calor em excesso para o exterior. Por conseguinte ocorre um aumento na temperatura da superfície terrestre, a que se chama aquecimento global.

Este acréscimo de temperatura provoca um desequilíbrio ambiental consubstanciado pelo derretimento das calotas polares e consequente aumento do nível dos oceanos (actualmente existem cidades costeiras afectadas por este fenomeno, correndo o risco futuro de desaparecerem); a diminuição da humidade do ar e a desertificação de algumas regiões; maior número de furacões, tufões e tornados assim como violentas ondas de calor.

Por outro lado os poluentes são transportados pelo regime de ventos do Planeta para os Polos onde as baixas temperaturas não favorecendo a circulação atmosférica mantêm os poluentes “armazenados”. Os átomos de cloro e bromo que chegam à estratosfera na forma de clorofluorcarbonetos, PFC e Halons são os principais responsáveis pela destruição da camada de ozono. No verão os raios solares destabilizam a molécula do clorofluorcarboneto, libertando o cloro que destrói as moléculas de ozono mantendo-se intacto durante o processo, continuando a reagir provocando uma destruição em cadeia. O cloro na alta atmosfera tem um tempo de vida enorme. Cada átomo de cloro destrói milhões de moléculas de ozono, destruindo assim o oxigénio que retém os ultravioletas, aumentando o Buraco de Ozono e permitindo a passagem de maior percentagem de ultravioletas que aumentarão também a temperatura média do planeta. O Buraco de Ozono não é literalmente um buraco mas sim a significativa diminuição da espessura da camada de ozono.

As alterações climáticas e o aquecimento global levaram os Países a firmarem acordos de forma a reduzir este fenómeno. O Acordo de Paris de que muito se tem falado nos últimos tempos é o acordo a nível global de combate às alterações climáticas. Não contando apenas com a Nicarágua e a Síria, foi assinado por 195 países, objectivando impedir a subida da temperatura a nível global através da redução das emissões de gases com efeito de estufa.

O secretário-geral da ONU António Guterres, referiu recentemente no seu discurso na Universidade de Nova York: "Devemos fazer todo o possível para reforçar as nossas ações e ambições até que consigamos inverter a curva das emissões e reduzir o aquecimento mundial", classificando o acordo de Paris como um "momento notável na história da Humanidade". No entanto, numa atitude obviamente preocupante, a grande economia mundial e país que foi berço de grande parte da base científica e académica que legitima a tese do aquecimento global - os Estados Unidos da América (EUA) - confirmou ao mundo através de Donald Trump que, vão abandonar o Acordo de Paris, que sofre assim um revés com esta decisão do segundo maior poluidor mundial (o primeiro maior poluidor é a China que se mantém vinculada ao acordo).

Não obstante, o acordo pode perdurar a Donald Trump com o esforço e o empenho dos outros 194 países que o ratificaram em reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa, de modo a cumprir o objetivo essencial de manter o aumento da temperatura do planeta bem abaixo de 2o Celsius.

A Quercus reitera que a evidência dos factos científicos e os inegáveis impactos ambientais, sociais e económicos das alterações climáticas devem prevalecer como principal argumento e linha orientadora no combate ao aquecimento global do planeta, sendo a melhor estratégia para colocar a descoberto tentativas pouco fundamentadas de descredibilização ou de pura irresponsabilidade.

Leonel G. Folhento.

Engenheiro do Ambiente

NÓS: TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS Isabel Lopes (c. 1503 – depois de 1585)

Isabel Lopes nasceu em Moncorvo por 1503. Foram seus pais André Lopes e Catarina Dias. Casou em Vila Flor, com Vasco Fernandes, tabelião. Pelo menos 7 filhos e 3 filhas do casal chegaram à idade adulta e todos casaram e residiram na região de Moncorvo – Vila Flor. Vários deles foram processados pela inquisição.
Em 1571 Vasco e Isabel casaram uma das filhas (Violante Álvares) com Gaspar da Rosa, um homem da nobreza de V. Flor e cristão-velho. Nisto se empenhou o pai da noiva, já que a mãe e toda a família materna era contrária a este casamento. No contrato se estipulou que Vasco Fernandes cedia ao genro o seu ofício de tabelião e que, à morte do cabeça de casal, a sua casa e os seus bens passariam para o mesmo genro. Este, por seu turno, assumia o compromisso de sustentar os sogros, no caso de eles caírem em situação de necessidade.
Efetivamente, 3 anos depois, Vasco Fernandes faleceu e a sua casa e bens passaram para Gaspar da Rosa. A viúva é que não foi viver para casa de quem tinha obrigação de a sustentar, antes preferiu ficar a viver com a filha Maria Álvares, casada com Gaspar Vaz.
No mesmo ano do referido casamento, dois jovens canonistas ascendiam ao posto de inquisidores: um para o tribunal de Évora, chamado Jerónimo de Sousa e outro para o tribunal de Coimbra, Diogo de Sousa, de seu nome.
Enquanto o segundo se afirmava em Coimbra, iniciando uma brilhante carreira que o levaria a bispo de Miranda e ao conselho geral da inquisição, o segundo abandonou a inquisição de Évora e veio para Trás-os-Montes desempenhar o ofício de abade de Vila Flor. Estranho? Muito estranho, mesmo! E mais se estranhará se dissermos que ele trazia uma provisão do “inquisidor apostólico da cidade de Coimbra”, Diogo de Sousa, dando-lhe poderes para “tomar denunciações tocantes ao santo ofício”.
Resta dizer que os dois jovens canonistas eram homens de absoluta confiança do inquisidor mor, cardeal D. Henrique. E naquele tempo a inquisição afirmava o seu poder acima dos bispos que ficaram impedidos de absolver e julgar os pecados contra a fé. Acresce que o arcebispo de Braga era Frei Bartolomeu dos Mártires, o mais vigoroso adversário do cardeal nesta matéria. Será que a nomeação daqueles “testas de ferro” foi feita para “entalar” o arcebispo de Braga?
Chegado a Vila Flor, o “inquisidor - abade” procurou alojamento, naturalmente em casa de grande nobreza, dignidade e conforto. Imagine-se: o tabelião Gaspar da Rosa cedeu-lhe a sua própria moradia que herdara do sogro, a qual desocupou para ele!
Temos então o inquisidor “disfarçado” de abade a morar na casa que fora de Vasco Fernandes e Isabel Lopes. Imagine-se o turbilhão de raiva e desconsolo que iria na alma daquela mulher de 74 anos! E também na de seus familiares, nomeadamente o seu sobrinho e procurador, Dr. André Nunes.
Imaginamos uma relação estreita entre Gaspar da Rosa e Jerónimo de Sousa. E este não perderia a oportunidade de “sacar” daquele informações tocantes ao santo ofício.
No dia 17 de Outubro de 1576 o abade foi chamado a casa de Gaspar da Rosa para confessar sua mulher que estava doente. Doente ou pressionada pelo marido, facto é que Violante Álvares disse que antes de casar ela seguia a religião judaica, ensinada por sua mãe e por sua irmã Maria Álvares.
O confessor fez as perguntas que entendeu e por ser tarde, foi para casa e escreveu por sua mão o que Violante confessara, sobre a mãe, a irmã e outras mais pessoas.
Era o início de uma onda de processos. Na rede lançada pelo inquisidor-abade iriam ser apanhadas muitas pessoas, para além de Isabel Lopes, a nossa biografada.
Mas para as coisas serem direitas importava pelo menos uma segunda testemunha, a qual estava mesmo ali à mão: Gaspar da Rosa, o qual foi ouvido “nas casas onde pousa o senhor licenciado Jerónimo de Sousa”, servindo de escrivão o cura João Martins.
Claro que, por mais segredo e discrição que Jerónimo de Sousa impusesse, as coisas acabaram por transpirar e as pressões sobre Violante e outras testemunhas para se desdizerem acumulavam-se. Tal como Gaspar da Rosa procurava testemunhas que confirmassem as suas denúncias.
No meio deste turbilhão de intrigas e diz-que-não-diz, o próprio inquisidor Jerónimo de Sousa se sentia pressionado e escrevia para Coimbra, em 6.1.577, dizendo:
- Ficou tanto olho em mim depois que falei com aquela mulher que não dou volta que me não notem e por isso busquei tempo para não ser sentido; de outra maneira todos se passarão de alevanto (…) avise VM ao oficial que cá vier que se não venha a minha casa porque trazem nisso tento e haverá reboliço, que nunca me saem de casa todos os dias, que por isso fui tirar a filha de sua casa e de noite, porque a trazem atrelada, que nunca a deixam. (1)
Crescendo os boatos e os medos, em Março seguinte, mãe e filha abandonaram Vila Flor e foram viver para a raia da Galiza, levadas por Gaspar Vaz, genro de Isabel Lopes e marido de Maria Álvares. (2)
Entretanto o arcebispo Bartolomeu dos Mártires empreendeu uma visitação a Vila Flor, como costumava fazer cada dois anos. E era ocasião de “apertá-lo” – terá pensado Jerónimo de Sousa. E assim, perante o arcebispo apareceram Gaspar da Rosa e Violante Álvares a repetir as denúncias de judaísmo contra Isabel e as mais pessoas, fazendo questão de vincar que “já neste caso testemunhara diante do abade desta igreja Jerónimo de Sousa, por provisão que disse ter dos inquisidores de Coimbra”.
Fantástico: afinal o abade de Vila Flor não era subordinado do arcebispo de Braga e não lhe havia jurado obediência?!
Por Vila Flor a visita do bondoso arcebispo terá posto alguma calmaria, de modo que Isabel Lopes regressou à terra, ficando-se a filha e o genro pela raia da Galiza. E o inquisidor Diogo de Sousa terá ficado perplexo quando Manuel Fernandes, (3) um filho de Isabel se apresentou em Coimbra dizendo que sua irmã fizera um juramento falso contra a mãe e disso fora já confessar-se a dois padres. Explicou que a irmã e o cunhado fizeram tais denúncias para obrigar sua mãe a entregar-lhe tudo: uma horta, uma vinha, uma courela na Vilariça… para além da casa onde morava o abade. E apresentou como testemunhas de suas afirmações 3 das pessoas de maior nobreza da terra: Domingos Sil, Gaspar de Seixas e Nicolau de Lobão.
Delicada parecia a posição de Gaspar da Rosa e também a de Jerónimo de Sousa, que então escrevia a Diogo de Sousa pedindo a prisão das mulheres. Veja-se o tom patético da carta:
- Há muitos dias que negócio algum me enleou tanto como este de Maria Álvares e sua mãe (…) V. M. pese tudo muito e veja o que lhe parece porque eu ao presente sou suspeito que pouso em umas casas suas, de que ele se tirou para mas dar.
Facto é que Diogo de Sousa decidiu chamar a Coimbra Gaspar da Rosa e Violante Álvares para ele próprio proceder ao interrogatório, o que aconteceu em 29.10.1577. E mandou Onofre de Figueiredo a Torre de Moncorvo buscar Isabel Lopes que entretanto fora mandada prender pelo vigário geral de Moncorvo.
Por mais de 5 anos sofreu Isabel as agruras das celas da inquisição de Coimbra, acabando condenada em cárcere e hábito no auto da fé de 23.1.1583. Dela se queriam livrar os inquisidores, que escreveram:
- É muito velha, mais de 80 anos e muito doente e há muitos anos que está entrevada e faz muita despesa a esta casa e quase sempre foi alimentada à custa dela e dá muito trabalho tê-la no cárcere sem fruto algum, nem esperança dele.
Pediam os inquisidores uma fiança de mil cruzados e o pagamento de 70 mil réis para a deixarem sair. Quem tinha obrigação de pagar era a filha e o genro que tudo herdaram dela e do marido – diziam os outros filhos. E depois de uma primeira petição feita pela filha, Jerónima Fernandes (4) para lhe entregarem a mãe, os irmãos lá conseguiram juntar 40 mil réis que o filho Baltasar Álvares, morador em Torre de Moncorvo, na Rua Nova foi levar a Coimbra e entregar-se da mãe, no dia 16 de Agosto de 1585. A demasia, acrescentavam, devia ser paga por Gaspar da Rosa.
NOTAS
1-ANTT, inq. Coimbra, pº 536, de Isabel Lopes, a qual passou 8 anos na cadeia, saindo aos 82 anos.
2-IDEM, pº 8765-C, de Maria Álvares, que não foi presa por estar ausente.
3-IDEM, pº 9129-C, de Manuel Fernandes, que viria a ser preso em 1579.
4-IDEM, pº 8775-C, de Jerónima Fernandes, moradora em Torre de Moncorvo, casada com João Rodrigues, o patriarca da família dos Isidros, a qual seria presa em 1583.

 

OUTRA VEZ NÃO!

Na verdade, começa a fazer sentido pensar-se que os acontecimentos têm a importância que se lhe pretende dar, podendo, em alguns casos, deduzir-se que, mais do que o seu impacto na vida das pessoas e, consequentemente, das sociedades é a relevância atribuída que determina a dimensão do mesmo. Provavelmente, nem sempre foi assim. Tempos terão havido em que uma calamidade era mesmo calamidade porque vitimava milhares de pessoas ou uma guerra era mesmo uma guerra porque semeava o caos, destruía cidades e matava pessoas. Nos dias de hoje, continua a morrer-se, a haver catástrofes mas, ou são notícia de horário nobre ou nem sequer têm força capaz para mobilizar quem mais próximo se encontra dos factos.

O maior paradoxo da comunicação nos tempos que correm poderá ser precisamente a valorização que é feita da mesma, e, simultaneamente, as barreiras criadas aos princípios fundamentais, sobretudo à coerência do conteúdo e ao enfoque da mensagem. Num determinado nível dir-se-ia que é desta violação que nascem as “fofocas”; como seres limitados que somos, e porque não se pode abarcar o todo, a mente humana prega partidas que levam a comunicar apenas o que de mais prazeroso se pode apresentar ao entendimento do outro. O paradoxo adquire particular relevância porque, estando numa era de comunicação, e estando convencidos de que toda a sociedade é comunicacionalmente capaz, o cidadão é levado a aceitar como verdade o que não passa de um ligeiro apontamento do conceito, sobretudo quando se depara com espaços onde o critério de clareza e objetividade devem estar presentes: os serviços noticiosos. Em tais espaços informativos, cada vez mais se recorre aos artifícios linguísticos sem ficar claro se é para embelezar o discurso ou para escamotear a realidade. Realidade essa que, independentemente dos tons com que a pintam, continua a ser isso mesmo – realidade. Num noticiário curto, ninguém pode esperar grandes reportagens, porque se assim fosse em vez de notícias haveria outra coisa. Espera-se, isso sim, informação relevante e de interesse para o leitor/ ouvinte.

Pouco pode interessar à região transmontana os recentes acontecimentos que se têm vivido na Venezuela; transmontanos a residir nesse país serão uma minoria. No entanto, já das Beiras há comunidades significativas; seja em Caracas, seja noutros estados como Carabobo ou em Portuguesa com a capital em Guanare onde madeirenses são maioritários, e só pelo nome se fica a saber da importância dos portugueses nessa região.

Em abril, a conselheira das comunidades portuguesas nesse país, alertava na reunião do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas para a gravidade da situação: “Estamos a passar uma situação crítica de desabastecimento, tanto a nível de medicamentos como alimentar, e a insegurança que tem avançado dia após dia. Agora, as ruas estão incendiadas, dos dois lados, o que ainda é pior”. Falou ainda da fuga dos jovens e da expropriação de que os portugueses são alvo no sector da panificação e do comércio em geral. Disto nem ecos na imprensa televisiva nem na escrita. Mais recentemente, já o Público noticiava que a fuga de portugueses da Venezuela para a Madeira fizera aumentar as despesas de saúde em meio milhão de euros no erário da região autónoma. Os que chegam trazem uma ou duas malas, projetos de vida desfeitos e incertezas quanto ao futuro. Os pedidos para habitação social, rendimento social de inserção e emergência alimentar mais que duplicaram, tendo já sido gastos meio milhão de euros em medicamentos, desde janeiro.

Na Venezuela estarão a viver meio milhão de portugueses, sendo trezentos mil da região madeirense. A crise social e política, segundo os analistas, tende a agravar-se não só porque a tensão entre as partes não dá sinais de diminuir mas também porque há líderes da oposição presos, as forças militarizadas continuam a matar e, a única organização interna, a igreja católica, que poderia mediar o conflito foi afastada pelo governo de Nicolás Maduro. Perante isto, o cenário não poderá ser mais catastrófico.

Com as devidas distâncias, tal panorama traz à lembrança dos mais antigos os anos de setenta e quatro e seguintes, em cidadãos nacionais espoliados do ultramar faziam filas para receber alimentos e cobertores nas capitais de distrito e dormiam em palheiros e casas de terra batida um pouco por todo o país.  Ninguém quererá que este quadro se repita, até porque se deve aprender com os erros e ainda há tempo para preparar planos de contingência que vão para além da mera diplomacia ou da possível carreira aérea, Compete ao governo avaliar realisticamente a situação e planear a resposta adequada, é direito dos cidadãos serem devidamente informados do que realmente se passa e no mês em que se celebram as comunidades portuguesas, saibamos acolher quem teve de regressar à pátria na incerteza do dia seguinte.       

VENDAVAIS - Fases da Lua, a política e o futebol

Desde que o homem é homem que se habituou a olhar para o céu à procura de respostas às perguntas que ele próprio fazia e aos problemas que o universo constantemente lhe propunha. Como não obtivesse soluções plausíveis, procurava na Natureza algo que o satisfizesse minimamente como modo de solucionar as dúvidas que lhe surgiam.

Nessa procura incessante e no perscrutar do firmamento, a Lua surgiu como algo mais próximo e capaz de ser a solução para as explicações que ele necessitava. Estava ali mesmo à mão no meio da imensidão celestial e talvez por isso mesmo, deveria ser a resposta para algumas das muitas dúvidas que ele tinha. Mas a Lua não era sempre igual. Tinha fases e ele também não sabia explicar o porquê dessas modificações. Demorou muitos anos a encontrar alguma explicação razoável para as suas interrogações a esse propósito e ainda hoje o homem remete para a Lua a culpa de algumas coisas que sucedem na Terra.

Deste modo, é frequente ouvirem-se expressões como “está com a Lua”, “está como as fases da Lua” ou “funciona como as fases da Lua” ou ainda “está com fases”. Enfim, a Lua que resolva! A verdade é que ela aparece ou Cheia, ou Crescendo ou Minguando ou completamente Nova.

Se alguma coisa se pode comparar às interrogações e procura de respostas que o homem primitivo se colocava a si próprio, ela é a política, os políticos e o modo de fazer política, entenda-se o modo de proceder. É que este vem por fases. Nem sempre se age da mesma forma com respeito às mesmas coisas. Perde-se frequentemente a verticalidade.

De facto, quando se dizia que o ministro das Finanças era fraco e que não iria resolver os problemas do défice excessivo de Portugal, não se equacionava a possibilidade de entrar numa nova fase da economia, um pouco melhor, que levou a uma redução do montante da dívida ao FMI, aliviando deste modo, a pressão que se exercia sobre o país. Agora que estamos na porta de saída do défice excessivo, já se apressam a apelidar Centeno de “Ronaldo” da economia. Deve isto significar que o governo está em fase de Lua Cheia, mas não invalida a fase Minguante em que se encontra a dívida pública uma vez que ela está em Crescendo. No meio de todas estas fases, qual escolher? Qual a melhor?

Mas se Centeno é um suposto “Ronaldo” da economia, a realidade no futebol é quase idêntica já que o nosso Ronaldo, o melhor do Mundo, também tem as suas fases. E para sermos realistas podemos dizer que ele tem estado numa fase de Lua Cheia, mas como esta fase não dura muito tempo, segue-se a fase do Minguante. O auge que atingiu recentemente está a desmoronar-se devido à acusação de fraude fiscal posta pelo ministério público espanhol. Mas se isto se pode resolver investigando mais aprofundadamente, o mesmo já não se pode dizer do facto de a imprensa espanhola querer dividir o Ronaldo em dois. Dois? Como? Porquê? Pois é. Para os espanhóis a questão agora é não serem melindrados nem eles nem o Real Madrid por coisas de um jogador Português e que está na Seleção Portuguesa, em vez de um jogador do Real Madrid e que ganhou o Campeonato e a Champions. Afinal onde está o Ronaldo que ganhou tudo isto? Ou será que só deve contar o Ronaldo que ganhou o Campeonato Europeu pela Seleção Portuguesa? São fases diferentes! Há uma fase que os espanhóis querem ignorar. Não lhes interessa ter um Ronaldo acusado de fraude como jogador do Real. Esta fase que Portugal fique com ela. Ronaldo que aguente! Então e o campeonato de Espanha e a Champions também passam a ser de Portugal? É só uma pergunta! E se ele sair do Real? Vamos ver como se comporta ele agora na Taça das Confederações. Mas não entremos em euforias. Isto são apenas fases e estas também acabam.

Do mesmo modo parece que se está a acabar a fase de Lua Cheia do Benfica. Depois de uma fase boa, parece que tudo se está a desfazer e onde tudo era bom, passou a muito mau. E agora? Tal como o Ronaldo, também este Benfica parece estar a entrar em Minguante. Enfim. Fases!

 

 

Moreiras destacou-se em Espanha e Melgo em Braga

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Qua, 21/06/2017 - 00:45


32 Atletas brigantinos participaram, no domingo, no I Campeonato Ibérico na Reserva da Biosfera Transfronteiriça – Meseta Ibérica. A prova reuniu participantes de Portugal e Espanha.
A prova começou em Flechas, Espanha, a distância mais longo, e terminou em Rio de Onor, Portugal.