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NÓS TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS - Agostinho da Fonseca (Chaves, 1614 – Veneza, d. 1681)

Agostinho da Fonseca terá nascido em Chaves, por 1614. Era filho de Mariana de Almeida, originária de Castro Roupal, termo de Bragança e do Dr. João Soares, natural de Chaves, médico de profissão. Dos irmãos de Agostinho conhecemos António Fonseca, nascido por 1620 e Luísa da Fonseca.

Falecendo o Dr. Soares, Mariana dirigiu-se com os filhos para Madrid, terra onde seu pai, António Lopes de Castro, também vivera e acabou por falecer em 1595. Em Madrid vivia já uma boa parte de seus familiares, nomeadamente os Cortiços Villasante, todos trabalhando em uma rede de negócios que dava pelo nome de “Casa Cortiços”, superiormente gerida por Manuel Cortiços, sobrinho de Mariana, filho de sua irmã Luísa de Almeida. (1)

Dentro da própria família casou também Agostinho da Fonseca, com sua prima direita, Mariana Ferro Villasante, filha de sua tia Mência de Almeida, assim se estreitando ainda mais os laços entre ele e a Casa Cortiços onde, obviamente, ficou também a trabalhar.

A irmã, Luísa da Fonseca, foi para Sevilha viver, em casa de sua tia Guiomar da Fonseca. Viria a casar com Agostinho Soares que, igualmente, trabalhava em Madrid, na área financeira da Casa Cortiços. O irmão António da Fonseca casou com Francisca da Paz e foi viver para a cidade de Antuérpia, trabalhando na delegação da empresa dos Cortiços Villasante na região da Flandres.

Um dos projetos então traçados visava a abertura de uma delegação da “Casa Cortiços” na cidade-estado de Veneza, que então se afirmava como uma grande potência comercial, entre o ocidente e o médio oriente. Coube a Agostinho Fonseca dar corpo a este projeto, para ali se transferindo em 1634.

Mas não se pense que Agostinho era um mero agente ou funcionário da Casa Cortiços. Não, à boa maneira da gente de nação, ele era um empresário e empenhava-se em construir a sua própria carreira e fazer a sua própria casa. Era um homem desejoso de subir na vida, ganhar prestígio e poder.

Mas não era fácil conseguir uma posição de relevo numa sociedade estratificada como a de Veneza onde todo o poder político estava nas mãos de uma classe, a dos “patrícios” que tinham o nome inscrito no “Livro de Ouro” e onde apenas podiam ser inscritos os filhos varões dos mesmos “patrícios”.

Nesta Veneza republicana e profundamente aristocrática, o lugar dos judeus era o “gueto”, palavra e realidade que terá nascido mesmo ali. Numa zona de penumbra, ou de fronteira entre o “gueto” e a “cidade”, aparecia a “nação portuguesa” formada por endinheirados mercadores cristãos-novos fugidos da inquisição, uns com ideia de se fazer judeus e entrar no “gueto”, outros sonhando entrar para a classe dos “patrícios”.

E este foi nitidamente o plano de promoção social traçado por Agostinho Fonseca para si e seus descendentes. Dinheiro e sucesso empresarial, manifestamente não lhe faltavam, sendo o próprio “Conselho” do governo da cidade a reconhecer o extraordinário papel de Agostinho em socorro dos lanifícios Venezianos que então atravessavam uma grande crise. Como agente da “Casa Cortiços”, apresentava-se como o maior importador de lãs de Espanha. Por outro lado, aliando-se a empresários têxteis Venezianos, Agostinho conseguiu o privilégio da produção e venda de panos ditos “Holandas” em Veneza.

Porém, um grande mercador, também podia ser olhado como um contrabandista e sustentáculo da rede de informadores do inimigo estado espanhol. Aliás, os ordenados aos embaixadores de Espanha em Veneza eram exatamente pagos por Fonseca. Facilmente se poderia também estabelecer ligação de Agostinho aos judaizantes, especialmente quando, no seguimento da morte de Manuel Cortiços, a viúva, D. Luísa Ferro foi presa pela inquisição espanhola, acusada de ter dado esmolas aos pobres da nação por morte de seu marido. Esta prática ritual que era prova do seu marranismo, permitiu a ligação da casa Cortiços com a comunidade sefardita  do estrangeiro.  Uma nota em particular referia um seu parente hebreu residente em Veneza, Juan ou Agostinho da Fonseca, que havia dado milhares de ducados ao pobres do gueto de Veneza e à comunidade sefardita de Livorno .

Em sua defesa saiu Giovanni de Conti, pároco da igreja de San Geremia, atestando a boa conduta cristã  do senhor  marquês Agostinho da Fonseca, que residia na sua paróquia, em uma residência contigua à zona do gueto, na área San Giobbe que dava de frente com uma das entradas para o chamado  “Ghetto Novo”. Afirmava aquele padre que sempre o havia visto frequentar a missa e comungar, efetuado ainda numerosas doações à igreja e à confraria do santíssimo sacramento, onde exerceu  as funções de mordomo em 1646. O mesmo cargo exerceu também seu cunhado, Agostinho Soares, em 1660, depois de sua transferência de Madrid.

Como entraria então para a classe dos patrícios um mercador vindo de Espanha, vivendo na fronteira do “gueto”? Fácil! Os aristocratas do “Grande Conselho” a quem competia decidir, não resistiam a um título de nobreza. E foi isso que fez Agostinho. Conseguiu que o rei de Espanha lhe concedesse o título de marquês e em Itália comprou, por 20 000 ducados, um “senhorio” em Turino. E nessa qualidade de marquês de Turino, foi admitido na classe dos “patrícios”. Rápida e grande foi a sua ascensão social e a construção do seu “senhorio” (espécie de morgadio) em Veneza, efetuando-se a sua entrada para o patriciado no ano de 1665.

Isso não significou qualquer corte com a Casa Cortiços que continuou a servir, investindo qualquer coisa como 190 000 ducados nos anos de 1667 a 1669 na compra de imóveis na cidade lagunar e na chamada “terraferma”.

Rápida e grande foi também a queda do mesmo “senhorio”. E esta realidade aparece muito vincada no seu testamento. Por um lado surgiram divergências e disputas financeiras com a família Cortiços. Por outro lado, os dois filhos varões que sobreviviam, foram por ele excluídos da herança. O mais velho, Sebastião, nascido em 1651, foi afastado por ser extravagante e não querer casar, ato obrigatório para inscrição do seu nome e descendência varonil no “Livro de Ouro” e o segundo, Giovanni Daniel, por ser muito pequeno, pois contava apenas 10 anos à data do falecimento do pai.

Na falta de filhos, pensou Agostinho em sua filha Isabel que desejava casasse com um filho de seu irmão António Fonseca, chamado Giovanni António, nascido em 1660 e que, embora morasse na Flandres, conseguiu também o título de “patrício” de Veneza. Mas tal não se concretizou e este foi o único descendente da casa Fonseca a ocupar cargos no governo veneziano de que foi camareiro e tesoureiro em Udine. Com a sua morte, em 1744, a “Casa Fonseca” extinguiu-se.

Quanto a Isabel, sabemos que casou com Annibale Zolio, homem da nobreza, em 17 Junho de 1697. Deste matrimónio houve dois descendentes: Girolamo e Agostinho.

No escalonamento dos herdeiros, Agostinho Fonseca considerou ainda outras hipóteses, sempre com o objetivo de transmissão do direito de “patrício” e acesso ao “grande conselho”, vinculando o direito de progenitura na descendência varonil. Neste caso seria Giovanni Soares, filho de seu cunhado, Agostinho Soares, marquês de Convincento, e só em último caso indicava como possível sucessor um filho do novo gestor da “Casa Cortiços”, o poderoso Manuel José Cortiços, marquês de Villa Flores.

Agostinho Fonseca terá falecido em 1681, pois o seu testamento foi publicado em 15 de setembro daquele ano, conforme informação de Federica Ruspio. Depois do falecimento Agostinho da Fonseca ficou como sua executora sua mulher Mariana Ferro a qual perdeu na Justiça de Veneza a causa contra Sebastião Manuel Cortiços e sua irmã Luísa Teresa, causa essa que dizia respeito aos investimentos atrás referidos, feitos em Veneza por Agostinho da Fonseca, na qualidade de procurador de Manuel José Cortiços, pai de Sebastião e Luísa.

NOTA e BIBLIOGRAFIA:
1-ANTT, inquisição de Coimbra, pº 5496, de Manuel de Almeida Castro.

ANDRADE e GUIMARÂES – Nas Rotas dos marranos de Trás-os-Montes, 2ª parte Os Almeida Castro, uma família de cristãos-novos de Izeda, ed. Âncora, Lisboa, 2014.

Federica Ruspio - Da Madrid  a Venezia : L’ ascesa  del mercante  nuovo cristiano  Agostino  Fonseca . Mélanges de L´Ecole  francaise de Rome  - Italie  et Mediterranée  modernes  et  comtemporaines (en ligne).

Markus Schreiber – Marranen  in Madrid  1600-1670 – Stuttgard-  Franz Steiner , Verlag  1994.

O triste sucesso de Pedrógão Grande

Todos os primeiros-ministros da história recente de Portugal já tinham larga experiência política e partidária quando ascenderem a esse cargo fundamental. Salazar à parte, que não é para aqui chamado, e Álvaro Cunhal que, felizmente, nunca ousou sê-lo, muito embora tenha andado lá por perto.
António Costa, o actual titular, é o paradigma, o padrão, o perfil que melhor se encaixa neste modelo, sobretudo agora que estamos em tempo de redes sociais.
E bem se poderá dizer que nasceu na política e para a política. A sua militância partidária é notável e a sua experiência como autarca insuperável, ou não tivesse dirigido o mais importante município do País. Os seus conhecimentos teóricos e prácticos de governação são igualmente de assinalar, já que exerceu, entre outros, o cargo de ministro do interior, precisamente, num governo chefiado pelo controverso José Sócrates.
Confrontado com a realidade trágica de Pedrógão Grande que aconteceu, com o pesar de todos nós, no momento em que a vida lhe corria surpreendentemente bem, com êxitos nas finanças, no futebol e nas cantigas, que partilhava com o seráfico e indefectível seu amigo presidente da república, António Costa disse que tudo funcionara bem, sem falhas, que fora um sucesso, portanto.
O mais certo é o primeiro-ministro ter ficado emocionalmente afectado com tão tristes acontecimentos. Tanto que nem se deu conta de que esse é o argumento do terror, a lógica dos que defendem que quanto maior é a tragédia maior é o sucesso.
Não haverá mesmo razões humanas, claras ou encobertas, para explicar tamanha desgraça, para lá da madrasta Mãe Natureza que sacrifica cruelmente os próprios filhos? Uma distração, um funcionário a menos na cadeia de prevenção, um plantador de eucaliptos que abusivamente os planta até à berma da estrada? Ou será que a culpa, para desgraça maior, deve ser imputada às infelizes vítimas que estavam no lugar errado, no momento menos conveniente?
António Costa, porém, não se ficou por aqui na sua perturbação. Sobre a questão fundamental que é a prevenção, o planeamento e o ordenamento, do território e das florestas rematou que é assunto para a próxima década.
Valha-nos Deus! Então há quantos anos anda António Costa na política? E em que se ocupou todo o tempo em que foi ministro do interior? Será que andou apenas a apagar incêndios?
António Costa é, portanto, justiça lhe seja feita, um primeiro-ministro paradigmático dos inúmeros que Portugal já teve, para desgraça dos portugueses.
Daqui a cinquenta anos, se Portugal ainda existir, haverá certamente um governo ainda a reflectir como pagar a dívida pública nos cinquenta anos seguintes. E talvez seja então mais fácil atacar o problema do planeamento e do ordenamento das florestas e da prevenção dos fogos florestais, quando já não houver mais florestas para arder nem portugueses para socorrer.
Assim se explica, e melhor se compreende, a razão pela qual os eleitores sistematicamente respondem com abstenção em massa: não encontram ninguém credível em quem votar.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

O MANSO E O GUERREIRO II – O FOGUETEIRO IMPACIENTE

– Boa tarde, ti Júlio

– Olha o ti’ Tomé Guerreiro. Pois se é tarde viesse mais cedo. Que um bom guerreiro apronta-se de manhãzinha.

– O meu amigo está com alma de filósofo. Quem pensaria tomar conselhos de guerra de  um Manso?

– Manso, só de nome. Só de nome...

– E eu não sei? Fale-me das novidades da terra que, pelo que vejo, já leu de cabo a rabo o Jornal Nordeste.

– Ó ti’Tomé, nestes tempos eleitorais a gente já não sabe o que são notícias, o que são promessas, o que são projetos, o que são factos. Misturam tudo.

– E fazem mal. O povo precisa de esclarecimentos, não é de ilusões.

– O tempo é de promessas, homem! Por mais que discutam, por mais que condenem, por mais que prometam não fazer promessas vãs, essa é a mais vã de todas as promessas.

– Não há dúvida. Hoje deu-lhe para a filosofia... pois se querem o voto não hão-de prometer nada em troca? Como queria o meu amigo que enchessem a camapanha eleitoral?

– Oficialmente a campanha só começa em Setembro...

– Oficialmente, diz bem. Mas eles estão aí, andam por todo o lado, não podem estar calados se não ninguém sabe ao que vêm, nem tão pouco se lhes pode pedir contas depois.

– Pois melhor fora que dessem conta das promessas que já fizeram!

– Pois sim, pois sim. Mas a isso já nos vamos habituando...

– mas também já começamos a habituar-nos a outro tipo de atitudes. Veja bem o que se vai passando por esse mundo fora.

– Não me fale da América que não é bom exemplo.

– Não lhe falo da América, mas falo-lhe de França.

– Ora, ora. Mas isso é a outro nível. Ainda vai demorar a chegar ao plano das eleições deste ano. E eu até entendo que neste período comecem a despejar possíveis compromissos se calhar até com intenção séria de os levar até ao fim. E os votantes sabem bem que nem sempre as coisas correm como são projetadas e não é por falta de vontade e até mesmo de empenho.

– Então qual é o problema?  

– O problema é quando avançam cedo demais com o anúncio de empreendimentos vultuosos e que são bem necessários para a nossa terra.

– Agora é que eu não entendi nada!

– Muitas vezes começam a falar e a dar como certas, obras, realizações e investimentos na altura indevida. Criam expetativas que depois não se realizam quando deviam.

– Mas se vocemessecê  já disse que era natural...

– Natural não é, nunca. Mas quando são grandiosas e não há garantias sequer de começo e quando dependem de investimentos externos à nossa terra, se andamos a falar e a afiançar que vai, quando nem começou, o que estamos é a afastar quem podia ajudar e que assim pensa que já está e nem sequer se interessa. E não é só isso.

–  Ai não? Então que mais é?

– Acontece como no caso do Lobo. Quando for mesmo para valer, já ninguém acredita de tanto ter sido noticiado antes, em vão.

– Já houve foguetório demais.

– É isso mesmo. Demais e em tempo impróprio. Que mal compare é como se um fogueteiro, na ânsia de mostar a sua habilidade e a qualidade do fogo-de-artifício que tem, começasse a fazer demonstrações antes da festa. Quando chegasse o arraial já pouco havia e desse pouco, nada era novidade pois já tudo tinha sido visto!

“Todos têm responsabilidade quando se ganha e quando se perde”

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Ter, 27/06/2017 - 12:40


Francisco Asseiro, director desportivo do Grupo Desportivo de Bragança, assume responsabilidade de uma época menos positiva. O clube garantiu a manutenção no CPP mas ficou aquém do trabalho desenvolvido na temporada 2015/2016

 

Susana Madureira / Foto de Guilherme Moutinho