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Mirandela derruba Real nas grandes penalidades

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Ter, 02/10/2018 - 17:21


O S.C. Mirandela venceu (4-5), no domingo, o Real SC nas grandes penalidades e carimbou a passagem à terceira eliminatória da prova rainha do futebol português, num jogo realizado em Queluz. Zé Ricardo, Medina, Zaidu, João Victor e Alex Porto marcaram para os alvinegros.

Divisão de Honra Repsol Gás começa no domingo com novidades

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Ter, 02/10/2018 - 17:16


Este ano são 12 equipas em competição com destaque para os regressos do Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros e Carção. A expectativa é grande pois a opinião é unânime: será o campeonato mais competitivo das últimas temporadas.

Da fama não se livram

A não recondução de Joana Marques Vidal no cargo de procuradora-geral da república ainda vai dar muito que falar.

Poderia não ter passado de um normalíssimo acto administrativo, bastando, para isso, que o senhor Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República e o senhor António Costa, primeiro-ministro, não obstassem a que Joana Marques Vidal continuasse a cumprir a sua missão com o acerto com que o vinha fazendo.

Mas não! Optaram por transformá-lo no acontecimento político mais noticiado, comentado e criticado dos últimos tempos o que, por si só, muito diz da sua importância e do impacto negativo que teve e vai continuar a ter na opinião pública e, por antipatia, na atribulada vida do Regime.

É claro que o senhor Marcelo Rebelo de Sousa, tristonho, acabou por ficar muito mal no auto-retrato que partilhou com o sorridente senhor António Costa. Tratou-se, seguramente, da selfie mais enigmática e cinzenta do mandato do presidente da República, podendo mesmo ficar registada na História como o retrato fatal do regime.

Certo é que Presidente da República e Primeiro-ministro, matreiros, fizeram caixinha o tempo todo, deram sinais contraditórios, ouviram quem quiseram e o que não gostaram, mas acabaram por decidir contrariamente aos sagrados interesses da justiça e da democracia, na opinião dos mais categorizados analistas.

É o que se deduz, de resto, das explicações falaciosas que publicamente apresentaram, sem argumentos jurídicos bastantes e com potencial prejuízo da sacrossanta luta contra a corrupção que ironicamente dizem privilegiar.

Não é de admirar, portanto, que nas ruas se ouça muito povo murmurar que se mancomunaram para eventualmente favorecerem certos amigos e correligionários, no presente e no futuro. Da fama não se livram.

Por isso, a opinião pública, apaixonada, vai continuar a julgá-los, habilitada agora pela nova procuradora-geral da república. Se Lucília Gago demonstrar suficiente isenção, lucidez e coragem converter-se-á na pedra de toque que aferirá da pureza do ouro da verdade e boas intenções que nortearam o Presidente da República e o Primeiro-ministro.

Se, pelo contrário a sua determinação e independência soçobrarem funcionará como caixa-de-ressonância de todos os ruídos, suspeições e maledicências que já andam no ar e de tudo o mais que entretanto venha poluir a atmosfera política, muito embora o desempenho de Lucília Gago seja principalmente avaliado pelos potenciais processos escandalosos que ela própria desenterrar ou definitivamente abafar.

Matérias explosivas que poderão abalar os alicerces do próprio Regime dado que a animosidade da grande maioria dos cidadãos se aproxima de níveis altamente preocupantes.

A esmagadora maioria dos cidadãos não controlados partidariamente vai estar, por certo, particularmente atenta ao evoluir dos acontecimentos, de olhos e ouvidos focados no desempenho da nova procuradora-geral da república e de facas afiadas para justiçar as figuras públicas reinantes que durante este tempo todo se constituíram como réus, coniventes, colaboradores ou simplesmente encobridores de actos de corrupção.

Maioria que começou por encarar tais actos com gozo, ironia e diversão, mas que agora está mais compenetrada e crente de que tem sido sistematicamente ludibriada e prejudicada, o que a torna vulnerável a perigosos populismos e radicalismos.

O senhor Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, o senhor António Costa, Primeiro-ministro e seus afins, que se cuidem.

 

Este texto não se conforma com o novo

Acordo Ortográfico.

Notícias e comentários

E com frequência evocada uma verdade que, sendo verdadeira e verificada, não deixa de ser recorrente com as consequências conhecidas e confirmadas:

A forma como alguns temas são tratados na comunicação social potencia o seu efeito, agravando-o.

É, nomeadamente, o caso dos estivais incêndios florestais, cujo espetáculo ígneo repetidamente transmitido, em direto (e diferido), aumenta a apetência dos pirómanos para dar seguimento à sua impetuosa vontade de forçar a atuação dos bombeiros e correspondente cobertura dos media. Estou seguro que a divulgação de reportagens recentes com residentes a resistirem à intimação de abandono das suas casa em risco, nos dramáticos episódios da serra de Monchique, deste verão, veio fomentar comportamentos idênticos noutros que, de outra forma, poderiam obedecer, sem qualquer resistência às indicações das autoridades. Disso dei conta em crónica publicada há pouco tempo.

Mais recentemente, voltei a erguer o dedo em riste, a propósito da forma como o assunto dos Ensaios Clínicos é distorcido, na opinião pública e dificultado à sua adesão, com prejuízo para todos porque as notícias apenas dão relevo aos casos mal sucedidos e dramáticos. Muitos outros casos se poderiam aduzir, todos referidos e assinalados e nunca desmentidos. E, contudo, nada indicia qualquer mudança, qualquer alteração de relevo, qualquer alternativa consistente. Dei comigo interrogar-me porquê e, curiosamente, reconhecendo a justeza da crítica, não encontro, em boa verdade, sustentação, suficientemente robusta, para uma opção diferente.

Chamar a atenção para o que é evidente, é fácil. Mesmo que o alerta não seja demais, mesmo que a intenção seja (e é) servir o público e o bem-estar comum, os alertas sobre os “pretensos” exageros mediáticos, mesmo que funestos, não podem, de forma nenhuma sugerir que não é igualmente o serviço público que move os muitos e bons jornalistas nas reportagens que, com o maior profissionalismo, trazem ao conhecimento de todos.

Se um incêndio de grandes proporções deflagrou e consome, descontroladamente, dezenas de hecatres florestais... como não o noticiar, na hora e com relevo? Se um ensaio clínico correu mal, seja de que fase for (porque se há-de querer que um repórter seja especialista em tudo o que noticia?) obviamente que tem relevância muito superior às centenas que correm bem e em segurança nas restantes fases. Como pretender que não seja exercida, na plenitude, a missão a que tantos e tão bem se dedicam?

Apontar os possíveis efeitos perversos, repito, é fácil, para mim (mea culpa) e para todos os que como eu, nos jornais e noutros meios de comunicação, se dedicam ao comentário. Nós não temos carteira profissional, não nos regemos por nenhum código deontológico público e escrutinável. Emitimos a nossa opinão e regemo-nos pela nossa própria deontologia. Não relatamos, comentamos. Não expomos factos, exprimimos pensamentos. Não nos distanciamos, pelo contrário, encarnamos os nossos relatos na primeira pessoa.

Contudo, também repito que a forma como os media anunciam e relatam determinados factos, contribuem significativamente para uma imagem negativa, que não corresponde à verdadeira e fomentam comportamentos que agravam situações já de si, suficientemente dramáticas.

Claro que gostava que fosse de outra forma. O meu problema é encontrar o princípio que seja suficientemente válido, definido e caracterizado que dê suporte a uma guinada consistente, noutra direção.

Um jornalista, tal como eu, também tem a sua opinião pessoal, mas é-lhe recomendado (muitas vezes imposto) que se abstenha de a manifestar no exercício da sua profissão. Eu também tomo conhecimento de factos mas não me interessa nem me motivo a relatá-los de forma distante e disciplinada como fazem os melhores repórteres. Talvez haja, entre estes dois mundo, uma zona de contacto e talvez exista nesse espaço a melhor resposta para este problema. Quem sabe se a solução não pode ser encontrada após uma discussão aberta, uma conversa franca e uma reflexão conjunta, entre comentadores e jornalistas?

Um evento desses seria, sem dúvida, motivo para uma boa notícia e um excelente tema para uma crónica: a opinião dos repórteres de notícias e os factos que motivam os cronistas!

Os homens maus

"A menha pesora dise que os homens maus estragão o abiente e matam us animais os homains maus puluaim os rius e atiram muintos pelasticos para o mar e depois us peijes comaim-os e morrein as fabricas deitão fumu para atemusvera e as pesoas respirão u ar e ficaum duendes a milha abó jacinta dis que os fumos dus carus estragau o ar e cagora já não a inbernu e nu brão a muintus fogus i us homeins maus tamain cortaum as arbes das fulorestas”.

Sem tirar nem pôr, a deliciosa composição da iara marlene, uma garota de oito anos vivíssimos que (tirando o exotismo do nome próprio) não pode ser mais nordestina e a meio do primeiro ciclo está já a surfar a onda das preocupações ambientais. E que bem lhe fica! Se eu fosse seu professor ralar-me-ia pouco com a contenda desigual que ela vai travando com as imposições da língua escrita que, diga-se, até me enternece. Porque, bem vistas as coisas, isto de o mesmo som se mascarar com várias letras, de a mesma letra representar diferentes sons, de haver sons tão parecidos que mal se distinguem ou de uma mesma palavra mudar completamente de figura consoante saia da boca do pai ou da diretora da escola, entre imensas outras bizarrias, são coisas que não podem deixá-la bem impressionada e talvez a incompatibilizem irremediavelmente com o mundo dos adultos. Já no tocante à ideia que lhe foi incutida de que as agressões ao ambiente são obra de homens que têm tanto de perversos como de abstratos, aí sim, o assunto, por muito mais sério, exigiria da minha parte inadiável intervenção pedagógica.

Não seria talvez fácil converter tudo numa linguagem clara e acessível de maneira a que ela compreendesse o que nesta questão está verdadeiramente em jogo, mas a didática foi inventada para isso. Poderia começar por adiantar-lhe a ideia de que estamos todos, bons e maus, novos e velhos, homens e mulheres, ricos e pobres, espertos e burros, sábios e ignorantes, amarelos, brancos, negros e vermelhos, estamos todos, dizia, enterrados até aos cabelos em algo a que se chamou revolução industrial. Que ela tem implicado fazermos gato-sapato da natureza que nos dá o ser e alimenta, ignorando que tudo o que lhe fazemos é a nós próprios que o fazemos. Que essa falta de respeito tem implicado extrair, explorar, transformar, construir, fabricar, transportar, anunciar, expor, distribuir, vender, trocar, comprar, traficar, usar, gastar, acumular, esbanjar, dissipar, exibir, rejeitar, estragar, delapidar, destruir, massacrar, arrasar. Que a insanidade é tanto maior quanto se sabe que, de modo geral, temos tendência a sentir-nos extremamente miseráveis caso não consigamos alinhar nela de corpo e alma, freneticamente, como se de uma fé redentora se tratasse. Que tal conjunto de atividades tem vindo a crescer em proporção aritmética desde que começou há trezentos anos, mais década menos década, sendo indispensável para o levar a cabo uma quantidade prodigiosa de uma coisa chamada energia, obtida a partir do equivalente a milhões e milhões de fogueiras que acendemos diária, continua e afanosamente, produzem os fumos a que ela se começa a mostrar sensível e refere de forma pertinente.

Seguir-se-ia a parte certamente mais chata da minha preleção, após a qual eu próprio me arriscaria a ser considerado um homem mau mesmo a sério: a de lhe fazer ver que neste gigantesco processo há poucos inocentes, a começar pelo telescópio hubble e a acabar nela própria.  É que tudo aquilo que está a usar no momento em que a mãe, apreensiva, me mostra o papel (— Já viste quanto erro dá, manel?), absolutamente tudo, desde a chicla que masca com visível prazer e desenvoltura de boca até ao elástico que lhe prende o rabo-de-cavalo, poderia ter incluído na sua redação para substituir, com muito mais rigor, os homens maus a quem pretende dar a sarabanda.  

Depois talvez concluísse exortando-a a passar esta ideia a todas as iaras, em quem reside a esperança de erradicar a lógica materialista, consumista e predatória dominante e colocar de alguma maneira um travão nas calamidades que aos quatro ventos se anunciam e ela bem explicita já. É que se alguma esperança existe reside inteirinha nela e nos da sua geração, pois com os cotas da minha já não vamos lá. De tão imersos que estamos na fumarada, e não obstante termos começado já a tossicar, não a conseguimos ver.