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Sta. Bárbara, protectora dos mineiros

Ter, 10/12/2019 - 10:28


Olá gente boa e amiga.

Estamos no Advento, a 15 dias da Consoada. Já se nota em todas as localidades que o Natal está à porta, não só nos estabelecimentos comerciais, mas também nas ruas da cidade e nas aldeias que já têm o seu presépio feito. O espírito natalício anda no ar, embora a nossa família tente que seja Natal todos os dias do ano.

Igualdade de género: estamos longe de poder cruzar os braços

Apesar de estarem decididamente na linha da frente na defesa da igualdade de género, a União Europeia (UE) e Portugal têm ainda um longo caminho a percorrer. As mulheres recebem menos e ocupam menos cargos de liderança. Se for preciso ficar em casa a cuidar de filhos ou netos, na esmagadora maioria das vezes é a mulher que desempenha esse papel. Falta completar uma União sem discriminação de género.

Na União Europeia e em Portugal, a assimetria salarial entre os homens e as mulheres que exercem as mesmas funções é de 16%, o que na prática significa que as mulheres recebem menos 16 cêntimos por hora, menos 160€ por mês e menos 1920€ por ano. Outros números são igualmente preocupantes: na UE, apenas 28% dos ministros são mulheres, e em Portugal 33%. Na UE, apenas 29% dos deputados são mulheres, e em Portugal 35%. Na UE, apenas 25% dos quadros das maiores empresas são compostos por mulheres, e em Portugal 16%.

Para fazer face a estes desafios, a União Europeia definiu, em 2016, o Compromisso Estratégico para a Igualdade de Género, que permanece em vigor até ao final de 2019.

Mais recentemente, a Presidente da nova Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou a sua Estratégia Europeia para as Questões de Género, fundamentada nos seguintes princípios: consagrar a igualdade salarial entre homens e mulheres; introduzir medidas vinculativas em matéria de transparência remuneratória; estabelecer quotas para a paridade entre homens e mulheres nos conselhos de administração das empresas – através da Diretiva Mulheres em Conselhos de Administração; acrescentar violência contra as mulheres à lista de crimes da UE; prevenir a violência doméstica, proteger as vítimas e punir os agressores.

Nas suas próprias palavras, a Presidente da Comissão Europeia está plenamente determinada em assegurar a igualdade de género por toda a Europa até ao final do seu mandato (2024), a começar pela Comissão Europeia. No discurso de apresentação do seu colégio de comissários, que é o mais paritário até à data, afirmou convictamente: “até ao final do meu mandato teremos igualdade de género, a todos os níveis, na Comissão Europeia”.

Anteveem-se, portanto, progressos significativos. No entanto, estamos longe de poder cruzar os braços e descansar. Se queremos realmente uma União mais igualitária e mais justa, temos de pôr mãos à obra e trabalhar!

 

Sofia Colares Alves

* Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal

Conversa da Greta

Ora boas tardes. Parece que o frio chegou em força para esses lados. Essas lareiras já devem chispar: grandes lareiras com boa madeira de carvalho, freixo, tão bom. Bem, talvez não. Ligue-se o aquecimento central. E daí, fiquemo-nos por um aquecedor elétrico ou a gás para aquecer as panturrilhas e pôr as meias a secar. Mas em todo o caso, o ambiente não deixa de pagar. Uma boa manta é capaz de chegar. Em casa da minha avó havia umas mantas daquelas com umas barbas que até picavam, pesadas, uma pessoa mal se conseguia mexer debaixo delas. Memorabilia transmontana. Ou então chamam-se outra vez os Eléctricos de Gimonde, para nos trazerem as brasas a casa através de um meio de transporte amigo do ambiente, embora potencialmente teimoso. Amigos, o que precisamos não é de Conversas da Greta. O que precisamos é de inconsciência ambiental. Reparem, em meados dos anos 60, em Portugal, país transbordante de felicidade fruto dos invejáveis índices de desenvolvimento e de escolaridade, as pessoas estavam consciente e perspicazmente providas de inconsciência ambiental. Por exemplo, nesses tempos, a minha mãe enquanto estudante do Magistério de Bragança, comprava as brasas aos Eléctricos de Gimonde para aquecer a casa e a caldeira de água, estudava romanticamente à luz da vela e não poucas vezes se locomovia a energia asinina. Provavelmente até teria um penico amigo do ambiente debaixo da cama. Não havia plásticos, nem luz, nem água quente. Coisas que no fundo só trazem mau ambiente. Existia uma clara inconsciência ambiental que é imperativo reproduzir. E para o fazermos necessitamos de fazer algo muito simples: parar agora neste preciso momento e começar já a retroceder como se estivessemos dentro de um leitor de VHS. Mas com cuidado para não puxarmos muito a cassete e não irmos parar à Idade Média. Teria as suas vantagens em termos do que ambientalmente se pouparia em talheres, calças à boca de sino e Citroens boca de sapo, mas correríamos o risco de ao ir parar ao medievo levarmos com uma espadachada nas costelas por dá cá aquela palha ou de os médicos usarem aquela técnica de sangria para nos tirarem qualquer enfermidade do corpo. É de inconsciência que precisamos, inconsciência ambiental e inconsciência do mundo em geral. Retroceder quanto muito até ali a uma altura onde já houvesse camas com colchões de molas (os de palha ganhavam muito percevejo e davam cabo das costas) e onde houvesse televisão para apreciar as Conversas em Família e o Festival RTP da Canção. Com jeito poderíamos deixar uma porta entreaberta, ou até um túnel com uma motinha (amiga do ambiente) como aquela que o mexicano usou para se escapulir da prisão, de modo a voltarmos a marcar presença no presente em determinado dia da semana. Por exemplo, aos domingos. Quem quisesse poderia ficar lá atrás a ter um domingo com missa de manhã, futebol à tarde e um passeio na Feira Popular ao fim do dia e quem lhe apetecesse poderia vir ao presente actualizar o Instagram, comer um hamburguer amigo do ambiente e beber uma Coca-Cola BFF do ambiente para atenuar a ressaca. Poderia ainda passar pelo IKEA para comprar um sofá-cama, de forma a dar guarida àqueles que lá atrás já se teriam lembrado de criar um sistema de partilha de quartos para a malta que andasse a viajar e a conhecer mundo de Catamarã, ou para os mais radicais, viajantes de barco a remos ou mesmo através da ainda mais amiga do ambiente, jangada.

Era desta abordagem ao ambiente que o mundo necessitava. Uma consciência que não se preocupasse com o ambiente das redes sociais nem com o ambiente dos ideais da moda. Uma consciência que olhasse para além da elite europeia e de um par de países mais, ou seja, uma consciência que fizesse entrar no diálogo deste tema o restante 90% da população mundial. Os mais afectados por estas questões. Aliás, podemos começar já por dizer aos largos milhões de pessoas de África às Américas, da Ásia a alguma Europa para ficarem onde estão,  #Amisériaéonewchic. Explicar-lhes para deixarem de sonhar com esses luxos poluidores e inimigos do ambiente para as suas famílias, que a Black Friday afinal é uma farsa, a maior Capital do Natal da Europa é só lama e esferovite, e que não há nada mais trendy do que um balde velho e meio furado. Em relação à menina Greta, é de louvar a sua posição e o seu discurso, apesar de bastante wikipediano e de certa forma natural para uma jovem da classe média-alta de um país desenvolvido com fácil acesso à informação. Ao ler as suas palavras creio que existem milhares de jovens portugueses que seriam tão ou mais capazes de defender semelhante discurso e também de assumir este papel, desde que com a devida entourage. Mas, já me esquecia, tudo o que os nossos alunos aprendem nas escolas é a afiambrar nos professores e a fazer vídeos com o telemóvel. Não servem para mais nada. Um abraço e não estraguem o ambiente.

 

Leitor de Português na Universidade de Sun Yat-sen

Cantão Guangdong – China

 

Voto contra!

O PSD que Rui Rio promete e quer fazer afirmar é um partido responsável, honesto e racional. Não faço ideia do que lhe possa ir realmente na cabeça, mas não posso deixar de concordar quando diz que o voto do PSD terá de atender à validade das propostas e não à autoria das mesmas. Outra e radicalmente oposta é a proposição de Luís Montenegro que entende que o Partido, liderado por si, reprovará tudo quanto vier do PS ou de qualquer partido à sua esquerda. Pinto Luz suavizou esta última opção colocando como primeiro passo a leitura e conhecimento do projeto governamental, mas foi logo avisando que não acredita na bondade do que quer que seja que venha daquele espetro político. Tem sido, por isso, referido como aquele que teve o melhor discurso, mais inteligente e mais assertivo. Talvez. Foi, sem dúvida o mais oportunista. O mais ambicioso, no pior sentido do termo.

A posição radical de Montenegro, agrada, de forma clara e entusiástica aos militantes, principalmente aos mais radicais. Estou certo que o propósito de Rio terá maior aceitação nos eleitores. Pinto Luz quer abraçá-los a todos. Por isso foi batizado como talentoso.

Os partidos não são clubes de futebol. Estes, sim, existem para combater todos os outros porque é esse o seu objetivo e porque não é possível ter sucesso de outra forma. Os partidos não. Programaticamente têm como missão o serviço público, embora, pragmaticamente o que os move é a busca do poder. Que não tem grande mal se forem capazes de os compatibilizar. O que, aparecendo levemente no atual Presidente do PSD (por tática eleitoral?), está totalmente fora dos planos dos seus dois contendores. Não há a menor dúvida que todos se reclamam herdeiros e continuadores de Francisco Sá Carneiro. Como tal, nenhum deles enjeitará ou repudiará a máxima política que celebrizou o advogado portuense: “O País está à frente do Partido”. Contudo, só o actual líder se propõe levar à prática tal norma sendo exactamente por isso que mais o criticam os seus oponentes!

Votar contra só porque uma proposta vem de um concorrente e adversário, sem qualquer outra razão, não é fácil de sustentar exceto junto dos mais radicais seguidores. Mas estes não alargam o estreito caminho para a cadeira de S. Bento. É necessário arranjar uma justificação. A principal razão pela qual os dois desafiadores “garantem” o voto contra todas propostas socialistas, reside no congelamento do partido do poder, na orla da geringonça que suportou o governo na anterior legislatura, diabolizando todas as propostas vindas dessa área. A terem sucesso, paradoxalmente, pode trazer grande prejuízo para o próprio partido. Se houver adesão eleitoral a esta hipótese, a consequência mais imediata será, a recentragem do PS. Ora o risco para o partido de S. Caetano à Lapa não lhe vem de um Partido Socialista encostado à extrema-esquerda, (isso seria uma bênção!) mas sim a virar ao centro, roubando-lhe, a partir da cómoda cadeira do poder o eleitorado centrista (social-democrata) entalando o PSD contra o ascendente Chega! e a disputar o, cada vez mais diminuto, eleitorado do CDS.

Regionalização, não! Independência, sim!

A Constituição que nos rege, ainda matizada com laivos do sinistro socialismo científico (que de ciência nada tem e mais justamente deve ser tido como um manual da desgraça) estabelece como autarquias os Municípios, as Freguesias e, pasme-se, Regiões Administrativas.

Todavia, a famigerada Regionalização, entendida como a criação dessas fantásticas regiões, não ousou ainda sair do papel de música em que a Constituição de 1976 foi orquestrada, porque a maioria dos portugueses, (mais sensatos que os putativos ideólogos regionalistas), a rejeitaram liminarmente no referendo de 1998.

Desde logo porque a dita Regionalização seria uma enormidade num país de tão diminuta dimensão geográfica e que, dia após dia, mais se encurta com o evoluir dos sistemas de mobilidade (o Túnel do Marão o diz).

Depois porque a Nação portuguesa nos seus gloriosos 800 anos de História, alcançou sólida coesão política e cultural, e saudável sentimento pátrio, malgrado a presente subalternização do Interior que é reflexo do actual Regime, do qual também resulta que o Estado está grávido de uma máquina administrativa complexa, cara e ineficiente, e que a Regionalização só viria acentuar.

Acresce o agravamento da situação económica que a Regionalização provocaria, quando Portugal dorme aconchegado numa bomba chamada dívida pública que ameaça explodir mal o pavio de uma nova crise internacional se acender.

Se tal não bastasse, é por demais óbvio que com a Regionalização, o Partido Socialista em especial, apenas pretende fabricar mais cargos e mordomias para parentes, amigos e militantes, e perpetuar-se no poder.

Bem avisado andou, por isso, o primeiro-ministro António Costa ao remeter a Regionalização para o sótão partidário, embora não sem antes a ter tentado implantar à socapa.

Poeticamente, até se poderia pintar a Regionalização com cores romanescas e populistas insinuando que Trás-os-Montes é a pátria dos transmontanos, o Alentejo a pátria dos alentejanos ou que o Algarve é, ou foi, a pátria dos algarvios.

Tal seria uma insidiosa subversão, porém, porque a Nação, a Pátria, o Estado e a Língua Portuguesa estão consagrados no velhinho Portugal, que não pode ser assim tão levianamente estraçalhado e varrido da História e do Mapa-múndi, como pretendem os mundialistas de pacotilha.

Esqueçamos, portanto, a Regionalização e foquemo-nos na Descentralização tendo em conta, contudo, que coisas há que devem ser descentralizadas e outras centralizadas para que a optimização administrativa se alcance.

Centralizar, todavia, não tem que ser obrigatoriamente em Lisboa ou no Porto e descentralizar não é colocar dois ou três secretários de estado a trabalhar no domicílio. No mínimo implica deslocalizar ministérios inteiros. Trazer, por exemplo, a Administração Interna para Viseu ou a Agricultura, desbastada de todos os apêndices inúteis, para Mirandela.

Expurgue-se a Constituição das polémicas Regiões Administrativas e de outras minudências perniciosas, optimize-se a malha municipal e dê-se independência, na medida justa, a autarcas e deputados, libertando-os das cabeçadas partidárias que distorcem a Democracia e marginalizam o Interior.

E, porque não constitucionalizar candidaturas independentes à Assembleia da República?!

Vale de Salgueiro, 3 de De­zembro de 2019

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.