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Fascismo à italiana. “Fachismo” à portuguesa

Como se sabe o primeiro regime genuinamente fascista foi fundado em Itália pela mão do famoso Benito Mussolini, também conhecido como “o Duce”, que os anais apresentam como um jornalista e antigo revolucionário socialista. Chefiou a República Social da Itália entre 23 de Setembro de 1943 e 25 de abril de 1945, tendo sido assassinado nesta última data, ano em que terminou a II Guerra Mundial. A palavra fascismo deriva precisamente de “fascio” que em italiano significa “feixe”, porquanto tão controversa ideologia política tinha como símbolo principal um molho de varas atadas em torno do cabo de um machado, com as extremidades a descoberto. Outros regimes políticos similares usaram outros símbolos, igualmente marcantes e eventualmente mais impactantes, como é o caso da cruz gamada do nazismo ou da foice e martelo comunista. De lembrar ainda que no caso do fascismo italiano ficou célebre a chamada Marcha sobre Roma que ocorreu entre 27 e 28 de Outubro de 1922 e com a qual Mussolini ousou tomar ao poder. Acontecimento que agora, em 2022, perfez 100 anos, o que foi assinalado, surpreendentemente, com a afixação em Roma de cartazes alusivos ainda que sem grande expressão nacional, ao que parece. Todavia, as ideias fascistas, consubstanciadas numa doutrina política totalitária, racista, xenófoba e assente no poder absoluto do Estado, não se circunscreveram a Itália. Ganharam até expressão bem mais sinistra na Alemanha de Adolfo Hitler com o nazismo, designação corrente do nacional- -socialismo, que muito tem de comum com o marxismo-leninismo que, com Josef Estaline e outros, enformou os maiores genocídios de que há memória. Ideias fascistas que continuam bem vivas nos nossos dias, pontificando na Rússia, na China e na Coreia do Norte dos neofascistas Vladimir Putin, Xi Jinping e Kim Jong-un, para não citar outros sinistros grandes líderes de regimes de partido único e totalitário de menor expressão. Ideias que igualmente florescem nas chamadas democracias liberais do Ocidente, promovidas por partidos de extrema-esquerda e de extrema-direita ainda que, até ver, de forma democraticamente suportável. Claro que o actual regime político português, malgrado todas as suas imperfeiçoes e malfeitorias, nada tem a ver com esse fascismo de diferentes rostos que encheu a História de tragédias e misérias. Tanto assim é que o povo português, com o seu proverbial sentido de humor e bonomia, de pronto tratou de caricaturar o termo fascismo sem contudo lhe modificar o sentido e o mote, passando a fazer uso corrente da palavra “fachismo”, assim mesmo, com “ch”, para manifestar o seu descontentamento e indignação perante o estado do país, que os políticos teimam em manter atrasado, desigual e corrupto, como lhes convém. Poderemos então dizer que o regime político português, nãosendo embora um fascismo à italiana é um “fachismo” à portuguesa e que “fachos”, “fachistas, são todos quantos, e são demais, ilicitamente se servem do Estado em benefício próprio e dos seus familiares, correligionários e amigos, independentemente do partido político que os alberga. Regime “fachista” do qual o primeiro-ministro em exercício, alcandorado na maioria absoluta, segura o facho da governança mais controversa, incompetente e indecorosa de que há memória, que só encontra paralelo no consulado do seu correligionário José Sócrates, dando total sentido à expressão popular “sou PS faço o que me apetece”. Governança vergonhosamente marcada pelos muitos conflitos de interesses envolvendo relações familiares de membros do governo, pelos casos de corrupção que incessantemente vêm a público, pelo funcionamento deficiente dos serviços públicos fundamentais e por erros estratégicos clamorosos, dos quais a TAP e o novo aeroporto de Lisboa não serão os mais graves, se tivermos em conta a desastrosa gestão da dívida pública. E, claro está, sem esquecer o sempre propalado, adiado e frustrado combate à corrupção. Por muito menos a britânica Liz Truss foi forçada a apresentar a sua demissão ao Rei Carlos III, pondo fim a um governo que apenas esteve em funções uns míseros 45 dias. Outra democracia, já se vê. Ainda que o facho que António Costa obstinadamente segura não seja um feixe de varas amarradas em volta de um machado, igual ao de Mussolini. Era só o que faltava! Mas, seja como for, é de um feixe que se trata, de um molho de palha, firmemente agarrado pela simbólica mãozinha fechada socialista. Palha que António Costa insiste em dar de comer aos portugueses, de várias formas e astutamente, com o beneplácito do presidente da república que fala de mais para não dizer nada, ou não dizer o que deve, que o mesmo é para calar os erros do governo e os achaques do regime. Só nos resta desejar que o “fachismo” à portuguesa de António Costa não origine num verdadeiro fascismo à italiana.

Onde fica a alimentação na sustentabilidade ambiental e económica?

Segundo a Organiza- ção das Nações Uni- das para a Alimen- tação e Agricultura (FAO) estima-se que em 2050 a população mundial ascen- da aos 9 mil milhões, o que levará a produzir mais 60% de alimentos e au- mentar drasticamente as emissões de gás de estufa devido ao uso de recursos como água, energia, etc, que são utilizados pelos desperdícios alimentares. Para além dos recursos na- turais, a preocupação tam- bém se estende à encomia global, pois ao ritmo da inflação atual é essencial optar por uma alimenta- ção mais acessível, sem descuidar a saúde. No caso particular de Portugal, devido ao eleva- do consumo de alimentos de origem animal, cada português necessita em média entre 2000 a 5000 litros de água por dia para produzir os alimentos ne- cessários e desperdiça em média 97 kg de comida por ano. A produção de alimentos de origem animal têm uma pegada hídrica e de carbono e financeira maior que os alimentos de origem vegetal, já que 1 kg de bife de vaca consome cerca de 15,5 litros de água, pro- duz 16 kg de dióxido de carbono equivalente, usa 7,9m2 de solo e custa cer- ca de 17€. Comparando com a mesma quantidade de frango, que consome cerca de 3,9 litros de água, produz 4,6 kg de dióxido de carbono equivalente, usa 6,3m2 de solo e custa 2,5€, e comparando com a mesma quantidade o trigo, que consome cerca de 1,3 litros de água, produz 0,8 kg de dióxido de carbono equivalente, usa 1,5m2 de solo e custa 0,8€. O impacto ambiental e financeiro dos alimentos também pode ser medido consoante o seu processa- mento, pois um alimento processado pode implicar mais custos devido ao uso de mais recursos huma- nos, ao modo e tempo de conservação (p.e. conge- lação, refrigeração, etc), o número e tipo de embala- gem, o acondicionamento no transporte e a distância desde o produtor até ao consumidor. De forma a ter uma ali- mentação sustentável e saudável podemos optar por ajustar alguns hábitos no nosso dia-a-dia como: escolher alimentos sazo- nais e locais adquiridos di- retamente ao produtor, evi- tar alimentos processados e embalados, caso seja ne- cessário optar por embala- gens familiares, trocar pelo menos duas vezes por se- mana a carne vermelha por leguminosas, como é o caso do grão, feijão, ervilhas, etc., comprar apenas os alimentos que constam na lista e reaproveitar as so- bras, não deitar fora as cas- cas e fazer chás de casca de cebola, laranja, limão etc, quando possível evitar des- cascar os alimentos para as sopas e conservar os ali- mentos adequadamente no frio para maximizar a sua rentabilidade. Optar pelo uso de jarros elétricos para ferver a água e panelas de pressão, que requerem me- nos energia, também é uma boa estratégia. Cabe a cada um de nós fazer pequenas mudanças com grande impacto global, no ambiente e na carteira.

Nádia Santos

Mentiras, chico-espertismo e gatos gulosos

A mãe comprou um belo naco de vitela para assar no forno. Muito tenrinha, garantiram no talho. Estava destinado a acompanhar com batatas e arroz, compondo a mesa do almoço de domingo. O gato, ao ver tamanho petisco - tenrinho, tenrinho - imaginou que se desse uma dentada do lado mais junto à parede ninguém veria. A ração é boa... mas...não chega. Nunca nada chega quando a tentação é posta ali, numa banca expos- ta. Plot-twist - foi apanhado. À partida, somos mais inteligentes do que os outros. Há uma vozinha que diz “não achas que ela pode descon- fiar? “. Mas, do lado oposto, um vozeirão palpita que, tal- vez com sorte, o outro tinha acordado meio estúpido hoje. E por isso, com essa tal sorte, pode ser que passe e que nos vamos safando. É um princípio comum - ou denota falta do mesmo. Criar novelos, enredos. Ir tirando o proveito que acharmos con- veniente. As mentiras, dizem, criam hábitos. Fica o costume de oprimir a verdade. Ou de lhe dar outros contornos, mais agradáveis. Omitir, é essa a palavra. E omitir é algo que até tem o seu quê de aceitação social. Afinal, ninguém precisa de saber tudo. Até causa desgaste, tanto conhecimento desnecessário. E nas mentiras podemos ser como quisermos. Vamo- -nos enganando a nós e aos outros. Quem sabe o que hoje é mentira amanhã seja ver- dade? A esperança é a última a morrer, toda a gente sabe. Não é a mentira. E a culpa, essa, morre solteira. Será que alguém se sente culpado por enganar os ou- tros? Bem, se sim, demons- tra arrependimento. Já conta alguma coisita para o saldo final. Sabem, naquele em que vão decidir se vamos arder no Inferno ou ir a grandes festas no Céu. O que ninguém gosta é de se sentir enganado. Traído. Mesmo que não sejamos os seres mais íntegros a pisar a Terra, achamos sempre que não nos vai calhar. Nunca entendi a necessidade de enganar os outros. Podemos, simplesmente, ignorar esses outros que não são dignos das nossas verdades. E a vida segue. Mas talvez sejam esses mesmos que temos vontade de enganar. Por não serem assim tão especiais. Ou tão inteligentes. Achamos nós. Só que, com o tempo, fica esba- tida a importância e o que é alguém importante. Há por aí tanta gente que num instante se encontra alguém melhor. Ou, pelo menos, que não seja pior. Todos somos vítimas, de alguma forma, da vida. A vida molda-nos, com todas as tragédias e acontecimentos que experienciamos. Uma coisa é certa - ninguém sai dela sem mácula. Nesse dia, o gato foi corrido à lei do grito da cozinha. O chinelo falhou por pouco o alvo. De barriga cheia, talvez ache que valeu a pena. Quando tiver fome e ouvir um “agora, espera, seu gato guloso”, ou lhe faltar quem lhe coce as orelhas em sinal de desagrado, talvez lhe parece diferente. Ainda houve vitela que che- gue para o almoço, porque já foi comprada a mais, para so- brar. Como a paciência, faze- mos sempre por ir sobrando. Moral da estória? Da próxi- ma vez, o gato vai estar debai- xo de olho. Porque a confiança é de vidro, ainda mais quando há dentes e garras à mistura. A artimanha vai ter que ser maior. Até que, virá o dia, em que a carne vai estar tão protegida que não há forma de ludibriar. Afinal, por cada acto de chico-espertismo há sem- pre uma mente a ser aguçada. E, um dia, aprende-se a deixar de ser tenrinho, por mais que o gato pareça inofensivo e até fofo enquanto se espreguiça nos dias de sol.

NÓMADAS

Nómada, segundo o dicionário, é quem não tem residência fixa, que muda frequentemente de lugar, vagamundo ou vagabun- do. Era um adjetivo com algo de depreciativo e digo era porque se ao epiteto for acrescentada a palavra “digital”, então o conceito ganha importância, valor e consideração. Os “nóma- das digitais” são a elite dos trabalhadores disputados por empresas, instituições, governos e regiões. Porque o futuro é digital é normal que as empresas do ramo disputem e invistam nos recursos humanos mais qualificados que, se estiverem algures, longe dos centros exorbitantemente dispendiosos onde têm as suas sedes ou os controladores dos “armazéns” de dados (também eles dispersos, redundantemente, pelo planeta), mais preciosos são, porque baixam os custos indiretos valorizando as soluções procuradas e comercializadas. Aparentemente, a atratividade destes novos hipsters confere estatuto, promove e valoriza o lugar onde se instalam, vivem e trabalham. Sendo nómadas não sei bem se devem ser classificados de imigrantes ou turistas, ou algo aí no meio. Porque, turistas vagabundos, era algo que, não se enjeitando, deveria ser evitado. O investimento devia ser orientado para o turismo de qualidade, segundo garantiam há poucas décadas atrás os especialistas na matéria. E, igualmente, havia, se bem me lembro, um desígnio nacional para atrair imigrantes de luxo, normalmente reformados, nórdicos, na sua maioria, a quem se concediam grandes benesses. Pareciam ser a chave para a valorização deste território ameno e pacífico tão carenciado dos dólares, coroas e outras moedas externas. E ainda se foi mais longe com os famosos e famigerados “Vistos Gold”. Tudo isto é verdade... no curto prazo. A liquidez, o prestígio e a atividade económica, no imediato, são vantajosas, sem dúvida. Mas, a longo prazo não. Porque a atratividade que é necessária para cativar esta gente passa pela implementação e manutenção de várias infraestruturas básicas e de qualidade (que, óbvia e naturalmente não dispensam) que são financiadas pelos impostos... dos que cá vivem. Para atrair os outros eram-lhes concedidas, várias isenções e generosos benefícios fiscais. Ninguém duvida do interesse em atrair turistas ricos e com elevado poder de compra. Não é assim com os imigrantes. Os que se precisam, sendo especializados ou não, devem integrar e reforçar o contingente de trabalho nacional, sobretudo pagando impostos e contribuindo para a sustentabilidade da Segurança Social, Venha quem crie emprego ou quem se instale, trabalhe e constitua família e tenha filhos, para inverter o declínio populacional Não é por acaso que, após a euforia das grandes remessas de capitais que chegaram com “investidores” estrangeiros, depois da inflação do imobiliário e da enorme quantidade de empresas que produzem tanto ou tão pouco que os seus gestores receberam os famosos 125.00€ concedidos pelo governo aos mais necessitados... venham agora os governantes dizer que é necessário reavaliar a medida... exatamente na altura em que as reformas não sobem por causa da sua sustentabilidade e o Serviço Nacional de Saúde... estoira por todos os lados!