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Paulo Lopes homenageado em Mirandela

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Ter, 31/05/2016 - 15:47


Paulo Lopes saiu de Mirandela quando tinha 15 anos para jogar no S.L. Benfica. No entanto o guarda-redes não esquece as raízes e os mirandelenses também não se esquecem do “garoto fantástico”, como gosta de lhe chamar o seu primeiro treinador, Rochinha.

Vendavais - Ainda hei de roubar um gato

Dizia-me um amigo há uns dias atrás que ainda havia de roubar um gato. Fiquei perplexo e a minha insistência em receber uma explicação saiu frustrada. Ainda vais perceber, disse-me. Parece-me hoje que talvez tenha atingido o que ele queria dizer.
Quando o ano letivo está a chegar ao fim, o governo resolve levantar um problema terrível e de difícil solução. A educação é um direito de todos e todos devem ter acesso a ela sem que para isso tenham de despender grandes somas de dinheiro. O ensino público é gratuito. Inicialmente gratuito só na escola primária, claro. Depois alargou-se. Foi uma conquista recente de que ninguém quer abdicar.
O meu amigo é professor e a sua ânsia de querer roubar um gato, metaforicamente falando, claro, prende-se com o facto de se dizer que quem não tem cão, caça com um gato. Mas só se for ratos, pois com gatos não se pode aceder a caça maior. Como o entendo agora!
Na realidade, levantar o problema dos colégios privados e do subsídio estatal às turmas numa altura em que o ano letivo está prestes a chegar ao fim e os exames estão à porta, não demonstra grande inteligência política e só escassamente compreendo tal atitude do governo, porque possivelmente por detrás está a pressão bloquista e comunista a esse respeito. Para esses não timings certos ou errados. È quando lhes apetece interferir e ter antena.
A posição de cada um fica com a justificação que lhe dão. Eu pessoalmente, não sou contra o ensino privado, até porque estudei sempre em colégios particulares, pois nessa altura só havia Liceus e nas capitais de distrito. Não havia alternativa. Tinha que se pagar se se queria estudar. Neste momento, a proliferação de colégios particulares não está percentualmente de acordo com o número de alunos, principalmente no interior do país, onde as distâncias são maiores e mais difíceis de percorrer. Contudo, penso que quem quer andar a estudar em colégios particulares quando tem à porta ensino público, deve pagar esse luxo. Penso que não tem de ser o Estado a pagar a educação de quem quer frequentar colégios privados, podendo estudar na escola pública se esta estiver por perto, como é o caso de muitas em Lisboa, Porto, Coimbra ou em outras cidades maiores.
Apoio o ensino privado e a liberdade de escolha, mas quem quer ter um colégio e dedicar-se ao ensino, é como ter uma empresa e portanto, terá de a saber gerir de modo a ter lucro e a governar-se com ela. Não pode estar à espera de ser o Estado a pagar-lhe as dívidas e a conseguir-lhe as turmas. Se não pode aguentar o colégio, muda de ramo. Penso que todos entendem isto. Pois se eu não posso caçar com cão, tenho de tentar caçar com gato. Será que há gatos que cheguem?
Alguma coisa terá de mudar a este respeito. A altura não foi a melhor para mexer neste assunto. Os alunos e professores ficaram abalados e durante algum tempo não vão conseguir acalmar a ansiedade que lhe tolheu os passos na reta final. Com o terceiro período a terminar e os exames à porta, exigia-se mais comedimento por parte do governo e apoiantes que se esqueceram dos alunos, pais e professores, para pôr em prática uma medida puramente economicista, tendente a colmatar as falhas de uma política que alargará o défice perante Bruxelas e corre o risco de sanções mais graves. A Escola Pública foi o argumento que serviu para esgrimir contra um privado que faz o seu serviço dentro dos parâmetros exigidos e de acordo com os contratos assinados. Mudar tudo quando falta um mês para o final do ano letivo é um atentado sem exemplo e com consequências enormes. Prova disso, foi a manifestação de mais de vinte ou trinta mil pessoas em frente à Assembleia da República no domingo passado. É muita gente para desprezar o ensino privado!
É forçoso que se chegue a um entendimento rápido e duradouro que contente as partes, pois não chega exigir que os nossos alunos atinjam metas, que tenham hábitos de estudo, que o ranking das escolas suba e que se demonstre ao resto da Europa que os níveis de sucesso estão a subir. Isto é simplesmente falacioso. Temos alunos dos melhores do mundo e a prova-lo estão alguns que enfrentam concursos internacionais e ficam nos primeiros lugares. Muitos são do ensino particular. Será que andaram à caça com gato?

SOS Animal

Na altura de decidir sobre a universidade a que concorreria, optei pelo curso de Medicina Veterinária, essencialmente pelo gosto de trabalhar em segurança alimentar, na empresa de alheiras do meu Pai. Na minha família sempre tivemos animais de estimação, cães e gatos. Na cocheira, havia um pátio onde estavam dois pastores alemães, o King e a Queen. Ao lado, na cortinha do Sr. Arnaldo, um amigo da família, pai do Isidro e da Iolanda, pernoitavam duas vacas leiteiras, onde diariamente íamos buscar o leite para casa. Na cortinha, tratada de forma exemplar, o Arquiteto Mendo tinha uma horta onde plantava com toda a perícia e dedicação, morangos e alguns hortícolas. Andávamos por ali de bicicleta e no fundo a ribeira, muitas vezes sem água no verão, permitiu-nos uma infância entre o café Mira e a cortinha do Sr. Arnaldo. Mesmo no centro de Mirandela, a natureza foi o pano de fundo das nossas vivências.
Os animais, convenientemente tratados, tinham o seu espaço próprio e conviviam saudavelmente com todos. Lembro-me que era essa a normalidade do “campo” e vivíamos felizes essas rotinas.
Hoje em dia, assisto a debates constantes sobre animais de estimação e de alguma forma vocacionados para a humanização de cães e gatos. Concordo com um projeto lei do PS, aprovado recentemente na Assembleia da República, que altera o código civil e estabelece um estatuto jurídico próprio dos animais, reconhecendo a sua natureza de seres vivos dotados de sensibilidade. Parece-me óbvia a diferença de tratamento aos animais no campo e na cidade. No meio rural, a grande maioria não passa da “condição de animais de companhia”, permanecendo ao ar livre, alguns mantendo o trabalho com os rebanhos, onde o pastor os sabe tratar, mas também como animais de companhia, contrariando a solidão dos mais velhos e mantendo a condição livre. Nos grandes centros, assistimos a uma suposta “humanização” dos animais de companhia que, pela necessidade de conforto, acompanhamento, e pelo constrangimento de espaços de apartamentos exíguos, os animais permanecem em espaços reduzidos, apenas com regulares passeios à rua. Uma vida animal distinta do meio rural, onde me parece que os cães e gatos mantêm uma vida livre como animais que são.
Por outro lado, assistimos a um fenómeno lamentável de abandono de cães, quando a situação financeira não se compadece com gastos na alimentação e em assistência veterinária dos cães. Também nestes casos, o País não tem soluções milagrosas estando, no entanto, em curso em muitos canis municipais campanhas de adoção de animais. Como em tudo na vida, devem existir políticas locais, regionais e nacionais apropriadas à nossa realidade, que estimulem o bem-estar dos animais, mas que não pretendam criar uma metamorfose em seres humanizados. A continuar assim, haverá que criar uma linha de apoio SOS animal. Sim, essa sim, caricata. Na cocheira, na cortinha do Sr. Arnaldo, os animais eram tratados como animais. E eram “felizes”, assim.

Os generais milhões.

A história de Aníbal Milhais, o aldeão de Murça que mercê de feitos heróicos na I Grande Guerra ficou conhecido pelo “soldado milhões” é por demais conhecida, embora não tenha amealhado um tostão que seja. Apenas glória e miséria.
É a história de milhares de portugueses a quem a Pátria, quando menos se espera, tira a charrua das mãos, lhes entrega uma arma e os manda combater para longe da terra e da família. A troco de nada, já se vê.
Como aconteceu com outros tantos milhares que foram levados a combater em África e que por lá deixaram pernas, braços e olhos quando não os ossos todos. Ou que foram trazidos de volta, humilhados e desprezados.
Presentemente, não estamos em guerra, felizmente. Mas também não vivemos em paz porque Portugal continua a lutar pela sua sobrevivência, com os humildes contribuintes empurrados para as trincheiras. Não os que amealham milhões mas os que contam os tostões.
Perdidas que estão, ou em vias disso, as batalhas do BPN, do BPP, do BES e do BANIF, já uma nova se inicia, talvez a mais mortífera de todas - a da Caixa Geral de Depósitos. É a nova guerra da Flandres em que Portugal está envolvido, às ordens de Bruxelas, onde a promiscuidade do poder bancário com o poder político só encontra paralelo na Alemanha de Hitler, o que indicia os piores males para a Europa.
Segundo órgãos de informação confiáveis vários milhares de milhões de euros terão sido requeridos pelo banqueiro que o Governo se prepara para colocar a comandar este novo combate. Um novo general milhões, portanto, que não se propõe ganhar a guerra sem soldados, perdão, sem milhões.
Note-se que, segundo o Governo, não se trata de subsidiar a Caixa Geral de Depósitos, mas de um investimento que o Estado faz. Até dá vontade de rir, ou de chorar que é o mais certo!
Porque, mais uma vez, vão ser os contribuintes a embolsar prejuízos, já que os Estado acabará por não reaver um chavo de tão volumoso investimento.
O mais estranho é que esta operação suicida merece o apoio da esquerda unida, a tal que jamais será vencida. Nem vencida nem vencedora. Acéfala é o que é, se bem que a direita não seja mais escorreita.
Portugal continua, assim, à mercê de gestores de fortunas sem pátria, de generais milhões que salvam bancos mas destroem nações.
E esta guerra de milhões, em que os soldados são os contribuintes, não tem soluções políticas à vista.
Porque os nossos políticos, na generalidade, não prestam. São lixo. Tóxico!
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico por vontade do seu autor.

 

Por Henrique Pedro