Vimioso versão nacional começa a ganhar forma
Ter, 07/06/2016 - 14:09
O Vimioso já trabalha na preparação da estreia no Campeonato de Portugal Prio.
Ter, 07/06/2016 - 14:09
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Ter, 07/06/2016 - 14:08
Raça, ambição e espírito de sacrifício estão no ADN do Grupo Desportivo de Sendim.
Ter, 07/06/2016 - 14:06
O S.C.Mirandela comemora na sexta-feira o seu 90º aniversário. A data deverá ser aproveitada para anunciar algumas novidades em termos de plantel para a nova temporada, quer no que toca a contratações quer renovações.
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Ter, 07/06/2016 - 14:04
Foi pacífica a saída de André David do G.D. Bragança para o Académico de Viseu da 2ª Liga, apesar de ainda ter chegado a renovar pelos brigantinos.
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Ter, 07/06/2016 - 14:03
O G.D. Macedense venceu, no domingo, a taça distrital de futsal ao derrotar, por 6-2, o Sp.Moncorvo, na final realizada em Vimioso.
Ter, 07/06/2016 - 14:01
A Selecção Distrital de Futebol Sub-14 da A.F.Bragança prepara-se para o Torneio Lopes da Silva, que este ano se realiza na Madeira, entre os dias 23 e 30 de Junho.
Sábado, 4 de Junho de 2016. Encerramento das actividades do Festival Literário de Bragança.
Agendado para as 20:30h “Homenagem do Encontro Livreiro a Mário Péricles da Cruz”, já o relógio rondava as 21:30h quando se iniciou a justa memória ao fundador da Livraria Mário Péricles e família Machado. Dada a importância cultural, social e afectiva que esta Livraria ocupou, no espaço e no tempo bragançano durante 66 anos, era de esperar uma grande adesão das pessoas que sentem e vivem Bragança. Assim aconteceu. As cadeiras foram insuficientes. A cerimónia começou com um excelente vídeo projectado num pobre espaço de parede lateral. Memórias de um templo, com livros sobre livros, formando colunas de sabedoria, onde, numa aparente desorganização, morava a magia do encontro com o livro.
Esta homenagem e a família Machado, a meus olhos, mereciam um espaço mais nobre e adequado à dimensão do acontecimento. Não se entende o Centro Cultural de Bragança, em toda a sua volumetria, não contemplar um auditório, digno desse nome, e que resolveria os constrangimentos verificados neste evento. O dono da obra, (Câmara Municipal de Bragança), à época, demonstrou não saber nem ter visão prospectiva. Na segunda parte, Mesa de Debate, com Rentes de Carvalho e Sérgio Godinho, moderada pela jornalista Teresa Sampaio. Os presentes por mais que tentassem soerguer a cabeça, não vislumbravam nem mesa, nem oradores, nem moderadora. A amplificação do som costuma ajudar as pessoas a ouvirem melhor. O microfone ficou no auditório. Inexistente. Como há sempre um oásis no meio do deserto, Rentes de Carvalho, com sensibilidade, sabedoria e elegância, de pé e firme fez lembrar Torga: “…a minha voz mudou - porque o horizonte é maior” (Torga, Miguel: A terceira Voz,1934). Falou e fez-se ouvir. Acutilante perguntou à plateia se tinham pago bilhete (risos) e concluiu: “pois se o tivessem feito tinham muita razão para protestar”. Palavras sábias para ilustrar o desconforto que reinava na sala de exposições. Os seus compartes continuaram até ao fim sentados, invisíveis e quase inaudíveis.
Bragança merece, pelas suas raízes de grandeza histórica, labor e afecto, mais e melhor.
Obs: escrevo como aprendi a ortografia.
Bragança, Junho.2016, Carlos Moreno
De Vila Viçosa para além de uma vida curta de 36 anos. Estava para além do seu tempo. Segundo Jorge de Sena, ela foi a expressão do feminino na poesia portuguesa. Admirava Júlio Dantas, Camões, Guerra Junqueiro e José Duro, para lá de outros. Emocionava-se até às lágrimas com António Nobre, a quem dedicou um soneto.
Mulher de vida dolorida e atribulada, de saúde precária, terá sucumbido a dois frascos de Veronal, medicamento crónico que apaziguava a dor e apelava ao sono. Da certidão de óbito, assinada por Manuel Alves de Sousa, carpinteiro, consta que expirou devido a um edema pulmonar, às 22 horas do dia 7 de Dezembro, embora tivesse acabado às duas horas da madrugada de oito, de 1930.
O dia do aniversário de Florbela é o dia marcado para o funeral. Matosinhos, localidade onde vivia com o médico Mário Lage, seu último marido, com quem casara catolicamente, é fustigada por um grande temporal, não sendo possível realizar o cortejo fúnebre. O corpo é depositado na capelinha contígua ao cemitério. A chave do esquifo é entregue a Guido Battelli, professor do curso de História da Literatura Italiana na Universidade de Coimbra, que mantém com Florbela correspondência entre 27 de Junho de 1930 até à morte da poetisa, que confessara a sua dificuldade em editar Charneca em Flor. Os jornais noticiaram. O seu nome apareceu projectado nas páginas da imprensa. Se a sua vida não fora conhecida como desejava, a sua partida foi dada a conhecer.
Em forma de testamento, Florbela deixou cartas e alguns postais de despedida a amigas e marido.
Junto ao mar repousa, numa vastidão só comparável ao Alentejo que a viu nascer e que transportou nas palavras em forma de vida. Quantos sonhos por concretizar! Quantas esperanças desfeitas! Quantas lágrimas enxutas em livros, remédio de males passados, consolo dos males dos outros e de si própria, refrigério de amores não conseguidos!
Quanta mágoa no Livro de Mágoas e Soror Saudade! Quanta censura e reprovação na intimidade de uma vida vivida, mostrada e compartilhada!
Nutrida na insatisfação, no narcisismo, transportando-se nas asas de Ícaro, deixou o rasto de um talento que ainda perdura. Teve admiradores, muitos, que se deleitam no seu imaginário e cantam a poesia para gáudio dos que procuram nas suas palavras o aconchego de um verso e o consolo de um poema. E ao falar-se de Florbela experimenta-se um halo de virtuosismo a que poucos chegaram. Não concretizou os seus sonhos, mas ajudou-nos a transformar, a melhorar e a amar a palavra. Com ela o soneto atingiu, nos tempos modernos, uma expressão que só havíamos encontrado em Antero de Quental. Na sua poesia a exaltação do querer ser mais e maior, a par da solidão e do sofrimento. Retiremos o que a nossa inteligência persegue e cumpramos o nosso caminho.
Não partiu incólume. Não foi esquecida. Deixou rasto. Deixou a marca da admiração e do respeito. Se o seu talento não é posto em causa, a sua vida de mulher à frente do seu tempo merece reparos por parte dos seus detractores. A sua obra multiplica-se. Os estudos em redor da sua pessoa e dos seus livros não param. Vão de Portugal ao Brasil. Admiradores muitos. Estudiosos outros tantos. Não ficou só Florbela, a quem dedicamos algumas linhas fazendo especial incidência no período após o seu desaparecimento do mundo dos vivos.
A 14 de Dezembro de 1930, poucos dias após o seu falecimento, Celestino David (1880-1952), um covilhanense, radicado na capital do Alto-Alentejo, fundador do grupo Pró-Évora em 1919, que nunca tinha falado com Florbela, mas que tinha seguido o seu trajecto de vida, movido por laços que o prendiam à sua admiração, lançou no Diário de Notícias a ideia de ser prestada uma homenagem nacional à poetisa, sugerindo que fosse erguido um monumento em sua memória na cidade de Évora.
Em 25 de Janeiro de 1931 é aberta uma subscrição, a nível nacional, para a construção de um busto que perpetuasse a memória da poetisa alentejana, que fizera de Évora cidade sua, onde habitara e frequentara o Liceu André Gouveia, como aluna interna.
António Ferro, que viria a dirigir o Secretariado da Propaganda Nacional, a convite de Salazar, como que respondendo à iniciativa de Celestino David, em artigo de 24 de Fevereiro de 1931, no Diário de Notícias, lamenta o esquecimento a que a poetisa tinha sido votada, lembra-lhe o talento e dá origem a uma Comissão dinamizadora que integra entre outros, Henrique Lopes de Mendonça, Cândida Aires, Bourbon e Menezes e Fernanda de Castro, mulher de António Ferro.
Graças a Guido Batttelli, sai Charneca em Flor, constituído por 56 sonetos, livro póstumo que alcança grande êxito editorial, que a poetisa não teve tempo de rever na totalidade. De autoria do professor italiano, é dado à estampa Juvenília, opúsculo dedicado à poetisa, contemplando comentários de carácter ensaístico, e cerca de 18 sonetos, alguns inéditos.
Máscaras do Destino e Dominó Preto saem, igualmente, em 1931, mostrando a poetisa num universo diferente, sendo a prosa a grande dominante.
O grupo Pró-Évora está firmemente apostado em levar por diante a homenagem à poetisa que tão bem dignificara as letras e a sua província. A subscrição vai engrossando a pecúnia. Apoios vão sendo recebidos de várias origens. O Secretariado da Propaganda Nacional e a Sociedade de Mármores de Vila Viçosa disponibilizam a matéria-prima, alegando não poder oferecer todo o mármore para o pedestal, mas somente metade. Diogo de Macedo (1889-1959) é encarregado de esculpir o busto que será colocado numa das praças da cidade, cabendo ao arquitecto Jorge Segurado, a construção do plinto e a projecção das linhas do monumento.
Concluído o busto em fins de Dezembro de 1934, é posto à disposição da Câmara Municipal, que o não levanta por falta de verba. Pagas as despesas pelo grupo Pró-Évora, foi colocado na arrecadação da Câmara, no Palácio de D. Manuel.
Embora os apoios solicitados no Diário de Notícias tivessem sido alcançados, é certo que por parte da edilidade foram muitos os obstáculos que inviabilizavam a instalação do monumento num local público da cidade.
Entre as vozes discordantes à legitimidade da instauração do busto, conta-se o Padre José Augusto Alegria (1917-2004) alegando que:
Uma estátua a uma mulher cuja obra reflecte uma posição perante a vida, diametralmente oposta à que está na própria base da Constituição do Estado Português, é praticar um acto de sabotagem, porque representa uma traição ao que se jurou defender.
José Fernando de Sousa (1855-1942) conhecido por Conselheiro Fernando de Sousa, fundador do jornal A Voz vituperava contra Florbela alegando razões várias que punham em causa a vida de Florbela. Autoridades civis e religiosas tudo fazem para inviabilizar o projecto já apoiado, nalguns dos principais jornais portugueses. Florbela de vida sofrida e vituperada continuava após a morte a ver-se esmagada pelos sectores mais radicais da sua terra, do seu Alentejo que tão bem divulgara.
Os membros da Comissão Administrativa Municipal de Évora presidida pelo Dr. António Gromicho mostravam-se contrários à consagração de Florbela, embora em 16 de Junho de 1836 tivessem deliberado autorizar a realização das obras de construção dos alicerces para o monumento no Passeio Público.
Nesse mesmo ano, em 2 de Julho, foi suspensa a autorização concedida para a construção dos alicerces, alegando ser necessário consultar a Junta Nacional de Educação acerca do merecimento da homenagem.
Em Lisboa, a homenagem não sendo vista com bons olhos, Vila Viçosa e Matosinhos pedem a Évora que lhes ceda o busto, o que é recusado pelo grupo Pró-Évora.
António Ferro, Alberto Serpa e o Padre Nuno Sanches, pároco de Matosinhos, aventam a hipótese de o busto ir para Matosinhos, tendo Diogo de Macedo sido da mesma opinião.
José Régio, a quem de Florbela Espanca afirmara ser a maior poetisa portuguesa de qualquer tempo e um dos grandes nomes da nossa poesia moderna manifesta-se nos jornais por várias ocasiões pelo facto do busto da poetisa ainda não estar colocado no espaço a que tinha direito, encontrando-se, entretanto, depositado no Museu Regional de Évora, por despacho do Ministro da Educação, Dr. Carneiro Pacheco.
Face a esta demora, a Comissão de Turismo de Matosinhos disponibiliza fundos para a instalação do busto na sua cidade. Nos jornais são muitos os comentários, as críticas, as censuras à obstinação da Câmara de Évora insensível ao valor da artista.
Guido Battelli, a quem Florbela havia ficado ligado, era possuidor de algum espólio da poetisa, resultante da sua troca de correspondência e da amizade estabelecida, cimentada pelas férias de vinte dias passadas em Matosinhos, a convite de Florbela. Homem de cultura, mandou entregar ao Director da Biblioteca Pública de Évora, fundada por Frei Manuel do Cenáculo, o espólio de Florbela, constituído por três retratos, dezoito sonetos autógrafos e 24 cartas que lhe eram dirigidas, recomendando que a abertura não se fizesse antes de dez anos, i.e., nunca antes de 8 de Dezembro de 1941. Junto iam duas pinturas e aguarelas, a primeira, à mão, de Apeles Espanca, irmão de Florbela, falecido em 6 de Junho de 1927, em desastre de hidroavião, no Tejo, não tendo o corpo aparecido. Destinava-se a pintura a servir de capa ao livro Soror Saudade. A outra, de autoria de Guido Battelli, destinava-se a ilustrar o soneto Toledo, de Charneca em Flor.
Acerca da morte de Florbela Espanca, o Padre Nuno Sanches, pároco de Matosinhos, em entrevista concedida ao Primeiro de Janeiro, em 22 de Novembro de 1944, afirma que a poetisa não se suicidou, tendo morrido cristãmente. Para o enterro feito religiosamente não foi pedida nenhuma dispensa ou autorização especial às autoridades eclesiásticas, não se excluindo Florbela do grémio da Igreja.
Novos entraves se levantam para a colocação do busto. Em 4 de Outubro de 1945, consta que o monumento não será erigido porque o busto não é próprio para o ar livre e deveria recolher ao museu.
Finalmente o busto está no Jardim Público. Num acto sem solenidade, em religioso silêncio, sem alardes. Nem um só discurso. Flores espalhadas em profusão à volta do monumento, devendo-se a erecção do busto à Câmara de Évora, na pessoa do seu presidente, Eng.º Henrique da Fonseca Chaves. Eram 9 horas de 18 de Junho de 1949.
Celestino David podia gritar hossanas ao fim de 19 anos de trabalho. Comunicara a Guido Battelli, retirado em Itália, onde ia acompanhando Florbela, depois da sua saída de Portugal.
Mário Lage enviara a 19 de Maio de 1934, todo o espólio de Florbela a José Emídio Amaro que o ofereceu ao grupo Amigos de Vila Viçosa.
É verdade que Florbela nascera filha de pai incógnito, sendo educada pelo pai biológico João Maria Espanca que só a vai perfilhar 19 anos após a morte da filha, em 1949, por insistência de um grupo de florbelianos, por altura da inauguração do busto.
Não ficou indiferente às constantes notícias em torno de Florbela Espanca, o grupo Amigos de Vila Viçosa. Florbela era calipolense. Deveria regressar à terra que a vira nascer. A súplica “Terra quero dormir, dá-me pousada” cumpriu-se. A alentejana que tão bem cantara a sua terra, regressava. A exumação dá-se em 16 de Março de 1964, procedendo-se a trasladação no dia seguinte para mausoleu próprio.
A Matosinhos, à sua Biblioteca Pública, foram doados alguns retratos e pequenas recordações, conjuntamente com as primeiras edições dos seus livros.
Dos despojos, Mário Lage acedeu a que três peticionários retirassem umas pequenas relíquias que declararam conservar como se fossem elementos sagrados. Mais tarde, Mário Cláudio, em Cidade no Bolso, escreverá um texto a que deu o título de Os ossinhos de Florbela.
Porque Vila Viçosa, também, estava apostada em celebrar a sua poetisa, à semelhança do que sucedera em Évora, foi inaugurado um busto de autoria do escultor Raul Xavier e o plinto do arquitecto Raul David, tendo discursado o escritor José Emídio Amaro e o Dr. José Madureira.
Muitos anos passaram na apatia, na turbulência, no desânimo e na obstinação dos que gostavam ou não gostavam. Venceram os mais tenazes e os que não soçobraram a critérios que não se compaginavam com o valor da maior sonetista nascida no Alentejo.
Revoltas as águas, vieram espraiar-se na terra planas, sossegando os espíritos e inspirando os que à poesia dedicam o seu tempo e aos que teimam em ler os que a este país acrescentam muito do seu talento, e o fazem ombrear com os maiores.
O nosso tributo a um escritor que há muito apreciamos. Trabalho que nos entusiasmou e que ao escrevermos, mostrámos o que estava disperso e desconhecido, formando este puzzle a que denominámos texto.
Por João Cabrita
Não foi adoptado o Novo Acordo Ortográfico
Tempos houve em que os media nos evidenciavam e traziam notícias das vacas que riam ou que ficavam felizes quando ordenhadas. As que hoje chegam aos areópagos mediáticos têm asas e voam. E fazem-no só para que nos possa ser garantido que a vontade, empenho e competência, em dose apropriada serão suficientes para propiciarem belos voos aos bovinos femininos e um futuro melhor, mais simples e mais eficiente para todos nós. Duvido das capacidades aladas das cornélias e mimosas, não tanto pelo peso ou forma (havia uns parentes dos dinossauros, os pterossauros que igualmente avolumados e pesados povoavam os céus pré-históricos) mas pela pachorrenta locomoção incapaz de proporcionar a velocidade incial necessária e suficiente à pré-elevação mínima para lançamento no espaço. Isso não implica que haja qualquer dúvida da conveniência e importância do simplex e muito menos da capacidade da ministra Maria Manuel Leitão Marques de o implementar e otimizar. Por isso tudo o que haveria a dizer sobre o voo das vacas fica arrumado com o mediático número do Primeiro-Ministro. Nada mais a acrescentar. São outros os seres alados que merecem a nossa atenção e preocupação: as abelhas!
São muitas as espécies em vias de extinção e muitas mais as que já foram extintas. Nenhuma delas contudo tem o potencial destruidor das abelhas. Albert Einstein estima que, sem abelhas, a humanidade não sobreviverá mais que quatro anos. Sem abelhas a polinização reduz-se de forma dramática. Sem polinização a esmagadora maioria da flora deixará de se reproduzir. Sem esta os animais herbívoros praticamente desaparecerão. Sem estes os carnívoros deixarão de ter alimento e estarão igualmente condenados.
Inexoravelmente!
Notícias que chegam de todo o mundo dão nota do crescente desaparecimento destes artrópodes alados. Por todo o mundo e, em particular na nossa vizinha Espanha, ou seja à nossa porta. O risco é sério e iminente. Há que tudo fazer para potenciar a manutenção das comunidades das abelhas e tudo (absolutamente tudo) evitar que possa, mesmo que marginalmente, contribuir para a sua diminuição. O não retorno, neste caso, seria demasiado dramático e de consequências catastróficas. Não haveria vacas que nos pudessem valer. Voadoras ou não.
Por José Mário Leite
Como vai a viola meus caros? Essas cores e aragens da Primavera? Já andava há uns tempos para vos saudar com esta da viola. Tinha um tio-avô que cumprimentava assim as pessoas. Nunca percebi bem se era apenas algo dele ou até que ponto é que fora corrente pelo Nordeste esta expressão. De qualquer dos modos sempre me soou engraçada e original. Possuía outras originalidades que destaco e já mal se usam. Tinha uma intuição única para encontrar ninhos e camas de lebres e outros animais. Parecendo que não são cada vez menos os homens que têm esse nível de sintonia e intimidade com a natureza. Saber o que nos contam os ventos, os voos dos pássaros, os sinais das plantas, os animais que vão e os que vêm, as cores do céu de dia, as direcções nos céus limpos de noite, e um longo rol de coisas que pura e infelizmente me ultrapassam. O homem como alguém que vive na e para a natureza. Enfim, passo a publicidade familiar. Dito isto nem parece que vos venho falar de futebol depois do clímax de uma época como há muito não se via e discutia. E daqui a nada olhos e corações em França. Barrigada. A China quer apostar a fundo no futebol. A última das pretensões num país que tem tantos praticantes federados de pingue-pongue como nós de habitantes. Depois vem o badminton e não sei se me estou a esquecer de algum mas surge o basket num país que segue o modelo económico-social dos Estados Unidos da América com a mesma avidez com que um cão faminto corre atrás do bife que tem à frente. Tanto que os pingue pongues, os badmintons e outros jogos com tradição começam a ser vistos pelos jovens como algo antiquado, old school, dos tempos antigos. Agora quem vai a jogo é o futebol. A China quer apostar forte e não é só ao gastar muitos milhões em jogadores e treinadores para a superliga chinesa que só começou nos anos 90. Não esquecer que há uma China antes, onde o que era estrangeiro não tinha lugar, e outra depois dos anos 80 quando perceberam que um certo comunismo estava perto de ser expulso por acumulação de amarelos e poderiam perfeitamente lutar pela conquista do título nas quatro linhas do capitalismo. A China está a investir imenso na formação de base. Luís Figo tem cá vinte e tal escolas de futebol a funcionar e como ele muitos ex-jogadores famosos e clubes do mundo inteiro, inclusive os nossos. Saiu recentemente uma lei para o futebol marcar presença obrigatória nas escolas. Dizem que querem organizar um mundial a breve/médio prazo… e ganhá-lo… Por tudo isto a China é um país excelente para treinadores de futebol. Diria mais, a China é o país, sobretudo para os jovens treinadores com espírito aberto e vontade de descobrir e (fazer) desenvolver. Costumava jogar futebol, na verdade agora não tanto, e até fiz de treinador com a equipa da minha universidade. Quando posso jogo também noutras frentes com estrangeiros, inclusive. Proliferam ringues de futsal e futebol 7 um pouco por toda a parte. Aqui os jogadores são folhas em branco, precisam de aprender tudo, perceber o próprio jogo, coisas tão elementares como fazer um passe minimamente acertado, o guarda redes sair da linha de golo ou dominarem uma bola. Tudo! Desafiante. Por outro lado precisam de trabalhar o colectivo, o espírito de equipa e respirar futebol, perceberem que é um jogo com uma mentalidade diferente dos outros. Uma vez o André Lima, treinador de um clube de Cantão e agora também da selecção de futsal chinesa e ex-jogador e treinador em Portugal onde foi várias vezes campeão, disse-me “repara que são bons nos desportos individuais mas não se destacam em nenhum desporto colectivo”. É verdade, a sociedade chinesa é profundamente competitiva e individualista, por norma as pessoas não vivem com o hábito de cooperar, da solidariedade, da ajuda ao próximo, para além do plano familiar. Por isso é um desafio também trabalhar esse lado colectivo (numa equipa de futebol como numa sala de aula). Os chineses quando querem evoluir em algo que não é deles vão buscar profissionais de fora para se instruírem. As condições dadas são apelativas - até pelo feedback dos treinadores da Fundação Luís Figo - a necessidade é enorme e o que há a fazer e a aprender é quase tudo, um autêntico livro em branco. Jovens treinadores portugueses estão à espera de quê? Incluam China no vosso itinerário. Agora é o momento. E é isto. Fim de publicidade (absolutamente gratuita).