Por favor, ajudem-nos a lutar contra a Covid-19!

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Começou janeiro, e começou um novo ano que prometia ser de melhoria e esperança, visto o ano de 2020. Vinha com toda a pompa e circunstância a tão desejada vacina. Tanta era a emoção que nas últimas semanas de 2020 e primeiros dias de 2021 relaxamos de tal maneira que, decorridos apenas alguns dias, podemos perceber que as coisas não estão a correr nada bem. Nesta altura os números de novas infeções, internamentos e mortes são arrebatadores. Os surtos multiplicam-se com os consequentes “custos” para a saúde. Portugal é e sempre foi um país muito frágil no que toca às questões económicas. Vivemos sempre muito do turismo e gastronomia (a verdade seja dita, temos lugares maravilhosos para visitar e uma comida que é do melhor que se faz no mundo). Mas é importante não esquecer que uma vida não tem custo e que a pandemia atual está a ceifar diretamente e indiretamente vidas (muitos não recorrem aos cuidados de saúde por receio, outros veem os seus problemas de saúde postos em segundo, terceiro ou quarto lugar com consequências nefastas). Como profissional de saúde da primeira linha, é frustrante ligar a televisão ou até sair à rua para ir trabalhar e ver gente a passear despreocupadamente, a sair com a mínima desculpa, a ir “passear” para as superfícies comerciais e a ir “prestar” auxílio a familiares mais frágeis (levando muitas vezes o COVID associado). Apelo à classe política que tome medidas mais sérias de confinamento, mas peço ainda mais afincadamente às pessoas que cumpram o confinamento e que não aproveitem as exceções previstas para saírem (veja-se o excelente exemplo que demos ao mundo nos primeiros meses de pandemia). Só assim, poderemos começar a tomar as rédeas da pandemia, diminuir o número de novos casos, diminuir a pressão sobre os cuidados de saúde, dar tempo à vacina de imunizar o máximo de pessoas possíveis e assim aos pouquinhos, ir regressando à nova normalidade (que será invariavelmente diferente) e rever os nossos familiares sem tanto receio (as saudades de abraçar e beijar as pessoas que mais nos são queridas são imensas). Como pessoa, queria deixar um agradecimento a todos os que se envolvem na luta contra a COVID 19: não só aos profissionais de saúde, importa não esquecer quem indiretamente está ali ao lado para nos ajudar, como por exemplo o padeiro, o agricultor ou a menina da loja da fruta que têm de trabalhar para podermos ter alimentos na mesa (e como estes, todos os outros serviços essenciais à população que não podem encerrar). Para terminar, gostava de fazer um apelo à população, repetido milhares de vezes nos diversos meios de comunicação: fiquem em casa, mantenham o distanciamento social, usem máscara e higienizem bem as mãos. E por favor, não se habituem a ver números crescentes de casos e mortes.

Manuel Araújo Gonçalves