O que nos dizem os astros?

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Sempre que um novo ano se aproxima há quem se dê ao desfrute de consultar os astros. Na verdade são os astros do céu que comandam a vida dos homens, dos animais e das plantas enquanto os da terra governam com ilusões e falsidades. A rotação do planeta em torno de si mesmo determina os dias e as noites e o seu movimento em torno do Sol marca os anos, influenciando os ciclos climáticos e vegetativos. Os astros do céu orbitam a distâncias inimagináveis e luzem no Universo por uma eternidade, enquanto os astros da terra, artistas fugazes, brilham acima de tudo e de todos no céu da política, que é o maior espectáculo. Mudar de ano, portanto, não é um mero rasgar de uma folha de calendário. Porém, se os astrónomos conseguem prever com precisão a posição dos astros do céu, não há bruxo, astrólogo ou sondagem que consiga determinar com igual rigor o posicionamento imediato dos astros que brilham no céu da política. Todavia, qualquer mortal poderá intuir que os próximos tempos não serão felizes, apesar das múltiplas vacinas contra o Covid e os milhões da Europa que já começaram ser distribuídos, à socapa. Mesmo assim muitos portugueses persistem em favorecer os astros que têm defraudado a Nação desde o nascimento da democracia, muito embora a maioria cedo se tenha remetido à mais céptica abstenção eleitoral. Frustração enorme foi a recente emanação da esquerda seráfica conhecida por “geringonça”, que António Costa liderou e a que Marcelo de Sousa, o astro guardião mor do pantanoso status quo, aderiu de alma e coração. Não é de espantar, por isso, que Portugal continue a afundar-se. Os dados mais recentes do Eurostat, o Gabinete de Estatísticas da União Europeia e o próprio  Instituto Nacional de Estatística reforçam a ideia de que o mítico jardim da Europa à beira mar plantado se converteu no subúrbio mais pobre da União. Não só no que que à economia diz respeito. Também a justiça social se degrada constantemente e os tribunais se mostram incapazes de fazer valer a democracia plena. A própria autoridade do Estado é diariamente rebaixada com escândalos recentes e preocupantes, como é o caso da GNR, que deserta e se entrincheira nos quartéis com medo de gangues tribais. Não por cobardia dos agentes mas de quem os comanda e administra politicamente. Este clamoroso fracasso governamental não é culpa da Democracia, não! É do Regime e dos políticos desonestos e medíocres que à sua sombra vegetam. Sobretudo daqueles que veneram a Constituição como se de uma vaca sagrada se trate, esquecendo que, em democracia, as leis são para cumprir e para reformar quando tal se impõe. Novo episódio eleitoral terá lugar já em Janeiro e outros se seguirão, abrindo novas e boas oportunidades para que os portugueses, sobretudo aqueles que se remeteram para a abstenção eleitoral crónica, possam provocar um mais justo reposicionamento dos astros no céu da democracia, criando conjunções astrais mais favoráveis a um Portugal mais justo e digno. Os astros do céu poderão nada nos dizer mas os artistas da política falam de mais e muito raramente cumprem o que prometem. Em nenhuma circunstância devem ser tidos, por isso mesmo, como seres celestiais. PS.: Curvo-me perante a memória do notável transmontano e estimado amigo Teófilo Vaz, dispensando à família enlutada o meu humilde conforto.

Henrique Pedro