BRAGANÇA recupera estrada romana

Ter, 15/11/2005 - 15:38


Até final do ano vai ser possível viajar do Zoio a S. Julião de Palácios (Bragança) pelos vestígios da estrada romana XVII, que ligava Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga).

O primeiro troço deste percurso foi inaugurado no passado sábado, com um passeio simbólico entre Alimonde e Carrazedo, organizado pela associação Azimute, em parceria com a Câmara Municipal de Bragança (CMB).
Com a abertura deste novo percurso, Bragança torna-se no quarto município a contribuir para a conclusão do projecto Vias Augustas, uma parceria luso-espanhola que visa transformar o traçado da Via XVII num Itinerário Cultural.
Antes do Verão, o município de Montalegre recuperou e sinalizou os 53 quilómetros de estrada romana que atravessam aquele concelho, seguindo-se a Póvoa de Lanhoso, com um percurso de 15 quilómetros, e os 20 quilómetros que abrangem o município de Valpaços.
Pelo concelho de Bragança passam 59 quilómetros da Via XVII, cuja recuperação representa um investimento de 69 mil euros, co-financiados pelo programa INTERREG.
O projecto “Vias Augustas” arrancou em 2003 e envolve 17 entidades portuguesas e espanholas, nomeadamente os municípios de Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Montalegre, Boticas, Chaves, Valpaços, Vinhais e Bragança. Do lado espanhol figuram os “Ayuntamientos” de Astorga, Cacabelos, O Barco de Valdeorras e a Diputación Provincial de Zamora e de Ourense.

Percurso na Lombada

O apoio científico no lado português é assegurado pelo pólo de Viseu da Universidade Católica, ao passo que a Universidade de Santiago de Compostela e o Consejo Superior de Investigaciones Científicas representam Espanha nesta matéria.
No sentido Oeste-Este, a variante sul da Via XVII entra no concelho de Bragança pelos termos de Carrazedo e Alimonde, Formil, Gostei e Castro de Avelãs, onde se juntaria com a variante norte, vinda de Soeira, concelho de Vinhais. A partir de Castro de Avelãs, a via tinha um traçado único, e daqui seguia em direcção a Bragança, Gimonde, Babe, Palácios e S. Julião, para atravessar o rio Maçãs em direcção ao outro lado da fronteira.
Conquistado pelas tropas romanas nos finais do século I A.C., o território da actual região transmontana terá sido alvo de um processo de reordenamento, em que os anteriores povoados fortificados foram romanizados ou abandonados.
A auto-suficiência deu lugar a uma economia de mercado, baseada no uso da moeda, na agro-pecuária e na exploração mineira. Na altura, foi criada uma intensa rede viária, sendo de destacar o eixo Braga-Chaves-Astorga, num total de 247 milhas.
A via que está a ser recuperada por Portugal e Espanha é a mais antiga do Noroeste Peninsular, conforme atestam os marcos miliários do Imperador Augusto, um dos quais encontrado na Torre Velha, em Castro de Avelãs.
Recorde-se que o concelho de Bragança também é abrangido pelo Caminho de Santiago, pelo que o projecto Vias Augustas é mais um percurso carregado de simbolismo que é posto à disposição da comunidade.