Qua, 25/02/2015 - 10:27
A barragem de Bemposta, no concelho de Mogadouro, foi uma das primeiras centrais que alavancou a fase de industrialização a partir da década 60 e 70, e a terceira de entre os aproveitamentos hidroeléctricos do Douro Internacional. Na passada quinta-feira foram assinalados 50 anos desde a sua inauguração.
O director de Produção da EDP, Pita de Abreu, explica que o plano de fomento, criado há cerca de 60 anos, “para poder funcionar necessitava de energia e o recurso a que Portugal tinha acesso era a água”.
Mas o impacto na região veio ainda antes da conclusão das obras e produção de energia. Com a chegada dos primeiros trabalhadores houve a necessidade de os alojar e tal como tinha acontecido antes em Picote, do nada surgiu uma aldeia.
“As empresas tiveram que construir infra-estruturas, bairros, estradas, escolas, que depois ficaram cá. Pode-se dizer que o ordenamento do território transmontano deve muito à construção de Bemposta, Picote e Miranda”, acredita o responsável.
A empresa Hidro-Eléctrica do Douro construiu bairros habitacionais, com cerca de 70 habitações definitivas e muitas mais provisórias. Mas no actual Cardal do Douro havia também infra-estruturas e serviços que naquela época eram inacessíveis à maioria da população, destacando-se ainda hoje na paisagem das escarpas do Douro os vestígios do “Moderno Escondido”.
António Monteiro, que chefiou as três centrais do Douro Internacional, no seu início, afirma que morar ali “era bom, porque havia as condições todas”. “ Isto era uma aldeia modelar, tinha esgotos, capelas, havia uma piscina, uma estalagem, uma escola específica só para os filhos dos funcionários, posto médico, dentista que não havia em sítio nenhum, tinha as infra-estruturas todas. Tínhamos coisas que não havia em Mogadouro”, explica.
António Monteiro, que entre 1976 e 2012 foi diretor do centro de produção Douro, recorda que a barragem “trouxe muita gente, empregou algumas pessoas da região e era um impacto no concelho significativo”.
Entre a fase de início das obras em 1959 e a conclusão em 1964 trabalharam naquela infra-estrutura cerca de 1000 pessoas, a maioria dos trabalhadores vindos do Norte do país.
“Na fase de construção teve um impacto tremendo na zona, depois um impacto muito menor, mas de qualquer maneira tinha cerca de 120 a 130 postos de trabalho aqui, até cerca de 2005, depois foram diminuindo”, refere.
A edificação da barragem contribui ainda para construir a única ligação viária a Espanha existente no concelho de Mogadouro.