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Financiamento para criar unidade de defesa e promoção da língua mirandesa duplicou

Ter, 05/12/2023 - 11:07


O financiamento para a criação de uma unidade orgânica para promover a língua mirandesa duplicou. Em Novembro de 2022 houve uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2023, que foi sugerida, à época, pelo único deputado do Livre, Rui Tavares, e que o Partido Socialista aprovou.

A Imagem da Caça e dos Caçadores

Por razões diversas, a imagem da caça e dos caçadores nem sempre tem sido simpática! Pelo contrário, a caça é uma atividade malquista em muitas situações, como aquelas em que é mais mediático e gera ondas de solidariedade o abate dum animal do que os maus tratos a seres humanos. Por outro lado, também não ajuda nada os caçadores quase só falarem entre si. Quem lê revistas e livros de caça são os caçadores, as plateias em palestras sobre o assunto também são constituídas por caçadores… Não é fácil estabelecer diálogo e debate entre as diferentes sensibilidades. Mas, na verdade, os caçadores conscientes sentem-se conservacionistas, defensores acérrimos da fauna e da flora silvestre, discordam em absoluto da introdução de animais de cativeiro nas zonas de caça e também não olham com bons olhos a prática das largadas para abate imediato… Muitos de nós, cidadãos do Nordeste Transmontano, nascemos caçadores! No seio das famílias tradicionais transmontanas, acolhemos valores morais e muitas vivências do campo e da caça. Crescemos em ambiente rural, a ver o caçador tratar a espingarda tal como tratava a enxada – como uma ferramenta ou alfaia agrícola. Consideramos o instinto de caçar um atavismo inerente à condição humana e que a exploração deste recurso natural renovável não é mais do que um instrumento de gestão do território, desde que feita de forma racional e sustentada. Aliás, é gratificante perceber que se reconhece como ativi- dade estratégica no desenvolvimento do mundo rural. Porém, há grupos urbanos que olham todos os caçadores por igual, com desdém e pronunciam-se em tom ofensivo quanto a esta prática ancestral... Da mesma forma que temos profundo respeito por opiniões divergentes das nossas por oposição à prática da caça, também esperamos que respeitem esta nossa paixão. Não queremos que gostem da caça, nem pretendemos convencê-los a serem caçadores… Ou seja, não pedimos que aprovem as nossas opções, mas apenas que as admitam e nos tratem de forma cordial e civilizada! Para compreender a caça é preciso perceber a essência da ruralidade. É por demais óbvio que quem se manifesta de forma deselegante contra o ato de caçar, nunca deve ter visto de perto o mundo rural, a não ser em visita esporá- dica e observando os autóctones com sobranceria, desconhecendo completamente os seus profundos saberes, mesmo que empíricos, sobre o funcionamento dos ecossistemas. O homem do campo conhece bem os hábitos dos animais, as épocas de criação e a forma como se relacionam com o ambiente onde se movimentam, respeitando os respetivos defesos. Será que essas pessoas sabem como se conduz um rebanho e como defendê-lo de possíveis ataques dos lobos, com a ajuda dos cães? O que pensarão destas e doutras atividades campesinas, como o abate do cabrito, do cordeiro, do porco, ou do maior galo da capoeira para consumo da família? E dos seres humanos (cada vez menos) que ainda ocupam as nossas aldeias? Que são todos apoucados, paleolíticos, irracionais? Será que sabem da importância da caça nas pequenas economias locais, os postos de tra- balho diretos e indiretos que gera? Neste nosso tempo, para ser caçador é preciso submetermo-nos a um rigoroso exame, no qual mais de metade dos candidatos reprova; a preparação para essa prova exige o estudo da bio-ecologia das espécies cinegéticas e das protegidas; exige ainda o domínio das leis reguladoras do exercício da caça e aprender a manusear armas, conhecendo a fundo as regras de segurança; e há também que cumprir as normas de ética contidas no “Código do Comportamento do Caçador”. Hoje, o ato de caçar é profundamente racional, valoriza a biodiversidade e pondera a sustentabilidade do sistema. Em cada zona de caça é limitado o número de dias de caça, o número de caçadores por dia e o número de peças a capturar; os meios a utilizar são leais e regulamentados; os caçadores são obrigados, por decreto, a recolher os cartuchos vazios e procu- ram causar o menor impato possível no terreno; conforme a Lei de Bases Gerais da Caça (Setembro de 1999), o abandono de cães de caça constitui crime punível com pena de prisão, portanto, para os caçadores, a legislação que veio criminalizar este acto não é novidade nenhuma! Além disto, o caçador paga para usufruir do território! Acresce que, mesmo já não sendo necessário caçar para comer, consumir as peças abatidas é o culminar prazenteiro de todo o ritual. Por todas estas razões, lamentamos ser tratados, em certos círculos, como irracionais, por sermos caçadores… É certo que há gente execrável no mundo da caça, mas o mesmo acontece em qualquer outra atividade humana… E a terminar fica dito: um lance de caça, limpo e honesto, com intervenção dos cães, é algo emocionalmente transcendente e inexplicável a quem não é caçador… e, como também dizia Miguel Torga, com a autoridade que a sua condição de médico lhe conferia: “O único tranquilizante que não me faz mal é a caça!”

Agostinho Beça

Investir para crescer

O propósito de investir é o de fazer aumentar, ou crescer, a nossa riqueza. É portanto fácil de entender o significado do título investir para crescer. Mas gostava de chamar a sua atenção para um âmbito mais lato que eu quero dar à palavra crescer. Todos gostamos da ideia de fazer crescer a nossa riqueza. Mas porquê? Porque razão todos gostamos da ideia de ter mais dinheiro? Bom, aí as coisas já mudam muito de pessoa para pessoa. Uns querem ter mais dinheiro para comprar coisas, outros para viajar, outros para se sentirem mais seguros para o caso de um acontecimento imprevisto, e continuam por aí fora as razões para se querer ter mais dinheiro. E é aqui que eu quero começar a fazer a relação deste assunto com o tema dos investimentos. A inclinação natural da maioria das pessoas é usar o dinheiro para consumir. Ou seja, para ter prazeres imediatos. Para ir ao restaurante, comprar um carro novo, ou outra coisa que proporcione prazer no momento. O ser humano, na sua natureza, não decide deixar o prazer para mais tarde, para o futuro, abdicando dele no momento presente. Então o que se observa, é as pessoas gastarem praticamente tudo o que têm, ou mesmo endividarem-se, para comprarem coisas para o imediato, que muitas vezes podiam perfeitamente não comprar. Esta realidade fica de alguma forma comprovada numa publicação recente da empresa “casa de investimentos” (sem querer fazer publicidade), que apresenta um estudo feito pela comissão Europeia que aponta que, em caso de falha de rendimentos, mais de metade dos portugueses só tem dinheiro para conseguir pagar as suas despesas durante pouco mais de 1 mês. O ouvinte pode dizer que isso se deverá ao facto de as pessoas terem muito pouco dinheiro e não conseguirem poupar. Nesse caso eu faço-lhe uma pergunta: sabe em que altura é que o nível das poupanças dos portugueses subiu mais significativamente ao longo dos últimos anos? Foi durante o período do Covid, quando os confinamentos obrigaram as pessoas a não sair de casa e, portanto, a não consumir. O que nos leva a pensar que, provavelmente, se houvessem hoje mais confinamentos – não que eu o deseje, é claro - , as pessoas voltariam a conseguir poupar bastante mais. Então a questão que se coloca é: como fazer com que as pessoas poupem mais e consumam menos? Ou seja, como fazer com que as pessoas sacrifiquem mais os prazeres imediatos, transferindo o seu usufruto para o futuro? A resposta é simples e é a seguinte: fazendo-as perceber e compreender de uma forma clara a importância de criar riqueza para o futuro. E é fácil fazer com que as pessoas percebam isso? Não é. E esse é o único problema que existe. A importância de o ouvinte chegar aos 50 anos de idade e ter – por exemplo – acumulado 500.000 de euros, provavelmente, só vai ser do seu conhecimento se chegar a essa idade e não os tiver. Na realidade é isso que acontece na maioria dos casos, ou seja, só quando já é tarde, é que percebemos o significado de algumas coisas. E como fazer então para conseguir acumular - por exemplo – esses 500.000 euros? Eu não me esqueci que - nos episódios anteriores - fiquei de lhe dizer como pode alcançar rendimentos anuais médios de cerca de 10% para os seus investimentos, e vou agora falar-lhe disso. Uma forma que equilibra muito bem o risco e o retorno de aplicações financeiras são os fundos de investimento conhecidos por ETFs. Atualmente ouve-se falar muito nestes fundos, concretamen- te naqueles que refletem o índice norte americano S&P 500. Por que razão estes fundos são muito mencionados, não vou explicar agora por falta de tempo, mas confirmo eles são efetivamente bastante interessantes. Veja o seguinte: ao longo dos últimos 40 anos, eles tiveram um retorno anual médio real em torno dos 10%, o que significa que, se o ouvinte tivesse investido 100 euros por mês durante esse período, teria obtido um rendimento final de 350.000 eur. Se, por outro lado, tivesse investido no início, uma única vez, 10.000 euros, o seu valor final acu- mulado teria sido de 550.000 euros. E se tivesse feito as duas coisas, ou seja, investido os 100 euros por mês, mais os 10.000 euros uma única vez, teria acumulado 850.000 euros. Agora, se para alcançar estes valores vale, ou não, sacrificar alguns prazeres imediatos, é a questão que lhe deixo para reflexão. Se quiser saber mais sobre como funcionam os ETFs e como os pode utilizar para si, pode visitar o site da internet queroinvestir.pt, também a partir da próxima semana. Este site queroinvestir.pt é um site que pertence à Your Money Watcher.

Luís Lourenço

Your Money Whatcher

LIÇÕES DA HISTÓRIA

Heródoto, considerado o pai da História advogou: “Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”. Vem isto a propósito da reflexão recomendável para os tempos presentes em que estando em jogo o futuro comum, pode ser útil colher lições do passado. Diz Marcelo Rebelo de Sousa que o tempo corrente é ainda e apenas dos partidos e, como tal, deveria interessar apenas aos militantes partidários. Assim seria se os tempos correntes fossem comuns e normais, mas, desta vez, não é assim. Ao contrário de eleições anteriores, desta vez, iremos ser confrontados com propostas de solução, para a crise política desencadeada com a demissão de António Costa, que não são simples nem evidentes. Dependendo do resultado das primárias que terão lugar, brevemente no PS, pode acontecer que das eleições de março resulte um governo cujo programa esteja seriamente condicionado pelos ideais, coletivistas, anti-Nato e anti-UE da extrema esquerda, ou refém das ideias xenófobas, anti-emigração e anti solidariedade social da extrema direita. Por isso, aquilo que deveria ser matéria que “apenas” diria respeito a um partido e aos seus militantes e simpatizantes, acaba por ser de relevo para todos os portugueses porque não é despiciendo quem venha a ocupar a cadeira maior do Largo do Rato. Aos cidadãos que não se revêm nas soluções extremistas e que todas as sondagens garantem ser a esmagadora maioria, malgrado o avanço avassalador do quadrante mais direitista, deve ser possível oferecer-lhe uma solução que, no essencial, responda às suas preocupações, anseios e ambições. Mas se um dos putativos primeiro ministro se recusar a negociar à direita e o outro se obstina em não conversar com a sua esquerda, dificilmente haverá um governo que preencha o desejo da esmagadora maioria do povo português, em nome de quem e para quem, querem governar. Podendo não agradar, na totalidade, nem tão pouco, à maioria dos seus companheiros de filiação partidária, mas não há a mínima dúvida de que José Luís Carneiro é o candidato que ao país mais interessa para encabeçar as listas do Partido Socialista em 10 de março próximo. À determinação do antigo autarca de Baião, o lí- der do PSD, caso seja um digno sucessor de quem lhe antecedeu, deverá responder com igual compromisso de viabilizar um governo do PS ou com este negociar a governabilidade do país. Nos mais de quarenta anos que levei de militância no PPD/PSD, não encontrei um único dirigente, desde as concelhias às distritais ou órgão nacionais que não se declarasse sácarneirista. Ora a frase mais conhecida de Francisco Sá Carneiro e, igualmente, a mais citada diz que “antes de qualquer militante, está o partido mas, antes deste e mais importante está o país e o interesse nacional”. Sendo pois do óbvio interesse nacional um entendimento, qualquer que ele seja, para alcançar um governo ao centro do espetro político nacional é bom que ao propósito de José Luís Carneiro, o outro Luís (o Montenegro) se lembre dos ensinamentos do outro Carneiro (o Francisco) e declare já a disponibilidade para viabilizar, em termos a conversar, um governo do partido que em março ganhar as eleições!

Comemorar o 25 de Novembro é glorificar o 25 de Abril

A história desapaixonada do período conturbado de entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975, a seu tempo se fará com o rigor requerido. Entretanto, sobretudo enquanto viverem os seus protagonistas mais representativos, não deixarão de vir a público interpretações subjectivas e argumentos controversos, com os quais se pretenderá, por certo, ganhar simpatias e formatar opiniões de conveniência. Certo é, todavia, que uma parte significativa das Forças Armadas Portuguesas, em consonância com um alargado grupo de políticos democratas, ousou conduzir, com sucesso, uma movimentação político-militar que culminou na acção armada do dia 25 de Novembro de 1975, de que resultou o fim do denominado Processo Revolucionário em Curso (PREC), abrindo caminho à tão ansiada estabilização da democracia representativa, que foi, como se sabe, um objectivo central do golpe de estado militar de 25 de Abril de 1975. Acabar com guerra ultramarina e descolonizar, com dignidade, democratizar no conceito europeu e desenvolver o país no contexto ocidental, ainda que possam não ter sido as suas motivações originais, foram, sem dúvida, as aspirações profundas dos revoltosos de Abril, lamentavelmente traídas, de imediato, pelas foças marxistas-leninistas e anarquistas que animaram o PREC atrás citado. Assim sendo, cabe aqui perguntar: o que seria hoje de Portugal se as forças vitoriosas em 25 de Novembro tivessem sido as atrás mencionadas? Uma Cuba ou uma Venezuela europeias? Um estado satélite da fracassada URSS, agora na mira de Putin como tantos outros? Haveria depurações e fuzilamentos em massa à boa maneira estalinista, como chegou a ser sugerido e mesmo ensaiado? Felizmente nada disso se verificou, pelo que será de louvar, isso sim, a generosidade dos vencedores do 25 de Novembro. Tenha-se em consideração, contudo, que a bem-sucedida intervenção militar de 25 de Novembro de 1975 abriu definitivamente caminho à afirmação da democracia liberal e representativa em Portugal, pelo que deverá ser tida como a confirmação e glorificação do 25 de Abril de 1975, o que plenamente justifica a sua comemoração. Quanto mais não seja, para dissuadir eventuais novas tentações totalitárias. Ainda que o processo político posterior, lamentavelmente, tenha resultado num regime de duvidosa democraticidade, manchado de corrupção, nepotismo, clientelismo, injustiça social, assimetrias regionais e pela frustrante, em muitos aspectos, integração na União Europeia. Regime político cuja doutrina dominante persiste em ser o devorismo, a dissipação da fazenda pública em proveito próprio ou doutrem, postergando a resolução de problemas estruturais e o futuro da Nação. Regime cuja reforma continua em aberto, todavia, felizmente no quadro democrático, que o mesmo será dizer no respeito pelas liberdades fundamentais e ditames do estado de direito. Portugal é, de facto, pre- sentemente, uma casa onde os políticos falam, falam, mas poucos terão razão. Muito embora Portugal não seja a casa do ditado popular em que falta pão, dinheiro melhor dizendo, porque Bruxelas continua a dispensar fundos às carradas ao Estado português. Não é por falta de pão que ralham, portanto, mas por haver dinheiro e gula a mais. Atente-se na perturbação que vai no Serviço Nacional de Saúde, na Justiça e no Ministério Público em especial, na Habitação ou na Educação, nas muitas e desastrosas trapalhadas governamentais, para não falar na guerra institucional entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro. Claro que no centro de toda esta confusão babélica têm estado o partido Socialista e o seu secretário geral António Costa, manda a verdade que se diga. Ainda que no Partido Socialista, justiça seja feita, haja uma digna maioria silenciosa, genuinamente republicana e democrática, que não tem tido suficiente engenho e coragem para se fazer valer, prostergando a reflexão e renovação que a crise José Sócrates continua a requerer. Claro que o problema se agravou desde há oito anos para cá, o que não é de admirar porquanto a entourage de António Costa é basicamente a mesma de José Sócrates, de quem herdou o poder. Ainda assim o acontecimento que melhor ilustra este cenário é a posição da actual direcção do partido socialista sobre a comemoração do 25 de Novembro de 1975, alinhada com os que pretenderam matar o 25 de Abril à nascença e só o não conseguiram porque Mário Soares e uns tantos militares moderados heroicamente lhes fizeram frente. Cenário deplorável, sem dúvida, autorizadamente verberado pelo fundador do PS, António Campos, que clas- sifica esta atitude da actual direcção socialista de traição à história do próprio partido. Oxalá não estejam a criar condições para um novo 25 de Novembro, ou que isso possa significar.