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A farsa e o farsante

Ao longo da História da humanidade, são vários os factos onde imperou a farsa e em que através dela se atingiram objetivos perversos, menos dignos e até horrorosos. Manchas que nada dignificam as páginas da História onde, contrariamente, outras enaltecem positivamente a ação do Homem. Farsantes houve muitos e continuam a haver. Todos os dias deparamos com alguns, sendo que alguns não têm importância alguma e outros se mostram perigosos. A questão principal é saber se os farsantes são necessários ou não. Penso claramente que não. Contudo, algumas farsas até nos fazem rir, lembremo- -nos de como Gil Vicente as trabalhou para criticar a sociedade da época. Hoje as coisas são diferentes e as farsas podem ser bastante perigosas especialmente quando o objetivo a atingir é demasiado elevado ou não se consegue de forma lícita. É o caso da suposta anexação das quatro regiões ucranianas, pela Rússia. É facto que Putin, a perder a guerra contra a Ucrânia, teria urgentemente de apresentar um sortilégio de vitória, ainda que não fosse completa. Os referendos feitos à pressa e quase impossíveis em tão curto prazo de tempo, só foram possíveis através de uma enorme farsa de Moscovo. Por outro lado, a população não votou na sua totalidade, sendo contabilizados apenas alguns milhares de votos em cada região. Claro que muitos não eram a favor desta anexação nem querem continuar a prestar juramento a Putin, mas terão de o fazer, apesar da ilegalidade e farsa que rodeou todo o processo. A comunidade internacional não aprovou nem considera válidas as anexações. Ao lado de Putin apenas dois ou três países porque precisam dele e dos seus favores ou têm medo das suas ações se o não demonstrarem. Mas anexar regiões que não se controlam na totalidade e nem sabe se algum dia controlará, é uma farsa e uma presunção que só um louco poderá fazer. Tudo é uma farsa. A teatralidade com que a cerimónia de anexação feita no Kremelin se apresentou deu a impressão de que todos estavam a assistir a uma peça de Teatro ensaiada e cujo fim já era conhecido. As mentiras proferidas por Putin contra o Ocidente foram ridículas e despropositadas, principalmente quando ele parece ter-se esquecido do que foi praticado pela antiga União Soviética em termos de atrocidades e horrores. De nada serve acusar o Ocidente de colonialismo, quando a Segunda Guerra serviu para acabar com essa política e da qual a URSS participou. Agora é tarde e de nada serve. É bem pior o assassinato dos líderes da oposição que ele mandou liquidar e prender para não lhe fazerem frente em futuras eleições, mesmo controladas pelo regime. Autêntica farsa! Navalny é prova disso mesmo. Como está a perder a guerra contra a Ucrânia é fácil culpar o Ocidente das maleitas que o atingem ainda que essas mesmas maleitas sejam por ele provocadas. Culpar a Ucrânia de bombardear as suas próprias cidades e matar as suas gentes, é caricato e impensável, mas a guerra justifica tudo, ou talvez não. Agora culpa o Ocidente de explosões que provocaram ruturas do Nord Stream 1 e 2, deixando sair milhões de toneladas de gás, poluindo a atmosfera de forma letal. Que ganharia o Ocidente ao fazer uma tal destruição quando necessita do gás que por lá passa? Toda a Europa é abastecida por essa via e nada ganharia em destruir essas infraestruturas. Certamente que para colocar a culpa em outrem, só provocando ele próprio o desastre, poderia safar-se. Mas não será tão fácil. O tempo dirá quem o fez. Mas o farsante pode ir mais longe. O corte dos cabos submarinos que passam na costa da Irlanda e atravessam o mar Báltico e o Oceano Atlântico, pode cortar a Internet na Europa. Isto poderá ser outro desastre com consequências incomensuráveis. Deste modo a guerra deslocar-se-ia para as águas geladas do Báltico e do Atlântico. Quem não pode ganhar a guerra em terra, sempre pode mudar o campo de batalha para o mar, usando armas diferentes das convencionais. Voltamos à força dos submarinos, só que desta feita são controlados de longe e só levam a facilidade de “cortar” os cabos sem que ninguém esteja por perto. A sabotagem destes cabos é uma possibilidade já que são longos quilómetros sem a possibilidade de uma vigilância acurada e constante. Os efeitos deste “ataque” seriam devastadores para a economia europeia e mundial. Tudo isto pode soar a mais uma farsa de um farsante conhecido, mas nunca é de descartar a possibilidade da loucura do farsante se tornar realidade. As ameaças mantêm-se e agora mais do que nunca, já que ao considerar as novas regiões como parte integrante da Rússia, o seu ataque poderá ser um ataque à própria Rússia. Contudo, para Zelensky, a farsa vai continuar e não se vai dar por vencido, até porque está a recuperar territórios, antes ocupados pelos soldados russos. Estes admitem estar a perder a guerra. Será?

Pedradas no futebol

Após o desastre dos andrades (portis- tas) ante o Bruges, cidade onde vive uma bra- gançana do meu tempo, do jet-set da Praça da Sé dos anos sessenta do século passado, vários energú- menos entretiveram-se a aguardar o carro da famí- lia do treinador Conceição, para o apedrejarem civili- zadamente arremessando bocados de granito, xisto, quartzo e mica contra a sua viatura. O estúpido atentado, provocou enor- me comoção nas redac- ções chorosas, em virtude do falecimento da rainha do reino desunido, provocando a saída para as ruas de Lisboa, devidamente ataviado, do Sr. Magina polícia Intendente, qual Pina Manique a examinar bolsos e bolsas como se fossem caixas forradas de livros proibidos do rol do Santo Ofício de triste me- mória. Ao que as pantalhas da CNN, SIC, CMTV e oficiosa RTP informam, o fundista e acólitos já estão identifi- cados, por tão formidável proeza o cavalheiro Ma- gina e demais detectives aguardam serem conde- corados no próximo 10 de Junho ante proposta de José Luís Carneiro, de- vendo os penduricalhos serem apostos na casaca azul de gala por Marcelo supremo chanceler das ordens honoríficas portu- guesas. Nem mais! Ora, nos anos sessenta do século passado na esteira da década antece- dente a escolha da equi- pa que ia disputar uma das zonas da 3ª divisão no distrito de Bragança confinava-se a Bragança e Mirandela, só se alargan- do alguns anos depois. A rivalidade passava dos resmungos recíprocos de narros para lá e para cá, até ao violento acertar nas viaturas dos forasteiros, passando pelos enfrenta- mentos dentro das quatro linhas do campo. A cousa com laivos épicos possuía vários actores de diferen- tes escalões e respectivas representações, jogadores ordeiros e respeitados, o grande e sorridente capi- tão Xico Ferreira e o im- pecável Luís Mesquita, o pendular Frias, o Dionísio de tremenda mão zurda no GDB, o Policarpo avançado do Mirandela. No leque dos sarrafeiros, a legião dos passa a bola não pas- sa o homem placado que esperneia no áspero cam- po pelado, alargava-se nos dois lados de tal modo que prefiro restringir-me a re- ferenciar o Moisés, o Rodi- nhas e o Tita no GDB, o Vi- nhas, o Mário e o Macedo no Mirandela. Os despiques na assis- tência levavam a cenas de “mosquitos por cordas”, os mais ferozes de língua seriam o tenente da GNR, comandante da secção ca- nhota salazarista na vila de Mirandela, agora refe- rida como princesa do Tua (o saudoso Roger enfure- cia-se com a ridícula ca- talogação), enquanto nas hostes bragançanas, o ad- vogado Eduardo Gonçal- ves semeava impropérios condenatórios dos dislates dos árbitros. No que tange a árbitros Armando (Bom- badas) e Salazar deixaram em herança acções grotes- cas a favorecer o Despor- tivo, os apitadores vindos de fora quando metiam a pata na poça (o campo após uma boa chuvada exibia muitas) entornava-se o «caldo» daí perseguições até à Mosca (estação), sen- do empregues calhaus, pe- dras, e demais auxiliares de iradas manifestações de vernáculo vocabular da nossa língua charra. Nos prélios no «está- dio» do Toural a presença de trovadores/trotadores incansáveis a dar voltas e voltas era habitual, de tempos a tempos, inci- tavam os jogadores bra- dando os nomes da sua afeição. O Senhor Veloso (Cabeça de Pau), distin- guia-se dada abrangência do clamor sem recurso a chistes de afrontamento. Agora, o «Mundo da bola» toldou-se, as tecno- logias de ponta são mais perigosas que as navalhas de ponta e mola, as claques quais émulas dos rapazes de Al Capone imperam no «jardim das delícias» do referido desporto-rei, o negócio da compra e ven- da dos atletas pouco varia relativamente ao mercado de escravos de todos os colonialismos. As multi- dões aplaudem!