Os soutos são o ginásio do povo

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Ter, 20/11/2018 - 10:19


Olá gente boa e amiga!

Quando dermos por ela, já estamos no Natal! Como o tempo não pára, nos últimos dias, no nosso programa, temos vivido bons momentos com a entrada de novos participantes. Já vamos em trinta e duas novas apresentações só este mês, muitas das quais de camionistas que nos vão ouvindo dentro dos seus camiões por essas estradas de toda a Europa.

É o caso do tio Pedro, que nos fala do seu camião por terras da Suíça, o Zé do Pipo em qualquer parte da Europa também marca a sua presença, o nosso tio Cláudio, do Marco de Canavezes e o tio Joaquim, de Amarante que, através de conferência, nos têm apresentado muitos dos seus colegas de profissão, dos quais aproveitamos a ‘boleia’ para sabermos de onde nos falam e do tempo que por lá faz.

Quem adoçou a boca a cerca de cento e trinta tios e tias foi a canção do nosso primo Marco, de Estorãos (Valpaços), que engendrou uma versão da música “Arrebenta a Festa”, do Roberto Leal e Quim Barreiros, saudando em verso muitos participantes da nossa família, tendo como refrão, “mas que festa, mas que animação, é o amor e a amizade da Família do Tio João”. No sábado passado o Marco comemorou 37 anos de idade.

Antes de festejarmos a vida, vamos chorar a morte de Tadeu Carvalho, o nosso tio Tadeu dos Bolos, que trabalhava no nosso horário em Mirandela e que Deus chamou no dia 14, quando iniciava mais uma jornada de trabalho, aos 61 anos de idade. Foram muitas as viagens e as vezes que tive o privilégio de conviver com o amigo Tadeu. Que Deus o saiba recompensar por todo o bem que neste mundo fez. Paz à sua alma.

Nos últimos dias festejaram o seu aniversário connosco a Maria Augusta Machado (75), de Parada (Bragança); Aldina (84), de Lampaça (Valpaços); Manuel João (60), de Izeda (Bragança); António Maria (80) e o seu neto Moisés (15), de Argemil (Valpaços), que fazem anos no mesmo dia; Hugo Silva (18), de Vinhais e Victor Correia (50), de Zava (Mogadouro).

Como estamos no Outono, a estação dos frutos secos, a amêndoa já se apanhou, a noz está finda e a castanha está para durar. Por isso, vamos agora à apanha da castanha, o ginásio do nosso povo.

 

Se repararmos nos castanheiros seculares de alguns soutos da nossa zona, facilmente percebemos que a produção de castanha já tem alguns séculos nesta região do país.

Antigamente era usada para a alimentação dos animais, descascada para não cortar a boca aos porcos, triturada com as socas de brochas dentro de um balde para dar às galinhas e também era alimento das pessoas, que a comiam em substituição da batata e era considerada comida de pobre. Quem diria que agora é rainha no bolso!

Expressões como: “fazem doer muito as costas, mas este ano vale a pena”, ou ainda “a melhor parte da castanha é quando se mete ao bolso”, são ouvidas diariamente no nosso programa. Segundo o tio Luís Afonso, de Bragança, os quilos que se perdem agora com a ginástica feita na apanha da castanha, são recuperados mais tarde com o fumeiro.

“A castanha tem uma manha: vai-se com quem a apanha”. Todos os anos se tem ouvido falar de roubos de castanha já ensacada. Este ano já nos falaram que andam a apanhá-la de madrugada, com uns focos na testa para poderem ver nas terras. Este é um roubo que deve dar muito trabalho.

Há várias maneiras de apanhar castanha. A nossa tia Angelina, de Dine (Vinhais), apanha-as de joelhos, com umas câmaras-de-ar a servirem de almofadas. Há quem esteja durante algum tempo sempre na mesma posição. Também há outros que se baixam e levantam várias vezes. Uma coisa é certa: nesta altura não há reformados, inválidos ou de baixa que não deitem uma mãozinha para ajudar à apanha, apesar de nos terem dito que se nota mais juventude à castanha do que em anos anteriores, como retrata a foto. A maquinaria moderna também veio facilitar muito o trabalho e já é utilizada por muita gente, pois os sopradores juntam-nas num cordão, para serem apanhadas mais facilmente, como nos contou Júlia Rodrigues, de Vila Nova (Bragança). Uma coisa é certa: este é dos anos em que melhor se tem pago a castanha, também por haver menos mas por ser de bom calibre.

Na nossa região as variedades de castanha mais comuns são a Longal e a Judia, mas a Boaventura também é importante.