Ponte encapotada?

PUB.

Ter, 06/12/2005 - 17:35


Três sindicatos de professores com representação em Bragança decidiram organizar três conferências destinadas à classe docente. Poderiam ter escolhido três datas distintas, ou três horários diferentes, mas o certo é que todos apostaram na manhã do passado dia 2 de Dezembro para debater os problemas que afectam o sector educativo.

Com três eventos em simultâneo, acabou por vir ao de cima um problema que não estava na ordem de trabalhos de qualquer conferência ou na mente dos palestrantes. Isto é, ao organizarem acções de formação no mesmo dia e à mesma hora, os sindicatos só conseguiram demonstrar desunião, sentimento que em nada contribui para combater as políticas educativas que contrariem os interesses dos docentes.
Pior do que isso foi a data escolhida para as três iniciativas. Ao optarem pelo dia 2 de Dezembro, os três sindicatos deixaram transparecer a intenção de fazer uma “ponte encapotada” em que os docentes não deram aulas, mas obtiveram dispensa ao abrigo do respectivo despacho normativo.
Sendo assim, e porque o somatório das conferências resulta em algumas centenas de professores, pergunta-se: “quem ficou na escola no passado dia 2 de Dezembro?” e “quantos alunos ficaram sem diversas aulas no dia a seguir ao feriado?”.
A resposta, certamente, ronda as centenas de alunos. E, numa altura em que a classe docente condena a prestação de serviço nos apoios educativos e as imposições do Governo em diversas matérias, não fica bem, aos olhos dos cidadãos - em especial dos pais e encarregados de educação - tanta ausência de professores nas escolas, ainda mais num dia propício à tentação de fazer “ponte”.
Uma coisa é certa, se os três sindicatos escolheram o dia 2 para fazerem concorrência uns aos outros, na tentativa de desmobilizar a adesão de uns e noutros, a atitude já é condenável. Mas, se o dia 2 foi escolhido para que os professores pudessem fazer ponte e gozar um fim-de-semana prolongado, a imagem que fica ainda é mais negativa.