Ter, 29/06/2021 - 10:33
O médico que assistiu o jovem, de 21 anos, esclareceu, na última sessão do julgamento dos sete homens acusados do homicídio qualificado de Giovani, que o jovem, na altura recém chegado a Bragança, apresentava apenas um ferimento na cabeça e não tinha sinais de espancamento no corpo. Segundo a acusação, Giovani terá sido cercado e espancado, caído no chão, com soqueiras, cintos, paus, murros e pontapés, mas, segundo disse, ontem, Rui Terras Alexandre, a ecografia feita ao jovem não revelou qualquer lesão, tão pouco havia qualquer uma visível. O médico explicou ter sido alertado, pelos bombeiros de Bragança, para um jovem que teria um traumatismo crânio-encefálico grave, tendo-o recebido à saída da ambulância e verificado até mesmo que, além dos dois elementos da corporação, ninguém o acompanhava, como os amigos chegaram a dizer, em tribunal, tê-lo feito. O médico frisou ainda que qualquer escoriação que o jovem tivesse teria sido descrita no relatório que atestou a sua passagem pelo hospital. Assinalou também que lhe foi feito, primeiramente, uma Tomografia Axial Computorizada (TAC), que veio a confirmar a lesão na cabeça. Questionado sobre a possibilidade de ter sido uma queda o que provocou este ferimento a Giovani Rodrigues, o médico assinalou que estes traumatismos são frequentes em quedas em altura, em acidentes de viação, mas também podem facilmente resultar de agressões físicas. Quanto à queda poder ter sido a origem do ferimento, como a defesa dos arguidos está a levantar hipótese, Rui Terras Alexandre disse que, neste tipo de situações, é mais recorrente que as quedas sejam maiores, por exemplo de dois ou três metros, mas não descartou a alternativa de ter sido uma queda da própria altura, sendo que varia consoante diversas condições, nomeadamente força com que a vítima corria e com que poderá ter caído. Rui Terras Alexandre esclareceu ainda que, apesar de nenhum familiar ou amigo acompanhar o jovem, quando este chegou ao hospital, mais tarde, um homem, apresentando-se como primo da vítima, esteve naquela unidade de saúde, na presença deste, dizendo que Giovani teria sido agredido na cabeça com um pau. Recordando que Giovani foi encontrado a quase um quilómetro de distância do local da contenda, o médico admitiu, ainda, que a hemorragia que o jovem apresentava permitia que este caminhasse por algum tempo e distância. Recorde-se que Luís Giovani Rodrigues morreu dez dias depois desta contenda, num hospital no Porto. Segundo a acusação, os desentendimentos terão começado dentro de um bar, entre um grupo de cabo-verdianos e alguns homens de Bragança. O jovem terá sido espancado numa rua junto a esse mesmo bar, sendo que os três amigos que o acompanhavam também foram, alegadamente, agredidos por estes sete homens, que estão ainda acusados de ofensa à integridade física qualificada.