Médico que recebeu Giovani Rodrigues garante que não tinha mais ferimentos além daquele que o matou

PUB.

Ter, 29/06/2021 - 10:33


O jovem cabo-verdiano Giovani Rodrigues, que supostamente teria sido vítima de espancamento, na madrugada do dia 21 de Dezembro de 2019, tendo morrido dez dias depois, não apresentava qualquer ferimento que, aparentemente, sustente essa tese

O médico que assistiu o jovem, de 21 anos, esclareceu, na última sessão do julgamento dos sete homens acusados do homicídio qualificado de Giovani, que o jovem, na altura recém chegado a Bragança, apresentava apenas um ferimento na cabeça e não tinha sinais de espancamento no corpo. Segundo a acusação, Giovani terá sido cercado e espancado, caído no chão, com soqueiras, cintos, paus, murros e pontapés, mas, segundo disse, ontem, Rui Terras Alexandre, a ecografia feita ao jovem não revelou qualquer lesão, tão pouco havia qualquer uma visível. O médico explicou ter sido alertado, pelos bombeiros de Bragança, para um jovem que teria um traumatismo crânio-encefálico grave, tendo-o recebido à saída da ambulância e verificado até mesmo que, além dos dois elementos da corporação, ninguém o acompanhava, como os amigos chegaram a dizer, em tribunal, tê-lo feito. O médico frisou ainda que qualquer escoriação que o jovem tivesse teria sido descrita no relatório que atestou a sua passagem pelo hospital. Assinalou também que lhe foi feito, primeiramente, uma Tomografia Axial Computorizada (TAC), que veio a confirmar a lesão na cabeça. Questionado sobre a possibilidade de ter sido uma queda o que provocou este ferimento a Giovani Rodrigues, o médico assinalou que estes traumatismos são frequentes em quedas em altura, em acidentes de viação, mas também podem facilmente resultar de agressões físicas. Quanto à queda poder ter sido a origem do ferimento, como a defesa dos arguidos está a levantar hipótese, Rui Terras Alexandre disse que, neste tipo de situações, é mais recorrente que as quedas sejam maiores, por exemplo de dois ou três metros, mas não descartou a alternativa de ter sido uma queda da própria altura, sendo que varia consoante diversas condições, nomeadamente força com que a vítima corria e com que poderá ter caído. Rui Terras Alexandre esclareceu ainda que, apesar de nenhum familiar ou amigo acompanhar o jovem, quando este chegou ao hospital, mais tarde, um homem, apresentando-se como primo da vítima, esteve naquela unidade de saúde, na presença deste, dizendo que Giovani teria sido agredido na cabeça com um pau. Recordando que Giovani foi encontrado a quase um quilómetro de distância do local da contenda, o médico admitiu, ainda, que a hemorragia que o jovem apresentava permitia que este caminhasse por algum tempo e distância. Recorde-se que Luís Giovani Rodrigues morreu dez dias depois desta contenda, num hospital no Porto. Segundo a acusação, os desentendimentos terão começado dentro de um bar, entre um grupo de cabo-verdianos e alguns homens de Bragança. O jovem terá sido espancado numa rua junto a esse mesmo bar, sendo que os três amigos que o acompanhavam também foram, alegadamente, agredidos por estes sete homens, que estão ainda acusados de ofensa à integridade física qualificada.

Jornalista: 
Carina Alves