Lagareiros anunciam problemas para a campanha do azeite que aí vem

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Ter, 22/10/2019 - 13:06


Os proprietários dos lagares e cooperativas de Bragança, Vila Real, Beira Alta e Minho mostraram o seu descontentamento em relação às empresas que transformam o bagaço de azeitona quererem deixar de pagar o produto e exigirem aos lagares os custos do transporte.

O baixo rendimento do bagaço de azeite foi a causa que terá levado a que as empresas de extracção deixassem de querer pagar o transporte e o próprio bagaço. Os lagareiros consideram que estas medidas, aplicadas a nível nacional, vão trazer-lhes prejuízos. “Um lagar que entregue um milhão de quilos de bagaço, se lhe pagassem ao preço do último ano, que é um preço muito baixo, estamos a falar de mil euros, portanto deixa logo de os receber e depois vai ter o custo do transporte, que depende da distância a que estiver das extractoras. Há lagares que estão a dezenas de quilómetros”, explicou Jorge Pires, do Pró Lagar em Mirandela. Como forma de tentar conhecer a opinião dos representantes de lagares e cooperativas, foi realizada uma reunião, em Vila Flor, que contou com a presença de 60 lagareiros. Depois da sessão, os lagareiros vão tentar “falar com as extractoras” para chegarem a um consenso para que nenhuma das empresas saia penalizada. Caso contrário vão ter que tomar medidas que defendam os seus interesses, confessou Jorge Pires. Já Helder Teixeira, da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Vila Flor e Ansiães salientou que em “20 anos a produzir bagaço para as extractoras”, sempre “funcionou bem” e que neste momento, não têm capacidade para responder às alterações das regras. Acrescenta ainda que é necessário resolver este problema ainda nesta campanha, reconhecendo que se trata de uma situação que se vai arrastar para as futuras campanhas. Na região existem apenas três extractoras, o que segundo Helder Teixeira, lhes dá mais “força” e “dinâmica” que os 120 lagareiros não têm. Por isso, foi decidido que vai ser criada uma associação que vai representar todos os lagareiros de Trás-os-Montes, Vila Real, Beira Alta e Minho, e que servirá como mediadora dos interesses dos lagareiros com as extractoras. Ontem, alguns dirigentes dos lagares pretendiam marcar uma reunião com as empresas de extracção com o objectivo de transmitir as suas pretensões face aos custos do bagaço, de modo a manter o “mesmo regime de custos”. Caso não seja possível negociar, segundo João Gonçalves, proprietário do lagar da Portela, em Vila Flor, vão ter que “imputar alguns custos ao agricultor.”

Jornalista: 
Ângela Pais