Graça Morais doa uma centena de obras ao Centro de Arte Contemporânea

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Ter, 22/10/2019 - 12:15


O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais de Bragança tem agora em exposição um espólio de 105 obras doadas pela artista. A primeira oferta foi feita em 2007, com a doação de 52 obras e agora foram entregues ao centro mais 53.

A pintora Graça Morais considera que Bragança é a sua cidade, uma vez que foi aqui que cresceu e estudou, e, por isso, sentiu que estava na altura de “doar à sociedade” uma parte daquilo que sabe “criar melhor”. “Faço isto de uma forma muito espontânea”, salientou a artista, dizendo que se sentia na “obrigação” de oferecer aos brigantinos as suas obras. As pinturas e desenhos oferecidos são de elevada importância na colecção de Graça Morais e representam várias fases do seu percurso artístico. Mas há uma obra que se distingue das restantes. A legenda do quadro é “sem título”, com o intuito de não limitar a imaginação do ser humano e para que “a pessoa encontre nele um pouco do seu mundo” e “continue a existir e a aperfeiçoar- -se na cabeça de cada um que o observa”. Tudo começou quando a pintora assistiu à apanha da azeitona e observou as mulheres a apanharem o fruto para dentro das cestas. “Eu achei que aquelas mulheres se misturavam tanto com a terra que eu cheguei a pensar que elas também eram a terra. Então o desenho é uma indefinição do corpo delas, porque se misturavam completamente com a terra”, explicou. Esta obra é uma “prenda de Natal” de Graça Morais para o Centro, devido à importância que tem na sua colecção. “Achava aquele desenho tão importante na minha colecção que o ofereci, mas com dificuldade e acho que são as ofertas que se valorizam mais”, contou. “Generosidade” foi como Fernanda Silva, vereadora da câmara de Bragança, caracterizou o gesto da artista. “Demonstra bem o seu amor e o seu afecto por este espaço, que é dela, é do município e é de todos os brigantinos”, acrescentou. O espólio foi apresentado, no sábado, e vai estar patente até Maio do próximo ano. Durante a sessão Graça Morais referiu que o Centro de Arte Contemporânea de Bragança está a ser “considerado um exemplo de sucesso”, em termos “arquitectónicos”, “museológicos”, de “animação” e “critério de qualidade”. Aproveitou ainda para destacar o trabalho que tem vindo a ser feito pela autarquia. “Há espaços maravilhosos no nosso país que, por desentendimentos, fecham as portas e depois ninguém vê o espólio, mas eu tenho a certeza que aqui em Bragança, para lá da minha existência, de certeza que as próprias pessoas da cidade vão exigir que este espaço continue aberto”, concluiu.

Jornalista: 
Ângela Pais