Creches voltam a abrir mas com poucas crianças

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Ter, 19/05/2020 - 17:22


Dia 18 foi também de reabertura das creches. Mas muitos pais optam por não levar já os filhos de volta, porque admitem ainda alguma apreensão, apesar de reconhecerem a importância de retomar as rotinas.

Carla Canteiro não levou a filha de quase 3 anos à creche, mesmo sendo complicado conciliar com o trabalho a partir de casa. “Quer eu, quer o pai estamos a dar aulas a partir de casa, o que não é fácil com uma criança desta idade. Por outro lado, também me custa mandá-la já para a escola, porque não sabemos como vai correr tudo”, explica, admitindo que vai avaliar se o regresso será no início ou só no fim de Junho.

O filho de Nair Gonçalves também vai ficar em casa, em princípio até Setembro, à guarda das irmãs mais velhas, já que a mãe regressa ao trabalho num restaurante. “Ele ainda não consegue entender que não se pode chegar perto dos colegas, nem partilhar os brinquedos ou não ter o colo da educadora”, afirma, dizendo que concorda que tem de haver regras, mas acha que “talvez ainda não seja a altura para reabrir”.

Já Susana Rodrigues, que também regressa ao trabalho esta semana, vai voltar a levar a filha de 3 anos para a creche. Admite, no entanto, “algum receio” porque sabe que as normas não serão facilmente compreendidas e cumpridas por crianças tão pequenas. “Mas confio no trabalho das educadoras. Acho que os cuidados têm de partir mais de nós, pais e escola, porque não podemos pedir a uma criança para colocar uma máscara”, refere.

Cristina Figueiredo, directora de Serviços da Cáritas em Bragança, conta que a instituição reabre com um número muito reduzido de crianças. Das mais de 70 na creche apenas cerca de meia dúzia voltou nesta primeira quinzena de reabertura. Por isso, definir distâncias entre as camas ou às refeições não será o mais complicado, mas há outras regras a cumprir. “Os pais não podem entrar, levam o estritamente necessário, duas mudas de roupa, calçado para usar lá, lanche, e podem escolher um brinquedo de casa, de fácil limpeza e que fica na creche, para terem um aconchego”, destaca, sublinhado que o afecto não pode faltar.

Também no colégio de Santa Clara tiveram de ser feitas adaptações para receber a dezena de crianças que regressou, mas há outros ajustes.

“O mais difícil é mesmo a ponte entre as regras e exigências e a estabilidade e felicidade das crianças. Não tanto fazer medições de dois metros, mas sobretudo encontrar nestas circunstâncias um espaço criativo a nível pedagógico”, referiu a Irmã Conceição Borges, directora do Centro Social de Santa Clara em Bragança.

Redução do número de crianças por sala, distanciamento físico nas mesas, berços ou espreguiçadeiras, o calçado deixado à entrada, lavagem regular dos brinquedos, portas ou janelas das salas abertas e os funcionários de máscara cirúrgica são regras que recebem os mais pequenos no regresso às creches.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro