Comerciantes em Miranda Douro ansiavam reabertura da fronteira

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Ter, 14/07/2020 - 16:48


O comércio em Miranda do Douro começa a respirar de alívio com a reabertura das fronteiras. Os espanhóis e outros turistas já eram muito esperados no concelho.

Apesar de a fronteira em Miranda ter aberto para mercadorias e trabalhadores transfronteiriços, desde meados do mês passado, os turistas espanhóis, com grande peso na economia do concelho, só voltaram a poder atravessar para território português a partir de 1 de Julho, o que trouxe um novo alento para os comerciantes. “Logo no primeiro dia se notou. Às nove da manhã entraram aqui espanhóis e levávamos meses sem falar espanhol”, disse Emerência São Pedro, uma comerciante que admite ter sentido “muitíssima” falta dos espanhóis desde Março. Na loja de têxteis, garante, “99,9% dos clientes são espanhóis, não há hipótese”. Agora “tivemos oportunidade de ver isso”, acrescenta. Ainda assim afirma que os visitantes nacionais “surpreenderam” nos últimos tempos. Apesar de os visitantes estarem de volta, os comerciantes admitem que vai ser complicado recuperar do tempo em que estiveram encerrados. “Nunca vi uma situação como esta. Isto afectou-nos um bocado, há lojas a fechar, inclusivamente restaurantes. Até abrir as fronteiras não houve mercado nenhum”, contou António Pires, outro comerciante. Nas ruas e lojas de Miranda já é visível a presença de turistas, maioritariamente espanhóis, e também de alguns emigrantes. “Gostamos muito e vimos muitas vezes, comer, comprar e fazer turismo também”, disse Carmen Gonzalez, uma turista espanhola, que retomou o hábito de visitar Miranda, o que não fazia desde Janeiro. Agripino Afonso e a mulher são emigrantes em França e aguardavam que a fronteira abrisse para regressar e aproveitaram para fazer umas compras. “Este senhor conhecemos já de sempre e quando vimos compramos uns sapatos”, contam. Apesar de algum optimismo, nota-se também alguma preocupação com o aumento de casos de Covid-19 no concelho mirandês. “Nós à noite até tínhamos sempre meia casa, mas desapareceram da esplanada” desde que surgiram os casos, contou José Luís Marcos. “Tudo é uma incógnita, tudo pode ser uma surpresa. Em todos os cantos começam a surgir casos e as pessoas dizem que temos que aprender a viver com isso”, referiu outra comerciante.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro