Ter, 13/12/2005 - 14:56
De facto, quando, quase a desistir da caminhada, nos lembramos de que
fazemos parte integrante de um conjunto positivo, válido e decisor,
que é o povo e, conjuntamente associamos a sua valência positiva na
decisão, ganhamos sinceramente, alento para mais uns passos.
É sabido que estamos sempre a lamentar esta vida ingrata que nada mais
nos dá do que aquilo que merecemos, isto é uma verdade indesmentível
mesmo que a não queiramos como tal, mas é facto, que tal lamentação
não nos leva a lado algum. Daí que nunca nos cansamos de lamentar o
dia-a-dia do cristão! Mas, se assim é, logo nos redimimos rendendo a
Deus a homenagem de tal sacrifício, aliviando a alma de tal peso.
No entanto, por mais que queiramos, nunca passará de moda o queixume
português que, além de justo e justificado, faz parte do modus vivendi
deste povo enraizado nos costumes de antanho. De tudo e de todos nos
queixamos e de tudo e de todos temos razões. Pois como houvéramos de
não ter? Como, pois se de tudo, todos abusam? Até já dos presumíveis
detentores da cultura e do saber… erudito, claro está!, querem abusar!
E abusam, essa é uma certeza adquirida. Pois não é o que está a
acontecer com os professores? Não é o que está a passar com a
educação? E agora?
Depois da greve nacional e por pressão de alguns sindicatos, o governo
recuou em alguma matéria mais controversa e logo fez saber que os
professores só iriam ficar duas horas na escola, além do seu horário
normal lectivo o que, certamente vai acabar com as malfadadas aulas de
substituição. Mas como se isso não fosse suficiente e para armar ao
pingarelho, já alguns Conselhos Executivos se pronunciaram no sentido
de não alterarem os horários dos docentes. Como se a eles coubesse tal
decisão! Até parece que eles não são docentes! Bom, se calhar não são
mesmo! O irrisório da questão é que nem sequer se precisam de alterar
os horários de nenhum docente, já que é só retirar as horas em que ele
deveria permanecer na escola, sem aulas normais. Para quê complicar?
Esperemos que às escolas chegue em tempo útil, o comunicado do
Ministério da Educação a dar conta desta decisão, pois caso contrário
vamos assistir a outro confronto, possivelmente muito mais perigoso e
menos delicado! Ou o Ministério fez um acordo para cumprir, ou foi só
fantochada e deverá responder por isso urgentemente. Os acordos
efectuados com os sindicatos são efectivamente para cumprir e esta
decisão ultrajante tomada pela senhora ministra da Educação, não era
realmente, para cumprir. Nada que eu já não houvesse comentado! É que
passados anos dentro do sistema, habituamo-nos a entender certas
coisas e uma delas é que há decisões que são tomadas só para assustar,
especialmente aqueles que são susceptíveis de tal atitude! O certo é
que alguns docentes bem precisavam de apanhar um susto! Serve para
arrepiar caminho e entrar no trilho verdadeiro, aquele que todos temos
de cumprir.
Diz o povo e com razão que quem se mete por atalhos, se mete em
trabalhos. Pois nada mais certo. E para os que andam desviados do
caminho certo, é bom que se informem de como voltar à estrada
principal. Sair dos atalhos é sair de trabalhos e para quem os não
quer ter, é conveniente a saída urgente.
Todos gostamos de justificar determinadas acções com a voz do povo e
todos lhe reputamos o epíteto de sábio. Sábio pelo tempo, pelos anos
imensos de uma aprendizagem verdadeira, embora empírica, mas não menos
certa, que decide sempre da melhor forma, muito embora se possa
enganar algumas vezes. E quando tal acontece, logo se emenda. Mas é
este povo a que pertencemos que nos vai transmitindo a sabedoria, a
tradição, os usos e costumes, para podermos falar deles hoje. É este
povo que tem o saber e a cultura do seu lado. É ele que a armazena e a
distribui, sem preconceitos, sem rebuços, sem leis e sem medo.
No seu dia-a-dia, ele sabe como dar as aulas, todas verdadeiras, sem
substituições e sem substitutos e todos aprendemos a lição. E quando
ela se perde, há sempre a facilidade de a ouvir de novo, amanhã, ao
virar da esquina, na hora de recapitular a aprendizagem anterior.
Obrigado, meus senhores, mas não. Não é necessário tanta presunção.
Saber por saber e cultura por cultura, valha-nos a do nosso povo, a
cultura popular.