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Estudantes passaram com dificuldade em Mirandela

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Ter, 26/09/2017 - 16:16


A formação da cidade do Tua esteve muito perto de garantir, no sábado, a passagem à 3ª eliminatória da Taça de Portugal. No entanto, a quebra física dos homens da casa nos últimos 15 minutos foi aproveitada pelos estudantes para resolver o jogo.

A ponte de vidro - Introdução a Torre de Dona Chama

 O monte de São Brás tem a desafiá-lo monte que chamamos Fraga. Separa-os um abismo respeitável de vinhas, estevas e mato por onde meu avô caçava. Uma ponte entre ambos seria de grande inutilidade; mas as promessas cumprem-se, e mais bela seria essa jura de princesa moura – caso vencesse os cristãos –, se o inútil virasse espantoso tabuleiro de vidro, acaso seguro em pilares sensíveis e cristalinos.
Sempre que entro nas minhas guerras de reconquista – um novo texto, outra infidelidade ao pensamento único –, lembro-me dessa ponte adiada na voz de narrador que, perguntado pela criança que eu fui – «E depois, avô?» –, respondia no limiar da novela de estreia: «Depois isso. Não fizeram a ponte e pronto.» Seja: não é que não houvesse vidro (de facto, não havia); a beleza da tentadora dona é que não chegava. Não deverei eu, autor sobre um abismo de nada, criar outro impossível, transformando a luxúria do verbo em amor de verdade aos seres de que me vou tornando senhor?
Eis a lição da minha princesa, Eugénia, no romance da terra natal, Torre de Dona Chama (1994), longa resposta à pergunta com que fechava a novela Várias Bulhas e Algumas Vítimas (1980), onde já colocara as versões literárias, oralizantes e históricas, que se conjugavam naquele nome, mas que, agora, nos meus distantes dias de Budapeste (1985-1986), eu vinha subverter, num quadro ainda medieval, estritamente bakhtiniano. Noutros momentos, em poema e conto, retomei essas preocupações, também homenagem ao berço.
Quanto às fontes literárias, tínhamos a linhagística desembocando n’“A Dama Pé de Cabra” (com extensão, em 2005, a Fascinação, de Hélia Correia), cuja edição crítica dei em Conto Português. Antologia Crítica (2005): como ela, a nossa Chama / Chamorra era pernas de cabra, / cara de senhora. Mas esta vivia numa torre, lá no cimo do monte hoje de São Brás, donde vigiava a cristandade. Era, pois, a torre de Dona Chama. Consideram outras vozes que a sineta que na torre tocava ao meio-dia, para despegar do serviço, levava os cristãos, em baixo, no vale onde se ergue a localidade, a entredizer-se: «Na torre, a dona chama.» Chama seria, portanto, ou nome de dona, ou forma verbal. Em qualquer caso, além da erótica herculaniana, a nossa era mais ígnea – nós mesmos designamo-nos flamenses, preferível a flamulenses –, de uma luxúria sem travão, obcecada por corpos de religião adversa, que atrai a si para, cevada a luxúria, os matar no tálamo de prazer.
Ao iniciar o meu romance, sabia que a expectativa dos dois narradores – um jovem professor recém-chegado e um jornalista da terra, primo da heroína – se casava neste lugar-comum: se desapareciam homens da terra, ou eram assassinados, é que morriam nas garras de jovem órfã e rica, acastelada em luxúria. Por analogia, esperavam outros poderes locais, a começar num tio da menina, que esta, descoberta em suas maldades, fosse justiçada ou se precipitasse na morte, deixando atrás as suas riquezas.
Na versão da princesa moura, ela é descoberta na figura (pernas de cabra), vício (sexo desenfreado) e crimes (matar amantes), por cristão desconfiado, que, após o amor, não adormece e lhe retira o anel, seu salvo-conduto por corredores de guardas, e que já esporeia cavalo de medo. Quando acorda, espavorida, uivando pelo amado (mas, ao adormecer a seu lado, não o encontrara, enfim?), os cavaleiros que o perseguem gritam-lhe: «Torna, torna, cavaleiro, que na torre a dona chama.» Se ainda temos uma forma verbal – podendo também ser um elíptico «que na torre está a dona Chama» –, é, já, terceira e mais rica versão. No desespero de se ver denunciada, a princesa cobre-se de toda a sua riqueza e atira-se a um poço. Mas quem acrescentou que, contíguo, há outro poço, de peste, e que, se nunca houve escavações no monte, foi com medo de bater, não no poço das riquezas, mas no da peste, que mataria tudo em redor? Esta ideia serviu-me para desenvolver uma guerra surda entre os bons e os maus, em individuações que adiam um juízo imediato do leitor.
Ora, com este suicídio, voltamos ao universo literário tirado da vox populi, e pequeno deslocamento geográfico: em Lordelo, a poucas léguas de Vila Real, situa o Camilo Castelo Branco de Anátema (1851) – estreia em que a circularidade do anel é igualmente fundamental – o castelo a que o povo chamava Torre de D. Chama, na sequência da morte de Inês da Veiga:
«[...] viu abrir-se aquela janela do meio, viu uma aventesma, amortalhada de branco, chegar à janela e atirar-se dela abaixo! E depois uma voz medonha diz que bradara aqui para estes sítios: Chama!... Chama!... [...] As luzinhas apagaram-se, ficou tudo calado e meu pai, vindo para casa contar a passagem, veio aqui quase meio povo e não encontrou nada!... Enquanto a mim aquilo era moura que quebrou o seu encantamento, à voz do seu mouro que pelidava por ela: Chama! Chama! E é por isso que estes perdieiros são a Torre de D. Chama.»
A inversão narrativa – trata-se de um mouro e não de um cristão; é um homem que chama por Chama e não ela, ou os seus cavaleiros – animava-me a outras subversões.
Neste ponto, proposições da História traziam a poderosa mulher, de olhos feudais, para a topografia actual: descida do monte, ainda transformo pormenor arquitectónico da casa de Eugénia em ameias, numa alusão a torre dominando a imaginação de mortais. Num jornal da terra, A Torre de D. Chama, de 1-II-1913, explicava Francisco Manuel Alves:
«Chama era o nome próprio de mulher frequentemente usado em Portugal na idade média e mesmo antes de constituída a nossa nacionalidade, como pode verificar-se em documentos desde o séc. VIII por diante e até adoptado pela aristocracia, segundo mostram os Livros de Linhagens no Portugal. Monument. Hist. pág. 145, 148, 158, 168 do 1.º livro, p. 174, 175, 176, 178, 181 do 2.º e ainda em vários outros sítios.
Encontra-se também sob as formas chamoa ou Flamula que se equivalem.
É bem conhecida a riquíssima D. Flamula, uma das mais nobres damas do século X, senhora de várias terras na província de Entre Douro e Minho. [...]
A povoação denominada Torre de D. Chama só começa a figurar com este nome no tempo de D. Diniz [seja, na carta de foral em 25-IV-1287], sendo muito provável que a mulher que legou o nome seja uma Dona Chamoa memorada nas Inquirições de D. Afonso III ao tratarem das freguesias de Santa Maria de Serzedo e S. Miguel de Espadanedo – interrogatus unde habuit eum dicit quod audivit dicere quod dona Chamoa una mulier de ipsa vila (Serzedo) leixavit eum pro sua anima in tepore Regis donni Sancii veteris.
Trata-se, pois, de uma dona Chamoa mulher nobre e rica, natural de S. Miguel de Serzedo, povoação que hoje não existe e provavelmente ficava nos limites da actual Torre de D. Chama, que vivia no tempo de D. Sancho II que deixou os seus casais de Serzedo e Espadanedo ao mosteiro beneditino de Castro de Avelãs, junto a Bragança, com encargos de bens d’alma.
De alguma torre que essa dona tivesse como habitação, segundo o costume da época, de que restam similares em Moncorvo (Torre de Mendo ou Men Corvo) e Santa Apolónia, perto de Bragança, ficou o nome à terra da sua principal habitadora, Dona Chamoa, simplificada posteriormente em Dona Chama que suplantou e fez esquecer o primitivo de Serzedo passando assim a designar-se por Torre de D. Chama.»
Potentado económico assim descrito na deficiente pontuação do Abade de Baçal interessava-me para as guerras intestinas entre falsos cristãos e mouros no trabalho, cujo desenlace se orquestra à luz da Festa dos Caretos, descrita nos seus actos de teatro de rua, que João Vieira narrou em vídeo (em que intervim) e recriou na pintura desde 1984. A lúbrica e assassina dona Chama era causa próxima de revolta que, por outro lado, rastilhara em lutas da Reconquista cristã. Assim se explica, dentro daquela terceira versão, a revolta dos cristãos animados pelo nascimento de Cristo sob o efeito do jogo e da máscara. A preparação do combate final começa na noite de 25 de Dezembro. Na tarde de Santo Estêvão, após quase 24 horas de encenação e luta, estará queimado o castelo da princesa moura.
Face a este horizonte de expectativa, o que acontecerá à minha heroína – alegadamente lúbrica, assassina e narrativamente distante, porque contada por quem a compromete? Primeiro parágrafo:
«Vivia por este tempo na torre uma dona formosa como a noite em que nos conhecemos. Sempre, ao acordar, a imaginação dos homens corria até conquistar a fortaleza e, com ela, o corpo jamais ou fugazmente entrevisto. Dizia-se que não raros tinham sido aliciados por quem, firme no seu tenebroso poder, os honrava superiormente e matava a seguir.»
Este narrador actua no quadro do esperado. Conta a terceira versão. Para o padre da terra, inclusive (antes de, muito à frente, se converter, isto é, se desfazer do preconceito...), Eugénia retoma maldade antiga. O velho professor, por outras razões, não pode defendê-la. Ela está de relações cortadas com o avô, médico. O tio, outro rico do lugar, tudo manipula, à espera de que lhe caia no regaço a riqueza da sobrinha. É a orfandade absoluta. Pior: o comandante da guarda investiga uns crimes, noticiados em Lisboa. Por isso, o primo, paixão de infância – que, todavia, sabe ser ela amada pelo seu dele grande amigo de infância –, agora jornalista, volta à terra; ao passar a narrá-la, substituindo professor digno de pouca confiança (e que nunca perceberá ter sido aliciado para noite em que, ao contrário do que julga, não teve aquele corpo de ouro), ainda acredita nos crimes da prima. Como se dá a reviravolta? Que força tem aquela jovem, e como, de moura dita lúbrica, leva a efeito a reconquista desse primo, vencendo cristãos hipócritas e afirmando-se na virgindade de corpo e alma? Eugénia não fazia desaparecer mancebos: encontrando-lhes empregos no litoral, esvaziava a terra para que o primo viesse encher o seu deserto de amor.
Enquanto assim punha o meu pequeno mundo de pernas para o ar, no interior de uma carnavalização dos seres e da linguagem própria da festa, eu estava a reverter, ponto por ponto, memória ancestral caldeada em versões históricas, orais e literárias, servindo-me de uma diligência policiária e máscaras a retirar. Àquelas versões acrescentava algo, ausente em narradores de carne e osso: eu estava há muito apaixonado pela protagonista, imagem de Dona Chama, senhora da minha torre / terra e do coração, que aí bateu pela primeira vez.
Que isso não fosse, ou dívida para com a pátria que nos deu respiração, um autor deve tentar, em quaisquer circunstâncias, mesmo quando se mostre impossível, o salto para o outro lado – talvez que, entretanto, tenha sido lançada uma tábua de salvação, quem sabe se uma ponte de vidro...

Norte 2020 apoia a Mobilidade Urbana e Qualidade de Vida nas Cidades

A mobilidade urbana interage de forma intensa com a qualidade de vida nas cidades, que enfrentam importantes desafios, a mobilidade é um dos principais, pressionado pelo crescimento e urbanização da população e pelas alterações climáticas. A toxicidade do ar e o ruido, tem aumentado muito em algumas cidades, afetando a qualidade de vida quotidiana, levando cidadãos a manifestarem-se em várias cidades, pressionando os governos locais para novos desafios, o do crescimento verde e da prioridade às energias não poluentes.  
A Comunidade cientifica que estuda o clima assume que o globo está a aquecer, o clima está a mudar, com padrões meteorológicos extremos, para os quais contribuem as atividades humanas, destacando-se a queima de combustíveis e a devastação das grandes áreas de floresta tropical, na Amazónia, na Bacia do Congo e no Sudoeste Asiático, os principais pulmões da Terra.
Às alterações climáticas reagem em várias frentes os governos dos países e das cidades. No domínio da mobilidade, preparam respostas integradas visando maior eficácia e custos mais baixos, apoiadas em Planos de Ação para a Mobilidade Urbana Sustentada, envolvendo soluções que incluem o transporte público combinado com modos suaves, bicicletas elétricas, automóveis elétricos e outros serviços de mobilidade, TIC, serviços de transporte multimodal.
O Livro Branco dos Transportes da Comissão Europeia aponta para que até 2050 a dependência do petróleo seja menor, que as emissões de CO2 sejam reduzidas para 60 a 70% e que nas cidades europeias, onde se prevê venha a concentra-se 85% da população, só circulem veículos elétricos.
Para a mobilidade e a qualidade de vida nas cidades conta em primeiro lugar a forma como a cidade se constrói. É no plano da política urbana, do “planeamento verde da cidade” que tem de ser encontradas soluções de desenho urbano e de organização das atividades económicas para assegurar qualidade de vida aos cidadãos, atratividade urbana, eficiência global e sustentabilidade, racionalização do tempo de percurso entre a residência e o trabalho, os lugares de lazer, a escola e os espaços culturais, os locais de abastecimento público e outras atividades relevantes.
A urbanização da população e a sua concentração em grandes e mega cidades é uma tendência global. A ONU Prevê que 70% da população do mundo viverá em 2% da superfície do planeta. Que o crescimento da população entre o ano de 2015 e 2050 seja de 32%, passando dos atuais 7,5 para 9,7 biliões de pessoas, o que significa que a cada ano, em geral as cidades irão acolher cerca de sete vezes a população de Portugal.
Este crescimento terá forte impacto sobre os recursos do planeta, será intensamente disputada a água, a energia, os alimentos e outros bens essenciais, forte a procura de habitação, de serviços de saúde, de educação, de transportes de segurança, de empregos. Exigente a luta contra a pobreza e a exclusão social, desafiante o planeamento e a gestão das cidades.  
Atualmente 180 mil pessoas em todo o mundo deslocam-se a cada dia para áreas urbanas, abandonando os campos, concentrando-se na periferia das cidades. Realidade demográfica que é distinta, entre países e continentes. Prevê-se que nove países: a India, Nigéria, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Estados Unidos da América, Indonésia e Uganda venham a ser responsáveis por 50% do crescimento populacional, que o continente Africano, em que 41% da população atual tem menos de 15 anos de idade, até 2050 venha a equilibrar o atual centro de gravidade demográfica, a Ásia e a ser responsável por metade do crescimento populacional.
A contrastar com essa realidade está o continente Europeu, em que se prevê que no ano 2050, 34% da população irá ter mais de 60 anos, duplicando o valor atual. O impacto do crescimento da população nas cidades será muito distinto, os problemas da mobilidade, da qualidade de vida, da sustentabilidade global, colocam-se com intensidade diferente, enfrentando o mesmo desafio, o da luta contra as alterações climáticas, a principal ameaça do século XXI, a par de uma eventual guerra nuclear. 
O ritmo de concentração populacional nas cidades obriga a fortes investimentos na requalificação e adaptação das cidades existentes, à ampliação e construção de muitas novas cidades, o que por si mesmo representa um grande desafio para arquitetura, a engenharia e a gestão, ou visto de outra forma, um a oportunidade única para a inovação, a criatividade e a experimentação na construção das cidades do futuro.
No Índia está a ser construída a cidade de Amavarati, a capital do mais recente estado, o 29.º. Os seus construtores pensam que irá distinguir-se pelas notáveis infraestruturas, grandes avenidas, amplos espaços verdes, pelos 172 Km de vias rápidas, pelos 135 Km de faixas dedicadas aos  transportes públicos, pela gestão integrada, pela perspetiva de modernidade, de melhoria da economia, espírito empreendedor, criatividade e liberdade cultural. 
O máximo de conhecimento, de inovação e de novas tecnologias está a ser mobilizado em todo o mundo, no sentido de requalificar, expandir ou construir cidades inteligentes sustentáveis amigas do ambiente, reduzindo emissões de gases com efeito de estufa, substituindo o uso massivo de combustíveis fósseis por energias renováveis, fomentando a poupança e a eficiência energética, a qualidade de vida e bem-estar dos cidadãos, o uso sustentável dos recursos.
Nos últimos 12 mil anos a temperatura no planeta manteve-se praticamente estável, com um aumento de 1 grau celsius, enquanto se prevê que no século atual possa aumentar entre 1,1 a 6,4 graus. Fazem-se previsões e investimento com a perspetiva de que por volta de 2040, por ação do degelo, se consigam fazer rotas comerciais pelo Polo Norte.
As alterações climáticas estão a provocar graves danos na vida humana e na economia afetando a vida quotidiana. São mais frequentes as ondas intensas de calor, as secas extremas, os grandes incêndios florestais, as inundações de regiões vulneráveis, provocadas por chuvadas torrenciais que obrigam a migrações intensas de povos pobres que para trás deixam territórios devastados. Para além da perda de vidas humanas, são grandes as perdas económicas, por danos na agricultura, nas infraestruturas e na biodiversidade.
As alterações climáticas são o maior desafio da humanidade, no sentido da preservação da vida na Terra, desafio que foi assumido à escala global no Acordo Climático de Paris, alcançado em 2016 e que foi antecedido por 25 anos de negociações, uniu 165 países nos esforços para limitar o aquecimento médio do planeta em 2 graus celsius no fim do século, em relação ao período pré-industrial, um desafio enorme que obriga a um compromisso global, à implementação de medidas concretas com metas quantificadas, distintas conforme os níveis de desenvolvimento e de comprometimento político de cada país.
A União Europeia está politicamente empenhada com metas ambiciosas de descarbonização da sua economia e na redução de emissões nocivas ao ambiente. Pretende estar na vanguarda e simultaneamente tirar dividendos económicos.
Na EU, os transportes representam 27% das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) e são uma das suas primeiras prioridades políticas. A “mobilidade sustentável” conjuga dois objetivos aparentemente divergentes, por um lado assegurar a livre circulação de pessoas e mercadorias, a baixo custo, garantindo um mercado interno competitivo, por outro, gerir o crescente volume de trafego, reduzir os acidentes, o ruído, os tempos nos engarrafamentos, problemas das doenças respiratórias, reduzir o consumo de energia e os impactos negativos nas alterações climáticas.
A 28 de março de 2011, aprovou o Roteiro para um Espaço Comum Europeu dos Transportes, visando um sistema de transportes competitivo e eficiente na utilização de recursos, orientação que dá relevância às energias renováveis e alternativas, à segurança, aos desafios ambientais e dependência energética, à competitividade e custos dos transportes.
Fixou o objetivo da redução de 60% nas emissões de GEE nos transportes até 2050 comparativamente ao ano de 1990, estabelecendo um conjunto de metas: a descarbonização da mobilidade, prevendo até 2030, reduzir em 50% a circulação de automóveis a combustíveis fósseis nas cidades e retirá-los de circulação até 2050; reduzir o número de acidentes mortais nas estradas, para metade até 2020 e quase zero até 2050; transferir para os modos ferroviários e marítimo/fluvial o tráfego de mercadorias em distâncias superiores a 300 Km, 30% até 2030 e mais de 50% até 2050; estabelecer, até 2030, uma Rede Transeuropeia de Transportes que abranja o transporte rodoviário, combinado com as vias navegáveis e os portos marítimos e com a rede europeia de alta velocidade – RTE-T. Sugere que a rede europeia de ciclovias de longo curso seja incluída nessa Rede.
Recentemente foi divulgada uma nova orientação da União Europeia para a descarbonização dos transportes, que inclui novos limites de emissões de dióxido de carbono (CO2) para novos veículos ligeiros de passageiros e comerciais, impondo pela primeira vez limites a veículos pesados, tal como já acontece nos EUA, China, Japão e Canadá. Esta resolução deixa de fora a aplicação de limites à aviação e ao transporte marítimo internacional. Trata-se de novas orientações tendo em vista o período pós-2020, no sentido de ajudar a atingir as metas climáticas fixadas para 2030.
A resolução estabelece a introdução de um sistema de portagens para veículos pesados que tenha em conta a sua eficiência no consumo de combustível, medida já em vigor no Estado da Califórnia, incentivando os construtores ao fabrico de veículos de zero ou ultrabaixas emissões, no sentido de até 2050 descarbonizar completamente os transportes rodoviários.
No âmbito da Estratégia Europa 2020 para o crescimento e o emprego visando o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, um dos cinco objetivos da estratégia dá atenção à transição para uma economia de baixo teor de carbono, tendo em conta as alterações climáticas e a sustentabilidade energética.
No âmbito da Mobilidade urbana, o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, que tem como objetivos a eficiência energética e a racionalização dos consumos nos transportes públicos coletivos de passageiros, apoia a promoção da utilização de transportes ecológicos e da mobilidade sustentável, sendo elegíveis a conversão para gás e mobilidade elétrica de frotas de transportes públicos coletivos de passageiros; aquisição de bicicletas de uso público; atualização tecnológica e alargamento da rede de pontos de carregamento elétrico (fichas normalizadas e comum em toda a EU) e medidas de promoção da mobilidade elétrica e da mobilidade sustentável.
No Programa Operacional Regional Norte 2020 a mobilidade urbana sustentável é apoiada com 237 milhões de euros, através dos Planos de Mobilidade Sustentável elaborados à escala de NUT III, procurando assegurar coerência e integração dos investimentos, visando soluções integradas e de coordenação entre os meios de transporte, o crescimento de viagens multimodais e adoção de estruturas de gestão inteligentes e interoperáveis, conectadas para todos os meios de transporte, reforçar as infraestruturas para peões e ciclistas e assegurar o aumento dos utentes em transportes públicos.
A mobilidade e sustentabilidade urbana fazem parte dos temas centrais da qualidade de vida das cidades, da sua atratividade e competitividade, exige a adoção de modelos de desenvolvimento que utilizem de forma intensa as tecnologias, as comunicações, a inovação, as energias renováveis como uma das suas forças vitais, a gestão inteligente e integrada dos recursos, cada cidade enfrentando os seus desafios específicos, que a realidade geográfica impõe, a economia possibilita e a realidade social e cultural acolhem.
A mobilidade e sustentabilidade urbana preocupam as cidades, seja as urbanisticamente bem desenhadas, as que diariamente ficam com as vias de acesso congestionadas, as que no seu todo não estão minimamente organizadas para responder às necessidades de crescimento da comunidade, agravando-se a situação nas que estão cercadas por bairros de lata que crescem diariamente de forma descontrolada.
A visão da cidade do futuro centra-se nas pessoas e suas identidades culturais e religiosas, na prosperidade, no combate à pobreza e às desigualdades, na liberdade, na utilização eficiente dos recursos. Estas cidades avançam no sentido da construção da Eco cidade, a caminho das zero emissões em termos de mobilidade.
Ao nível da mobilidade urbana prevê-se, fomentar soluções tecnológicas avançadas e integradas de coordenação entre os meios de transporte, o crescimento de viagens multimodais, e adoção de estruturas de gestão inteligentes e interoperáveis, conectadas para todos os meios de transporte, as infraestruturas para peões e ciclistas, assegurar o aumento dos utentes em transportes públicos, soluções on-line que podem vir a ser aplicadas de forma extensiva. Fomenta-se a introdução de autocarros elétricos, viaturas solares, veículos sem condutores. Na Suíça, desde o segundo semestre de 2016, na cidade de Sion, dois miniautocarros operam de forma autónoma.
A mobilidade urbana, problema que se coloca de forma distinta em várias regiões do planeta, é um conceito em construção, um desafio em termos de inovação e de desenvolvimento tecnológico, também as perspetivas dos agentes económicos não são convergentes. Vale a pena tentar perceber a tendência de mudança, saber que a BMW considera que o futuro passa por automóveis autónomos e elétricos mas também pela partilha de autocarros, que a Volvo anunciou que a partir de 2019 pretende produzir apenas veículos híbridos e elétricos, que o Reino Unido pretende no ano de 2040 ter acabado com a circulação de veículos movidos a combustíveis fósseis.
Onze cidades europeias assumiram recentemente pretender eliminar a circulação automóvel de veículos a diesel no centro das cidades até 2025 e até essa data irão progressivamente aumentar as exigências restringindo o acesso a modelos mais recentes e mais amigos do ambiente (posteriores a 2014).
A indústria automóvel está a apostar cada vez mais nos carros elétricos, esta semana, no Salão de Frankfurt, foi estabelecida uma parceria entre a Volkswagen, a Porsche, a Mercedes, a BMW e a Ford, com vista à instalação até 2020 de uma rede de estações de abastecimento de carros elétricos nas autoestradas europeias.   
Recentemente, na cidade de S. Paulo, durante o processo de licitação pública das concessões de transportes públicos da cidade, grupos de cidadãos, através das redes sociais, exigiram a imposição de uma cláusula para que a partir de 2018, deixem de circular veículos movido a combustíveis fósseis.
Parece generalizar-se a ideia de que no futuro as cidades e os veículos serão alimentadas por energias limpas e renováveis. Sobre o futuro da mobilidade a Deloitte em estudo recente escreveu, “ver um mundo diferente, de mobilidade integrada, onde redes de transportes públicos compartilham frotas de veículos e veículos autónomos privados trabalham juntos para levar as pessoas de casa para ao trabalho, livres de acidentes, num mundo de mobilidade personalizada em que as pessoas escolhem percursos multimodais tendo por base o tempo, o custo e a privacidade, identificando duas forças maioritárias emergentes que impulsionarão o futuro da mobilidade, a economia de veículos compartilhados e a proliferação de carros autónomos e sua conexão via internet.”
Sobre a evolução dos transportes e da mobilidade, parece razoável aceitar que os sistemas, redes e infraestruturas existentes serão revalorizadas, que novas infraestruturas serão construídas, que visões mais extremas contribuirão para a mobilidade do futuro, seja a que acredita num progresso ordenado e linear, em que o sistema atual se manterá e se atualizará por meio de mudanças ao longo do tempo, ou a mais agressiva, que aposta na era dos carros autónomos tendo como novos protagonistas, a Google, a Apple e a Uber, como catalisadores de uma transformação radical.
Em síntese, os cidadãos esperam usufruir de qualidade de vida e bem-estar, viver em cidades que sejam cada dia mais atrativas, competitivas, inovadoras, multiculturais e inclusivas. Assegurem espaço para a cidadania e a liberdade, que impulsionem a economia e as atividades em geral para um novo paradigma de sustentabilidade, para um crescimento amigo do ambiente. Que sejam capazes de enfrentar e vencer desafios, nos quais se incluem a articulação com os territórios rurais, a luta contra a pobreza e as desigualdades crescentes. 
15 de setembro de 2017

NÓS, TRASMONTANOS, SEFARDITAS E MARRANOS - José da Costa, capitão de navios (n. Lisboa,1690)

As raízes de José da Costa estão em Mogadouro, terra de sua mãe, Beatriz Pereira, neta de Francisco Lopes Pereira, o Papagaio, de alcunha e de Catarina Martins. O pai chamou-se André Vareda e seria originário de Itália, com um dos filhos a dizer que era natural de Pádua, e outro dando-o nascido em Roma.
Difícil seguir também o percurso de seus pais, o qual ficaria assinalado pelo nascimento de um filho em Cadiz, outro em Badajoz, um terceiro em Viana do Castelo e o nosso biografado em Lisboa, por 1690, sendo o mais velho dos 5 irmãos que chegaram à idade adulta.
Ainda pequeno quando rumou a Castela com o pai que, sendo contratador, levava uma vida de itinerâncias. Por 1709, encontrava-se José da Costa em Elvas, no ofício de soldado de cavalaria, a crer na informação de seu tio materno, Gaspar Lopes da Costa dizendo que aí se declararam um ao outro por judeus e acrescentou que o José lhe dissera que fora doutrinado por seu pai.
No ano seguinte encontrava-se em Lisboa e temos notícia de um encontro com Simão de Bivar, (1) na casa deste, o qual lhe daria um livro em castelhano para que o lesse “que era bom por tratar da lei de Moisés, que era boa para a salvação das almas”. Não se alongaria José da Costa por Lisboa e pelo ano de 1711 “passou para a Baía e para casa de uma sua tia chamada Clara Lopes” que lhe ensinou mais coisas da lei de Moisés.
Em casa de Clara Lopes estaria uns 3 meses, ao fim dos quais se embarcou para Angola. Não sabemos em que condições e em que companhia terá decorrido esta viagem, se bem que podemos suspeitar que fosse com um filho da Clara Lopes chamado Francisco Rodrigues Pereira que, sendo morador na Baía, tinha casa montada na cidade de S. Paulo de Luanda, em Angola. Não sabemos se nesta viagem José ia já como capitão do navio ou como  passageiro. Certo é que a sua vida seria a de capitão de navios, ocupado principalmente no transporte de escravos de África para o Brasil.
E era já capitão do navio “Jesus Maria e José” (2) quando casou na Baía com Ana de Bernal Miranda, (3) por 1717. E era já proprietário de uma “roça” nas vizinhanças da cidade da Baía, no sítio da Graça, quando, por 1718, a sua mãe, o seu irmão António, a sua irmã Luísa e o marido desta chegaram à Baía e se instalaram na casa de José da Costa, o qual desempenharia o papel de chefe do clã famíliar, na falta do pai que falecera em Lisboa.
Antes de prosseguirmos, convém apresentar os irmãos que, certamente, trabalhariam mais ou menos em rede, como era próprio da gente da nação. Vejamos:
*João da Costa, ou Baredo, nasceu em Cadiz por 1693 e foi processado em 1714 pela inquisição de Lisboa, depois do que fugiu para Londres, onde já estivera antes e fora circuncidado. (4)
*Gaspar da Costa deixou o Reino em data que ignoramos e foi para o sertão brasileiro procurando ouro nas Minas de Cuiabá.
*Carlos Pereira, seguiu para a Baía e dali embarcou para a ilha do Príncipe, no Golfo da Guiné, e lá faleceu, pelo S. João de 1721. (5)
*António Lopes Pereira, nascido em Viana do Castelo, por 1704, aportou igualmente na Baía e dali foi para Angola.
*Finalmente, a irmã Luísa Maria Rosa, nascida em Badajoz, era já casada com João Gomes Carvalho quando embarcou para o Brasil, com a mãe, o irmão António e o seu marido. Este casal permaneceu poucos anos no Brasil, regressando a Lisboa por 1723. (6)
Não temos descrições das viagens do capitão José da Costa com o “seu” navio. Sabemos que a chegada da mãe à Baía coincidiu com a chegada de uma das suas “expedições” à Costa da Mina. E também sabemos que o Kipur de 1721 foi celebrado em sua casa por toda a família, com o jejum dedicado ao feliz sucesso de uma viagem que ele se preparava para fazer nos dias seguintes para a mesma Costa. Podemos ainda dizer que ele viajava para a Colónia do Sacramento onde o seu contacto comercial seria o seu cunhado Luís Nunes de Miranda, ali estabelecido. Mas a rota mais seguida pelo capitão do navio “Jesus Maria e José” era a de Angola. E a principal mercadoria transportada eram os escravos, considerados “marfim negro” e tratados como “peças”, comprados e vendidos em praças públicas, como gado em feiras.
E José da Costa não seria um simples capitão de navio mas um verdadeiro corsário. O próprio inventário dos seus bens ajuda-nos a compor a sua imagem de corsário. Vejam o equipamento que o inventário apresenta:
*Um vestido de lemiste preto e uma véstia de seda, da mesma cor, que lhe havia custado 60 mil réis.
*Camisas de Holanda (3 ou 4), com punhos de renda fina, que valiam mais de 40 mil réis.
*Uma véstia de veludo verde e outra de crepe preto, usadas, que valiam 12 mil réis.
*Um espadachim de prata, com punho de ouro, comprado por 6 moedas de 4.800 réis cada uma.
*Duas espingardas, novas, estrangeiras, que lhe custaram 32 mil réis.
*Duas plumas de chapéu de martinete que valiam 7 ou 8 moedas, de 4 800 réis.
*Dois martinetes mais ou cocares que valiam moeda e meia.
Camisas com punhos de renda, casaca de veludo verde ou preto, espada com punho ouro, chapéu em bico, decorado com plumas de uma ave de Porto Rico… é mesmo a imagem de corsário que o cinema consagrou!
De resto, os bens inventariados ao piloto, as dívidas ativas e passivas… tudo anda em volta do comércio de escravos e em todo o processo apenas há referência a umas 20 peças de algodão remetido de Angola para o proprietário do barco e umas fazendas levadas para o Rio da Prata juntamente com uma “manada” de escravos.
Foram mais de 20 as denúncias de judaísmo apresentadas contra José da Costa que foi mandado prender pela inquisição de Lisboa em 13.3.1726 mas que só em 13 de junho de 1728 ali foi entregue, vindo embarcado de Pernambuco na nau “Santiago Maior”. Acabou condenado em cárcere e hábito perpétuo e confisco de bens no auto de 16.10.1729. (7)
Depois terá novamente embarcado para o Brasil, como se depreende da seguinte declaração feita por sua mulher em 4.11.1737, a qual ficou morando em Lisboa, na Ruas das Gáveas, ao Bairro Alto e foi presa segunda vez:
- Disse que tinha 2 escravas, uma chamada Isabel e outra Ana, as quais lhe tinha mandado seu marido José da Costa, não sabe quanto valem por não saber quanto custaram ao seu marido. E que ela deve a seu cunhado João Gomes, homem de negócio morador em Alfama, as mesadas com que lhe assistia por conta de seu marido, não está certa no que importam mas o que ele disser será verdade. E que ela é devedora a seu irmão Manuel Nunes Bernal de assistência que lhe fez nesta Corte. (8)

Notas e Bibliografia:
1-Simão de Bivar era natural de Mogadouro, filho de D. Afonso de Bivar, cavaleiro castelhano e de Clara Rodrigues, de Torre de Moncorvo. – ANTT, inq. Lisboa, pº 3677, de Simão de Bivar.
2-O proprietário do barco era Francisco Xavier da Silveira.
3-Ana Bernal de Miranda foi levada pelos pais para o Brasil quando era pequena. Seu pai era médico e um de seus irmãos foi estabelecer-se na Nova Colónia de Sacramento estrategicamente situada na margem do Rio da Prata, cuja posse era disputada entre Portugal e Castela.
4-Na verdade, fizeram-lhe apenas um ligeiro corte pois que ele “não podia rigorosamente ser circuncidado porque não tinha onde se lhe poder fazer a cortadura, o que procedia de uma grande queixa gálica que ele havia padecido na mesma parte”. ANTT, inq. Lisboa, pº 7264, de João Baredo. Agradecemos à Drª Carla Vieira ter-nos cedido a transcrição do processo.
5-ANTT, inq. Lisboa, pº 9924, de Beatriz Pereira. Depois de contar que fizera o jejum do kipur de 1721 em casa de José da Costa, com este, com o filho Carlos, com a filha Luísa, com o genro João de Carvalho e com a nora Ana de Miranda “para que Deus nosso senhor desse bom serviço ao dito seu filho José da Costa em uma viagem que havia de fazer para a Costa da Mina”, volta atrás para emendar: - Agora estava melhor lembrada que o seu filho Carlos não estava presente porque falecera pelo S. João e o jejum fora em setembro…
6-IDEM, pº 2424, de Ana de Bernal Miranda; pº 764, de João Gomes Carvalho.
7-IDEM, pº 10002, de José da Costa.
8-IDEM, pº 2424-1, de Ana de Miranda.
 

Precários

O universo da precarização laboral cresce continuamente, por cá a regularização de alguns milhares de precários existentes na função pública coloca termo a situações escandalosas, no entanto, a árvore não pode, nem deve tapar a floresta. Já escrevi acerca da revolução tecnológica em curso, cujos efeitos no domínio da manutenção do emprego é, proporcionalmente, de custos bem mais elevados dos que gerou a Revolução Industrial.
A Amazon a maior empresa de livros no Planeta sem ser editora, ou a Ali Babá imenso escaparate desprovida de suporte físico, revelam o vai vem das compras desenvencilhando-se de profissionais de várias categorias do «clássico» sistema organizacional do comércio. No caso da comunicação social o problema é mais avantajado, mais bicudo, mais preocupante, isto porque a mola real da sua sobrevivência assenta na publicidade e esta foge continuamente para as redes sociais e canais on-line. O Facebook concentra 80% da publicidade digital sem gerar conteúdos e contratar jornalistas.
Há anos o Doutor Alexandre Manuel, antigo jornalista e editor, agora professor no ISCTE, no decorrer de um colóquio em Bragança afirmou só acreditar na sobrevivência da imprensa regional tendo explicado a causa da sua opinião. Recentemente, o Dr. Balsemão na esteira de outros empresários deixou indicações de pretender alienar várias publicações periódicas, exceptuando o Expresso por antes de ser a joia da coroa, é lucrativo.
Há dias um rapaz ficou sério e mal disposto quando lhe disse ser candidato ao desemprego ao ter escolhido o curso de comunicação social, ele ou anda distraído ou não gosta de perceber a realidade, só em Espanha foram dispensados 15.000 jornalistas nos últimos anos e mesmo o gigante El País enfrenta dificuldades, a venda da TVI é consequência do enorme endividamento do jornal.
A comunicação social das regiões sempre me atraiu, escrever no Diário de Notícias concedeu-me maior visibilidade, porém os jornais de vinculação local têm uma maior tempo de vida nas casas dos leitores, além desta fidelização, para o bem e para o mal, quem os lê joeira em crivo apertado o ponto de vista de quem escreve e se respeita a sua matriz intelectual. Sendo assim, e é, o escrevente não pode debitar sentenças impossíveis de cumprir, menos ainda proposta de actuação ou acção dos poderes públicos irrealizáveis, esbanjadoras, delirantes.
Ora, os despropósitos têm levado ao fenecimento de órgãos de comunicação social aumentando a precaridade redundante – os jornalistas, dos referidos órgãos – empobrecendo a nossa capacidade de expressão do pensamento pois os investidores não estão dispostos a sustentarem bagatelas de nefelibatas desprovidos do sentido da medida.
Sim, eu sei, nós sabemos quão grande é a transformação do Mundo minuto a minuto, dia da dia, em cruel competição a levar à aceitação da precaridade, os recursos são finitos, os candidatos a uma ocupação milhentos, longe vão os tempos dos empregos para uma vida.
Se me é permitido direi que ainda persiste na sociedade portuguesa o desejo de arranjarmos emprego à mesa do orçamento, como quem diz, na teta do Estado.
As clientelas partidárias ajudam à manutenção da referida ideia, daí a projecção das juventudes jotas no círculo dos jovens, apontando-se exemplos, ouvindo-se impropérios dos jotas quando não conseguem um lugar solarengo nas listas candidatas a eleições autárquicas e legislativas. Os contemplados bufam de alegre bazófia prestando-se a executar tarefas eivadas de truques e a transportarem a pasta dos seus «apoderados», muitos deles provindos de fornadas amais antigas de jotas.
A precaridade só se combate através do insano trabalho dos empresários geradores de riqueza, logo de emprego, e no espaço estelar dos jovens quando são competentes, empreendedores e atrevidos no explanar ideias brilhantes nos domínios inerentes à sua formação académica. Neste jornal vou lendo os sucessos de alunos do Instituto Politécnico de Bragança, eles não se deixam derrotar pelo fatalismo, são propensos à paciência de estarem anos no periclitante sistema das bolsas, todavia, em função do seu excelente currículo acabam por ter a «sorte» de obterem o sonho ou desejo que perseguem. Todos sabemos que a sorte dá um trabalhão, um trabalho dos diabos, mesmo no mês de Setembro!

Água mole... Incomplacente carma

A escusa do desconhecimento de nada adianta na medida em que, mesmo inconscientes, as nossas ações, quaisquer ações, visto surgirem num todo com o qual mantêm apertados laços, têm um impacto necessário sobre ele. Só isso já dá que pensar, mas mais perturbador é constatar que mesmo jazendo inativos sobre qualquer poltrona em estado de silêncio zen ou meditação budista, não apenas estamos a agir como a construir a própria realidade, que fatalmente dá forma ao mundo presente e se há de repercutir no futuro. Por conseguinte, por muito que dêmos por nós a desejar liberdade de ação, ou inação, como disse, sem ter que arrostar as consequências, não há saída, teremos sempre um papel no mundo, seja qual for.
Ora é sabido que há uma série de décadas, com total inconsciência das coações ambientais, se tem vindo a arborizar de forma extensiva parte importante do território com uma espécie exótica, o eucalipto, que, no ecossistema onde é endémica, não só tolera bem o fogo como evoluiu inclusivamente de modo a tirar benefícios dele. Não obstante, a decisão do seu cultivo entre nós não passou de mais um achado, entre muitos, da lógica exploradora das nossas sociedades industriais, lógica que exibe um desdém leviano pelo meio que nos sustém como se não houvesse efeitos, como se não fosse suicida maltratar a frágil bolha de vida de que somos parte e inteiramente dependemos.
É certo que, visto impelir o chamado desenvolvimento, tal ordem de desmandos tem vindo a acelerar e a multiplicar-se por milhões por todo o mundo, nos últimos séculos. Mas no que toca aqui a este peculiar retângulo, o que é mau parece sempre assumir proporções descomedidas, é tudo de caixão à cova, não se faz a coisa por menos. Se assim não fosse, como explicar a sanha predadora representada por essa bizarra e explosiva nódoa vegetal que, ao fazer de nós uma pequena Austrália no hemisfério norte, vai muito para lá do que é razoável e não pode deixar de ser vista como um atentado em grande escala, uma ousadia ignorante que lança na estupefação quem se dá ao trabalho de parar um pouco para pensar?
No meio natural que nos serve de matriz e nutriente, nenhum elemento está isolado e nada acontece sem ter ressonâncias. Ele é uma unidade solidária, onde tudo está ligado e cada parte produz a própria totalidade que a produz. Onde a borboleta que dá às frágeis asas em Saigão pode desencadear uma série de ocorrências que desembocam num mortífero ciclone no Noroeste Atlântico. Onde os blocos de gelo que derretem na Gronelândia vão submergir as terras férteis do delta do Ganges.
Afortunadamente, este nosso calmo recanto tem-se mantido, até ver, mais ou menos incólume à praga, mas a molesta conta do eucalipto (e também do pinheiro, já agora) mais tarde ou mais cedo haveria de chegar, como de facto tem estado a chegar. Ela traduz-se, no caso pendente, em desastres irrefreáveis e assoladores, com o seu desfile de perdas, morte e sofrimento que todos, de uma forma ou outra, suportamos. Contudo, a perturbação que com os abusos temos vindo a provocar nos climas do planeta (uma das consequências e causas dos incêndios), e que mais do que uma hipótese é já uma inquietante certeza, promete muitas mais desgraças, por certo bem mais severas.
No fervor da encenação alvoroçada que parasita a tragédia, debitada de maneira atenazante pelos meios informativos, e enquanto se discute a eficiência de bombeiros, proteções civis e siresps (coisas naturalmente pertinentes), o mais curioso é verificar que nunca se vai à raiz das coisas, pois o espalhafato existe mesmo se calhar para que, para lá do rosário de queixas e lamúrias, não se vá à raiz das coisas. Para montar cenários de faz de conta que desviem as atenções do essencial.
A verdade é que os principais suspeitos se barricam por detrás de um silêncio cautelar, fazendo figas para que se não dê por eles, com medo de que se mexa no ponto doloroso. E sem prejuízo do ónus que a todos cabe, eles são, obviamente, os interesses ligados às indústrias da madeira (com que os donos das terras também lucram, claro). O seu mutismo não acontece por acaso, sendo antes sintomático da tendência, que afinal nos é tão própria, de fugir à dureza incómoda da realidade.

Vendavais - Ora atiras tu, ora atiro eu

Num momento tremendamente perigoso para o mundo inteiro, continuamos a assistir a um jogo de meninos mimados que querem mostrar que são já crescidinhos. Se não fosse o caso real do que se passa entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos da América, certamente teríamos outros exemplo para referir e ilustrar o título do presente artigo. Na verdade, as ameaças constantemente proferidas entre os dois beligerantes verbais, cujas palavras ameaçadoras rasam o inconcebível, o caricato e o mundano, não deverão passar disso mesmo. Ora atiras tu, ora atiro eu e se as coisas chegarem a vias de facto, atiras tu mais eu. Um jogo de guerra do mais sofisticado que pode existir.
Igualmente neste período vivem-se na Europa outros momentos que, sendo igualmente jogos, são um pouco mais leves do que o que se passa lá para as bandas da Coreia do Norte. A Espanha debate-se com o eterno problema das reivindicações independentistas da Catalunha e não permite que o referendo por eles requisitado seja efetivamente levado a cabo. O país que já foi, tanto pode voltar a ser como não. É um jogo do empurra que o governo espanhol terá de continuar a travar com o governo regional da Catalunha.
Mas nesta altura em que as eleições surgem um pouco por todo o lado, também a Alemanha viveu esse momento, apesar de saber que Merkel seria reconduzida para um quarto mandato. Contudo, e isso ela não previa, a extrema-direita chega ao parlamento e terá de saber lidar com ela, coisa que será basicamente difícil. Vai ser mais um jogo de infantilidades. Mas as eleições trouxeram a continuidade dos problemas para Merkel resolver. Como não tem maioria, terá de arranjar parceiro de coligação e Shultz já disse que com ela não faz coligação. O SPD vai ser oposição! O jogo continua.
Mas as coisas também não passam ao lado de Portugal que, estando à beira de eleições autárquicas, vê esgrimirem-se razões por todo o lado, neste mesmo jogo do atiras tu ou atiro eu. A campanha está na rua e se em Lisboa as coisas estão mais ou menos seguras para Medina, a luta está entre o PSD e o CDS, onde a Teresa Leal Coelho está em maré baixa e aflita para chegar à praia, não conseguindo passar as ondas que levantam à sua frente. É que Assunção Cristas consegue nadar bem em águas revoltas e mantém-se num segundo lugar a alguma distância. Apesar de ser um jogo de “ora chegas tu, ora chego eu”, pode bem ser um chegas tu e eu. Claro que isto era muito bem escusado se Passos Coelho tivesse feito a coligação com Cristas, pois possivelmente Medina nem sequer ganharia a Câmara de Lisboa. Mas o tal jogo do empurra, leva a erros deste género. Tão depressa se ganha, como se perde. É um jogo.
Claro que o PS assiste a tudo isto e tenta fazer a sua campanha sem grandes sobressaltos, até porque tem de ir engolindo alguns sapos bem gordos. Foi o caso do comício da CDU deste fim-de-semana onde Costa marcou presença e teve de valorizar a lista da CDU, arremessando louvores ao PCP. Até aqui a geringonça terá de subsistir! Houve locais onde o PCP se atirou ao PS e ao governo com toda a fúria, mas outros houve em que o contrário também é válido. Pois é: ora atiras tu, ora atiro eu!
Quem não tira e só atira, é Assunção Cristas que quer que o governo explique o que se passou em Tancos. Parece que afinal não existe relatório ou que até pode ser falso o que se apresentou. A ser assim, pode ser que o próprio Ministro da Defesa também seja falso e não exista – diz ela.
Tal como já eu havia dito, a culpa ninguém a quer e o que se passou em Tancos não deixa de ser grave, seja o caso de ter havido assalto agora ou há cinco anos atrás. O material desapareceu e ninguém sabe como? Impossível. Senhor Ministro, alguém o levou. Também aqui continuamos com o jogo do “ora atiras tu, ora atiro eu”, já que não se chegará a nenhum resultado.
Voltando à Coreia do Norte e aos Estados Unidos e aos imberbes governantes que se entretêm a jogar pedras um ao outro, só espero que não sirvam de exemplo para jogos bem piores e que venham a envolver outros intervenientes. É que as pedras que estão a atirar um ao outro, podem transformar-se em bombas H e, nessa altura ninguém sabe quem sairá vencedor. A loucura que envolve o menino da Coreia, não é muito diferente da do outro dos EUA, muito embora seja mais fanática e irresponsável. A verdade é que este jogo é demasiado perigoso para se tornar realidade jogável.
O melhor é mesmo jogarmos com as pedras que por cá temos. Pelo menos não magoam tanto, ganhe quem ganhar.

Tudo com 3 semanas de adianto! Só a chuva está muito atrasada...

Ter, 26/09/2017 - 11:17


Olá familiazinha!
Quando comecei o programa, há quase 28 anos, intitulei de tios e tias todos aqueles que falavam comigo que já tivessem constituído família. Os participantes mais novos e que ainda fossem solteiros(as), apelidei-os de primos e primas.
Assim sendo, temos mais um tio na família. O nosso primo Rui que, no sábado passado, celebrou o enlace matrimonial na igreja matriz de Samil (Bragança) com a Vera Malhão. A festa tornou-se ainda maior com o baptizado do rebento, Eduardo Mouta. Eu e a minha família estivemos presentes na festa, pois já há 20 anos que somos colegas e amigos. Que esta nova etapa de vida, seja repleta das maiores felicidades. Que seja o começo de um percurso muito bonito. Que a vossa união seja muito feliz e forte o suficiente para poder enfrentar as dificuldades que a vida vos coloque no caminho. Que haja muita paz, tolerância e companheirismo. Que este dia feliz, único e especial seja sempre recordado e que o vosso rebento seja sempre fonte de grandes alegrias e orgulho. Muitas felicidades para os três e que este dia fique marcado na memória de todos pelos melhores motivos. E já agora, façam o favor de serem felizes!

Amamentar – uma opção saudável!

São inúmeras as vantagens do aleitamento materno, tanto para a mãe como para o recém-nascido, e tanto a curto como a longo prazo:
• O colostro (primeiro leite) possuiu uma maior densidade, mais proteínas, mais minerais, menos gorduras e hidratos de carbono, o que facilita a digestão
• Possui um baixo valor calórico, o que estimula o apetite da criança 
• Tem um poder laxante que contribui para a expulsão do mecónio
• Evita a alergia às proteínas do leite de vaca e outras
• Fornece ao recém-nascido anticorpos que o protegem das infeções