O “LITORALISMO” DE QUEM MANDA

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“As obras em três linhas do Metropolitano de Lisboa vão custar mais 222,8 milhões de euros do que a estimativa inicial...”in DN “O preço das portagens vai aumentar até 4,9% em 2023, um valor abaixo do que as concessionárias propuseram em novembro com base na inflação. Medida vai custar 140 milhões ao Estado...”in ECO Quando se trata de fundos comunitários, estamos a falar de recursos financeiros investidos pelos parceiros europeus em regiões menos desenvolvidas, a fim de alcançar um padrão similar ao do resto da União Europeia. Em Portugal existe a ilusão de que os fundos comunitários resolvem tudo, servem para comprar carros, carrinhas e carretas, ilusão criada, pela má aplicação/ controlo dos primeiros programas de apoio, quando o país não estava estruturalmente preparado para a gestão desses dossiers. Nada mais longe da verdade no atual panorama, onde só os bons projetos são apoiados, a concorrência pelos fundos é tremenda, levando muitas boas iniciativas a não ter acesso a fundos de apoio, sejam eles comunitários, sejam pela orgânica de trabalho dos bancos que descriminam as regiões periféricas, onde todo o investimento é considerado à partida de risco elevado. Este artigo visa evidenciar acima de tudo, a discrepância daquilo que exis- te para as Terras de Trás os Montes, e o que é aplicado em regiões já de si muito mais dinâmicas e desenvolvidas. Uma simples derrapagem nas expansão da linha vermelha do metro de Lisboa recebe mais num ano que todas as Terras Transmontanas em 8 anos de Quadro Comunitário. A solidariedade interna é tão mais gritante quando colocamos os valores em perspetiva e comparação com as demais regiões. O Programa Operacional Regional do Norte 2020 destinou mais de 3.600 milhões de euros para apoio a investimento, a Área Metropolitana do Porto arrecadou quase 40% desse montante, se lhe acrescentarmos as regiões mais ricas que a circundam, e excluirmos os apoios não regionalizáveis, estas 4 regiões recebem 75% do apoio distribuído ao abrigo do Norte 2020. Portugal é um país desequilibrado, pouco solidário e muito mal gerido. Gastamos mais a apoiar o preço das portagens num ano, que todo o apoio recebido ao abrigo dos fundos do norte 2020 em 8 anos pela região do Alto Tâmega. Mais do que reclama- ções contra o centralismo de Lisboa, o interior tem de se unir, contra o “litoralismo”de quem manda.

Nuno Fernandes