Bom senso & Bom Gosto

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O título da crónica remete-nos para uma polémica literária de tal forma ribombante que marcou uma época e continua a ser marca maior de castigo do excesso, do dislate, do encardido a sobrepor-se alvo tecido do múnus político. Se as sucessivas metidas do pé na poça da prosápia e ridículo deslumbre da envernizada esquerda caviar de Graça Fonseca, ministra da Koltura, não trespassa o influente circulo das Artes, se as passadas em falso de Céu Antunes, ministra do Sol na eira e chuva no nabal apenas irrita a CAP e seus associados, se a ministra da Saúde faz sorrir as pedras da calçada quando puxa a manta das estatísticas a seu favor e obriga os calhaus dos caminhos a verterem lágrimas ante o caos e atrasos nas consultas e cirurgias, a ministra Ana Mendes Godinho averbou o Prémio Camões da vesguice, da nódoa e do desaforo ao responder como respondeu ao Expresso relativamente ao nó- -górdio de Reguengos de Monsaraz, ainda ao relativizar o número de idosos falecidos derivado da pandemia. A ministra que ostenta apelidos de uma conhecida família socialista de Tomar, conseguiu ofuscar o tremendista Miguel Relvas quando aconselhou os jovens quadros à procura de trabalho a desampararem a loja e emigrarem. O Sr. Passos Coelho estatelou-se na referida poça da asneira achincalhando os reformados e pensionistas, estes e os jovens utilizaram a arma do voto e, despediram-no para desgosto de um ventrículo da asneira cujo nome é Pedro Duarte. Bem pode António Costa elogiar a ministra Godinho, bem pode o primeiro-ministro apelar à paz e concórdia, bem pode o secretário-geral dos socialistas mandar o arguto Carlos César piscar o olho esquerdo à Dona Catarina (muito suave para a ministra) e ao Sr. Jerónimo, o mal da Dona Ana Mendes Godinho está feito e as sondagens vão emitindo sinais a provarem quão maléfico é o sal nas feridas abertas na ânima dos velhos não do Restelo, sim de todo o País. O PSD ainda nos dias que correm está a pagar as argoladas perpetradas no âmbito da Troika, muitos dos seus dirigentes comportaram-se pior que comissários do povo a executarem um qualquer plano quinquenal, as coisas são como são, quando o bom senso e o bom gosto são esquecidos o corpo eleitoral é que as paga. As quatro ministras estão longe de serem émulas do bando dos quatro, no entanto, estão perto de afundarem os socialistas nas próximas eleições autárquicas. E, depois logo se vê, dirá o conselheiro Acácio de serviço. O Dr. António Costa possui a experiência e sabedoria suficientes para ignorar os acacianos, ele além de molesto sabe onde estaciona o sol quando as nuvens o ocultam, porque os cirros estão a enegrecer entrou em velocidade frenética na intenção de sair airosamente do saco de ataques, ameaças, e demais torpezas vindas ao de cima em virtude da auditoria da Ordem dos Médicos. Dois ou três budas do sistema questionam e colocam em causa a autoridade da Ordem dos Médicos, curiosamente não lançam pústulas à inventariação das deficiências do triste episódio no Lar da bonita vila alentejana, não precisamos da pitonisa de Delfos a fim de apontar o rabo do gato escondido na burocracia da Administração Regional de Saúde do Alentejo. Uns finórios estes senhores! O primeiro-ministro não demite ministros a pedido, no entanto, não esquece o tremendo pontapé em falso da Ministra, a seu tempo cobrará o custo do falhanço comunicacional, até porque sabe-se como principiou o novelo mediático, não se sabe quando terminará porque os médicos têm uma importância crucial nas comunidades, sabem usar os seus atributos e, na esmagadora maioria não desconhecem o sentido de corpo baseado no milenário código de Hipócrates. A sociedade portuguesa está crispada, está farta de propaganda, farta de governantes a evidenciarem a repetida carência de bom senso, quanto ao bom gosto começamos a nada dizermos, só pensamos em nos salvarmos usando máscaras de vários tipos e feitios. Até as dos caretos servem! A procissão dos defuntos lembra a urgência de as arcas serem desencoiradas. Acerca das encoiradas escreveu magistralmente Magister/Mestre Aquilino Ribeiro. Antes de correr o pano sobre a crónica e, porque o tempo corre, as acídulas declarações de Jorge Gomes no rescaldo das eleições distritais do PS de Bragança são a prova provada da falta de bom senso. No distrito os atiçadores comprazem-se em avivar as brasas da discórdia. No PSD estão (aparentemente mortiças), porém a buba continua por sarar. O meu estimado amigo Mota Andrade entrou na pugna e perdeu. O operativo Jorge Gomes pode não saber cantar a canção mexicana El Deguello, mas conhece e aplica a letra – não há piedade para os vencidos. PS. Estejamos atentos às urdiduras dos dois partidos no respeitante à composição das listas das autárquicas. A tartaruga venceu a lebre. A tartaruga é persistente, não acredita em renovatos renovados. Acredita nela.

Armando Fernandes