Dizia-me um amigo há dias que estava cansado de ouvir sempre as mesmas notícias e tem razão. Quase todos os dias deixamos escapar um estou cansado num momento qualquer em que de facto somos invadidos por um cansaço que advém do que fizemos até aquele momento. Não é preciso termos feito um esforço terrível para sentirmos essa sensação de fadiga. Basta mesmo a repetição de situações que nos cansam. A própria repetição cansa. Pois é normal que todos nos possamos sentir cansados com a guerra que vem assolando a Europa e de que não se vê solução à vista. Estamos cansados de ouvir as mesmas coisas, de ouvir as mesmas mentiras, de ouvir explicações abusivas e mentirosas, enfim estamos cansados de tanta repetição desastrosa e sem sentido. Mas se é facto que estamos fartos de tanta notícia também é verdade que estamos fartos desta guerra absurda e sem sentido onde só uma parte quer a guerra como se nada mais tivesse para fazer em prol do seu povo. Isto sim é cansativo e desanimador. No entanto parece que pouco mais há a noticiar. Todos os dias somos bombardeados com as mesmas notícias de destruição, de mortes, de mísseis e bombas a cair em toda a parte até mesmo na Central nuclear de Zaporizhia. Aqui já somos invadidos por outro sentimento e não é cansaço. Quando falamos da maior Central Nuclear da Europa e das consequências que podem advir de uma qualquer rutura, resultado dos bombardeamentos indiscriminados, já sentimos medo. No meio de toda esta confusão em que vivemos absurdamente à margem das decisões que se vão tomando, felizmente ocorrem notícias que quebram a monotonia cansativa da beligerância e nos fazem descansar um pouco. A saída de cereais do porto de Odessa, a reunião de Guterres com Ordogan e com Zelensky são alguns dos factos que nos trazem alguma esperança no bom senso dos que estão envolvidos na contenda. Não acredito que se vá muito mais além disso, já que falar de cessar fogo ou de final da guerra será mesmo irreal neste momento. Mas quem ganha ou perde est guerra? Fazemos esta pergunta há muito tempo. Mas a resposta não é a mesma que se deu há cinco meses atrás. Nessa altura a Rússia levava muita vantagem sobre a Ucrânia, mas hoje a Rússia está a perder posições e a viver sérias dificuldades em termos de recrutamento de militares. Até ao momento a Rússia terá perdido já cerca de quatrocentos mil militares segundo algumas informações, muitos aviões e alguns navios. Na Crimeia estão a acontecer explosões em plenos campos militares com destruições de material bélico e não só, mas em que ninguém parece ter culpa, embora Zelensky diga que a guerra começou com a invasão da Crimeia e vai acabar na Crimeia. Uma coisa é certa: Putin está diferente, age de modo diferente, está cansado desta situação e desta guerra que ele provocou e que está a perder aos poucos. Pode ser uma ajuda ao final da guerra o cansaço que Putin sente, mas não tem moedas de troca para falar de paz. Ainda não ganhou nada. O que é uma realidade diferente é o cansaço que nos tem provocado todas as notícias sobre os vários vírus que nos têm visitado e que continuam a causar morte em todo o lado. Se bem nos lembrarmos, quase todas as semanas ouvimos notícias de vírus diferentes que se espalham por todos os países. É o Corona vírus e suas variantes, é a varíola dos macacos, é o vírus das aves que regressa, é o vírus de mais qualquer coisa que nos vão distraindo e causando algum receio que nos aligeira o cansaço da guerra. Mas os vírus também nos cansam e muito. O que também é um facto é que estes vírus não atingem a Rússia nem a Ucrânia. Porque será? Mas a China foi notícia a este respeito. Parece que os vírus são selectivos! É verdade que andamos todos cansados com estas notícias e temos razão para estar. Se um qualquer alienígena nos visitasse e ouvisse estas notícias ficaria arrepiado com tantas coisas más. Nada de bom acontece nesta Terra, diria certamente e antes que ficasse cansado, fugiria novamente para o espaço. Mas nós não podemos fugir. Cansados e abalados por tanta irresponsabilidade, por tanta destruição, por tanta morte, por tanta irreverência, mentira e teimosia, continuamos a aguentar estoicamente todas as barbaridades que os senhores da guerra continuam a fazer. É demais! Seis meses de guerra, seis meses de destruição e morte, seria impensável em Janeiro passado. A realidade é crua e dura. Tudo isto nos abala e cansa, mas ninguém encontrou ainda a solução, o antídoto, para este cansaço. Não há comprimidos capazes, somente a atuação humana consciente, mas é difícil de encontrar.