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“Se alguém tiver a ilusão de voltar a ter um meio rural extremamente povoado, não vai ter porque não faz sentido”

Ter, 07/02/2023 - 10:29


Os censos seniores 2022 deram conta que no distrito há mais de 3400 idosos isolados e em situação de vulnerabilidade, tendo- -se verificado um aumento face a 2021. Isto prova aquilo que já se sabia em termos de desertificação e isolamento na região?

A vida amorosa é como o corredor dos iogurtes do supermercado

E ali estava eu: tão perdida no corredor dos iogurtes como na vida, em geral. O costume. É aqui que começa a nossa viagem - num espaço ladeado por arcas de refrigeração. Quase poético, eu sei. Onde nos pode levar? Talvez, e se formos em linha recta, à secção dos frescos, no máximo. Não criem grandes expectativas. Expectativas normais, diria, levava eu, enquanto puxava o cestinho das compras. Queria iogurtes de coco. São os meus preferidos de todos. Parecia tão fácil. Acreditem ou não, não foi. Até havia o sabor pretendido, mas sem gordura, ou de soja, ou sem açúcar ou com misturas. E eu naquele momento estava capaz de matar por algo só normal, entendem? Descobri que existem mais iogurtes do que aqueles que seriam necessários. Como de abóbora e laranja. Eram precisos? O Marketing dirá que sim. Eu não paguei para saber. Já bufava eu como uma chaleira a ferver ao lume quando encontrei - benza-os Deus! - iogurtes normais de coco. Mas... (há sempre um) vinham num pack com mais seis, emparelhados, de limão, framboesa e banana. Destes últimos nem sequer gosto. Se comer, é por frete. Os outros, nem nunca provei. Por isso vou manter-me céptica-normal até os degustar. Reportarei resultados. Nesta senda, ocorreu- -me isto - a nossa vida amorosa é como o corredor dos iogurtes do supermercado. “Tudo o que vemos exposto tem prazo de validade?”, pergunta- ram-me. Pode ser, mas não é por aí que vamos. Tantas opções, algumas mais ou menos duvidosas, pelas quais podemos enveredar, se quisermos. Uma busca incessante, no meio de tanta variedade. E acabamos sempre por escolher. Tanta vez teria sido melhor cortar os lacticínios da alimentação. Ou optar pelo vegan. Só que, escolhemos. E não serei a desbravadora, ao levar para casa uma catrefada sem saber se estou capaz de fazer todo o conteúdo do pack. Só que havia ali qualquer coisa que fazia o meu âmago pipilar - o raio dos iogurtes de coco, pelos quais estava a salivar. Não me julguem. Quem nunca? Foi assim que acabei com oito iogurtes em casa, sendo que gosto apenas, garantidamente, de dois. Meia dúzia foram por arrasto, sem saber o que reservam ao meu palato, que é muito refinado e habituado a amarguras. Se não gostar, posso sempre atirar ao lixo, renunciar. Não assinei nenhum papel, se é que me entendem. Ou, em boa verdade, é preguiça e pressa. Deveria, sim, ter esperado pelo pack de iogurtes perfeito, aquele que me enchesse as medidas, que fizesse o pleno. Enfim, agora já está. Porque, vejam se me en- tendem, ali estava eu: tão perdida no corredor dos iogurtes como na vida, em geral. O costume.

À caça com Leopard ou uma viagem de balão?

As coisas que se dizem e se contam a propósito das políticas são verdadeiramente alucinantes. A verdade é que possivelmente o modo como nos referimos às notícias sobre o que vai acontecendo um pouco por todo o mundo, levam-nos a que aligeiremos a crítica e adicionemos uma pitada de doçura, de molde a que tudo se torne mais aceitável. Brincamos com as coisas sérias! De facto, no momento atual, vivemos num clima de guerra global e mesmo que não se ande aos tiros em todas as esquinas, nada faz esquecer a terrível realidade que se nos apresenta a cada dia que passa, desde a Ucrânia às ruelas de Olhão. A guerra da Ucrânia é um dos mais relevantes episódios que todos conhecem e que afeta todo o mundo. Sabemos disso e esperamos diariamente o momento em que a sensatez surja na cabeça de Putin e a guerra chegue ao seu final. Não será tão cedo. Os avanços que a Rússia tem protagonizado nos últimos tempos, têm encontrado a oposição possível do exército da Ucrânia que reclama por mais máquinas de guerra para fazer frente aos russos. Conseguiram movimentar os países do ocidente para que isso fosse possível, pelo menos no envio de Tanques Leopard 2, entre outro material de guerra. Entre os países que estão disponíveis para enviar esses tanques, está Portugal. Um país tão pequeno e com tão poucas possibilidades económicas, vai enviar Tanques Leopard 2 para a Ucrânia? Claro que sim. Quantos? Só 2. Temos 11 que não funcionam e 2 deles que vão ser reparados com material alemão para poderem servir o exército ucraniano. É triste, mas é verdade. Como não estamos em guerra com ninguém, não se percebe a razão para ter estes tanques tão sofisticados. E se os temos e não servem, será essa a razão do seu não funcionamento. Melhor que se enviem para a Ucrânia, realmente. O caso é que se faça tanto alarde com essa oferta e afinal não funcionem! Francamente senhor Costa! A Ucrânia acredita que com os Leopard 2 conseguem empurrar os russos e dar-lhe caça séria, mas o tempo que vão demorara a chegar ao teatro de guerra é demasiado e pode ser demasiado tarde. Mas também pedem aviões de combate F-16 que os EUA já disseram que não enviam. Isso seria acelerar uma guerra que poderia ser enorme e envolver mais países do que o desejável. Contudo, há países que aceitaram enviar aviões de combate, mesmo sem serem F-16. É uma caça aérea mais séria e que pode levar alguma contenção à Rússia. Entretanto, um pouco à margem da guerra, a Rússia e a Ucrânia trocam 179 prisioneiros. E para que servem os prisioneiros? Para nada. Funcionam temporariamente como troféus para troca futura. Antigamente, há muitos séculos, os prisioneiros tornavam-se escravos e com esse rótulo, trabalhavam em tudo o que lhes pediam. Assim se construíram muitas cidades, estradas e pontes por esta Europa fora e que agora, as guerras modernas se entretêm a destruir. Outros tempos! Não vai muito longe o tempo da guerra das estrelas e da tentativa do domínio do espaço, quer pela União Soviética, quer pelos EUA. Era um modo de defesa e uma tentativa de saber antecipadamente o que outras potências estavam a preparar secretamente. Foi uma guerra inútil aparentemente, embora os satélites tenham tido um papel importante, como foi o caso dos mísseis de Cuba, que quase davam lugar a uma terceira guerra mundial. Hoje, contudo, em vez de satélites, a China prefere os Balões. Quem diria? É uma novidade? Claro que não. Os balões antecederam os aviões, mas estes parecem balões de S. João. Será que os chineses se enganaram na festividade e anteciparam a data? Pouco provável, pois eles não têm S. João e os americanos também não. Pois parece que é mesmo uma subtileza de espionagem moderna. Os EUA abateram o Balão dizendo que foi uma violação inaceitável da soberania. A China reclama dizendo que os EUA violaram o direito internacional. Nem outra coisa era de esperar. Ninguém quer ficar com as culpas, mesmo quem as tem todas. O espaço de qualquer país não pode ser invadido, sem permissão, por terceiros, sem ser considerada uma violação de soberania. A questão está, segundo parece, na altitude em que se movimentava o balão, pois não está determinada a altitude vertical considerada pertença de um país. Normalmente considera-se que essa altitude vai até aos 20/30 Km, teto onde dificilmente consegue chegar um avião de guerra. A verdade é que nada está determinado sobre este assunto e a ser assim, o balão possivelmente, viajava dentro dos limites normais da ilegalidade, já que estava a cerca de 20Km de altitude, facto que permitiu o F-22 atingi-lo e destruí-lo. Viagem ou espionagem? À caça certamente.

Minuto e Meio

As balelas argumentativas dos políticos sobre as vantagens em ter mais e mais asfalto e estradas novas e pontes, e vias largas e rápidas a ligar tudo a todo o lado, entre muitas outras infraestruturas estáticas, não ajudou nadinha quanto à perda de população e melhoria dos serviços públicos na nossa região, especialmente na área da Saúde. Na verdade, por exemplo, a autoestrada permite agora que uma pessoa viaje de Bragança até à cidade do Porto para uma consulta de uma determinada especialidade que aqui na região não existe. Uma vantagem relativa, portanto. Pois não temos as especialidades que devíamos. Ou a qualidade e quantidade. Podem alguns contradizer: “mas como estaria então a nossa região sem esses investimentos”? A resposta é simples: o investimento não é feito para estarmos menos mal, mas sim para ficarmos melhor. Muito melhor. E não estamos. E este juízo é verdadeiro para tudo o resto que a nossa região perdeu ou nunca teve. Na verdade, as únicas coisas realmente boas e com impacto na nossa região nestes últimos anos têm vindo quase sempre da sociedade civil e do sector empresarial: produtos agrícolas de qualidade premium, excelentes empresas transformadoras de produtos locais, operadores turísticos com projeção nacional e internacional, tradições únicas mantidas com perseverança, gastronomia e chefs consagrados pela qualidade; enfim, inúmeros méritos que pouco ou nada ficam a dever aos políticos ou a qualquer acção destes. Antes pelo contrário.

Telmo Cadavez 

Lapardeiros

O saudoso Dr. Carlos Silva, pedagogo de alto quilate na área das matemáticas, exímio explicador das arestas dessa disciplina, costumava apelidar de lapardeiros, truões capazes de venderem a mãe, receberem o dinheiro da transacção e não entregarem a mercadoria. O desditado Carlos morreu prematuramente vítima de maligna maleita, bem merecia e merece placa evocativa do seu fecundo magistério, os que não sabem informem-se, caso voltasse como Lázaro ressuscitou, ficaria com as entranhas revolvidas ante o bando de lapardeiros deslavados, pela ausência de um pingo de vergonha na face, ao cometerem toda a sorte de facécias no que tange a golpes no baú estatal seja de âmbito central, seja no escalão regional e/ou municipal. Se o Padre Lagosta da besta esfolada pudesse vergastar os lapardeiros actuais diria o óbvio: é um fartar vilanagem. Não falta engenho a todos quantos «esmifram» vorazes que nem tubarões, um cardume de sardinhas, os folhelhos dos orçamentos de pneus carecas derrapantes, como aconteceu nas obras do Hospital Militar ou na triste balada dos TAP, sem esquecer os nepotismos de múltiplos contornos e oportunismos. Andam lapardeiros por todos os cantos dos povoados portugueses, há uns anos ainda não procediam com o desplante dos carteiristas a operarem nos eléctricos, nestes dias de hoje sacam mais-valias a torto e a direito, a bastonária dos enfermeiros gosta de sedas, carteiras e perfumes de marcas acessíveis a herdeiras ricas ao exemplo de Paula Amorim de enorme apetite financeiro. A crise está a esmagar proventos dos de menor expressão, incluindo a classe média, a criminalidade ataca a propriedade alheia. A murmuração contra este estado de coisas principia a rugir, a continuarmos nesta senda, as instituições sofrem os efeitos perversos da degradação da espinha dorsal da Nação mais antiga da Europa que, como assinalou Arnold Toynbee pode fenecer. A PSP, prendeu para averiguações dezenas de energúmenos os quais servindo-se das claques do futebol (2) praticaram vários crimes, tendo sido apreendida uma metralhadora, trazendo à minha memória os gangues em que os chefes são glorificados, seja na Máfia, seja na América Latina. Há largos anos, o sábio Manuel Antunes deu à estampa um livro sobre o futuro de Portugal, o sociólogo transmontano António Barreto, aponta a crise no universo da justiça, como o maior problema para esse futuro provocar sossego e felicidade para os cidadãos. Bem sei, nem o sábio, nem o sociólogo entram nas bibliotecas (se as possuírem) dos ministros, ajudantes de ministros, assessores, magistrados e outros decisores, sem esquecer os deputados, muitos deles a alardearem escrófulas risíveis na sua formação educacional e cívica. Se nos dermos ao trabalho de analisar sem vesguice o panorama de convulsão permanente no sector da educação, encontramos as alavancas causadoras de muitos dos malefícios estruturantes, do caruncho silencioso da apatia das populações, fora da roda do pé na bola, coscuvilhice das redes sociais e convivialidades contra o tédio que nos assola. Vejam os indicadores culturais, por exemplo na leitura a esmagadora maioria é por razões de utilidade passageira. Caros leitores: façam o favor de desculpar uma singela catilinária de quem tenta perceber a causa das coisas.