Ter, 19/09/2006 - 15:08
Este acordo incide, sobretudo, sobre a população reclusa, uma vez que “é um meio mais fechado, onde as pessoas estão em contacto mais próximo e, por isso, a transmissão e infecção é rápida”, explicou a coordenadora da Sub-região de Saúde de Bragança, Berta Nunes.
Deste modo, todos os casos de suspeita indiciados serão encaminhados para o Centro de Diagnóstico Pneumonológico (CDP) de Bragança, onde se iniciará o tratamento, o quanto antes, de forma a evitar a propagação e contaminação.
O rastreio ao vírus HIV e a realização da prova da tuberculina são medidas que também estão previstas, com o objectivo de “quebrar a cadeia de transmissão e reduzir o número de novos casos e de pessoas infectadas”, relembrou a responsável.
Também os novos reclusos que entram nas cadeias de Izeda e de Bragança são sinalizados, “através da prova de tuberculina”, confirmou Berta Nunes.
Além destas medidas, este protocolo prevê o acompanhamento dos pacientes na medicação, de modo a evitar o abandono da mesma e o agravamento da infecção. “Queremos que eles façam o tratamento até ao final e evitar a multi-resistência”, sublinhou a médica.
Já os profissionais no EPRB também serão “vigiados” com atenção, uma vez que, devido ao contacto directo com os reclusos, estão mais propensos a ser infectados e representam um grupo de risco, tal como os profissionais de saúde. No entanto, segundo o director do EPRB, Mário Torrão, não há razoes para alarme, uma vez que “na prisão, os casos são mais facilmente detectáveis”.
O CDP de Bragança tem desenvolvido, desde 1996, um trabalho junto dos Estabelecimentos Prisionais, com vista a redobrar os cuidados de vigilância e “quebrar” a cadeia de transmissão, uma vez que é mais dispendioso o tratamento do que a prevenção.
Bragança com incidência mais baixa
A tuberculose ainda se encontra sem controlo em diversas partes do mundo, pelo que cerca de nove milhões de novos casos ocorrem todos os anos, dos quais morrem dois milhões.
Portugal é o país da Europa Ocidental com a maior taxa de doentes infectados com tuberculose. No entanto, verifica-se uma tendência favorável, desde 2004, com a diminuição das ocorrências e da multi-resistência.
Já o distrito de Bragança apresenta uma das incidências mais baixas de Portugal, com menos de 20 casos por 100 mil habitantes. Dentro deste grupo, os concelhos com maior densidade populacional, como Bragança e Mirandela, registam o maior número de casos, que não ultrapassam os nove e sete por ano, respectivamente.
A evolução desta patologia, na região, regista uma tendência decrescente relativamente ao número total de casos notificados nos últimos dez anos. Já as situações de doença em adultos com mais de 35 anos comprovam a reactivação interna da doença e não contágios recentes.