“Quando um vírus aumenta a infecciosidade tende a perder gravidade que é o que esta a acontecer com esta variante”

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Ter, 18/01/2022 - 09:18


Entrevista à delegada de saúde da ULSN. Inácia Rosa falou ao Jornal Nordeste sobre a situação epidemiológica da covid-19 no distrito e quais são as principais preocupações neste momento tendo em conta a variante Ómicron

Qual o ponto da situação da pandemia no distrito de Bragança?

A situação da pandemia no distrito de Bragança é idêntica à do resto do país, ou seja, existe um elevado número de casos, mas que apresentam menor gravidade clínica na sua generalidade.

Quais são, neste momento, as preocupações relativamente à pandemia no distrito? Relativamente à variante Ómicron, o que suscita mais preocupação? Que conselhos podem ser dados?

Sabendo-se que poucos são os casos graves, temos que ter em consideração que neste momento há um elevado número de casos e que, de acordo com as rotinas já estabelecidas, não temos capacidade para acompanhar todos os casos. Com cerca de 85% da população do distrito vacinada, a grande maioria das pessoas já sabe que após testar positivo se deve isolar em casa. Neste momento o processo está a ser automatizado para facilitar, por exemplo, a emissão de baixas médicas ou isolamentos profilácticos. Apesar disso, no nosso distrito há muitas pessoas idosas com dificuldade em lidarem com as plataformas informáticas ou que não têm internet e que não irão conseguir preencher os formulários que são enviados de forma automática quando testam positivo. O mais importante neste momento é o preenchimento do formulário de Apoio ao inquérito epidemiológico (FAIE) por parte das pessoas que testam positivo para a covid-19. Todas as pessoas que fazem teste e sejam positivas recebem este formulário e se o fizerem tem acesso automático a sua baixa médica e isolamento profiláctico para os coabitantes, não necessitando de contactar nem a unidade de saúde pública nem os médicos de família. Neste momento o isolamento das pessoas positivas assintomáticas ou com sintomas ligeiros é de apenas sete dias. Todos os coabitantes de casos positivos imunizados com dose de reforço não necessitam de fazer isolamento profiláctico, quem não é coabitante não necessita de isolamento profiláctico. Preencham o Formulário.

Qual a importância do papel desempenhado pela delegada de saúde durante a pandemia?

Coordenar a excelente equipa da Unidade de Saúde Pública, que todos os dias me surpreendem quer com a sua criatividade quer com a adaptação a novas variáveis. Tem sido extraordinário, e apesar de por vezes notar algum cansaço, em momento algum a equipa se desmotivou. Muitas vezes é a própria equipa que me motiva a mim. Ser o ponto focal nas múltiplas relações interinstitucionais que são necessárias estabelecer em todo o distrito e a grande preocupação no controlo de surtos na população mais vulnerável, como por exemplo, ERPI’s, Unidades de Cuidados Continuados, escolas, etc.

Que balanço faz destes quase dois anos de pandemia?

Foram dois anos de muito trabalho que criou uma situação com aspectos positivos e negativos, ou seja, capacidade de desenvolver estratégias para nos adaptarmos a uma nova situação, novas relações no trabalho, novas maneiras de nos organizarmos, etc. Por outro lado, quebrámos as rotinas dos mais diversos programas de saúde que nesta fase tiveram que ficar um pouco de lado.

Tendo em conta declarações de virologistas que dizem estarmos a entrar numa endemia, concorda? Porquê?

Quando um vírus aumenta a infecciosidade, sabemos que tende a perder gravidade que é o que esta a acontecer com esta variante, a Ómicron. Agora, tudo vai depender do possível aparecimento de novas variantes.

 

 

Dados da vacinação no distrito de Bragança

282 904 vacinas administradas

116 472 primeiras doses

105 346 segundas doses

61 086 terceiras doses

Jornalista: 
Ângela Pais